domingo, 28 de abril de 2013

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1973

Após as três primeiras corridas no hemisfério sul da temporada de 1973, a F1 ficou quase dois meses sem corridas, mas nem por isso faltou ação, com Jackie Stewart vencendo o International Trophy em Silverstone e Peter Gethin faturando a Corrida dos Campeões em Brands Hatch. Eram tempos de corridas extra-campeonato, que praticamente marcavam o início da fase européia da temporada da F1. Na metade de 1973 ocorreria a mudança de regulamento em que a FIA prometia carros mais seguros, mas que se mostrariam bem diferentes dos bólidos de 1972. O atual campeão Emerson Fittipaldi vinha dominando a temporada com duas vitórias nas corridas sul-americanas, enquanto Stewart dava o troco com um triunfo na África do Sul. A luta prometia polarizar os dois pilotos ao longo da temporada. Naqueles tempos o Grande Prêmio da Espanha tinha uma alternância entre os circuitos de Jarama (anos pares) e Montjuich (anos ímpares). Circuito urbano montado em Barcelona, Mountjuich tinha como característica magoar bastante com os carros durante a corrida e sua última edição em 1971 teve apenas seis carros recebendo a bandeirada.

Os dois principais candidatos ao título tinham problemas em seus carros durante os treinos. Jackie Stewart chegou a bater duas vezes no guard-rail durante os treinos (uma na sexta e outra no sábado) e foi superado pelo seu companheiro de equipe François Cevert, algo não muito comum naquele início de temporada 1973. Enquanto Emerson Fittipaldi sofria com as adaptações que seu Lotus sofria com os novos regulamentos e conseguia apenas o sétimo lugar no grid, Ronnie Peterson sorria e o sueco foi o mais rápido tanto na sexta como no sábado, garantindo a pole, logo à frente da McLaren de Hulme, que vinha se apresentando muito bem na Espanha. 

Grid:
1) Peterson (Lotus) - 1:21.8
2) Hulme (McLaren) - 1:22.5
3) Cevert (Tyrrell) - 1:22.7
4) Stewart (Tyrrell) - 1:23.2
5) Revson (McLaren) - 1:23.4
6) Ickx (Ferrari) - 1:23.5
7) E.Fittipaldi (Lotus) - 1:23.7
8) Regazzoni (BRM) - 1:24.1
9) Hailwood (Surtees) - 1:24.2
10) Beltoise (BRM) - 1:24.2

O dia 29 de abril de 1973 estava ensolarado e quente em Barcelona, o que poderia indicar uma corrida ainda mais difícil em Montjuich. Segundo Emerson Fittipaldi, três fatores faziam daquela corrida muito desgastante. A primeira eram duas ondulações que faziam as rodas traseiras se erguerem do chão em alta velocidade e isso fazia com que o motor aumentasse de repente de rotação, desgastando motor e semi-eixo. Outro problema seriam os freios, muito exigidos nas curvas lentas, além da estreiteza do circuito de rua catalão. Na bandeirada de largada, Peterson disparou na frente, trazendo consigo Hulme e Stewart, que havia superado seu companheiro de equipe. Quem havia feito a melhor largada tinha sido Niki Lauda, que pulara de 11º para sexto no arranque inicial, mas ainda durante a primeira volta Emerson ultrapassa o piloto da BRM, fechando o que seria o primeiro pelotão daquela corrida.

Na frente, Peterson disparava na frente, seguido por Hulme, Stewart, Cevert, Beltoise e Emerson Fittipaldi, mas o piloto da Lotus ultrapassou o francês ainda na segunda volta, não deixando que o pelotão da frente se distanciasse, apesar de que Peterson, numa pilotagem espetacular, começasse a se destacar dos demais. Ainda na terceira volta Stewart deixou a McLaren de Hulme para trás, mas o escocês não pôde igualar o ritmo de Peterson e se isolou em segundo, com Hulme, Cevert e Emerson andando muito próximos, mas sem ultrapassagens. Um pequeno acidente ocorrido na 17º volta, aparentemente sem importância para o desenrolar da corrida, acabou por definir a prova, como se veria mais tarde. O italiano Andrea de Adamich bateu seu Brabham no guard-rail após a ponta de eixo do seu carro quebrar. Porém, pedaços de metal e de fibra se espalharam no local. Três voltas depois Hulme foi aos boxes trocar um pneu furado pelos estilhaços do carro de Adamich. Na volta 26, com o carro totalmente desequilibrado, Cevert acaba sendo superado por Emerson e também entra nos boxes para trocar seus pneus. Outra vítima da batida de Adamich!

Com pista livre, Emerson começa a descontar a desvantagem de 17s que tinha para Stewart, que a essa altura tinha sérios problemas de freios. Porém, Emerson começa a ver sua Lotus perder mais e mais equilíbrio. Na verdade, o trio Hulme, Cevert e Fittipaldi foram os primeiros a passarem pela cena do acidente de Adamich e todos, sem exceção, estavam com os pneus furados. Porém, Emerson resolve arriscar e fica na pista, mesmo com o risco de um acidente. Porém, o brasileiro é baforado pela sorte grande. Na 45º volta, com trinta para o final, um dos freios dianteiros de Stewart explode e o escocês ainda conseguiu se recuperar de um acidente, mas estava fora da prova. A Lotus agora fazia dobradinha, com Peterson fazendo uma corrida impecável até então e com 35s de vantagem sobre Emerson Fittipaldi, tendo que se equilibrar com um pneu furado e agora sofrendo a ameaça da Brabham de Carlos Reutemann.

Para desespero de Ronnie Peterson, o câmbio do seu Lotus o deixou na mão quando faltavam 16 voltas, dando a liderança para Emerson, mas para desespero da Lotus, Emerson perdia 2s por volta com relação a Reutemann e quando faltavam dez voltas, apenas 4s separavam os dois pilotos sul-americanos, mas provando que Deus é mesmo brasileiro, o argentino encostou sua Brabham com o semi-eixo quebrado, deixando Emerson, com um pneu furado, com a corrida na mão. François Cevert era o segundo colocado, apesar de sua parada não-programada, e mesmo andando 8s mais rápido do que o líder, estava quase uma volta atrasado e pouco pôde fazer para estragar a festa brasileira, que tinha o reforço da tripulação no navio-escola Custódio de Mello, que fez uma festa enorme quando Emerson Fittipaldi cruzou a linha de chegada para conquistar sua terceira vitória em quatro corridas até então. Naquele início da relação entre o Brasil e a F1, não faltava quem criticasse Emerson Fittipaldi por falta de combatividade e a comparação com o agressivo Ronnie Peterson acentuava essa impressão. Porém, Emerson sempre pilotou com a cabeça e numa prova difícil como aquele em Barcelona, Fittipaldi dosou sorte e talento para conquistar uma vitória magnânima. Com um início de campeonato como aquele, poucos duvidavam de um bicampeonato com certa facilidade de Emerson em 1973, mas o resto da temporada mostraria o contrário.

Chegada:
1) E.Fittipaldi
2) Cevert
3) Follmer
4) Revson
5) Beltoise
6) Hulme



sábado, 27 de abril de 2013

Puxou ao menos o chute

Não precisa ser adivinho para perceber que Nelsinho Piquet se inspirou no pai para entrar no automobilismo. Longe de ter o mesmo sucesso do pai, Nelsinho ao menos aprendeu não levar desaforo para cara, como demonstrado nesta noite em Richmond, na corrida da Nationwide Series. Reparem que o chute que Nelsinho dá em Brian Scott lembra bastante o célebre coice que Piquet pai deu em Eliseo Salazar em Honckenheim/82. Ao menos Nelsinho puxou isso...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Fecha porta meu filho!

Apesar do verdadeiro grand-slam deste final de semana (F1, Indy e MotoGP), talvez a imagem da semana tenha vindo de Zolder, na etapa belga do FIA GT. A equipe brasileira da BMW parou nos boxes e olha o que aconteceu na troca de pilotos...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Figura(BAH): Sebastian Vettel

O tricampeão Vettel tem uma marca registrada em suas vitórias muito parecido com a de dois pilotos históricos da F1. Assim como Jim Clark e Ayrton Senna, Vettel normalmente assume a primeira posição no início da prova (isso quando não larga na pole), dispara na frente em um ritmo alucinante nas primeiras voltas e depois administra sua boa vantagem sobre quem quer seja o segundo colocado. Vettel já venceu várias corridas assim e foi desta maneira, parecendo simples na explicação, que o alemão conseguiu sua 28º vitória na F1 neste domingo em Sakhir, ultrapassando a mítica marca de vitórias de Jackie Stewart, que por muitos anos foi recorde na F1. Porém, na prática, Vettel dá um show de pilotagem de como andar no limite no começo da prova e como administrar uma corrida em tempos de pneus de isopor, ainda mais no forte calor barenita. Com seus principais rivais tendo problemas neste início de ano, o tetracampeonato de Sebastian Vettel não parece algo improvável de acontecer.

Figurão(BAH): Ferrari

Em 2012 a Ferrari deu a Fernando Alonso um carro que estava longe de ser um dos melhores, em compensação, o time de Maranello entregou ao espanhol um bólido confiável e constante a ponto de Alonso conseguir a proeza de levar a definição do título até a corrida final e só perde-la por três pontos. Pois nesta temporada as coisas se inverteram pelos lados do time comandado por Stefano Domenicalli. Hoje a Ferrari tem um carro equilibrado tanto em ritmo de classificação, como em ritmo de corrida, algo muito difícil de ser alcançar este ano e talvez apenas a Red Bull tenha a mesma característica. Porém, pequenos erros vem deixando Alonso longe de Vettel na briga pelo campeonato. No Bahrein Alonso fatalmente brigaria com Vettel pela ponta, mas um incomum problema na asa traseira móvel destruiu os sonhos do espanhol. Após duas visitas seguidas aos boxes, Alonso teria que fazer uma corrida de recuperação sem a providencial ajuda da asa traseira móvel para efetuar as ultrapassagens. Como Alonso é mesmo um gênio, o ferrarista ainda conseguiu arrumar alguns pontos com o oitavo lugar, mas juntando a esse problema o abandono na Malásia, Alonso já teve em quatro corridas o mesmo número de problemas da temporada passada inteira. A Ferrari está com a receita certa, mas falta a consistência do ano passado.

domingo, 21 de abril de 2013

Dia de zebras

Quem poderia imaginar um pódio com Takuma Sato, Graham Rahal e Justin Wilson no tradicional Grande Prêmio Toyota de Long Beach? Pois foi isso o que aconteceu neste final de tarde no charmoso circuito de rua californiano e quebrou vários tabus de uma vez só. Primeiro, Sato se tornou o primeiro japonês a vencer uma corrida na Indy. Para os mais antigos, a Indy conecta muito os pilotos japoneses a Hiro Matsushita, uma espécie de Satoru Nakajima piorado, e ver Sato vencendo hoje não deixa de ser uma evolução e até mesmo quebra de paradigma. Depois, o próprio Sato venceu pela primeira vez uma corrida desde 2001, quando faturou a F3 Inglesa e adquiriu o passaporte para a F1 no ano seguinte. E finalmente a tradicionalíssima equipe Foyt venceu pela primeira vez desde 2002 e, acho eu, triunfou pela primeira vez num circuito misto. Por isso mesmo, a prova de hoje foi histórica.

Mesmo a corrida de hoje tendo sido muito acidentada, Takuma Sato teve todos os méritos da vitória hoje. Largando em quarto, o japonês se livrou dos vários incidentes da apertada primeira curva e ultrapassou Will Power, Ryan Hunter-Reay e o pole Dario Franchitti para se tornar o piloto mais rápido da pista, não sendo mais ameaçado de conseguir sua primeira vitória, apesar das várias relargadas. Sato começou o ano muito bem na equipe Foyt, antes considerada um dinossauro pelos métodos antiquados de A.J. Foyt, mas que desde a entrada do seu filho Larry no comando da equipe, a Foyt só evoluiu e juntando com a experiência de Sato, além do apoio da Honda, desembocou na grande vitória de hoje. O time não errou e seu piloto também não. Sato é muito conhecido por suas trapalhadas e acidentes bizarros, mas também é muito veloz e demonstrou isso com uma atuação sóbria e sem erros, diferente de suas características. Takuma dominou e mostrou que o mito talvez não seja Kobayashi...

Os outros dois componentes do pódio dependeram de estratégias e oportunidades surgidas durante a corrida para escalar o pelotão, tanto que Wilson largou em 24º para chegar em 3º. E alternativas não faltaram em Long Beach. Por se tratar de um apertado circuito de rua, mas com uma enorme reta dos boxes, não faltaram acidentes na primeira curva, incluindo gente como Jamie Hichcliffe, que após a vitória na primeira etapa não rendeu mais o esperado, Sebastien Bourdais e Tony Kanaan. Franchitti, que conseguiu sua 30º pole em sua 250º corrida na Indy, conseguiu um apagado quarto lugar, sendo o melhor das equipes ditas grandes. O atual campeão Hunter-Reay abandonou pela segunda vez em quatro corridas após bater no muro, Scott Dixon foi abalroado ainda na primeira volta, enquanto Will Power segue em má fase e após um incidente nos boxes, caiu para o pelotão intermediário. Mas o principal indicativo o quão mal está Power foi não ter conseguido ultrapassar Beatriz Figueiredo nas últimas voltas. Não ter ultrapassado o pior piloto do grid mostra que a fase está braba para o australiano!

Mesmo tendo sido vítima de um incidente no começo da prova, quem melhor se aproveitou dos incidentes em Long Beach foi mesmo Helio Castroneves que, com seu décimo lugar, manteve-se na liderança do campeonato. Porém, a corrida de hoje foi a prova de que o equilíbrio segue forte na Indy e zebras aos montes podem passear pela pista.

Quebrando recordes

Fenômenos surgem de tempos em tempos nas mais diversas esportes e no Mundial de Motovelocidade, parece estar se confirmando a chegada de um novo talento no nome de Marc Márquez, que vem quebrando todos os recordes de precocidade, assim como Sebastian Vettel na F1. Se ontem o jovem espanhol da Repsol Honda deixou o recorde histórico de Freddie Spencer, de mais de 31 anos, de pole mais jovem na história da principal categoria do Mundial, para trás, hoje Márquez quebrou mais um recorde do lendário Spencer, o de mais jovem vencedor. Numa disputa de gato e rato contra Daniel Pedrosa, Márquez assumiu a liderança do Mundial de 2013 e entrou para a história.

Com a Honda claramente superior aos demais, Márquez e Pedrosa dispararam na frente e tornou a luta pela vitória numa disputa particular entre os dois pilotos da Repsol Honda. Como de usual, Pedrosa largou na frente, capitalizando no talvez único erro de Márquez hoje, quando ele se afobou na primeira curva e freou mais tarde do que Pedrosa, mas sem nenhuma tangência e quase saiu da pista. Pedrosa liderou a maior parte da prova, com Márquez logo atrás. A diferença nunca era superior a meio segundo, até Márquez aproveitar uma porta aberta deixada por Pedrosa para conseguir a ultrapassagem vencedora e dominar seu mais experiente companheiro de equipe. Márquez venceu e está se tornando um verdadeiro furacão na MotoGP. Mesmo contando com uma ótima moto, Marc vem surpreendendo a todos com a forma como vem mostrando rápido, até mais rápido do que todos imaginavam, seu enorme talento mostrado na Moto2 e Moto3. Para Márquez, resta encontrar seu limite rapidamente, pois quando estreou em 2008, Jorge Lorenzo também mostrou um grande desempenho nas suas primeiras corridas, mas quedas sucessivas destruíram sua temporada de estreia.

Muitas vezes chego a ter pena de Daniel Pedrosa. O espanhol da Honda era o fenômeno da metade da década passada ao dominar as categorias menores do Mundial e a própria MotoGP mudou de 1000cc para 800cc, por pressão da Honda, para que Pedrosa, minúsculo, se adaptasse melhor a moto. Pois o tempo passou e o esperado título de Pedrosa não veio. Ele viu Hayden ser campeão em 2006 e Casey Stoner chegar chegando em 2011. Até seu grande rival Lorenzo já está mais estabelecido do que Pedrosa, com dois títulos. O jeito melancólico ajuda a dar dó de Pedrosa, que vê um piloto como Márquez, que dominou as categorias juniores como ele, chegar dessa maneira em seu quintal. Dani precisa se recuperar o mais rápido possível, até mesmo para o bem de sua carreira e de sua auto-estima. Como sua Yamaha não era páreo para a Honda, Lorenzo fez uma prova de chegada e quando assumiu o terceiro lugar, por lá ficou até o final, tentando até mesmo uma aproximação a Pedrosa no final. Porém, Lorenzo não tem do que reclamar neste final de semana, pois sai de Austin empatado com Márquez na liderança do campeonato, com Pedrosa atingido de forma bombástica pelo vencedor de hoje e com Valentino Rossi não se encontrando com a M1. Até o momento, Rossi não andou no nível de Lorenzo.

Com essa vitória, Márquez entra na luta pelo título, mas Lorenzo ainda é o favorito pela enorme experiência que ele tem e pela forma como a Yamaha se dá muito bem nas próximas pistas do calendário. Márquez ainda errará, como todo novato erra, e é isso que Lorenzo conta em 2013, mas para o futuro, ele e todos os demais terão que ficar de olho em Marc Márquez.

Passeio domenical

Se há algo para chamar a atenção nas vitórias de Sebastian Vettel, é que elas normalmente tem uma marca. Por sinal, muito parecida com a marca de Jim Clark e Ayrton Senna. O alemão da Red Bull assume a ponta, dispara na frente e depois administra a vantagem para quem vem atrás. E foi exatamente isso que Vettel fez em Sakhir em sua segunda vitória consecutiva no Bahrein. Mesmo o alemão não largando na pole como normalmente faziam os supracitados pilotos, Vettel rapidamente assumiu a ponta da corrida para vencer de forma categórica e se garantir ainda mais na ponta do campeonato, que tem na Lotus um adversário interessante, pois mesmo sem um grande desempenho em classificação o time comandado por Eric Bouiller se garante num ótimo ritmo de corrida onde não se gasta pneus e ainda é rápido o suficiente para colocar dois pilotos no pódio e Raikkonen em segundo no campeonato, relativamente perto de Vettel. 

A corrida foi belíssima e com várias disputas, principalmente envolvendo o mexicano Sérgio Pérez. Logo nas primeiras curvas foi mostrado o que se veria pela frente. Rosberg não largou tão bem e Alonso assumiu a ponta para perdê-la mais à frente para Vettel. Os três proporcionaram uma disputa de tirar o fôlego nas duas primeiras voltas, mas quando a Mercedes de Rosberg saiu do caminho, a corrida se definiu para Vettel, mesmo que de outra maneira. A corrida se desenhava para uma disputa direta entre o alemão e Alonso, mas um estranho problema na asa traseira móvel da Ferrari destruiu as chances do espanhol, que foi aos boxes duas vezes para tentar encontrar um paliativo para o problema e estaria prejudicado sobremaneira para o resto da prova, pois precisando ganhar posições, Alonso não poderia mais usar a asa traseira móvel. Vettel, contudo, nada tinha a ver com os problemas do seu principal rival. O alemão da Red Bull se aproveitou da rápida ultrapassagem sobre Rosberg e quando Alonso ainda tinha um carro, digamos, saudável, o alemão já tinha quase 3s sobre o piloto da Ferrari. Quando Alonso foi embora, a diferença só fez aumentar para quem vinha em segundo, chegando aos 30s em determinados momentos da prova. Vettel sobrou e chegou a sua 28º vitória na carreira, superando as 27 de Jackie Stewart que por muito tempo foi recorde na história da F1. Com o fim do primeiro tour asiático, Vettel tem uma liderança boa no campeonato e com Alonso já tendo dois azares no campeonato, o tetra não parece nada deveras complicado para Sebastian. Já Mark Webber não terá muito o que comemorar no seu 200º GP.O australiano chegou a namorar com o pódio, mas Webber parece destruiu seus pneus mais rápidos do que os demais e acabou apenas em sétimo, após uma briga encarniçada com Hamilton e levar uma ultrapassagem na última volta de Pérez. Parece que a tão falada vingança sobre Vettel corre o risco de nunca acontecer.

Largando em 8º e 11º, o destino da Lotus no Bahrein se assemelhava bastante com o da Malásia, quando pontou com seus dois pilotos nas posições intermediárias. Porém, o time aurinegro conta com um fator que poucas equipes tem hoje: o pouco desgaste de pneus. Assim como na vitória em Melbourne, Raikkonen chegou ao segundo lugar sem grandes problemas com uma parada a menos e após seu segundo pit, chegou a reclamar com o seu engenheiro, pois seu pneu ainda estava bom. Kimi não mandou seu engenheiro ficar calado, mas conseguiu um bom segundo lugar que o deixa nessa mesma posição no campeonato com um carro que ainda necessita melhorar, e muito, em ritmo de classificação, pois em corridas, como também provou Grosjean em uma prova em que teve mais trabalho, mas conseguiu um comemorado terceiro lugar, tem um dos ritmo mais constante e, melhor, que cuida muito bem dos pneus. Outra equipe que vem gastando pouco a borracha é a Force India. O time de Vijay Mallya (ou Singh, como Galvão disse antes da largada...) fez sua melhor corrida nos últimos tempos e proporcionou a Paul di Resta seu melhor resultado na carreira, mesmo que o pódio ter ficado tão perto. Com o toque em Felipe Massa na primeira volta, Adrian Sutil não conseguiu brigar por pontos, mas a Force India provou que hoje ocupa o lugar da Sauber como a equipe que incomoda os grandes em determinadas situações e o pódio, que não vem desde 2009 para o time hindu, virá em breve.

Nesse momento, gostaria de ser uma formiga no deserto barenita para assistir a reunião pós-corrida da McLaren. Antes da prova Martin Whitmarsch reclamou que o novato Pérez estava muito bonzinho demais nas disputas na pista e que isso estava fazendo-o perder posições muito facilmente. Pois o mexicano entendeu o recado e fez uma das corridas mais aguerridas dos últimos tempos, brigando com quem fosse por posições, ultrapassando e sendo ultrapassado sempre batalhando, colocando seu carro lado a lado e até mesmo tocando rodas com seus adversários. O problema dentro do clima da McLaren foi que Pérez teve como parceiro principal desse seu show o companheiro de equipe Jenson Button, que chegou a ficar irritado no rádio e jogou o rótulo de gentleman para o alto e colocou Pérez para fora da pista em uma determinado momento. O fato foi que a McLaren melhorou bastante do desastroso primeiro Grande Prêmio e Pérez poupou mais os pneus do que Button, que fez uma parada extra no final e fechou a zona de pontuação. Mas deverá reclamar do jovem e impetuoso companheiro de equipe. A Mercedes viveu o drama de ver o pole position perder rendimento em toda a corrida e quase fechando a zona de pontuação. Nico Rosberg só perdeu para Pérez no quesito aguerrimento, mas na maioria das vezes estava defendendo com unhas e dentes sua posição, contudo, o alemão acabaria perdendo a parada e com os pneus cada vez mais desgastados nessas disputas, perdia ainda mais rendimento. Para piorar a situação de Nico, Lewis Hamilton saiu um pouco de suas características e passou a corrida inteira meio que desaparecido, reclamando do carro via rádio, e isolado no pelotão intermediário. Porém, o fato de ter andando tanto sozinho pode ter ajudado a salvar os pneus e Hamilton veio muito forte no final e acabou vencendo Webber na batalha pela quinto lugar e marcando mais pontos no campeonato, mas se quiser brigar por algo mais sério daqui para frente, Ross Brawn e cia. necessita urgentemente melhorar o ritmo em corrida, pois na classificação está claro a melhora.

Se no ano passado Alonso brigou pelo título com um carro inferior graças a confiabilidade e constância da Ferrari, 2013 se prova bem o contrário. Hoje, Fernando tem um carro tão bom quanto a Red Bull, mas problemas pequenos vem minando sua briga com Vettel. Na corrida do Bahrein, um estranho problema na asa traseira móvel destruiu a prova do espanhol, mas provando sua genialidade, Alonso ainda salvou oitavo lugar, enquanto Massa fez outra corrida pobre, mas atrapalhada definitivamente com dois furos de pneus. No pelotão intermediário, Pastor Maldonado ficou em 11º, mas a Williams nem de longe briga como fazia no ano passado, enquanto a Sauber está na mesma toada, substituída pela Force India como equipe que pontua e em 2013, está praticamente com apenas um piloto, pois Esteban Gutierrez vem fazendo uma temporada de estreia para esquecer até agora. Daniel Ricciardo não conseguiu repetir a bela corrida da semana passada, mas em sua disputa interna com Vergne, vem levando vantagem, já que o francês abandonou. Ainda falando em disputas, entre as nanicas, a Caterham evoluiu com a chegada de Heikki Kovalainen como piloto de testes, mas Bianchi ainda faz a diferença no braço.

Se a Mercedes tem hoje o melhor carro em ritmo de classificação e a Lotus tem o melhor ritmo na corrida, a Red Bull (juntamente com a Ferrari, quando saudável) tem o melhor equilíbrio e quem vem se aproveitando disso é Vettel, que conseguiu sua segunda vitória em quatro corridas e se torna grande favorito ao tetracampeonato, mas ainda haverá muita corrida pela frente.

sábado, 20 de abril de 2013

A vingança de Nico

Após o polêmico Grande Prêmio da Malásia, Nico Rosberg falou pelo rádio, em tom ameaçador de aviso, que não esqueceria da situação que Ross Brawn e a Mercedes o colocaram no final da corrida em Sepang. Ficava claro que Rosberg era o segundo piloto do time frente ao queridinho Lewis Hamilton. Mas assim como fez com Michael Schumacher nas três últimas temporadas, Nico não baixou a guarda e após levar tempo do inglês na China, ele respondeu de forma categórica no Bahrein e conseguiu sua segunda pole na carreira nas arábias, surpreendendo Vettel e Alonso, que largarão atrás dele amanhã e já são considerados os favoritos ao título deste ano.

Fernando Alonso saiu de sua Ferrari com cara agridoce, pois o time italiano vinha dominando o final de semana até então, mas não repetiu a performance na hora H, mas se serve do consolo, o ritmo da Ferrari na corrida parece ser o melhor no momento e Alonso terá grandes chances de repetir a pilotagem exemplar mostrada em Xangai. Porém, ele terá dois alemães muito fortes à sua frente e um deles é Sebastian Vettel. A Red Bull não mostrou grandes coisas até o momento em Sakhir, mas Vettel tirou um coelho da cartola e conseguiu um lugar na primeira fila, bem à frente de Webber, que talvez não tenha muito o que comemorar no seu 200º Grande Prêmio. Assim como o australiano, Hamilton também será punido e ficará longe do seu companheiro de equipe. No entanto, quem mais se beneficiou com as punições de Webber e Hamilton foi Felipe Massa. Repetindo a manobra bem sucedida de Vettel na China, o brasileiro da Ferrari preferiu largar amanhã com pneus duros, mas se o piloto da Red Bull teve que se contentar com a nona posição, Massa largará numa ótima quarta posição, podendo posiciona-lo muito bem na corrida amanhã, principalmente nas primeiras voltas, quando, teoricamente, ficará mais tempo na pista.

Quando foi pole na China no ano passado, poucos acreditaram que Rosberg pudesse superar o apetite da Mercedes por pneus, mas o alemão acabou vencendo com enorme facilidade. Em 2013 a Mercedes vive o mesmo dilema e poucos confiam que Rosberg poderá superar Vettel e Alonso e possa vencer amanhã. Se Nico se lembrar do ano passado, poderá surpreender novamente. E talvez lembrando de sua promessa no ano passado, Rosberg poderá fazer com que a Mercedes se lembre da China...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

História: 30 anos do Grande Prêmio da França de 1983

Após duas corridas com dinâmicas bem diferentes, a F1 chegava ao seu berço para o começo da chamada temporada europeia naquele abril de 1983, mas ao contrário de outros anos, a F1 iria visitar primeiro a França. Normalmente alocado no início do verão, antes do Grande Prêmio da Inglaterra, os gauleses sediariam seu Grande Prêmio em Paul Ricard ainda na primavera, local onde todas as equipes fazem muitos testes, principalmente a Renault, que estrearia seu novo modelo, o RE40. O time de Alain Prost começara a temporada com o RE30 modificado para as novas regras de 1983 e o time sofrera um bocado, com Prost, piloto principal da equipe, não aparecendo como o favorito que era para este ano. O campeão de 1980 Alan Jones não participaria da prova em Paul Ricard, após um retorno discreto na Califórnia, por causa de um patrocinador que abandonara o barco e seria substituído pelo antigo piloto da Arrows, o brasileiro Chico Serra.

Com um grande know-how da pista francesa, a Renault dizimou os concorrentes, ficando com a totalidade da primeira fila. Porém, o que assombrou foi a diferença que Prost colocou sobre seu companheiro de equipe. O francês conquistou sua oitava pole na carreira com impressionantes 2.308s de vantagem sobre Cheever, que largaria sem ninguém a sua frente pela primeira vez na F1. A Brabham teve vários problemas nos treinos, com direitos a vários motores quebrados, mas seus dois pilotos ainda conseguiram um top-10. Com uma enorme reta como a Mistral, as equipes com motores turbo sobraram e os onze primeiros colocados eram empurrados por motores sobrealimentados, enquanto Niki Lauda era o primeiro carro aspirado. Mais atrás Nigel Mansell sofreu um pequeno acidente que lhe machucou o dedo do pé e atrapalhando o desempenho do inglês da Lotus para o resto do final de semana.

Grid:
1) Prost (Renault) - 1:36.672
2) Cheever (Renault) - 1:38.980
3) Patrese (Brabham) - 1:39.104
4) Arnoux (Ferrari) - 1:39.115
5) De Angelis (Lotus) - 1:39.312
6) Piquet (Brabham) - 1:39.601
7) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:39.611
8) Baldi (Alfa Romeo) - 1:39.618
9) Warwick (Toleman) - 1:39.881
10) Winkelhock (ATS) - 1:40.233

O dia 17 de abril de 1983 estava nublado em Le Castellet, mas isso não impediu que os franceses lotassem o circuito de Paul Ricard torcer para que a Renault vencesse em casa. Ciente da grande superioridade da Renault, Bernie Ecclestone fez com que os dois carros da Brabham largassem com pneus macios para que Patrese e Piquet largassem bem e tentassem andar no mesmo ritmo da Renault, que largariam com pneus duros. Lembrando que há trinta anos atrás não existia essa de usar dois compostos de pneus diferentes durante a corrida. As equipes utilizavam os pneus que queriam. Na largada, a tática da Brabham parecia dar certo e Patrese ultrapassou Cheever, porém, Prost permaneceu intocável e ficou na ponta. Piquet também larga bem e sobe para quarto, mas quem havia feito a melhor largada daquele domingo cinzento foi Patrick Tambay, que pulou de 11º para sexto.

Rapidamente ficava claro a superioridade da Renault quando Prost imprimia um ritmo muito forte e mesmo com pneus macios, Patrese era fortemente pressionado por Cheever, com pneus duros. O italiano da Brabham só segurou duas voltas a segunda posição e Cheever recobrava a dobradinha da Renault em Paul Ricard, para delírio da torcida, enquanto Prost já tinha uma boa vantagem de 4s sobre o companheiro de equipe. Mais atrás, a melhor briga era entre Keke Rosberg e Elio de Angelis pela sétima posição. Os dois pilotos, que batalharam pela primeira posição até a bandeirada no Grande Prêmio da Áustria de 1982, lutaram ferozmente pela posição de espera a pontuar com vantagem do finlandês após ambos saírem da pista várias vezes. Ambos teriam destinos diferentes. Então campeão, Rosberg seria o melhor piloto aspirado do dia e do campeonato, enquanto De Angelis perderia rendimento até abandonar com problemas mecânicos e o dia da Lotus só pioraria quando Mansell, com dores no pé, abandona cedo. 

Ainda na sexta volta Piquet ultrapassou Patrese e passava a perseguir Cheever. Patrese continuava com sua maré de azar e abandonaria na volta 20 com o motor BMW superaquecido. Numa grande exibição do campeão de 1981, Piquet deixou Cheever para trás na volta 18, mas o brasileiro estava longos 9s atrás de Prost, que tinha a corrida nas mãos. Ou não. O reabastecimento estava ficando na moda e muitas equipes passaram a fazer paradas programadas naquele início de 1983 seguindo os pioneiros da Brabham e a Renault faria isso pela primeira vez em Paul Ricard. Com a voz da inexperiência, os franceses quase colocaram a corrida a perder. Primeiro, Cheever vai aos pits na volta 25 com um tranquilo terceiro lugar, mas os mecânicos da Renault acabaram errando ao não apertarem um dos pneus e o americano perdeu longos 18s no processo. Mas o pior seria com Prost. Na volta 29, o francês foi aos boxes e cometeu um erro. "No momento da parada eu simplesmente me esqueci de pisar no freio. Desse modo, as rodas giravam, atrapalhando os mecânicos na hora de apertar as porcas. Tínhamos ensaiado tudo e cinco voltas antes de parar eu já vinha repetindo mentalmente tudo o que ia fazer. Pois não é que na hora eu esqueci?"

Esse raro erro de Prost que lhe custou 24s parados no boxes e a liderança para Piquet, mas o piloto da Brabham só ficaria em primeiro por quatro voltas, quando fez sua parada. Montado com pneus macios, Prost imediatamente marcou a volta mais rápida da corrida e seu ritmo, já inalcançável antes da rodada de paradas, aumentou ainda mais. O francês disparou para sua sexta vitória na F1 e primeira após um ano. Prost comemorou bastante, mas ele não era o único satisfeito no pódio francês. Após tantos problemas nos treinos, um confortável segundo lugar garantia a Nelson Piquet a liderança do campeonato, enquanto Eddie Cheever conquistava seu primeiro pódio por uma equipe grande, mesmo com sua diferença para Prost seja enorme naquele momento. Com essa vitória, Prost entrava de vez na luta pelo título e confirmava o favoritismo que dele se esperava para o campeonato de 1983.

Chegada:
1) Prost
2) Piquet
3) Cheever
4) Tambay
5) Rosberg
6) Laffite


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Figura(CHN): Fernando Alonso

Um desenho que ficou bem popular na internet depois do final de semana do Grande Prêmio da China foi feita pelo Bruno Mantovani, onde é mostrado a 'Escolinha do Professor Alonso'. Nela, os grandes pilotos da F1 atual estão sentados em cadeiras de aula, enquanto o ferrarista ensinava como vencer uma corrida com autoridade estrema com pneus que se esfarelam e sem perder o ritmo forte. Logicamente Alonso nunca iria ensinar seus truques a Hamilton, Vettel e companhia, mas o espanhol deu (mais) uma aula de pilotagem em Xangai. Como a Ferrari não parece ter um rimo muito forte na classificação, restava a Alonso largar o mais à frente possível. E assim o fez, ao ficar em terceiro. No apagar das luzes vermelhas, Alonso precisava de uma boa largada e assim o fez, se aproveitando de uma patinada de Kimi Raikkonen para assumir a segunda posição. E o espanhol não esperou cinco voltas para ultrapassar Hamilton e dominar o Grande Prêmio chinês sendo rápido e não destruir seus pneus, algo que ocorreu com a outra Ferrari de Massa. Alonso provou que é possível andar forte hoje em dia e ainda conservar seus pneus para continuar num ritmo decente e melhor do que os outros. É por isso, por se adaptar na melhor forma possível as dificuldades impostas, que Alonso é um dos grandes da história da F1.

Figurão(CHN): Esteban Gutierrez

Dois anos atrás o mexicano Sérgio Pérez estreava na F1 sob o signo da desconfiança. Apadrinhado por Calos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, o latino americano era considerado apenas um pay-driver que encheria os bolsos de Peter Sauber por algum tempo e suas limitações o tirariam da F1 dentro de pouco tempo. Contudo, Pérez fez boas corridas e dois anos depois (bem ou mal) está na McLaren, uma equipe de ponta. Por isso que a estreia de Gutierrez foi bem menos chamativa em comparação ao compatriota. Vindo da mesma escola (Telmex) e com um currículo honesto nas categorias de base, o mexicano estrearia na F1 pela mesma porta de Pérez. Logo na sua primeira corrida, Pérez fez uma baita corrida para um estreante, quando completou o GP da Austrália com apenas uma parada. Pois passou-se três provas e Esteban Gutierrez não fez um décimo do que Pérez fez em 2011. Ser superado pelo ótimo Nico Hülkenberg não é surpresa alguma, mas as provas de Gutierrez até o momento não se comparam o que fez Pérez e na China, o mexicano ainda provocou um acidente bisonho quando ultrapassava um piloto no final da grande reta da pista chinês e acabou enchendo a traseira da Force India de Adrian Sutil, após perder completamente o ponto de freada, com os tanques cheios. Gutierrez precisa urgentemente de uma corrida decente, pois até o momento o mexicano da Sauber vem fazendo corridas dignas dos piores pay-drivers na F1.

domingo, 14 de abril de 2013

Cenário ficando claro

As duas primeiras corridas de 2013 foram marcadas pela instabilidade climática e por isso não foi possível cravar quem estava bem ou mal, pelo menos nesse estágio inicial da temporada. A polêmica também se fez presente vinte dias atrás e por isso o clima estava, literalmente, quente em Xangai, mas o calor ficou mesmo fora das pistas, pois a corrida não foi das mais emocionantes, mas já é possível identificar quem é quem nessas primeiras corridas de 2013. A Ferrari finalmente acertou um carro na Era Alonso e o espanhol fez uma corrida impecável, vencendo com enorme autoridade quando assumiu a ponta após ultrapassar Hamilton e marchou, apesar de estratégias diferentes de rivais, rumo a sua primeira vitória em doze provas. A Mercedes tem a velocidade de Hamilton, mas também o apetite de Lewis por pneus, algo crucial hoje em dia. A Lotus tem Raikkonen e só isso basta para fazer corridas surpreendentes. A McLaren tem a economia de Button e muito o que evoluir. E finalmente a Red Bull tem a genialidade de Vettel, apesar do mau humor de Webber.

Como falado anteriormente, a corrida em Xangai não foi das mais emocionantes, mas ainda assim não faltaram ultrapassagens e alternativas, graças ao pneu macio que se desfazia em pouquíssimas voltas, proporcionando estratégias diferentes e que acabava mexendo com o desenrolar da corrida. Porém, ficou claro no início que Fernando Alonso seria o senhor do Grande Prêmio da China. O espanhol se aproveitou da largada vergonhosa de Raikkonen e ainda na primeira volta já estava engatado na traseira da Mercedes de Hamilton. O inglês resistiu apenas duas voltas, quando o DRS foi permitido, e Alonso passou a dominar a corrida, mesmo com pilotos como Vettel e a dupla da McLaren tentando amenizar a falta de ritmo dos seus carros e irem para uma estratégia diferente dos líderes. Alonso executou ultrapassagens seguras, mas sem perder muito tempo. Os antigos gostam muito de comparar Alonso com Nelson Piquet e se alguém quiser assistir alguma corrida dos anos 80, enxergará semelhanças na forma como Nelson Piquet ultrapassava os pilotos da mesma forma de Alonso hoje. Quando tinha carro para isso e um script para cumprir numa corrida, Piquet ultrapassava sem muitas cerimônias, como Alonso fez hoje. Quando tinha pista livre à frente, o espanhol da Ferrari normalmente era o mais rápido da pista e o time italiano executou a estratégia de forma cartesiana, deixando Alonso no limiar de conseguir uma vitória categórica, colocando 10s sobre os demais. É a primeira vez em muito tempo em que Alonso vence de forma tão enfática na Ferrari em condições normais em todo o final de semana. Nos últimos anos Alonso teve que tirar um algo mais para levar sua Ferrari a ponta ou a posições que não condiziam com o potencial do carro vermelho. Com um carro muito bom, dá para imaginar do que Alonso poderá ser capaz nas próximas corridas. Já Felipe Massa teve um desempenho de um piloto descendente, ou seja, com um início de corrida muito bom, mas que caía de rendimento com o passar da corrida. Massa pegou o embalo de Alonso e ultrapassou Hamilton numa manobra muito agressiva, sem ser perigosa. Felipe acompanhou Alonso nas primeiras voltas e chegou a colocar o bico em alguns momentos, mas tudo foi pelos ares quando o brasileiro colocou os pneus médios. Massa fez uma corrida que lembrou bastante seus não muito bem vindos tempos de 2011, onde chegava a largar à frente de Alonso, mas sucumbia ao ritmo forte do espanhol. Hoje, Massa levou 40s do companheiro de equipe, o que é muita coisa para um piloto que tem que mostrar serviço para ficar na F1 em 2013.

Raikkonen declarou após os treinos que não esperava um grande resultado na corrida devido a falta de ritmo do seu carro. Se foi bravata ou não do finlandês, a verdade foi que Kimi andou sempre no mesmo ritmo da Mercedes de Hamilton, proporcionando uma corrida de gato e rato com o inglês e que Kimi acabou vencendo graças ao seu ritmo muito forte de corrida. Raikkonen vem fazendo ainda mais a diferença pela Lotus neste ano, enquanto Grosjean vem fazendo corridas anônimas, marcando apenas dois pontinhos, mas se serve de consolo, ao menos parou de bater. Quando conquistou a pole no sábado, todos esperavam um ótimo desempenho de Hamilton, vide que a Mercedes conseguiu uma surpreendente vitória com autoridade com Nico Rosberg um ano atrás. Hamilton é mais rápido do que Rosberg, mas o inglês também gasta bem mais pneus. Isso seria crucial. Hamilton largou bem e permaneceu na ponta, mas foi engolido pelas duas Ferraris e ficou claro nas primeiras voltas que ele estava sem pneus antes dos outros. Lewis parou logo e sempre era muito rápido nas primeiras voltas após seu pit, mas perdia muito nas voltas seguintes. Hamilton passou a prova inteira brigando com Raikkonen e acabou derrotado pelo finlandês, mas olhando pelo lado bom, Lewis tem dois pódios em três corridas e a Mercedes parece ser o carro em condições de bater a Ferrari de Alonso. Nico Rosberg abandonou logo no começo da prova e pouco pode-se falar dele. Sem ritmo de corrida, Vettel e a Red Bull tentou o diferente para conseguir um algo mais e por dois décimos, não subiu ao pódio. O alemão esticou ao máximo sua estada na pista com pneus médios, ganhando posições com um ritmo de corrida forte, mas ao mesmo tempo muito cauteloso. Vettel foi inteligente ao não brigar desnecessariamente com Alonso e quando colocou pneus macios nas últimas cinco voltas, começou uma empolgante perseguição a Hamilton pelo último lugar no pódio e só não o fez por um pequeno erro antes da reta oposta, quando ambos ultrapassavam um retardatário. Apesar do quarto lugar e estar atrás de Ferrari e Mercedes, Vettel não tem muito do que reclamar e sai de Xangai ainda na liderança do campeonato.

Com cabelo cortado à la exército, Mark Webber parecia ir a guerra contra Vettel, ainda mais com as declarações do alemão de que, na verdade, era Webber o mau caráter da história. Porém, fatores extra-pista não deixaram o australiano sequer com chances de fazer algo contra seu companheiro de equipe. Largando dos boxes após ser desclassificado dos treinos, Webber estava logo à frente de Vettel quando se envolveu num incidente com Vergne. O australiano teve que ir aos boxes e aparentemente sua equipe não fixou bem a roda traseira direita e a corrida de Mark foi para o vinagre. Como disse Helmut Marko no início do ano. Webber consegue ser espetacular em apenas duas ou três corridas. No restante, é apenas um piloto correto. A McLaren foi a única a parar duas vezes em Xangai e Galvão foi afoito em dizer que Button poderia brigar pela vitória por causa disso. A grande realidade é que a McLaren não tem um carro capaz de lutar contra as atuais equipes de ponta e tentará usar a maciez na pilotagem de Button para conseguir estratégias alternativas na tentativa de conseguir posições mais acima do atual potencial do carro. Button conquistou um bom quinto lugar, enquanto Pérez só foi mostrado quando fez uma espécie de break-test em Raikkonen e o finlandês passou a prova com bico do carro avariado. Porém, o mexicano ficou fora da zona de pontos e levou 28s do companheiro de equipe. É muito! Do restante do pelotão, o grande destaque foi mesmo Ricciardo, que levou sua Toro Rosso ao sétimo lugar. O australiano já tinha chamado a atenção quando foi ao Q3 no sábado, mas com uma corrida inteligente, Ricciardo conseguiu marcar bons pontos e como seu compatriota Webber já está com um pé fora da Red Bull, atuações como essa podem deixa-lo bem cotado para 2014. De estilo diferente, bem mais agressivo, Vergne só apareceu levando um toque de Webber e rodando. Outra equipe que sofre de desempenhos bem diferentes entre seus pilotos é a Sauber. Enquanto Nico Hülkenberg liderou algumas voltas por causa da estratégia, andou à frente de Vettel com os mesmos pneus e mesmo atrapalhado quando colocou pneus macios antes da hora, ainda conseguiu marcar pontos, Esteban Gutierrez fez outra corrida ruim e acabou enchendo a traseira de Adrian Sutil enquanto ultrapassava outro carro. Foi bisonho e até agora o mexicano sequer repetiu as boas atuações iniciais de Pérez. Se Sutil abandonou cedo, Paul di Resta fez as honras da Force India ao andar muito tempo na frente de Massa, acabando com a corrida do brasileiro, mas como Paul não tinha nada a ver com isso, marcou bons pontos para a equipe com um oitavo lugar. A Williams vive sua pior temporada desde 2011 e fecharam o pelotão das equipes ditas médias, mas com Jules Bianchi logo atrás. O francês realmente é muito bom e vem se destacando nas equipes nanicas.

A corrida em Xangai mostrou que Alonso virá ainda mais forte em 2013, pois se no ano passado ele não tinha carro para o seu talento, parece o ter agora. A Mercedes cresceu exponencialmente este ano nas mãos de Hamilton, enquanto Raikkonen vem fazendo o algo mais pela Lotus. A Red Bull terá que retomar o foco após as polêmicas malaias para Vettel ser novamente o grande adversário de Alonso e tentar o tetra. Porém, alguns pilotos mostraram que terão muito trabalho para ficar na F1 nos próximos anos, caso de Massa, Pérez, Gutierrez e Grosjean. O cenário ficou mais claro em Xangai e não deverá mudar muito na próxima semana no Bahrein.

sábado, 13 de abril de 2013

No fio da navalha

Com essa história de pneus que se desgastam em demasia, as equipes nos fez lembrar como eram os treinos até 2005. Para quem não lembra, os pilotos tinham direito a uma única volta e errar era estritamente proibido. Com a escolha da Pirelli de se utilizar os pneus macios, que não duram mais do que seis ou sete voltas em ritmo decente, as equipes resolveram liberar seus pilotos a doses homeopáticas para a pista de Xangai neste sábado para não estragar a estratégia para a corrida. Isso fez com que os pilotos tivessem apenas uma, no máximo duas, chances para conseguir seus melhor tempo sem direito a erros. 

Porém, isso não impediu Lewis Hamilton fazer um ótimo tempo e conseguir a sua primeira pole pela Mercedes, coroando um início promissor do inglês na equipe comandada por Niki Lauda, protagonista de um filme que poderá ser épico para os fãs de F1, como retratado em outros posts. Ao lado do inglês, Raikkonen mais uma vez se sobressaiu e largará na primeira fila para espanto até mesmo do chefe da Lotus Eric Boullier, que parecia não acreditar no que conseguiu seu principal piloto. Se a Mercedes mostrou força na China, a Ferrari ficou logo atrás e Alonso finalmente superou Felipe Massa em 2013, com o brasileiro apenas duas posições atrás do companheiro de equipe. Massa não repete os banhos que recebia do seu companheiro de equipe até o ano passado, mas isso vem ocorrendo com alguma frequência com alguns pilotos nesta temporada, como é o caso de Sergio Perez (McLaren), Romain Grosjean (Lotus) e Estaben Gutierrez (Sauber). Eles tem que melhorar urgentemente seu desempenho frente ao seus vizinhos de box, pois levar meio segundo ou mais não segura ninguém numa equipe, mesmo com todo o apoio que eles tenham.

A polêmica na Red Bull pode ser bastante benéfica para seus pilotos melhorarem ainda mais em sua luta entre eles, mas também pode tirar o foco da equipe. Pois parece que isso aconteceu com o time de Christian Horner. O fato de Vettel e Webber não terem ido bem nos treinos livres ocorre há muito tempo, mas o mico deste sábado foi algo que vai além da minha lembrança. Primeiro Webber parou seu carro ainda no Q2, fazendo-o largar apenas em 14º. Não faltou quem dissesse que o problema de pressão de combustível no carro do australiano era na verdade um frentista alemão... Já Vettel preferiu ir para o Q3 com pneus médios, já que sabia que não tinha condições de enfrentar Ferrari e Mercedes com os pneus macios, mas um erro fez com que o alemão não marcasse uma volta rápida e ele largará amanhã em nono. Só a estratégia salvará o final de semana da Red Bull! 

Uma coisa que me chamou a atenção foi a reclamação de Galvão Bueno do atual sistema de treinos da F1. Lógico que hoje foi uma situação atípica, por causa da escolha, a meu ver errada, da Pirelli em utilizar um pneu que se desmancha no asfalto chinês. Observando o tempo de pista sem carros, o narrador global disse que o atual sistema é muito arrastado e que preferiu o antigo, quando os pilotos tinham uma hora para fazer seus tempos. Acho que o Galvão deve ter esquecido como era os treinos até 2002. Para quem não lembra, irei refrescar memória. O treino começava e ninguém entrava na pista. Passavam-se dez, quinze minutos e as câmeras focalizavam pilotos conversando, muitos de macacões arriados. Então, ouvia-se sons de motores roncando. Era a Minardi do glorioso Alex Yoong. Com vinte minutos de treino, o malaio ia a pista sozinho e marcava o melhor tempo. Então vinha Mark Webber na outra Minardi e superava com facilidade o tempo de Yoong. E Galvão reclamava que os treinos eram muito... arrastados! Já pensou se a F1 (que já acho que muda demais!) mudasse a cada treino ou corrida chata hein Galvão?

A China é uma corrida marcada muitas vezes pela chuva, mas parece que o tempo firma marcará a décima edição da corrida em Xangai. Mercedes e Ferrari despontam com força, sendo que os italianos andaram mais fortes com pneus médios, que serão usados na maior parte do tempo, porém, a Mercedes surpreendeu no ano passado ao conseguir uma vitória enfática com Nico Rosberg resguardando bastante os pneus. Ainda há a expectativa do que fará Raikkonen, pois o finlandês venceu em Melbourne neste ano quando soube preservar bem sua borracha, enquanto a Red Bull terá que tirar um coelho da cartola se quiser vencer, além de segurar o ímpeto dos seus pilotos. Amanhã a corrida terá muitas alternativas, o que sempre é bom!   

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Trailer (2)

Mesmo de luto e triste, este vídeo mostra porque irei aos cinemas em setembro... (Se Deus quiser!)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Jim Clark tribute

Cinco anos atrás, escrevi uma biografia sobre Jim Clark. Uma belíssima carreira, infelizmente interrompida cedo demais.

Primeiros testes...

Outro vídeo interessante desta quarta-feira...

Ingo capotando

Vídeo bem raro sobre uma corrida de F2. Destaque para a narração portuguesa com certeza.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Duros e moles

Para quem não sabe ou lembra, essa história de um piloto ter obrigação de usar dois compostos de pneus surgiu na já moribunda Champ Car, quando a categoria tentava algum crescimento e para isso, inventava várias coisas para melhorar sua popularidade e criar emoção. A F1 aderiu a isso, juntamente com a Indy, que a incorporou em 2007. Até então, os pneus de faixa vermelha e preta não tinham mostrado tanta diferença como em Birmigham nesse domingo, na segunda etapa do campeonato. A diferença de desempenho entre os dois tipos de pneus foi exemplificado pela estratégia de Helio Castroneves. Com pneus moles, era o mais rápido da pista e chegou a colocar 3s em cima de Ryan Hunter-Reay. Quando o brasileiro da Penske colocou pneus duros no final da prova, caiu para terceiro a longínquos 12s do americano, que venceu a prova.

Independente das estratégias, Ryan Hunter-Reay mereceu a vitória. O americano largou na pole e dominou os momentos inicias da corrida com autoridade, não dando chances a quem vinha em segundo lugar. Quando viu Castroneves voando das posições intermediárias, sua experiente equipe Andretti deve ter levado um susto e resolveu mudar a janela de pits de Ryan, fazendo-o parar igual ao piloto da Penske. Inicialmente, pareceu um erro grave, pois Hunter-Reay não conseguia andar no mesmo nível de Helio e uma vitória certa parecia ir para o ralo, mas como falado anteriormente, os pneus duros no carro de Castroneves fizeram uma diferença enorme e o brasileiro perdeu rendimento para alegria de Hunter-Reay, que tinha pneus vermelhos (moles) e partiu impávido rumo a vitória, mas tendo que lhe dar com um Scott Dixon muito forte no final da corrida, porém numa pista de difíceis ultrapassagens como é em Birmigham, Alabama, o neozelandês pouco pôde atacar.

Mesmo perdendo a liderança no fim, Castroneves não teve muito do que reclamar. Mesmo largando em sexto, caiu para 11º pela confusão na bandeira verde e por isso sua equipe mudou sua estratégia, antecipando sua primeira parada e colocando o brasileiro para andar muito rápido e com pista livre. Deu muito certo e o terceiro lugar de Helio o colocou na liderança do campeonato. Mesmo com duas corridas apenas, dois pilotos que foram destaques nos últimos anos vem decepcionando. Will Power, dominador nos circuitos mistos, não foi ao pódio nenhuma vez até o momento e fez uma corrida apagada no circuito de Barber, chegando apenas em quinto. Mais um ponto para Helio. Outro é Dario Franchitti, que já não havia andado bem no ano passado, afora a terceira vitória em Indianápolis, abandonou novamente em Birmigham e pelo o que vem mostrando até agora, não brigará pelo quinto título da Indy em sua carreira. O que perder uma esposa bonita não faz...

A corrida de ontem não foi um primor de emoção, até por que só houve uma bandeira amarela logo na largada e pela dificuldades de ultrapassagens. Porém, dois fatos me chamaram a atenção. O vencedor da primeira etapa James Hinchcliffe foi o primeiro a abandonar a prova, mas de uma forma esquisita, não abandonou seu carro verde. Do nada, já no final da prova, as câmeras mostraram o piloto da Andretti se levantando no cockpit e se espreguiçando como se estivesse acordando de uma boa noite de sono. Figurassa esse Hichcliffe! Outra foi na transmissão do Bandsports. O Celso Miranda é um dos caras que mais sabem de automobilismo no Brasil e o respeito muito, a ponto de torcer para que, seja a Band, seja o Bandsports, o escale para narrar as corridas da Indy. Porém, ontem me decepcionei muito com Celso. No final da prova, quando Hunter-Reay e Dixon ultrapassagem Helio Castroneves e ensaiavam uma briga pela primeira posição, Celso passou a torcer descaradamente para quem ambos batessem e o brasileirinho contra esse mundão todo vencesse a prova. PQP! Para quem gosta de corridas, queríamos mesmo era que Hunter-Reay e Dixon entrassem numa disputa encarniçada nas últimas voltas. Foda-se Castroneves! Passei a torcer que ele quebrasse, por causa do infeliz comentário de Celso!

Como ele não quebrou, Castroneves assumiu a ponta do campeonato e como Power parece não estar com a ferocidade de outros tempos, ele pode se aproveitar e tomar as rédeas da Penske e lutar ele pelo título. Helio tem a vantagem de não ter problemas em correr em ovais...

domingo, 7 de abril de 2013

Três vencedores e um perdedor

É bastante comum nas corridas que além do ocupante do topo do pódio, há mais vitoriosos numa mesma prova. Seja por uma pilotagem exuberante, ter andado mais do que o carro ou moto, além das sempre emocionantes corridas de recuperações. Não faltam exemplos para que um piloto seja o vencedor mesmo que não ganhe a corrida. Hoje no Catar, o pódio deveria ter um único degrau para os três pilotos que subiram para receber seus troféus em forma de concha e pérolas. Jorge Lorenzo, Valentino Rossi e Marc Márquez foram grandes na prova de hoje por razões diferentes, mas todos eles foram vencedores na corrida de hoje. E como para cada vencedor há um derrotado, hoje Daniel Pedrosa foi o grande perdedor do final de semana.

Nos testes de pré-temporada, Jorge Lorenzo viu a Honda continuar com sua dominação mostrada nas corridas finais de 2012 com Pedrosa. O compatriota foi o mais rápido em praticamente todos os testes, enquanto Lorenzo ficava num segundo lugar constante e preocupante. Contudo, nunca é bom duvidar de um piloto do estilo de Jorge Lorenzo. Ele é um típico piloto lutador, daqueles que se mostram na hora certa e o faz de sempre exuberante, tirando algo mais da onde ninguém espera. Na primeira etapa do ano, Lorenzo não tomou conhecimento da Honda e de Pedrosa e conseguiu uma pole enfática. Se Pedrosa, notoriamente o melhor largador da MotoGP na primeira fila, estava em terceiro e poderia assumir a ponta, Lorenzo fez algo mais para segurar o piloto da Honda na primeira volta e fazer uma corrida impecável, liderando todas as voltas da corrida, onde foi o mais rápido quando precisava abrir vantagem e soube administrar a prova a seu bel-prazer. Lorenzo começou o ano forte e teve ao seu lado dois pilotos que podem ainda fazer história em 2013.

Rossi e Márquez deixaram a desejar na classificação de sábado e ficaram bem atrás dos seus companheiros de equipe. Parecia que Rossi tinha perdido sua velocidade nos anos da Ducati e Marc Márquez, mesmo sendo o mais rápido na sexta-feira catari, ainda tinha muito o que aprender. Porém, quando valiam pontos, os dois fizeram corridas sensacionais para completarem o pódio ao lado de Lorenzo. Rossi largou bem, mas saiu da pista numa disputa com Pedrosa que o deixou em oitavo. O italiano demorou a deixar seus rivais de bolo (Stefan Bradl, Andrea Doviziozo e Álvaro Bautista) para trás, mas quando o fez, partiu para cima do bloco que batalhava pelo segundo lugar (Daniel Pedrosa, Marc Márquez e Cal Cruthlow). A diferença era de 4s, mas Rossi não se intimidou e com um ritmo que o deixava como o mais rápido da pista, atropelou a todos sem dó, nem piedade. Era a volta do velho Valentino, quando sua simples presença na rabeta de alguém causava sérios calafrios em seus adversário. Sete Gibernau que o diga...

Porém, Rossi não teve vida fácil. No final, teve que brigar fortemente com o novato Marc Márquez, que vendeu caro sua posição. O espanhol da Honda atuou como um verdadeiro veterano e com uma pilotagem agressiva e audaciosa, deixou seu companheiro de equipe para trás logo em sua primeira corrida. E por isso Daniel Pedrosa foi o grande perdedor da noite no Catar. O espanhol tem oito anos na MotoGP, já viu a categoria mudar para poder ajuda-lo a vencer o campeonato. Viu dois companheiros de equipe serem campeões debaixo do seu nariz, incluindo aí o batalhador, mas nada além disso Nicky Hayden. E logo em sua primeira prova de 2013, após um final de 2012 empolgante, é derrotado de forma enfática, com direito a ultrapassagem na pista por Marc Márquez, este em sua primeira corrida na MotoGP. Pedrosa sofre de um gravíssimo problema de confiança e a chegada de Márquez como a nova estrela da Repsol Honda pode ser um pé de cal na carreira de Pedrosa, onde foi dominante nas categorias menores e mesmo mostrando muita velocidade, ainda não disse a que veio na principal. Dani precisa de uma recuperação urgente, se quiser ainda conquistar seu primeiro título na MotoGP, algo que seu maior adversário e rival de geração, Jorge Lorenzo, já conseguiu e se encaminha para o terceiro.

Porém, Lorenzo terá que lhe dar com um rejuvenescido Rossi e um Marc Márquez com fome de entrar para a história. A corrida de hoje foi muito boa, ao contrário das modorrentas provas do ano passado. 2013 promete ser espetacular!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Fab four

Neste final de semana terá início a 65º temporada da história do Mundial de Motovelocidade, com quatro pilotos comandando a categoria principal, a MotoGP. Se isso não parece incomum nos últimos anos, houve, sim, uma mudança. Sai o irascível Casey Stoner, entrando em seu lugar o jovem e promissor Marc Márquez. Se antes havia o fator Ducati, com a queda de desempenho da marca italiana, apenas Honda e Yamaha com suas respectivas equipes de fábrica equipando Daniel Pedrosa, Jorge Lorenzo e Valentino Rossi brigarão esse ano pelo título.

Lorenzo e Pedrosa já foram inimigos declarados e fidagais, mas o tempo fez com que a esperada maturidade chegasse e os dois espanhóis até flerta uma amizade entre eles, porém, eles são os maiores favoritos para 2013, continuando a emocionante rivalidade do ano passado. Lorenzo, bicampeão, já é um piloto completo e confiável, dele podendo esperar o melhor de si e do equipamento. O mesmo não se via em Dani Pedrosa e suas constantes lesões que sempre o deixava de fora de treinos e corridas. O espanhol, toda vida apoiado pela Honda, chegou a ser superior a Lorenzo nas categorias de base, mas Pedrosa foi amplamente superado pela auto-confiança de Lorenzo na categoria principal. Porém, no ano passado, Pedrosa fez um segundo semestre estupendo, chegando a assustar Lorenzo na reta final do campeonato, quando a Yamaha não parecia fazer frente a Honda, enquanto Pedrosa parecia evoluir em meses o que não havia evoluído em anos!

O campeonato foi bipolarizado por Lorenzo e Pedrosa, com o piloto da Yamaha levando vantagem pelo campeonato mais linear do que o de Pedrosa, que viveu à sombra de Stoner no início do ano, mas quando o australiano se acidentou e decidiu-se aposentar, o espanhol correu como nunca na vida. Agora Pedrosa poderá iniciar 2013 com a mesma fase do final de 2012 e o resultados nos testes de pré-temporada mostraram isso nitidamente. Lorenzo se mostrou um piloto extremamente cerebral em 2012 e não tentou um algo mais que poderia ser arriscado quando era nítido a vantagem técnica da Honda frente sua Yamaha. Lorenzo é mais completo e tem muita garra e coração, enquanto Pedrosa ainda tem que se provar para garantir seu primeiro título (quarto, se contar as categorias menores) da MotoGP.

Os outros dois integrantes das equipes oficiais de Honda e Yamaha são duas incógnitas por motivos bem extremos. Todos conhecem o talento e a velocidade de Valentino Rossi e Marc Márquez, mas um tem anos demais e outro, de menos. Os dois anos ruins de Rossi na Ducati não diminuiu sua velocidade, como mostrado nos testes, mas o nível de Pedrosa e Lorenzo parece mais alto do que o mítico italiano neste momento. Será difícil Rossi lidar com os espanhóis e mesmo com o ambiente dentro da Yamaha, totalmente voltado para Lorenzo, exatamente o contrário de quando Rossi e Lorenzo dividiram pela primeira vez a Yamaha. Márquez é um dos pilotos mais promissores que já apareceram nos últimos anos. Se os números de Rossi quando chegou a então 500cc eram assombrosos, os de Márquez são ainda melhores. O espanhol sempre teve apoio maciço de seu país e já chegou na MotoGP por uma Repsol Honda, equipe oficial, tendo a Dorna tendo mudado seu estatuto para isso. Tudo para ver Márquez numa moto competitiva logo de cara, que ele mostrasse seu talento e incomodasse as estrelas da MotoGP. Se Rossi ou Márquez vencerem este campeonato, com certeza será uma grande história em 2013!

Os demais pilotos serão meros coadjuvantes, esperando um pódio ocasional em caso de problemas com os pilotos de fábrica de Honda ou Yamaha. A Ducati continua com uma moto indirigível, mesmo com o talento de Andrea Doviziozo. A Monster Yamaha mantém Carl Cruthlow como um piloto capaz de andar entre os grandes quando possível, mesmo que de forma não muito usual. As CRTs permanecerão se arrastando no fim do pelotão, levando volta dos quatro grandes pilotos que deverão dominar a MotoGP em 2013.