segunda-feira, 28 de abril de 2014

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1974

As três primeiras corridas da temporada de F1 de 1974 viu um domínio de McLaren e Ferrari, com Carlos Reutemann em seu Brabham correndo por fora. Após a prova em Kyalami, houve a tradicional corrida fora do campeonato em Brands Hatch, a Tourist Throphy, que foi vencida de forma surpreendente por James Hunt no seu Hesketh. A chegada da F1 à Europa através do reformado circuito de Jarama promoveu algumas estreias, como o novo Tyrrell 007, que seria guiado na Espanha apenas por Jody Scheckter, enquanto Patrick Depailler teria que guiar o antiquado 006. O novo Lotus 76 havia decepcionado deveras Ronnie Peterson e Jacky Ickx nos testes a ponto da experiente dupla ter suplicado a Colin Chapman para voltar ao veterano Lotus 72. Em Jarama, a Lotus levaria os dois modelos. Mesmo tendo uma boa temporada com Reutemann, a Brabham ainda corria atrás de investimentos e apenas por isso Bernie Ecclestone demitiu Richard Robarts, que tinha havia se mostrado um piloto fraco de qualquer maneira, e promoveu a estreia de Rikky van Opel, herdeiro da marca de carros Opel e milionário. Porém, tão fraco quanto Robarts. A Shadow contrata Brian Redman para o lugar do falecido Peter Revson. 

Correndo com o Lotus 76, Peterson fica com o tempo mais rápido na sexta-feira, mas o sueco reclamava de problemas crônicos no câmbio do seu novo carro e não melhora seu tempo no dia seguinte. No sábado, Niki Lauda mostra sua ótima fase e consegue o que seria sua segunda pole na F1, superando Peterson por apenas três centésimos de segundo. As três primeiras filas são inteiramente dominadas por Ferrari, Lotus e McLaren, enquanto Merzario mostrava a boa forma do Iso-Marlboro ao ficar entre os dez primeiros, enquanto Von Opel largaria na última fila. 

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:18.44
2) Peterson (Lotus) - 1:18.47
3) Regazzoni (Ferrari) - 1:18.78
4) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:19.25
5) Ickx (Lotus) - 1:19.28
6) Reutemann (Brabham) - 1:19.37
7) Merzario (Iso-Marlboro) - 1:19.54
8) Hulme (McLaren) - 1:19.66
9) Brambilla (March) - 1:19.81
10) Scheckter (Tyrrell) - 1:19.86

O dia 28 de abril de 1974 estava chuvoso e isso seria um desafio a mais aos pilotos e equipes, pois até aquele momento todos os treinos foram com pista seca. Antes da largada, o diretor de prova Conde Villapadierna foi conversar com todos os pilotos sobre os procedimentos de largada, enquanto o Rei Juan Carlos passeava pelo grid tendo Jackie Stewart como anfitrião. A largada se deu sem maiores problemas e mesmo tendo erguido muita fumaça na primeira fila, Peterson foi quem largou melhor e assumiu a ponta da corrida, ficando à frente das duas Ferraris, com Lauda ainda na frente de Regazzoni. Apesar das reclamações, a dupla da Lotus correu naquele dia com o modelo 76.

A pista estava bem encharcada e um forte spray prejudicava a visibilidade dos pilotos, fazendo-os terem bastante cuidado nas primeiras voltas. Peterson liderava com 1s de vantagem sobre seu antigo companheiro de equipe na F2 Lauda, enquanto Ickx, considerado o Rei da Chuva, vinha em quarto, à frente de Emerson Fittipaldi. Os cinco primeiros colocados andavam próximos, mas sem ataques entre si. Na décima volta a chuva cessa e nesse momento Emerson Fittipaldi tinha problemas em seu McLaren, cujo motor falhava em certas rotações e por isso o brasileiro da McLaren era acossado por Scheckter. Com a pista melhorando, Peterson começa a abrir uma certa vantagem para as duas Ferraris, enquanto Fittipaldi era ultrapassado por Scheckter. Mais atrás, Hans Stuck mostrava seus bons dotes em piso molhado e ganhava muitas posições após largar em 14º. 

Na décima oitava volta, com a pista cada vez mais seca, pilotos e equipe teriam que fazer algo que só ocorria nas corridas dos anos 70 quando era estritamente necessário: pit-stops. Stuck foi o primeiro a faze-lo e logo todos os pilotos correram aos seus boxes para colocar pneus slicks em pit-stops rudimentares e que vendo hoje, tem até uma certa dose de comédia, mas que definiu os rumos da corrida espanhola. Antes de sua parada, Peterson já era assediado por Lauda graças a problemas de motor no novo Lotus 76 e o tempo parado nos pits pioraria o problema, mas o piloto da Ferrari tem problemas em sua parada, que dura longos 35s. Peterson abandona logo depois com o seu motor superaquecido e com todos os pilotos com pneus slicks, quem liderava no final da volta 24 era Ickx, seguido por Lauda, Regazzoni, Redman, Schenken e Stuck. Porém, a alegria do veterano belga dura apenas uma volta, pois Ickx retorna aos boxes devido a um vazamento de óleo em seu motor que ocasionou o seu abandono. Lauda liderava com 20s de vantagem sobre Regazzoni e quando Redman e Schenken retornaram aos boxes, Stuck estava num sólido terceiro lugar.

Na volta 38 Merzario sai da pista e bate forte no guard-rail, ferindo levemente quatro fotógrafos que estavam no local. Lauda aumentava sua vantagem sobre Regazzoni, enquanto mais atrás Emerson Fittipaldi via sua McLaren melhorar de desempenho com pista seca e o brasileiro se aproximava de Stuck. Após marcar a volta mais rápida da corrida, Emerson ultrapassa Stuck para garantir um lugar no pódio, mas à essa altura o paulistano estava uma volta atrás de Lauda, que fazia uma corrida soberba e apenas a outra Ferrari estava na volta do líder. Faltando seis voltas para as noventa programadas, o limite de duas horas foi estourado e com isso Niki Lauda recebeu a bandeirada do que foi sua primeira vitória na F1. Luca di Montezemolo acenava para os seus dois pilotos ao lado do diretor de prova, comemorando uma dobradinha impressionante da Ferrari em Jarama após quase dois anos sem vitória para a casa de Maranello, mas quem viu aquela conturbada prova de quarenta anos atrás tinha a certeza que um novo campeão havia surgido: Niki Lauda.

Chegada:
1) Lauda
2) Regazzoni
3) E.Fittipaldi
4) Stuck
5) Scheckter
6) Hulme

domingo, 27 de abril de 2014

Recuperação

Após a presepada em Long Beach, Ryan Hunter-Reay se recuperou de forma magnífica ao vencer enfaticamente o prolongado Grande Prêmio de Alabama, em Barber. O piloto da Andretti largou em terceiro, mas foi o piloto mais rápido do dia e mostrando a força da equipe Andretti, agora recebendo todas as atenções da Honda, o sempre imprevisível Marco Andretti completou a dobradinha em segundo, com o ascendente Scott Dixon fechando o pódio, enquanto a Penske sofria com seus três pilotos tendo problemas.

A corrida foi atrasada por um temporal e como a chuva só deu trégua no final da tarde em Barber, só foi possível uma hora e quarenta minutos de corrida por causa da luz natural. Os pilotos largaram com pneus para chuva, mas na primeira rodada de paradas todos colocaram os pneus slick. O pole Will Power não ligou muito para a pista muito molhada e ficou na ponta da corrida e por lá ficou pelas quinze primeiras voltas até sair da pista e bater de raspão numa barreira de pneus. Líder do campeonato, Power teve muito sorte de não ter seu final de semana terminado ali. Quem se aproveitou disso foi Ryan Hunter-Reay, que largou em terceiro, mas logo na primeira volta deixou para trás seu companheiro de equipe James Hinchcliffe e ficou à sombra de Power até este sair da pista. A partir de então Hunter-Reay dominou a corrida, só não liderando quando fez suas paradas ou quando Sebastian Saavedra mudou sua estratégia e ponteou a corrida por algum tempo. Mesmo recebendo a bandeirada ao lado da bandeira amarela, Hunter-Reay garantiu a vitória de forma enfática e fez que seu erro quinze dias antes fosse esquecido, mas o melhor é que o campeão de 2012 mostra que é hoje um dos bons candidatos ao título da Indy este ano.

Para os saudosos, foi muito legal a forma como Juan Pablo Montoya se comportou hoje na pista molhada. Longe de suas atuações apagadas nas duas primeiras provas, Montoya mostrou a velha agressividade e foi galgando posições de forma emocionante, mas seu sangue latino prevaleceu e numa relargada acabou rodando sozinho enquanto brigava com Sebastian Bourdais, que parecia estar num dia de Pastor Maldonado ao estragar sua prova quando bateu na traseira de Mikhail Aleshin e foi punido. O russo, que vinha fazendo uma boa prova, se perdeu depois disso e provocou a última bandeira amarela do dia. Para completar o dia não muito bom da Penske, Helio Castroneves cometeu a presepada do dia quando errou seu pit e ficou parado no box de Justin Wilson, esperando que seus pneus fossem trocados... O tempo perdido nos boxes fez Castroneves, que brigava pelo top-5, cair para as últimas posições. A Ganassi teve corridas destacadas de recuperação, principalmente Tony Kanaan, que saiu de último (23º) para nono, enquanto Dixon não teve condições de lutar com os carros da Andretti, mas foi o melhor do resto e da Chevrolet ao garantir o terceiro lugar, logo à frente do excelente Simon Pagenaud, único que conseguiu chegar no top-5 nas três primeiras provas de 2014.

Mesmo com o erro quase lhe custou um abandono, Power saiu de Barber na ponta do campeonato, mas Ryan Hunter-Reay provou hoje que será um forte adversário, o mesmo acontecendo com Dixon, que mesmo sem condições de vitória, vai garantindo pontos essenciais. Será a velha briga Penske x Ganassi x Andretti de sempre.    

Listando recordes

Quem poderá parar Marc Márquez? Na terceira corrida do ano, com o espanhol da Repsol Honda conquistando 100% de aproveitamento tanto no grid como nas bandeiradas, está aparentemente difícil ver uma luz no fim do túnel para os rivais de Márquez nesta temporada. Mesmo largando mal, o jovem espanhol se livrou do pelotão e quando a prova seria decidida entre Márquez e Jorge Lorenzo, parecia que era o piloto da Honda o veterano esperando o erro do novato. E como o erro de Lorenzo não veio, Márquez passou Lorenzo com uma facilidade incrível para vencer pela terceira vez em 2014, igualando um recorde de nada mais, nada menos, de Giacomo Agostini, que no longínquo ano de 1971, também venceu as três primeiras corridas da categoria principal vindo da pole.

A nova pista argentina de Termas de Rio Hondo agradou bastante a todos e trouxe uma boa corrida para a MotoGP, com uma primeira volta espetacular e o favorito-mor Márquez apenas em sexto após uma má largada, com Lorenzo, que largou de forma correta e sem queimar, liderando a prova. Quando Márquez se livrou do pelotão, marcou logo a volta mais rápida da prova e se aproximou rapidamente de Lorenzo. A ultrapassagem parecia iminente, mas ela não veio. Márquez esperou um erro de Lorenzo, talvez ainda tendo em mente o bizarro erro de Jorge na largada em Austin, mas um piloto do naipe de Jorge Lorenzo não erra duas corridas seguidas. Então Márquez acelerou forte na reta oposta e numa ultrapassagem limpa na freada, assumiu a ponta da prova e imediatamente abriu vantagem sobre o Lorenzo, que resolveu largar com pneus médios, enquanto a maioria o fez com pneus duros. A queda de ritmo de Lorenzo era tanta que Pedrosa, que fazia uma corrida feijão-com-arroz, ainda teve tempo para assumir a segunda posição nas voltas finais e assegurar uma dobradinha para a Repsol Honda, determinando o domínio da marca japonesa.

Valentino Rossi chegou a sair da pista numa briga por posição, mas acabou por ficar em quarto, seu lugar cativo desde a chegada do trio-de-ferro espanhol. Mesmo aplaudido pela equipe, Rossi demonstrou uma certa resignação com sua situação, que deve ser bastante incômoda para um piloto nove vezes campeão mundial. 

Desta vez sem susto na última curva, Marc Márquez recebeu a bandeirada num tranquilo primeiro lugar, disparando na ponta do campeonato, partindo incólume rumo ao bicampeonato e listando recordes na história da MotoGP. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Figura(CHN): Daniel Ricciardo

Quando Daniel Ricciardo foi promovido à equipe principal da Red Bull no começo deste ano, era esperado que o australiano fizesse bem o trabalho de segundo piloto para Vettel e ainda ser menos polêmico do que seu compatriota Mark Webber. Ricciardo também era uma resposta do caro programa de jovens pilotos da Red Bull bancado por Helmut Marko. Porém, depois de quatro provas, Sebastian Vettel já deve estar morrendo de saudades de Mark Webber, pois em cinco temporadas juntas, Webber nunca superou de forma tão constante Vettel como Ricciardo vem fazendo nessas quatro primeiras corridas de 2014. Em Xangai, Daniel aplicou um enfático 3x1 no placar da Red Bull na Classificação e na corrida, mesmo largando mal mais uma vez (será isso uma maldição australiana?), Ricciardo fez uma prova irretocável e quando estava na traseira de Vettel, o ultrapassou após o alemão questionar as ordens de equipe emitidas pela Red Bull, pois naquele momento era claro que Ricciardo era bem mais rápido do que o atual tetracampeão e a vantagem superior a 20s que Daniel colocou em Sebastian no final da corrida foi o espelho da prova chinesa. Enquanto Vettel procura saber o que está acontecendo, Daniel Ricciardo vai conquistando a todos na equipe Red Bull com sua simpatia, o mesmo acontecendo com a imprensa, que o via com certa desconfiança antes de começar a temporada, mas hoje vê o jovem australiano capaz de andar (e até o momento superar) um piloto do quilate de Vettel. 

Figurão(CHN): McLaren

Com sua pior temporada em mais de trinta anos, o duplo pódio (ajudado pela desclassificação de Daniel Ricciardo) da McLaren na corrida de estreia de 2014 em Melbourne era um verdadeiro alívio para os lados de Woking. O retorno de Ron Dennis, somado as chegadas de Eric Boullier e o novato sensação Kevin Magnussen pareciam ter dado uma lufada de bons ventos nesse último ano de contrato da McLaren com a Mercedes. Porém, após quatro corridas, o resultado na Austrália parece ser mais um ponto fora da curva. Jenson Button ainda fez uma corrida decente na Malásia, mas esteve longe de repetir o pódio australiano, enquanto o duplo abandono no Bahrein já servia de alerta para o que estava por vir. Na China, num final de semana marcado pelo frio, os pilotos da McLaren tiveram sérios problemas em aquecer os pneus, notadamente os dianteiros, e o que vimos em Xangai foi um revival do problemático ano de 2013 para a McLaren, com Button e Magnussen ficando pelo caminho no Q2 na chuva, mas mesmo com pista seca no domingo o duo mclariano ficou de fora da zona de pontuação, entremeados pelos dois carros da Toro Rosso. Se já era esperado um ano de transição difícil para a McLaren, na expectativa de receber de volta os novos motores Honda, mas com certeza não estava nos cálculos de Ron Dennis ser o pior carro com motor Mercedes e ver seus pilotos fora dos pontos numa corrida em que Button e Magnussen não tiveram problemas aparentes. Com a Mercedes não muito afim de entregar o ouro para a Honda, é previsto um futuro nada brilhante para os carros pratas, enquanto de algum lugar do mundo (desconhecido ainda), Martin Whitmarsh deve estar com um sorriso no canto da boca...  

domingo, 20 de abril de 2014

Sunday drive

Só faltou Lewis Hamilton tirar o capacete, colocar um braço pra fora e ligar na FM em seu tecnológico volante da Mercedes. Foi um passeio do inglês hoje na China, sem ser ameaçado por ninguém e Lewis estava tão tranquilo, que ele claramente não andou a fundo, olhando pelo novo gráfico de consumo de combustível. O inglês era o piloto que menos gastou gasolina. E por muito. Talvez o único susto da Mercedes foi o fato de ter ficado sem a telemetria de Nico Rosberg a corrida inteira, tendo que perguntar constantemente como estava o carro do alemão através do visor no volante de Nico. Mesmo caindo para sétimo na largada e ainda dando um baita toque em Bottas, Rosberg foi galgando posições até chegar em segundo e completar a terceira dobradinha seguida da Mercedes, fazendo com que a montadora tenha agora uma vantagem absurda para as demais adversárias nos dois Mundiais.

Se era esperado uma corrida como no Bahrein, sensacional e emocionante, a decepção foi geral. A corrida na China esteve longe de emocionar, mas em comparação com as outras corridas 'chatas', foi a melhor, pois teve a recuperação de Rosberg e a briga interna da Red Bull. Como Lewis Hamilton estar na F1 para ganhar e não entreter o público, o inglês deu um tchauzinho para os rivais na largada e mal apareceu na transmissão da prova, tamanho a diferença que tinha para os demais. Rapidamente, como se quisesse mostrar aos outros pilotos que ele mandava em território chinês, Hamilton abriu 10s em pouco mais de nove voltas. Não forçou. No gráfico de consumo de combustível, era gritante o quão Lewis gastava menos que os outros, indicando que se quisesse, poderia aumentar ainda mais a vantagem sobre os demais. Tendo tempo ainda para economizar pneus, foi o último a fazer a primeira parada dos líderes. Foi um show de pilotagem e outra vitória de ponta a ponta, que vai colocando o nome de Hamilton ao lado de mitos da F1, como a ultrapassagem que Lewis fez sobre Clark e Prost no quesito pole-positions e hoje ter igualado ao seu chefe Niki Lauda, depois de ter ultrapassado tão somente Fangio. Porém, o abandono em Melbourne de Hamilton ainda faz Nico Rosberg como o líder do campeonato. O alemão teve uma corrida mais agitada por causa da falha na telemetria do seu carro e a má largada, que fez cair para sétimo e ainda por cima, o alemão deu um toque forte na Williams de Bottas. Se o finlandês rodasse, era bem provável que Nico fosse punido. Como Valtteri permaneceu na pista e o Mercedes permaneceu intacto, Rosberg partiu para uma forte corrida de recuperação. Nada muito agressivo, como é bem o estilo de Nico, mas eficiente para estar em segundo, sem sustos, com mais de quinze voltas para o fim, mas sem ter muito o que fazer para ameaçar a liderança. A diferença entre os dois pilotos da Mercedes hoje é de apenas quatro pontos, mas hoje Hamilton tem a vantagem psicológico importante de três vitórias consecutivas, sendo que duas foi sequer ameaçado por Rosberg. Com a briga pelo título ficando entre os dois companheiros de equipe, é questão de tempo até Hamilton assumir a ponta do campeonato. E provavelmente sumir!

Se havia uma expectativa de briga feia entre companheiros de equipe, era que acontecesse na Ferrari. Porém, Fernando Alonso está destruindo Kimi Raikkonen de forma até constrangedora para o Campeão Mundial de 2007. Se Massa era criticado pelas diferenças tomadas por Alonso, até o momento a vantagem do asturiano sobre Kimi é ainda maior. Se Alonso conseguiu o primeiro pódio da Ferrari e parecia bem feliz com isso, Kimi foi apenas oitavo e a mais de 50s de Alonso, sendo que a diferença na Classificação foi também absurda. Manter Kimi motivado será um dos primeiros desafios do novo capo Mattiacci, já que desde 2010 os pontos da Ferrari no Mundial de Construtores vão sendo construídos quase que unicamente por Alonso e isso está fazendo falta no final do ano. Já pelos lados da Red Bull, era esperado uma subserviência de Ricciardo em relação a Vettel. Os primeiros comunicados de Ricciardo falavam da admiração para com Vettel, mas o que estamos vendo até aqui é um pequeno domínio do australiano frente a Vettel, que parece até mesmo resignado nas comunicações de rádio, onde recebia notícias nada agradáveis para ele, informando que Ricciardo era mais rápido e estava na mesma estratégia dele. Ricciardo novamente ultrapassou Vettel na pista, mesmo o alemão tendo recebido ordens (não-cumpridas) de deixar o companheiro de equipe passar e quando teve pista livre, tentou uma aproximação em Alonso nas últimas voltas, mas que acabou não sendo suficiente para o australiano conquistar seu primeiro e merecido pódio. Já Vettel se vê na estranha situação de ter levado mais de 20s do companheiro de equipe e estar constantemente atrás de Ricciardo. 2014 será um ano de observamos como reagirá Vettel em novas situações: um carro não-vencedor e um companheiro de equipe rápido.

Felipe Massa teve outra extraordinária largada, mas um forte toque com Alonso na aproximação da primeira curva prejudicou a posição do brasileiro na corrida e mais tarde, durante um atrapalhado pit-stop da Williams. Desde a patuscada do pit-stop de Irvine em Nurburgring/99 não me lembro de um erro tão banal como o de hoje da Williams, que trocou os pneus direito e esquerdo traseiros do carro de Massa que, como o toque com Alonso, complicou anda mais o aperto do pneu de Felipe, que com todos os problemas caiu para último e ficou longe de pontuar. Nico Hulkenberg foi o melhor do resto, já que hoje Mercedes (um degrau acima), Red Bull e Ferrari parecem estar à frente das demais. O piloto da Force India fez uma corrida correta, onde ultrapassou Bottas e o manteve sob controle a prova inteira. Se o forte toque com Rosberg na primeira curva prejudicou ou não o carro, a verdade foi que Bottas fez uma corrida discreta, mas o sétimo lugar conseguido o faz ter o dobro de pontos do companheiro de equipe Massa. Sergio Pérez fez uma bonita corrida de recuperação após uma difícil classificação e pontuou novamente com a nona posição, mas não impediu a Force India perder a segunda posição no Mundial de Construtores para a Red Bull. A McLaren está muito parecida com o Grande Prêmio do Bahrein. Apenas uma corrida ótima e outras terríveis, lembrando o vexaminoso 2013. Button e Magnussen ficaram fora da zona de pontuação novamente e o retorno de Ron Dennis, tão propalado como o salvador da lavoura, deverá ser mais efetivo agora, pois até o momento o pódio em Melbourne é que vem salvando o ano da McLaren. Daniil Kvyat conseguiu pontuar mais uma vez com a décima posição e deixou, mais uma vez, Vergne para trás. Com o sucesso de Ricciardo, o programa de jovens pilotos da Red Bull será ainda mais observado e até o momento o russo vem se sobressaindo frente à Vergne, que começa a ver os fantasmas de Buemi e Alguersuari rondando a sua cabeça. A Lotus tinha boas chances de marcar seus primeiros pontos de 2014 com Grosjean, mas um problema de câmbio quando o francês estava em nono destruiu esse objetivo e com Maldonado lá atrás, a Lotus continua no zero, o mesmo ocorrendo com a Sauber, que só aparecer com Gutierrez tendo o susto de ter Maldonado por perto novamente. Sem consequências desta vez. Kobayashi mostrou hoje a que veio quando ultrapassou uma Marussia na última volta. Mais tempo de TV para a Caterham, graça a astúcia de Koba!

E o campeonato vai se definindo para uma luta entre Hamilton e Rosberg, com o inglês tendo uma leve vantagem. Se não ocorrer grandes problemas, Lewis deverá assumir a ponta do campeonato já em Barcelona, próxima etapa, mesmo com Nico ficando em segundo na prova, algo bem provável. Neste momento, para Nico Rosberg a chance que ele tem para bater Hamilton e sua velocidade é afetar seu ponto fraco: a cabeça. Talvez arrumando uma briga tal como aconteceu na McLaren/88, mas é algo que duvido muito Nico fazer. E com isso, Hamilton vai se fortalecendo como principal candidato ao título deste ano.  

sábado, 19 de abril de 2014

Luto no esporte

Uma hora dessa, eu deveria estar nas cadeiras da Arena Castelão torcendo pro time reserva do Vozão na estreia da Serie B do Campeonato Brasileiro. Porém, uma notícia no final da tarde me abalou a ponto de ficar na frente da TV de forma praticamente ininterrupta até agora. Faleceu Luciano do Valle.

Nos últimos dois anos e meio vivi momentos de perdas pessoais muito importantes que me abalaram profundamente e por isso a morte de uma pessoa com o qual não convivia deveria emocionar menos. Ledo engano. Luciano do Valle marcou minha infância com o inesquecível Show do Esporte, começando pelo Campeonato Italiano e normalmente terminando na prova de Formula Indy. Sempre acompanhava junto ao meu pai. As primeiras 500 Milhas de Indianapolis que eu assisti foram na voz marcante de Luciano do Valle e sua torcida exasperada por Emerson Fittipaldi contra Mario Andretti, Rick Mears, Michael Andretti, Bobby Rahal (o 'professor' da Indy) e Al Unser Jr. Como meu pai odiava a Rede Globo, normalmente assistia Olimpíadas e Copas do Mundo pela Bandeirantes e com Luciano do Valle. Foi na Copa no ano em que nasci, mas a narração do gol de empate do mítico Brasil x Itália de 1982 é de arrepiar!

O tempo passou e estava claro que o Luciano do Valle sentia o peso dos cinquenta anos de carreira. Na Indy, se tornou folclórico o 'Bryan Riscoe', enquanto que no futebol a linha 'corintiana' da Bandeirantes me fez assistir cada vez menos o narrador que tanto me marcou e assisti quando criança e adolescente. O tempo é cruel e cada vez mais vemos pessoas, mesmo que de longe, indo embora. Ainda pipocam homenagens para Luciano do Valle e numa entrevista reprisada da ESPN Brasil, foi perguntado ao veterano narrador qual tinha sido o momento mais marcante de sua longa carreira. E Luciano do Valle escolheu a chegada das 500 Milhas de Indianápolis de 1989.
  
Vá com Deus, Luciano do Valle!

Faça chuva, faça sol...

...e Lewis Hamilton continua dando show em 2014 à bordo de sua Mercedes. O inglês mais uma vez enfrentou condições adversas que, no cenário atual da F1, é uma chance enorme para que os rivais da Mercedes consigam se aproximar da equipe dominadora deste ano. A Red Bull ainda conseguiu deixar Nico Rosberg para trás, mas não foram páreos para Hamilton, que passou boa parte do Q3 com mais de 1s de vantagem para quem fosse o segundo colocado, que no final acabou sendo Ricciardo, mais uma vez à frente de Vettel.

A chuva veio com bastante força em Xangai, como esperado e dificultou a vida de alguns pilotos e equipes. Pastor Maldonado, vivendo seu inferno astral, sequer participou dos treinos com problemas em seu Lotus, mas talvez a dificuldade financeira crônica da equipe tenha feito o venezuelano ficar nos boxes e evitar mais prejuízos financeiros com outros acidentes. A Sauber continuou também com problemas e Esteban Gutierrez ficou no Q1 junto com as duplas de Caterham e Marussia. O mexicano vem tendo uma temporada recheada de problemas. A McLaren, tendo em Jenson Button um piloto com experiência e boa leitura de condições difíceis de tempo como trunfo, ficou com seus dois pilotos no Q2, indicando que o ótimo desempenho em Melbourne pode ter sido um ponto fora da curva, pois desde então a McLaren esteve longe do pódio. Outro longe do pódio e do companheiro de equipe é Kimi Raikkonen, ficando pelo caminho novamente e claramente em desvantagem dentro da Ferrari, agora sob nova direção do enigmático Marco Mattiacci. 

Hamilton dominou o Q3 a seu bel prazer e isso mexeu com a cabeça de Nico Rosberg, que chegou a rodar em suas tentativas de se aproximar do companheiro de equipe, mas acabou dando chance para a Red Bull colocar seus dois carros entre Nico e Hamilton, mas foi Ricciardo a ficar na primeira fila, superando (e por muito) mais uma vez Vettel, que uma hora dessa deve estar morrendo de saudades de Mark Webber. Alonso ficou em quinto, longe dos que vinham à frente e atrás, no caso, Felipe Massa, superando Valtteri Bottas no momento final do Q3 e se colocando num bom sexto lugar, principalmente se lembrarmos o terrível desempenho da Williams na chuva e a própria aversão de Massa a pista molhada.

A previsão para amanhã é de mais chuva, mesmo que seja menor do que hoje, mas para infelicidade das rivais, isso não significa propriamente um freio para Hamilton, que está guiando o fino em 2014 e segue como favorito absoluto para a vitória amanha. No seco ou no molhado.  

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Até quando...

Maduro terá que investir ainda muito dinheiro para manter Pastor Maldonado na F1...

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Riccardo, o persistente

Por muitos anos, Riccardo Patrese foi sinônimo de persistência e simpatia, pois mesmo não sendo um dos maiores talentos da história, o italiano permaneceu dezessete anos na F1 em equipes boas e sempre se tornando um bom amigo de praticamente todos os seus companheiros de equipe e do restante do paddock. Patrese conseguiu ser um piloto de ponta numa época em que as vitórias eram dividida em partes quase iguais entre Piquet, Prost, Senna e Mansell. Daí se explica o porquê de Patrese ter conseguido apenas seis vitórias em mais de 250 largadas. Com uma pilotagem agressiva no começo da carreira, mas que foi perdendo o ímpeto com o passar dos anos, Patrese entrou para a história da F1 e completando 60 anos no dia de hoje, vamos conhecer um pouco mais da história desse italiano.

Riccardo Patrese Gabriele nasceu no dia 17 de abril de 1954 em Pádua na Itália. Desde muito cedo o pequeno Riccardo teve acesso não apenas às corridas, como também a outros esportes. O primeiro esporte de Patrese foi o ski, donde o italiano praticou de forma competitiva até os vinte anos, inclusive vencendo campeonatos locais. Aos 13 anos Riccardo começou a praticar natação, mas um incidente com um amigo o fez parar três anos depois, mas o nível de Patrese era tão alto nas piscinas, que todos os seus companheiros de clube de natação foram para Roma integrar a seleção italiana de natação. No inverno, o pequeno Riccardo praticava natação e ski, mas no verão, ele brincava de kart, onde desde os nove anos ele se divertia pelas pistas locais. Com apoio do seu pai e do irmão mais velho, Patrese passou a levar a brincadeira mais a sério e aos onze anos o italiano já participava de campeonatos locais, mas o primeiro título italiano só viria aos 18 anos, em 1972, derrotando na ocasião o americano radicado na Itália Eddie Cheever. A carreira dos dois se cruzariam nos próximos vinte anos! Dois anos depois Riccardo Patrese se torna campeão mundial de kart em Portugal e isso lhe garantiu um convite da forte equipe italiana Nettuno para a temporada de 1975 na F-Italia.

Com 21 anos de idade, Riccardo estreia nos monopostos com um ótimo segundo lugar na F-Itália com seis vitórias, lhe garantindo um convite para estrear no forte Campeonato Europeu e Italiano de F3 pela tradicional equipe Trivelatto e de forma surpreendente, Patrese vence os dois campeonatos, com seis vitórias no total. A carreira de Patrese era meteórica e no ano seguinte ele subiria para o prestigioso Campeonato Europeu de F2 também pela equipe Trivelatto, mas o mais importante era que Patrese iria estrear na F1! A equipe Shadow passava por sérios problemas financeiros e havia acabado de perder tragicamente Tom Pryce no Grande Prêmio da África do Sul. Numa coincidência nefasta, o segundo piloto da equipe, o italiano Renzo Zorzi, acabou se envolvendo no acidente de Pryce, porém, o que afastou Zorzi da F1 foram problemas financeiros, mas a Shadow logo teria um italiano para o Grande Prêmio de Mônaco: Riccardo Patrese, de apenas 23 anos. Patrese era financiado por investidores italianos, mas logo em sua estreia demonstra não ser mais um pay-driver que sempre povoou a F1. Conhecendo a pista do ano anterior na prova de F3, Patrese conseguiu largar numa época em que apenas vinte carros largavam em Monte Carlo e demonstrando muita paciência e talento, Patrese termina a prova em nono lugar. A Shadow já teve seus momentos de glória em meados da década de 70, mas a morte de Pryce foi um golpe forte para a equipe e os bons resultados praticamente acabaram. Patrese participou de várias corridas naquele ano com muitos problemas mecânicos pela Shadow, enquanto participava do Europeu de F2, onde terminou o campeonato em quinto lugar, empatado com Bruno Giacomelli, tendo vencido uma prova no Japão no final daquela temporada. A evolução de Patrese na F1 crescia a olhos vistos e após conseguir dois top-10 no grid das corridas na América do Norte, Riccardo mostrava sua face agressiva ao se envolver em dois acidentes nessas provas que lhe custaram pontos quase certos. Porém, na última corrida da temporada, em Fuji, Patrese fez uma corrida correta e marcou seu primeiro ponto na F1 com um sexto lugar.

Considerado, ao lado de Patrick Tambay, como um das revelações da temporada 1977, Patrese tinha boas perspectivas para o ano seguinte, mas o italiano acabou se envolvendo numa grande confusão. Sabendo que a Shadow não tinha mais futuro, Jackie Oliver e Alan Rees saíram da equipe e montaram a Arrows, levando consigo Riccardo Patrese. O companheiro de Riccardo seria Gunnar Nilsson, mas infelizmente o sueco foi diagnosticado com câncer nos testículos e acabaria falecendo ainda em 1978. O problema foi que o dono da Shadow, Don Nichols, denunciou a nova Arrows de ter roubado o projeto do novo carro e a confusão acabou na justiça inglesa, que deu ganho de caso à Shadow e isso prejudicou uma promissora temporada para Patrese. A primeira corrida seria em Jacarepaguá e correndo com o patrocínio da Varig, Patrese terminou em décimo, mas foi na corrida seguinte em Kyalami que Riccardo teve o gostinho da fama quando liderou a corrida praticamente inteira de forma enfática, com boa vantagem sobre a Tyrrell de Patrick Depailler, mas quando restavam apenas quinze voltas o motor do Arrows estourou e também o sonho de Patrese vencer a corrida de número 300 da história da F1. Porém, Patrese não demorou a conseguir bons resultados e após dois sextos lugares em Long Beach e Monte Carlo, Riccardo conseguiria seu primeiro pódio com um segundo lugar em Anderstorp. Nessa corrida, Patrese teve Ronnie Peterson em seu retrovisor no final da prova e o sueco, uma das maiores estrelas da F1, reclamou bastante da conduta de Patrese na defesa de sua posição. E Peterson não havia sido o primeiro. Vários pilotos já vinham reclamando da agressividade demasiada de Patrese.  

Quando a Arrows perdeu para a Shadow na justiça no meio do campeonato e um novo carro teve que ser desenhado e construído às pressas, o desempenho de Patrese caiu vertiginosamente. Então veio o Grande Prêmio da Itália. Patrese largava em 12º e bem à sua frente, em décimo, saía James Hunt da McLaren. O starter daquela corrida, Gianni Restelli, não estava muito acostumado com os novos procedimentos de largada da F1 e por isso, mal a luz vermelha apareceu, se apagou e a luz verde deu o ar da graça. O resultado foi que alguns pilotos ainda nem haviam colocado o carro em ponto morto e já saíram para a largada, fazendo com que alguns pilotos do meio do pelotão chegasse embolados com os ponteiros no aproche da primeira chicane, local em que a pista fica bem estreita. Mais na frente, Ronnie Peterson, que largava em quinto, tem problemas com seu carro reserva e saiu bem lentamente. Nesse momento, Patrese teria tocado em Hunt, que jogou o carro de Peterson no guard-rail à direita e provocando um múltiplo acidente que acabaria por ceifar a vida do sueco nos dias seguintes. Hunt disse que o estopim do acidente foi Patrese e um processo foi aberto, onde o piloto italiano e Restelli foram acusados de homicídio culposo, mas inocentados em novembro de 1981. Porém, a folha corrida de Patrese em casos de acidentes era enorme e a GPDA fez pressão para que Riccardo fosse suspenso, o que acabou acontecendo na corrida seguinte em Watkins Glen. Munido de uma liminar, Patrese participou normalmente da última corrida da temporada em Montreal e meio que para mostrar que ele não era um piloto perigoso, Riccardo finaliza a prova num ótimo quarto lugar. Mesmo inocentado das acusações da justiça italiana, Patrese ficaria marcado um tempo e quando Hunt, que mais o criticou na época, se tornou comentarista da BBC nos anos seguintes, o inglês sempre tratou Patrese com má vontade e não tinha nenhum pudor em critica-lo, não importante se Patrese tinha ou não razão.

As duas temporadas seguintes com a Arrows foram complicadas e Riccardo Patrese ainda se ressentia de ser acusado pelos seus próprios companheiros de trabalho. Para 1979 a Arrows produziu um carro de aparência esquisita e de poucos resultados e o máximo que Patrese conseguiu foi um quinto lugar. Com um carro mais conservador, os resultados melhoram em 1980 e Patrese termina em sexto colocado em Interlagos, numa briga que durou praticamente a prova inteira com o novato Alain Prost. Um mês depois, Patrese voltava ao pódio com um segundo lugar em Long Beach, ficando entre os brasileiros Nelson Piquet (vencedor) e Emerson Fittipaldi (terceiro). Esse foi praticamente o último bom momento de Patrese e da Arrows em 1980, com a equipe não mais pontuando até o final da temporada. Para 1981, a Arrows mudava de patrocinador, de cor e de competitividade. Na primeira corrida para valer (sem contar Kyalami), Riccardo Patrese surpreende ao conseguir o que seria a sua primeira pole na F1, em Long Beach, mas seria também a única pole da Arrows em sua longa história. Após segurar a Williams de Carlos Reutemann por um tempo, Patrese começaria a sentir problemas em seu carro e acabaria por abandonar com problemas na pressão de combustível. Seguindo o bom momento, Patrese consegue um terceiro lugar na polêmica corrida em Jacarepaguá após largar em quarto e correndo em Ímola, praticamente o quintal de sua casa, o italiano consegue um ótimo segundo lugar. Aquele início de campeonato de sonho fez Patrese renascer novamente como um piloto promissor, mesmo um acidente ter marcado a equipe na prova seguinte. Na largada para o Grande Prêmio da Bélgica, Patrese fica parado no grid e um dos seus mecânicos, David Luckett, vai auxilia-lo de forma até mesmo irresponsável e como resultado, Patrese é atingido na traseira, no lugar onde estava Luckett, pelo seu companheiro de equipe Siegfried Stohr, que apesar do nome, era italiano. A reação de Stohr à cena sugeria uma tragédia, mas Luckett teve apenas uma perna quebrada e outros machucados. A partir de então a Arrows entraria numa espiral descendente e Patrese poucas vezes pontuaria até o final do ano, mas suas demonstrações no início da temporada lhe credenciava a procurar equipes mais fortes.

Mesmo tendo conquistado o Mundial de Pilotos com Nelson Piquet em 1981, a Brabham ficou longe de repetir a dose no Mundial de Construtores e Bernie Ecclestone, de olho no bom dinheiro que esse campeonato lhe renderia, passou a procurar um piloto melhor do que o pay-driver Hector Rebaque. Bernie perguntou a Piquet o nome de um piloto para lhe secundar e Nelson sugeriu o nome de Jan Lammers, mas como a Parmalat já estampava com letras garrafais a lateral da Brabham, Ecclestone preferiu o italiano Patrese. A Brabham iniciava em 1982 a parceria com a BMW e os motores turbo, mas essa associação traria enormes dores de cabeça para a equipe e seus pilotos no início, com Nelson Piquet ficando praticamente impossibilitado de defender seu título. Patrese também sofreu com os motores BMW a ponto de usar o carro do ano anterior com motor Cosworth aspirado e o italiano conseguiu um bom terceiro lugar em Long Beach. Ainda com o bom carro do ano anterior, enquanto Piquet desenvolvia o motor BMW turbo, Patrese largava em segundo lugar no Grande Prêmio de Mônaco e mesmo ultrapassado por Prost ainda nas primeiras voltas, Riccardo assumiria a segunda posição logo depois quando René Arnoux errou bisonhamente nos esses da Piscina. Tranquilo em segundo lugar, tudo levava a crer que Patrese ficaria nessa posição quando nuvens começaram a ameaçar a vitória de Prost e quando faltavam três voltas, já caindo uma chuva fina, o francês rodou e bateu com seu Renault no guard-rail na saída do túnel. Nesse momento Patrese tinha a vitória nas mãos, mas a pista estava escorregadia ao extremo e mesmo sem podermos ver as feições debaixo da capacete azul e branco de Patrese, o italiano parecia nervoso ao não conseguir ultrapassar o retardatário Marc Surer, com seu antigo carro Arrows. No hairpin da Lowes, Patrese rodou sozinho e deixou o carro morrer. Parecia o fim do sonho de sua primeira vitória na F1, mas com Didier Pironi e Andrea de Cesaris parados sem gasolina, parecia que ninguém queria vencer aquele GP, mas eis que Patrese aparece e recebe a bandeirada. Após o erro banal na penúltima volta, Patrese ficou dentro do seu carro e no momento em que era empurrado pelos comissários de pista, seu carro pegou na banguela. Pensando em apenas chegar até o fim, Patrese recebeu a bandeirada sem saber que era o vencedor. Ele só soube quando viu a Alfa Romeo de De Cesaris parada na subida do Cassino e deu uma carona para Pironi dentro do túnel e foi congratulado pelo francês. Quando Patrese foi derrotado por Nelson Piquet, com motor turbo, no triste Grande Prêmio do Canadá, Riccardo voltou a usar os motores alemães e foi o pioneiro dos pit-stops modernos quando disparou em segundo lugar, atrás de Piquet, no GP da Áustria e fez um pit-stop no meio da prova. Patrese ainda voltou na frente de Prost, mas o tempo parado nos boxes fez o motor superaquecer e o italiano acabaria por abandonar.

Para 1983 a Brabham estaria melhor integrada com a BMW e os resultados não tardaram a aparecer para a equipe. Patrese normalmente largava nas primeiras posições, mas seu carro sempre lhe decepcionava. No Grande Prêmio de San Marino, o primeiro sem o mito Gilles Villeneuve e cercado de homenagens à Ferrari, Patrese era o piloto mais rápido da pista, se aproveitando de um problema com o carro de Piquet na largada. O italiano tinha a corrida nas mãos até errar no seu pit-stop, quando colocou seu Brabham no local errado e a parada demorou o dobro do programado. Patrese saiu dos boxes atrás do novo líder Tambay, que usava a Ferrari número 27 que era de Villeneuve um ano antes. Correndo em casa e mais rápido, Patrese não demorou para alcançar e ultrapassar o francês Tambay, mas faltando poucas voltas para o final, o italiano da Brabham errou na Acqua Minerale e bateu seu carro, entregando a vitória de badeja para Tambay. Porém, o que doeu no coração de Patrese foi ter visto a vibração da torcida italiana, que se voltou contra ele mesmo sendo tão italiano quanto eles. O desenrolar da temporada foi difícil para Patrese, pois a confiabilidade não foi o forte do seu carro, tanto que Riccardo só terminou duas provas. Dois pódios e uma vitória em Kyalami. 

Decepcionado pela parca confiabilidade no seu carro, enquanto Nelson Piquet se tornava bicampeão mundial, Patrese se muda para a equipe Alfa Romeo, onde se reencontraria com Eddie Cheever. A equipe italiana tinha feito um bom final de campeonato em 1983 com Andrea de Cesaris e a expectativa era boa, mas a restrição de 220 litros de combustível por carro na corrida e a proibição de reabastecimento caiu como uma bomba para a Alfa, que era o motor mais voraz de combustível. Por isso, Patrese conseguia boas posições no grid, mas baixava muito seu ritmo nas corridas e assim como aconteceu na Brabham, a confiabilidade da Alfa Romeo era terrível. Houve bons resultados como um quarto lugar em Kyalami e um pódio em Monza, quando Patrese se aproveitou de uma pane seca de Cheever nas voltas finais quando estava em quarto. Para piorar, o carro de 1985 consegue sera ainda pior, pois além de manter a péssima confiabilidade, o carro havia se tornado também muito lento. Para tentar solucionar os problemas do novo carro, Patrese chega a correr algumas provas com o carro de 1984, mas os resultados não vinham. Em dezesseis provas, Patrese só termina quatro e ainda assim, longe da zona de pontuação. Isso praticamente determinou o fim da equipe Alfa Romeo e quase também termina a carreira de Patrese na F1, mas o italiano tinha se mostrado um bom profissional na Brabham e Bernie recontrata Riccardo de volta em 1986. Porém, já nessa época Ecclestone já estava mais preocupado com a FOCA e deixou sua equipe um pouco de lado. Gordon Murray, numa tentativa de dar o pulo do gato, projetou o BT55, conhecido como skate por ser bem mais baixo que os demais carros da época. Na teoria, seria um carro rapidíssimo em reta, mas na prática era uma tragédia nas curvas e mesmo tendo um dos melhores motores com a BMW, o ângulo em que o motor era montado produzia sérios problemas de lubrificação que causou vários abandonos durante o ano. Para piorar, Patrese viu seu companheiro de equipe e amigo Elio de Angelis falecer num teste em Paul Ricard, onde quem estava programado para andar naquele dia era Patrese, mas como ficou de fora da corrida em Monte Carlo, De Angelis insistiu em testar o carro e acabaria encontrado o seu destino.

Mesmo com seu carro tendo sérios problemas de confiabilidade e não ser tão rápido como imaginado, Patrese nunca reclamava publicamente da equipe e seu profissionalismo lhe garantiu respeito não apenas de sua equipe, como de toda a F1. Para 1987 Patrese permaneceu na Brabham e teria como companheiro de equipe Andrea de Cesaris, com o qual quase saiu no tapa num treino em Zandvoort, em 1983. Porém, pior do que o relacionamento com o seu companheiro de equipe era o desempenho do carro, mesmo o Brabham desta vez ter um carro mais convencional. Com Ecclestone saindo da Brabham, com Murray já na McLaren e a BMW só cumprindo o contrato para abandonar a F1 no final de 1987, Patrese teria outro ano difícil, mas ao menos com uma alegria com o terceiro lugar no Grande Prêmio do México. Quando Nigel Mansell se machuca (ou não...) durante os treinos para o Grande Prêmio do Japão daquele ano e a Williams fica sem piloto para a prova seguinte na Austrália, Ecclestone resolve liberar Patrese para estrear pela equipe de Frank, já que o italiano já estava contratado pela Williams para 1988 no lugar de Piquet. A tumultuada temporada de 1987 que deu o tricampeonato para Piquet fez com que a Williams perdesse o apoio oficial da Honda para o ano seguinte, tendo que se conformar com o motor Judd aspirado, com bloco da Honda. O carro se mostrava bom, mas a falta de potência do motor e problemas na suspensão ativa fez com que Patrese e Mansell passassem metade da temporada 1988 sem completar uma única corrida. O máximo que Riccardo consegue é um quarto lugar na última corrida do ano em Adelaide, mas a perspectiva para 1989 era bem melhor, com a Williams novamente tendo apoio de uma montadora, desta vez a Renault.

Com Mansell tendo perdido a paciência com a falta de desempenho da Williams-Judd e ter ido para a Ferrari, Patrese teria um pouco mais de liberdade com seu novo companheiro de equipe, Thierry Boutsen. Num campeonato dominado novamente pela McLaren, Patrese usou a regularidade para marcar pontos com frequência e conseguir seu melhor resultado no campeonato mundial ao ficar em terceiro lugar, com seis pódios e quatro segundos lugares. Porém, Patrese viu Boutsen vencer duas vezes (Canadá e Austrália) em corridas debaixo de muita chuva. Contudo, a vez de Patrese não demoraria muito e logo na terceira prova de 1990, Riccardo Patrese voltaria a vencer na F1 após sete anos de espera em Ímola, um recorde até hoje não batido na F1. Por sinal, esse seria um ano de recordes para Patrese. Após se tornar o piloto com o maior número de Grandes Prêmios disputados na prova de Jacarepaguá em 1989, Patrese conseguiu a marca histórica de 200 Grande Prêmios durante a corrida em Silverstone em 1990, se tornando o primeiro piloto a atingir essa marca. Patrese não repete a constância do ano anterior e fecha 1990 em sétimo lugar no Mundial de Pilotos, mas o pior ainda estava por vir. Quando fez sua 200º corrida na F1 na Inglaterra, Patrese viu Mansell anunciar que estava se aposentando da F1. Houve uma comoção para que Nigel ficasse e após negociações que duraram vários meses, Mansell resolveu assinar com a Williams por dois anos. Porém, traumatizado com a convivência não muito pacífica com Prost na Ferrari, Mansell faz várias exigências, inclusive de que seria o piloto número um da Williams e teria sempre o carro reserva à sua disposição.

Mostrando seu profissionalismo, Patrese não se incomoda com as regalias do Leão e supera seu companheiro de equipe nas oito primeiras corridas de 1991, nunca largando fora do top-3 e conseguindo três poles consecutivas (Canadá, México e França). Após alguns incidentes durante as corridas, Patrese vence sua primeira corrida do ano no México após disputa escarnecida com Mansell. Depois de anos na sombra da McLaren, a Williams voltava a ter um bom carro e brigar pela ponta, mas quase que de contrato, que iria lutar com Senna seria Mansell. Patrese ainda venceria em Portugal quando a Williams estraga a corrida de Mansell num pit-stop e com oito pódios, Riccardo repete o terceiro lugar no Mundial. Mansell perderia o título para Senna, mas aquela segunda metade de 1991 seria o prelúdio para o que viria em 1992. Com uma tecnologia embarcada nunca vista antes, a Williams dominou de forma acachapante em 1992 e Mansell finalmente conquistava seu titulo mundial. Porém, Patrese pouco pôde fazer em não ver de longe Mansell vencer as corridas. E quando podia, era lembrado de sua posição. Durante o Grande Prêmio da França, uma chuva torrencial interrompeu a corrida e uma nova largada foi dada com Patrese na frente. Porém, não demorou para Mansell ultrapassar Patrese e vencer a prova mesmo com problemas em seu carro. Quando perguntado se houve ordens de equipe, Patrese respondeu unicamente com um 'No comments'.

Quando Mansell abandonou em Suzuka com o motor quebrado ainda no início da prova, Patrese aproveitou para vencer sua única corrida em 1992 e também sua última na carreira. Mesmo sem poder atacar Mansell, a vantagem da Williams sobre as demais permitiu a Patrese ficar com o vice-campeonato, com oito pódios e uma vitória. A Williams era a equipe fetiche no momento e as principais estrelas da época (Mansell, Senna e Prost) praticamente se esfaqueando por uma vaga na equipe, Patrese resolve assinar com a Benetton em 1993. Foi um ano triste para Patrese. Da mesma forma que viu a Williams trabalhar para Mansell, Riccardo encontrou a Benetton trabalhando unicamente para Michael Schumacher, seu jovem e talentoso companheiro de equipe. Para piorar, Schumacher foi um dos poucos companheiros de equipe no qual Patrese não se deu bem. O italiano conseguiu o que seria seu último pódio na F1 com um segundo lugar na Hungria, mas logo depois Flavio Briatore informou a Patrese que ele estava livre para negociar com outras equipes para a temporada seguinte. Prestes a fazer 40 anos e sem nenhuma equipe competitiva à vista, Riccardo Patrese fez sua última corrida de F1 no Grande Prêmio da Austrália de 1993, se aposentando com um cartel de 256 corridas, seis vitórias, oito poles, treze voltas mais rápidas, 37 pódios, 281 pontos e o vice-campeonato de 1992 como melhor resultado.

Quando houve a tragédia com Ayrton Senna em 1994, a Williams chegou a procurar Patrese, mas ele disse que seu tempo na F1 estava terminado e voltou para o Endurance. Enquanto corria de F1 no começo dos anos 80 Patrese participou de várias corridas de longa duração, sendo inclusive piloto oficial da Lancia em 1982. Patrese participou das 24 Horas de Le Mans em 1995 e 1997, abandonando em ambas as vezes. Em homenagem ao seu tempo com a Williams, a equipe presenteou Patrese com um teste em 2002 e três anos mais tarde o italiano vestiu novamente o macacão para disputar a mal-fadada GP Series. O recorde de 256 largadas de Patrese durou quinze anos, só batido por Rubens Barrichello em 2008, com Schumacher também ultrapassando a marca de Patrese. Hoje Patrese vive na Itália com sua esposa e quatro filhos e recentemente participou de um vídeo onde dava uma volta no circuito e levava sua esposa ao desespero. Dá para dizer que Riccardo Patrese pode não ter sido o piloto mais rápido da sua época, mas seu profissionalismo e retidão o fez durar tantos anos na F1, mesmo com um início de carreira polêmico, mas que no final ganhou a admiração de todos os seus colegas.

Parabéns!
Riccardo Patrese

domingo, 13 de abril de 2014

O que eu vou dizer lá em casa Hunter-Reay?

O acidente provocado pela impaciência de Ryan Hunter-Reay...

Impaciente

Ao ver seus dois carros no muro, favoritos absolutos à vitória e agora de fora da prova em Long Beach, Michael Andretti (nos seus tempos, um dos pilotos mais agressivos da Indy...) apenas balbuciou para a repórter: ele foi impaciente. Ele, no caso, é Ryan Hunter-Reay. O americano da Andretti, campeão em 2012, nunca foi um pilotos dos mais atirados, obtendo sucesso na base da regularidade e da paciência aliada a sua velocidade. Ryan vinha dominando amplamente a corrida em Long Beach depois de largar na pole, tendo como segundo colocado e escudeiro o companheiro de equipe James Hinchcliffe. Porém, na última rodada de paradas, o novato Josef Newgarden, da pequena equipe de Sarah Fischer, que vinha em terceiro lugar, deu uma volta a mais do que os pilotos da Andretti e retornou bem à frente de Hunter-Reay, mas bem mais lento por ainda estar com os pneus frios. A ultrapassagem era questão de tempo. Contudo o piloto da Andretti se precipitou e tentou a manobra num lugar estreito e iniciou um efeito dominó que destruiu a corrida da Andretti (Hunter-Reay e Hinchcliffe) e de mais quatro carros (Newgarden, Sato, Hawksworth e Kanaan).

Esse múltiplo acidente praticamente definiu a cara da prova, pois com os principais favoritos estatelados no muro, Scott Dixon tentava dar o pulo do gato numa estratégia diferente, mas o segundo colocado de então, Mike Conway, estava na estratégia 'certa' e tinha tudo para vencer. Dixon tentou economizar tudo e mais um pouco, segurando todo o pelotão num ritmo lento e chegando a bater em Justin Wilson numa disputa por posição, mas acabou tendo que fazer um splash-and-go faltando três voltas e entregou a Conway uma surpreendente vitória. O inglês já havia vencido esta prova em 2011, mas Conway não participa do campeonato inteiro pela sua aversão aos circuitos ovais e como Ed Carpenter tem uma predileção ao inverso de Conway, o inglês só corre em circuitos mistos, enquanto Carpenter corre nos ovais. Vencedor em Detroit no ano passado e agora em Long Beach, resta à equipe Carpenter alguém que seja a junção do próprio dono da equipe e Mike Conway para vencer o campeonato.

Quem se beneficiou com tudo isso foi Will Power, que chegou em segundo e lidera confortavelmente o campeonato, mas o australiano teve que fazer uma ótima corrida de recuperação ao largar em 16º e novamente se envolveu em confusões quando colocou o bom Simon Pagenaud para fora da pista numa manobra de ultrapassagem polêmica. Com Hunter-Reay abandonando e Castroneves, que chegou a ser atingido por Ryan no múltiplo acidente que marcou essa prova em Long Beach, ficando fora do top-10, Will começa 2014 com boas chances de espantar a sua zica e a forma como ele escapou do melê provocado por Hunter-Reay demonstra que ele está com sorte. O novato Carlos Muñoz salvou o dia da Andretti ao completar o pódio, logo à frente do seu compatriota Juan Pablo Montoya que, se não se destacou, ao menos fez uma prova mais decente do que em St-Petersburg. A Ganassi ainda não se encontrou e nenhum carro da equipe terminou no top-10, mas no ano passado o time do velho Chip começou da mesma forma e o final todos sabemos como foi.

Novamente a Indy mostrou uma corrida tumultuada num circuito de rua e um piloto de equipe pequena vencendo, mas o grande beneficiado acabou sendo mesmo Will Power. O que me chamou a atenção foi a comparação da corrida em Long Beach deste ano com a edição de vinte anos atrás. Instalei o Youtube no meu Playstation e ontem assisti a edição de 1994 da corrida de Long Beach vencida por Al Unser Jr. Foi uma prova cheia de incidentes, mas a principal diferença era que uma bandeira amarela não entrava por qualquer motivo. Apenas uma foi mostrada quando já havia carros demais pelo circuito. Na freada para a primeira curva, que era diferente da atual, vários carros bateram e ficaram por ali, mas era mandado um carro de serviço ao local e um comissário agitava com força uma bandeira amarela no local. E a corrida seguia... Hoje nem houve tantas bandeiras amarelas assim, mas se houve uma semelhança foi a quantidade de acidentes, marca registrada na charmosa corrida de Long Beach.

O que eu vou dizer lá em casa Lorenzo?

Mesmo com a notória superioridade da Honda atualmente, a solidez, o talento e a garra de Jorge Lorenzo salvava um campeonato que tendia a ser enfadonho ano passado. Porém, o erro de Jorge Lorenzo hoje em Austin entrou para os anais como uma das maiores gafes de um piloto de ponta numa corrida de alto nível dos últimos tempos. A largada é o momento mais adrenalizante de um fim de semana, onde corridas podem ser decididas ou, normalmente, terminadas. Com 95 largadas no currículo, com a pressão de uma Honda ainda mais forte em 2014 e com Márquez dominando o final de semana norte-americano, Lorenzo queimou a largada de forma ridícula, avançando vários metros antes que a luz vermelha se apagasse, num dos maiores micos dos últimos tempos, deixando todos os pilotos a seu redor estupefatos com o erro do espanhol da Yamaha.

Porém, pelo ritmo das Yamahas oficiais, Marc Márquez dificilmente teria algum problema em passear em Austin. Quando Lorenzo foi para os boxes ainda antes de terminar a primeira volta, Márquez assumiu a ponta e de lá só foi ameaçado por ele mesmo e na última curva da última volta. Já fazendo sinais para a torcida, Márquez se desconcentrou na última freada da corrida e quase perdeu o controle de sua Repsol Honda quando a bandeirada estava à sua vista, para desespero e susto para a equipe Honda, mas Márquez recebeu a bandeirada confortavelmente na ponta, com Daniel Pedrosa muito atrás para tentar qualquer coisa contra seu companheiro de equipe. Em terceiro chegou a Ducati de Andrea Doviziozo, que venceu uma boa batalha contra a Honda satélite de Stefan Bradl, que pareceu ter ficado bastante chateado por não ter conseguido um pódio.

Com Lorenzo em último na primeira volta, as atenções da Yamaha se voltaram para Valentino Rossi, que largou mal e estava em nono após a primeira volta, mas o multi-campeão partiu para o ataque e rapidamente estava lutando pelo pódio, mas de forma abrupta, foi perdendo rendimento até cair para oitavo, andando mais de 4s mais lento que Márquez. O ritmo de Rossi era tão lento que Lorenzo, que terminou em décimo, não chegou muito atrás do companheiro de equipe. Literalmente um dia negro para a Yamaha, que nesse momento não tem ritmo para se igualar a fortíssima Honda.

Com uma temporada perfeita até aqui, com duas vitórias em duas corridas, Marc Márquez parte impávido para o bicampeonato, enquanto Daniel Pedrosa, se não tiver um super agente, já deve estar procurando os classificados uma hora dessa, pois com a mesma moto, sequer arranha a liderança de Márquez. A cara de Lorenzo quando chegou aos boxes mostrou bem o tamanho do seu problema e com 44 pontos de desvantagem, sua tarefa rumo ao tricampeonato vai se tornando cada vez mais árduo.

Cartão de visitas

Se depender da primeira corrida, a World Series deverá nos trazer algumas emoções de arrepiar o cabelo, como nesse espetacular capotagem de Marco Sorensen, em disputa com Jafar, piloto malaio não muito dotado de talento, mas com muito dinheiro no bolso...

sexta-feira, 11 de abril de 2014

História: 15 anos do Grande Prêmio Brasil de 1999

Entre as corridas em Melbourne e em São Paulo, as equipes percorreram milhares de quilômetros de testes para acertar seus carros e melhorar sua confiabilidade neste início de ano. Outros tempos... Chegando no Brasil, as equipes encontraram o famoso clima paulistano, com chuvas e sol forte num mesmo dia, atrapalhando os treinos livres e a adaptação do francês Stephane Sarrazin, que estreava na F1 pela Minardi. Porém, a grande vítima foi outro estreante, o brasileiro Ricardo Zonta. O segundo piloto da BAR perdeu o controle do seu carro na subida para o Laranjinha e acabou machucando seus pés, o tirando do seu primeiro GP do Brasil e de mais algumas corridas. As coisas não andavam nada bem para a BAR. Na sexta-feira, cansado dos problemas que afetaram seu carro, Jacques Villeneuve saiu de Interlagos no meio do segundo treino livre direto para o hotel onde estava hospedado comemorar seu aniversário e no sábado conseguiu apenas o 16º tempo, mas o canadense acabaria desclassificado devido a problemas no combustível usado em seu carro e acabaria largando dos boxes.

Havia expectativa de chuva a qualquer momento durante a classificação, o que poderia embaralhar o padrão de então, que mostrava McLaren e Ferrari na frente, mas Barrichello (Stewart), Frentzen (Jordan) e R.Schumacher (Williams) andando muito bem e prontos a incomodar os favoritos. Apesar do tempo muito nublado, a chuva não veio e Hakkinen conseguiu o primeiro tempo com uma volta apenas dois décimos mais lenta que a pole de Villeneuve com a Williams dois anos antes, mas com pneus totalmente slicks. David Coulthard completou a primeira fila da McLaren, mas o que encheu as páginas de jornal foi o excelente terceiro lugar de Barrichello, que fez todo o circuito de Interlagos vibrar como há muito não se via. Michael Schumacher, mais de um segundo mais lento que a pole, teve que se conformar com a quarta posição.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:16.568
2) Coulthard (McLaren) - 1:16.715
3) Barrichello (Stewart) - 1:17.305
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:17.578
5) Fisichella (Benetton) - 1:17.810
6) Irvine (Ferrari) - 1:17.843
7) Hill (Jordan) - 1:17.884
8) Frentzen (Jordan) - 1:17.902
9) Wurz (Benetton) - 1:18.334
10) Herbert (Stewart) - 1:18.374

O dia 11 de abril de 1999 amanheceu quente e com o tempo seco, bem ao contrário dos dois dias anteriores. Schumacher teve problemas sérios nas suas duas últimas largadas, mas em Interlagos, a principal preocupação do alemão foi desviar da McLaren de Coulthard à sua frente, que ficou parada na largada. O escocês foi empurrado aos boxes e seu motor só foi ligado três voltas mais tarde, mas David acabaria abandonando mais tarde. Afora o problema de Coulthard, a primeira curva aconteceu sem nenhum incidente com Hakkinen liderando e para delícia da multidão, Rubens Barrichello vinha em segundo, à frente de Schumacher, Irvine, Fisichella, Frentzen, Wurz e Hill.

Bem no momento em que Coulthard voltou à pista na terceira volta, no meio da reta oposta, Hakkinen estranhamente perdeu a velocidade do seu McLaren e permitiu a Rubens Barrichello assumir a liderança da prova e ver o autódromo de Interlagos explodir. Mais estranhamente ainda, Mika voltou ao seu ritmo normal e estava agora em terceiro, logo atrás de Schumacher. Na nona volta, brigando pela sétima posição, Alex Wurz fechou Damon Hill e tirou o inglês da prova, o deixando bastante irritado, enquanto Wurz terminou a prova com o carro totalmente desequilibrado e longe de exibir a bela corrida feita um ano antes. Lá na frente, os três primeiros colocados andavam próximos, mas sem chance de ataque. O público delirava com Rubinho na ponta, enquanto Hakkinen, claramente mais rápido do que Schumacher nas curvas, nada podia fazer frente a prodigiosa potência do motor Ferrari de Michael nas duas retas de Interlagos, impossibilitando a ultrapassagem na pista.

Na volta 26 o motivo do fortíssimo ritmo de Rubens Barrichello foi exposto e o motivo era o mais prosaico possível. A Stewart havia feito um carro com a traseira bem compacta e isso acabou afetando no tamanho do tanque de combustível, que era o menor da F1 em 1999. Com isso, até que esse problema fosse consertado, Barrichello sempre largaria com uma estratégia de duas ou mais paradas por causa do pouco alcance do seu carro. Com isso, Schumacher assumiu a ponta, com Hakkinen logo a seguir, com ambos claramente numa estratégia de uma parada. Rubens voltou à pista em quarto lugar e rapidamente atacou Eddie Irvine, que além de estar numa estratégia diferente, seguiu ordens da Ferrari para tentar segurar o brasileiro o máximo possível. O irlandês fez o 'serviço sujo' até a volta 35, quando finalmente foi ultrapassado por Barrichello no final da reta dos boxes, fazendo o autódromo de Interlagos explodir de felicidade novamente. O problema foi que sete voltas mais tarde quem explodiu foi motor Ford de Barrichello, o fazendo abandonar tristemente.

Porém, a vitória era algo improvável para Rubens. Schumacher havia feito sua parada na volta 37 e retornara 11s à frente de Barrichello. Porém, a maior preocupação do alemão da Ferrari era o ritmo imposto por Hakkinen quando este teve pista livre à frente. O finlandês da McLaren marcou algumas voltas mais rápidas e quando fez sua única parada, estava à frente de Schumacher e logo impôs 6s de vantagem. Mais atrás, Frentzen tentava se aproximar de Irvine na luta pelo lugar restante do pódio, mas o irlandês acabaria sendo chamado pela Ferrari para fazer uma limpeza de emergência dos seus radiadores, apenas treze voltas após sua parada. Irvine caiu para quinto e passou a andar mais rápido que o quarto colocado Ralf Schumacher, que naquele momento tentava economizar combustível, enquanto que nos boxes da Williams, estava tudo pronto para um splash-and-go para o alemão, se fosse necessário. Irvine se aproximou de Ralf, mas não efetuou a ultrapassagem, mas quase ganha uma posição quando Frentzen fica sem combustível na última volta, mas como ele estava na mesma volta de Hakkinen quando este recebeu a bandeirada, e o quarto colocado Ralf Schumacher já estava uma volta atrás, o alemão pôde permanecer no pódio, atrás do seu compatriota Schumacher. Após uma corrida surpreendente na Austrália, a F1 voltava ao status normal em Interlagos com McLaren e Ferrari à frente das demais, mas agora novas equipes, como Jordan e Stewart, estavam prontas para aprontar surpresas ao longo do ano. Porém, o que ninguém sabia na ocasião, era que os pontos perdidos por Irvine no final da corrida lhe faria muita falta no final do ano...

Chegada:
1) Hakkinen
2) M.Schumacher
3) Frentzen
4) R.Schumacher
5) Irvine
6) Panis

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Figura(BAH): Formula 1

Após duas corridas, a nova Formula 1 estava sendo atacada (por seus próprios membros) de todos os lados. As corridas estão muito chatas, os pilotos não se esforçam, pensando unicamente em economizar, o barulho dos novos motores V6 turbo parece mais um assobio, um novo domínio se encaminha após anos de títulos consecutivos da Red Bull e as detestáveis ordens de equipe se fizeram presentes novamente. Bernie Ecclestone e Luca di Montezemolo armaram uma campanha contra esse novo status quo e bradavam por mudanças. Então veio a corrida no Bahrein, local onde normalmente as corridas são... chatas e modorrentas. Era um prato cheio para os veteranos dirigentes, mas o que se viu no circuito de Sakhir entrou para a história como uma das melhores corridas dos últimos tempos com todos os pilotos do grid se mostrando aguerridos em suas lutas por posições, mesmo que estes sejam seus companheiros de equipe. A briga pela primeira posição entre os dois pilotos da Mercedes demonstrou que, sim, haverá um domínio de uma equipe em 2014, mas que poderemos ver, em suas devidas proporções, algo parecido com 1988, com dois pilotos disputando, sozinhos, a ponta das corridas e o campeonato. Todas essas brigas fizeram, por um momento, que todos esquecessem os problemas dessa nova F1 e torcer que essa corrida seja a regra e as duas primeiras sejam exceções. Ah! Montezemolo e Ecclestone, com certeza loucos para criticarem mais uma corrida chata após a bandeirada, foram embora no meio da corrida...

Figurão(BAH): Pastor Maldonado

Pastor Maldonado deve ter entre seus estafe pessoas que lhe aconselham sobre seus passos na carreira e como foram suas corridas. Montado numa montanha de dinheiro vindo da PDVSA, Maldonado deve receber mimos dessas pessoas do tipo 'É isso aí, Pastor! Continue assim, que com essa agressividade você irá longe', ou 'Não ligue para esses porcos capitalistas que lhe criticam! Eles devem ser pagos pela CIA para desestabilizar você e o excelentíssimo Maduro. E viva Chavez!' Essa já é a quarta temporada de Pastor Maldonado e as asneiras do venezuelano permanecem as mesmas de um novato... na F3! Há quem admire a habilidade e velocidade de Maldonado, mas sua profusão em se envolver em acidentes e destruir as corridas alheias está chegando num limite. O acidente que o venezuelano provocou no Bahrein é de uma imbecilidade atroz e, o que é pior, estão se tornando cada vez mais perigosas. Gutierrez demorou a sair de seu Sauber com certeza procurando saber o que lhe atingiu de forma tão estúpida e que lhe fez alçar voo. As punições a Maldonado se multiplicam ao longe desses anos todos, mas parece não aquietar o ímpeto assassino do venezuelano, que continua a aprontar das suas e provar que sua vitória há quase dois anos em Barcelona foi fruto de um ponto fora da curva.

domingo, 6 de abril de 2014

Sem reclamações

Luca di Montezemolo, Christian Horner e Bernie Ecclestone já estavam reclamando. 'A F1 atual está chata!' Porém, quem está vencendo não tem do que reclamar e hoje, na notória pista sem emoções de Sakhir, a F1 proporcionou uma das melhores corridas dos últimos tempos com brigas por todas as posições e (pasmem!) companheiros de equipe brigando fortemente por posições, inclusive pela primeira, com Lewis Hamilton se saindo melhor do que Nico Rosberg e conseguindo uma vitória importante para sua luta pelo bicampeonato, enquanto Nico, melhor calçado nas últimas voltas, não conseguiu ultrapassar Lewis e vê sua liderança no campeonato sendo achatada pelo bom momento de Hamilton. Surpreendentemente o terceiro colocado foi Sergio Pérez, se recuperando de um início de campeonato terrível para dar o primeiro pódio da vida da Force India.

A corrida foi emocionante e cheia de histórias para contar. Primeiro, Hamilton deu um 'chega pra lá' em Rosberg ainda na primeira volta e conquistar a liderança da prova, mas sempre com o Nico por perto, algumas vezes chegando a brigar mais forte pela ponta da corrida. Lewis estava num dia inspirado e como num script, soube rechaçar os ataques de Rosberg utilizando praticamente as mesmas armas. Primeiro, Hamilton contornava a primeira curva com a tangência normal, enquanto Nico Rosberg freava mais forte por dentro e com isso deslizava e dava espaço para Hamilton dar o xis na chicane. Depois, entre as curvas três e quatro, Nico Rosberg forçava novamente, mas desta vez Hamilton ficava por dentro e dava um 'chega pra lá' no companheiro de equipe na saída da curva. Isso aconteceu algumas vezes na prova, com Hamilton se sobressaindo demonstrando a sua força de vontade em derrotar o amigo e companheiro de equipe. Porém, a Mercedes não estava muito animada em arriscar e quando o safety-car estava para sair da pista pelo bizarro acidente proporcionado por Maldonado, Paddy Lowe fez questão de se identificar e dizer aos pilotos para 'trazerem as crianças para casa'. Nico Rosberg deu o 'ok', mesmo tendo pneus macios, 1,5s mais rápido do que os pneus duros que Hamilton utilizava e... foi para cima. Fazia tempo que uma briga entre dois companheiros de equipe foi tão emocionante e próxima pela vitória, mas isso só acontece devido a enorme diferença entre a Mercedes e o resto. Em pouco mais de dez voltas, quando o safety-car foi embora, o duo da Mercedes abriu mastodônticos 24s sobre o surpreendente terceiro colocado.

A fase da Force India é muito boa e era questão de tempo para o time hindu conseguir seu primeiro pódio na F1, mas era esperado que o piloto a conseguir essa proeza fosse Nico Hülkenberg, que continuava a fazer suas boas atuações de 2013 nessa temporada. Contudo Sergio Pérez, que estava totalmente eclipsado por Nico, largou na frente do alemão hoje e fez uma corrida sensacional, com direito a ultrapassagem na base do oportunismo em cima de Hulkenberg, e conseguiu um excelente terceiro lugar para a sua equipe e também para o próprio mexicano. Saído praticamente corrido da McLaren no ano passado, Pérez necessitava de um resultado como esse para conseguir prova que pode, sim, se tornar um piloto de ponta. Só falta Pérez provar que corridas como a de hoje virem regra, não exceção. Já Nico Hulkenberg teve que se conformar com o quinto lugar, ultrapassado no final por Ricciardo e tendo que segurar Vettel nas voltas finais. Quando não conseguiu ultrapassar Bottas e ser jantado por Pérez logo em seguida praticamente definiu a situação de Hulkenberg, que permanece na expectativa de conseguir também seu primeiro pódio. Grande beneficiária da entrada do safety-car, a Red Bull maximizou a estratégia de duas paradas para conseguir posições melhores do que estava com a corrida ocorrendo normalmente, mas da mesma maneira da Force India, o seu piloto melhor classificado foi o surpreendente Daniel Ricciardo, que saiu da 13º posição no grid para quarto na bandeirada, inclusive ultrapassando duas vezes Vettel (uma a pedido da equipe no começo da prova e outra na marra!). Quando foi para a Red Bull, todos esperavam por um comportamento subalterno de Daniel frente a Vettel, mas o que estamos vendo é um piloto combativo e sem medo de enfrentar o tetracampeão, que conseguiu um sexto lugar sofrido, com problemas no assoalho do seu carro e reclamando dos seus pneus e da potência do seu motor.

Com a confusão na Malásia, uma das equipes mais focadas na corrida foi a Williams. Como seria o comportamento dos seus dois pilotos uma semana após o desastrado pedido da Williams para que Massa cedesse sua posição para Bottas? Se depender apenas da largada, Felipe reagiu otimamente com uma das melhores largadas já vistas, com o paulista saindo de sétimo para terceiro com uma facilidade incrível, pois Felipe em nenhum momento fez manobras bruscas, simplesmente desviando de Raikkonen e em linha reta frear na primeira curva em terceiro. Porém, o apetite de Felipe pelos pneus fez com que a Williams preferisse uma estratégia de três paradas, enquanto a Force India, principal rival da Williams pelo lugar restante do pódio fez duas paradas com seus dois pilotos. Nos dois stints intermediários, Bottas se deu melhor do que Massa nas paradas e ficou à frente do brasileiro, com Felipe atacando o companheiro de equipe. Para mudar essa situação, Massa antecipou sua terceira parada e com isso tomou a posição de Bottas, mas a entrada do safety-car estragou a corrida da Williams e do pódio, o time brigou pelas últimas posições pontuáveis, com Massa ficando em sétimo e Bottas em oitavo, mas foi claro que a Williams tem totais condições para brigar pelo pódio. Algo que a Ferrari parece bem distante. As caras e bocas de Montezemolo no começo da corrida e o braço levantado por Alonso após a bandeirada em nono lugar pode significar uma crise se avizinhando no reino de Maranello. A cruzada de Montezemolo contra a nova F1 tem muito haver com os problemas da Ferrari, que hoje está claramente com o pior motor da F1, pois foi nítido as dificuldades de Alonso ultrapassar carros mais lentos na reta. Raikkonen foi atacado e ultrapassado de todos os jeitos e maneiras, mas ainda conseguiu salvar um pontinho, mas o finlandês pode se desmotivar com esse estado de coisas na Ferrari.

A McLaren andou forte com Button, mas quando foi dada a relargada o inglês foi perdendo posições até abandonar sua 250º corrida na F1 nas voltas finais, se juntando a Magnussen, que havia abandonado quase que anonimamente um pouco antes. Com os demais carros equipados com motores Mercedes lá na frente, Ron Dennis terá que trabalhar dobrado se quiser fazer com que a McLaren não tenha outra temporada medíocre. Daniil Kvyat fez outra corrida consistente e se não marcou pontos hoje, ficou em 11º e bastante próximo de Raikkonen, demonstrando que o russo não é apenas mais um pay-driver, enquanto que para Jean-Eric Vergne, conhecendo a pouca paciência da Red Bull com seus jovens pilotos, deve começar a se preocupar com a falta de resultados e de estar sempre tomando tempo de Kvyat. A Sauber fez uma corrida para esquecer com seus dois pilotos abandonando, mas Gutierrez foi vítima da barbeiragem mais perigosa dos últimos tempos. Tem quem goste de Pastor Maldonado e eu não estou entre eles. De estilo espetacular, Maldonado deve ter bebido da mesma fonte de Montoya, que chegou chegando na F1 há treze anos atrás, mas se Montoya tinha talento, isso falta a Maldonado, que parece ser um piloto mimado e cercado por pessoas que devem dizer 'você está certo, eles querem derrubar o chavismo. Vai Pastor!' E Pastor vai... fazendo merda em cima de merda. Hoje provocou uma espetacular capotagem de Gutierrez quando... saía dos boxes! A punição de 10s parados nos boxes foi pouca para Maldonado, que só está na F1 pela crise financeira da categoria. 

A corrida de número 900 foi espetacular e fez juízo a uma corrida histórica. Hamilton também mostrou com uma pilotagem sensacional nas últimas voltas que tem cacife para se juntar a Moss, Peterson, Lauda e Piquet (nomes de vitoriosos em corridas centenárias) como um digno piloto a vencer uma prova especial como a de hoje. Vale salientar que o campeonato será decidido basicamente dentro dos boxes da Mercedes, que hoje demonstrou que não está muito propícia a dar ordens de equipe a seus pilotos, que brigaram livremente numa prova espetacular e que não deu margem a nenhuma reclamação.