Esse ano foi duro. Até mesmo pro blog, que foi bugado e tive que fazer uma cópia, com todo o conteúdo do antigo, e me mudei para cá. Porém, mesmo nas dificuldades, temos que pensar que temos saúde, uma casa e prato de comida na mesa todos os dias e mesmo parecendo ser tão básico, é essencial para podermos enfrentar os problemas do dia-a-dia e torcer para as melhoras que 2015 trará. Boas Festas para todos que acompanham o blog, que tenham um 2015 cheio de realizações e felicidades.
domingo, 21 de dezembro de 2014
sábado, 20 de dezembro de 2014
Conversa velha
Alguns meses após seu terrível acidente em Indianapolis, Nelson Piquet foi entrevistado por Jô Soares e, como não poderia deixar de ser, foi muito falado sobre a recuperação (inclusive com uma foto nada bonita de como ficou o pé de Nelson após o acidente...) do brasileiro e suas expectativas para o futuro. Mas o que me chamou mais atenção foi a pergunta feita pelo Jô no minuto sete do vídeo abaixo. Só lembrando, 1992, ano da entrevista, a F1 foi amplamente dominada por Nigel Mansell (chamado de 'Idiota Veloz' por Piquet...) e aqui no Brasil ficou a sensação de que a F1 estava perdendo sua competitividade. "Sempre foi assim. Geralmente sempre teve um time dominando. A diferença é que sempre havia dois pilotos brigando.", "No meu tempo os carros quebravam muito mais, hoje em dia, quando um carro lidera, lidera todas as corridas, no meu tempo, mesmo que liderasse, quebrava, os carros eram mais fracos. Hoje a tecnologia e o dinheiro empregado na F1 é tão maior, que a parte técnica fica quase perfeita.", "A tecnologia não deixa isso (os carros quebrarem). O capital que estão botando, a grana que estão colocando na F1 está fazendo cada dia mais a máquina perfeita." Tenho certeza que essas respostas do tricampeão cairiam muito bem para 2014, inclusive com Nelson Piquet, do qual sou fã, também falaria bem do 'seu tempo' e nem tanto de agora, para se valorizar um pouquinho. Contudo, vale a analogia. Muita gente fala do começo dos anos 90 como um dos grandes momentos da F1, mas naquele tempo se criticava a falta de competitividade e emoção, além do enorme aporte financeiro colocado pelas equipes, algo parecido do que vemos em 2014, vinte e dois anos depois dessa entrevista. Segue abaixo a entrevista na íntegra.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Engolindo sapos
A última novela para a temporada 2015 acabou hoje, com o anúncio da McLaren de um dos segredos mais mal guardados dos últimos tempos, o retorno de Alonso para as glebas mclarianas, e, isso sim um suspense até o último momento, a permanência de Jenson Button na equipe para uma sexta temporada pela equipe.
Apesar do sorriso, Ron Dennis deve estar bem contrariado com sua nova dupla de pilotos. Após seu ano conturbado na McLaren, Fernando Alonso disse mais de uma vez que seu problema dentro da McLaren não tinha sido com Lewis Hamilton, mas com os dirigentes da equipe, mais especificamente, com Dennis. Sete anos depois, Dennis recebe Alonso de volta e diz que tem a melhor dupla de pilotos do grid, já que no outro lado está Jenson Button, com quem Ron teve atritos esse ano. Não era segredo nenhum que Ron Dennis queria que Kevin Magnussen, para o veterano dirigente um digno sucessor de Lewis Hamilton na McLaren, ficasse mais um ano na equipe ao lado de Alonso e foi, sem ter medo de esconder de ninguém, à Dinamarca para cooptar patrocínios que apoiassem Magnussen. Não conseguindo o seu feitio, Dennis também teve que engolir Button mais uma temporada.
Ao contrário da Toro Rosso, que terá uma dupla de pilotos adolescentes, a McLaren alinhará a dupla de pilotos mais experiente dos últimos tempos, com Alonso e Button tendo somados 69 anos em 2015, com mais de 400 GPs somados e três títulos mundias dentro do box da McLaren. Experiência que poderá ser valiosa no começo da nova aventura da Honda a partir de 2015, mas que começou bastante mal no teste pós-temporada em Abu Dhabi. Alonso sabe que essa deve ser sua última chance de conquistar o seu tricampeonato e que não terá muito tempo para provar com números, o que todos falam empiricamente do talento e genialidade do espanhol. Button tinha a torcida de todo o paddock para ficar mais um ano na F1 e o inglês conseguiu seu objetivo, nesse que pode ser também o último contrato de Jenson na F1. Quando Button correu ao lado de Hamilton, um piloto melhor do que ele, o comportamento de Jenson foi muito bom, superando algumas vezes Hamilton e ganhando a confiança de mecânicos e engenheiros, além de mostrar uma ótima forma, particularmente em 2011, onde maximizou seu tocada leve para conseguir o vice-campeonato. A tendência é que os dois já veteranos pilotos se deem bem e fazendo sua propaganda para ficar na McLaren, Button disse que gostaria muito de trabalhar com Alonso, que dizem ter optado pelo inglês no lugar de Magnussen, que após um ano onde mostrou velocidade, ficará como terceiro piloto.
A F1 segue para 2015 com várias mudanças nos line-ups das equipes, algumas até surpreendentes. McLaren e Ferrari partirá com duas duplas com campeões mundiais, mas querendo recuperação, sendo que a McLaren tem o desafio adicional de desenvolver rapidamente o novo motor Honda, para satisfazer as ambições de Alonso, tendo a ajuda providencial de Button, que já trabalhou com os japoneses. A Red Bull, agora tendo o apoio oficial e irrestrito da Renault, terá dois pilotos jovens e querendo mostrar serviço. A Mercedes, dominadora esse ano, terá uma dupla de pilotos que mostrou um alto nível em 2014. Williams, com sua boa dupla de pilotos e o motor Mercedes com trunfo, terá boas chances de se manter no topo. As cinco principais equipes já tem suas armas mostradas. Que venha 2015!
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Aproveitando a carona
Muita gente afirma que os melhores pilotos do mundo não estão na F1, mas, sim, no WRC. Capazes de ser rápidos em qualquer tipo de terreno e sempre andando de lado, os pilotos do WRC são verdadeiros artistas o volante e nessa brincadeira abaixo, Neymar conheceu um pouco como se anda num VW WRC, ao lado do atual bicampeão Sebastien Ogier.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Figura (2014): Lewis Hamilton
E houve empate! Com quatro indicações cada um, na coluna 'Figura' ao longo de 2014, Lewis Hamilton e Daniel Ricciardo ficaram empatados, mas se houvesse essa coluna no Grande Prêmio do Japão (não houve pelos motivos do acidente de Bianchi ter obscurecido toda a corrida) ele seria o escolhido e por ter se sagrado com todos os méritos bicampeão, Lewis Hamilton foi o grande vencedor dessa coluna de 2014. Niki Lauda fez de tudo para trazer Hamilton para a Mercedes e tirar o inglês da zona de conforto que era a McLaren, que o tratava como o cara que 'levamos do nada ao estrelato'. Após seu título emocionante, Hamilton perdeu um pouco o foco da carreira, brigou com o pai, começou a brigar com a namorada popstar, se meteu com rappers e assinou contrato com uma empresa de entretenimento para cuidar de sua carreira. Sair da McLaren, uma equipe de ponta, e assumir o projeto da Mercedes parecia uma loucura no primeiro momento, mas em troca de uma grande quantidade de dinheiro e um desafio enorme, Hamilton saiu do berço da McLaren para a labuta da Mercedes, onde encontrou seu velho amigo de kart, Nico Rosberg, com quem mantinha um ótimo relacionamento. Então, veio a mudança de regulamento e a Mercedes, que vinha trabalhando forte na nova tecnologia dos novos motores híbridos, veio com um carro que somente de tempos em tempos vemos dominar a F1. Hamilton parecia ter a faca e o queijo na mão, pois mesmo Nico Rosberg sendo um piloto rápido, o alemão não era tão veloz quanto Lewis e ainda era seu amigo, mas Nico tinha outros planos, e o que vimos foi uma disputa dura pelo título e o fim de uma amizade antiga. Hamilton enfrentou um adversário que não apenas tinha o mesmo carro, como também lhe conhecia no íntimo e por isso, sabia dos seus pontos fracos. Hamilton conseguiu quatro vitórias consecutivas após abandonar a primeira corrida na Austrália, mas o inglês quase perdeu o controle em Monte Carlo, quando Rosberg passou reto na Mirabeau na classificação, causando uma bandeira amarela que estragou a volta que daria a pole para Hamilton. O inglês acusou seu agora 'ex-companheiro' de trapaça e aquele foi o pior momento do ano para Hamilton, com o psicológico do inglês, seu calcanhar-de-aquiles, sendo bastante contestado. Quando o problema não era propriamente Rosberg, o seu carro lhe pregou duas peças seguidas com problemas na classificação na Alemanha e na Hungria, mas mostrando um amadurecimento gigantesco, Hamilton não baixou a guarda e partiu para duas corridas impressionantes de recuperação, inclusive chegando à frente de Rosberg em Hungaroring, causando a nova grande dor de cabeça para a Mercedes. Na corrida seguinte, Nico Rosberg não evitou um toque em Hamilton, que saiu espalhando a todos que o alemão tinha batido nele de propósito, Novamente se via um Lewis Hamilton dos tempos imaturos da McLaren, mas a experiência parece ter finalmente batido à porta do inglês, que destruiu Nico com cinco vitórias consecutivas e a liderança retomada, quando Rosberg tem problemas antes da largada em Cingapura. Após uma vitória do alemão em Interlagos, o campeonato seria decidido na última corrida do ano, em Abu Dhabi, contando ainda com a famigerada pontuação dupla. Tudo o que Hamilton precisava era de um segundo lugar, mas essa história já tinha sido visto antes, em Interlagos, sete anos antes e quase se repetir no ano seguinte. Novamente o psicológico de Hamilton foi posto à prova, mas numa largada sensacional, Lewis assumiu a ponta para não mais perde-la, deixando um problemático Nico Rosberg para trás e conseguir o bicampeonato com impressionantes onze vitórias no ano, conseguindo de lambuja o título de piloto inglês com mais vitórias na história da F1. Com dois títulos mundiais, ainda mais confiante e provavelmente tendo o melhor carro da F1 na próxima temporada, não duvidem que Hamilton esteja nessa coluna daqui a um ano.
Figurão(2014): Ferrari
Quando se inicia uma temporada da F1, sempre os olhos se voltam para a Ferrari e do que a equipe italiana é capaz de fazer e em 2014, ainda havia o raro fator de haver dois campeões mundiais juntos. Kimi Raikkonen se juntaria a Fernando Alonso para tentar tirar os vermelhos do jejum de títulos, cujo o último campeão tinha sido o próprio finlandês em 2007. A vinda de Kimi para a Ferrari havia sido uma tapa de luva de pelica em Alonso, que chegou à Maranello em 2010 pensando em construir toda a Ferrari e seu enorme potencial em torno de si, imitando o que fez Schumacher há quase vinte anos atrás com os resultados que todos conhecemos. Porém, nem Alonso, nem Raikkonen, nem o então chefe de equipe Stefano Domenicalli esperavam por uma Mercedes tão dominante, principalmente no quesito motor. Os italianos entraram em desespero com a diferença gigantesca entre o motor híbrido da Mercedes e o da Ferrari. Havia uma promessa que a aerodinâmica do chassi da Ferrari compensaria a falta de potência, mas a Mercedes também havia construído um baita carro e a Ferrari viu de binóculos a Mercedes esmagar a concorrência. Para completar, Kimi Raikkonen teve sérios problemas de adaptação aos freios eletrônicos e ao comportamento do carro, construído para o estilo de Alonso, fazendo com que o finlandês tivesse uma temporada medonha, onde o máximo que conseguiu foi um quarto lugar em sua amada Spa, mas Kimi em nenhum momento andou no ritmo de Alonso, que mesmo tendo o último campeão pela Ferrari ao seu lado, dominou a Ferrari. Porém, Alonso tinha seus próprios planos. O espanhol, prestes a completar 33 anos e com o décimo aniversário do seu primeiro título se avizinhando, viu que a Ferrari não lhe daria o esperado título, quanto mais domínio, que ele esperava quando desembarcou em Maranello em 2010. Para completar, a falta de resultados fez com que Domenicalli perdesse seu cargo em abril, substituído por Marco Mattiacci, um reconhecido vendedor de carros nos Estados Unidos, mas que nunca trabalhou em autódromos. Pragmático, Mattiacci tentou organizar a equipe através de um gestão ordeira, batendo de frente com o estilo feudal de Alonso, que rapidamente se indispôs com o novo chefe, abrindo novamente negociação com todo o grid da F1. O eterno presidente Luca di Montezemolo parecia mais preocupado em criticar os novos regulamentos, que num primeiro momento não auxiliou a causa ferrarista, mas se esqueceu dos problemas políticos internos da Ferrari-Fiat e após 23 anos, foi defenestrado do cargo de presidente da Ferrari. Com tantos problemas extra-pista, a Ferrari sofreu dentro dela, com Alonso conseguindo apenas dois pódios no ano, deixando a Ferrari apenas na quarta posição no Mundial de Construtores, pior posição da equipe desde 1993 quando, coincidentemente, foi a última temporada também que a Ferrari ficou sem vitórias. Cansado da política ferrarista e atrás de um terceiro título de forma desesperada, Alonso abandonou o barco ferrarista e deve aportar na McLaren e engolir o orgulho de ter que trabalhar com seu desafeto Ron Dennis. Mattiacci ainda conseguiu um substituto à altura, ao trazer Vettel à peso de ouro, mas suas desavenças com Alonso também custou o emprego de Mattiaci, substituído por Maurizio Arrivabene, outro que nunca trabalhou com corridas. Com tantos problemas em 2014, a Ferrari recebeu três indicações de 'Figurão' ao longo do ano, com Pastor Maldonado ficando com o 'vice', com duas indicações. O pior é que com tanta confusão, a Ferrari não tem muita perspectiva de melhora, mesmo tendo todas as condições humanas para fazê-lo. Mas como nos anos 80 e início dos 90, a confusão impera pelos lados de Maranello!
sábado, 6 de dezembro de 2014
Como nos velhos tempos
A F1 de antigamente tinha uma mistura de emoção nas corridas, brigas entre pilotos dentro e fora das pistas e o perigo de que um acidente levasse um piloto num forte acidente a qualquer momento. Neste momento em que a F1 está passando por um momento crítico de mudanças que não está agradando muita gente, a temporada 2014 mostrou um ano como nos velhos tempos, onde houve muitas corridas emocionantes, uma disputa sensacional entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, além de um acidente quase fatal em Suzuka envolvendo Jules Bianchi.
A mudança dos motores V8 de combustão interna para os motores V6 turbo híbrido foi resultado da pressão das montadoras envolvidas na F1, que queriam um desafio técnico para permanecer na categoria. Hoje se sabe que Mercedes e Renault tirariam o time de campo se a antiga concepção de motores permanecesse na F1 e poderíamos ficar reféns das manias da Ferrari, sendo que nem sabemos se a FIAT se interessaria ser a fornecedora única e cara da F1. Sabendo da mudança para 2014, as três montadoras trabalharam intensamente nos novos motores e ouvia-se boatos de que a Mercedes estava bem à frente no desenvolvimento das novas unidades de potência, como passaram a ser chamados os motores da F1. Esse boato ganhou contorno de verdade nos testes de pré-temporada, com a própria equipe Mercedes e seus clientes completando facilmente voltas em cima de voltas, enquanto Ferrari e, principalmente, a Renault tinham vários problemas nas pistas espanholas. Na primeira sessão em Jerez, o vexame foi tão grande que a atual tetracampeã Red Bull voltou mais cedo para a fábrica na Inglaterra para tentar fazer algo que salvasse a temporada que já parecia perdida. Dentro da pista, a equipe oficial da Mercedes já parecia se destacar bastante frente as demais, com a Williams, que num toque de sorte e de visão, trocou os motores Renault pelos Mercedes e ficaram logo atrás da equipe oficial.
O primeiro final de semana de competição na Austrália confirmou tudo o que se esperava da equipe Mercedes. O time comandado por Toto Wolff e Niki Lauda, com a saída de Ross Brawn, em mais uma aposentadoria, dominou totalmente em Melbourne, mas alguns problemas que apareceriam mais tarde veio à tona logo no circuito improvisado de Albert Park, quando o pole Lewis Hamilton teve que abandonar logo na quarta volta com problemas num cilindro do seu motor à combustão. Isso fez com que Nico Rosberg vencesse com facilidade e liderasse o campeonato de pilotos pela primeira vez na carreira. Apesar de um pequeno problema na corrida malaia em 2013, devido a um ordem de equipe da Mercedes a favor de Lewis, o relacionamento entre Hamilton e Rosberg era ótimo e ambos se conheciam desde a época do kart, cultivando uma amizade de vários anos. Mas essa amizade sobreviveria a uma disputa mano a mano pelo título? Numa das melhores corridas dos últimos tempos, Hamilton e Rosberg disputaram a liderança palmo a palmo no Bahrein, numa luta de tirar o fôlego entre os pilotos da Mercedes, que apenas pediu aos pilotos que levassem os carros para a bandeirada sem toque entre eles. Aquela era a segunda vitória consecutiva de Hamilton, que venceria mais duas corridas para tirar a liderança de Rosberg, mesmo com o abandono do inglês na Austrália. Nesse momento ficou claro para Rosberg que se dependesse unicamente da velocidade pura, ele seria derrotado inapelavelmente por Hamilton. O que fazer? A vantagem de conhecer bem Hamilton faz de Nico conhecer também os pontos fracos do seu rival e Rosberg sabe que o psicológico de Lewis é seu calcanhar-de-aquiles. Em Mônaco, sua segunda casa, Nico Rosberg liderava o Q3 quando errou na Mirabeu e provocou uma bandeira amarela no local. Mais atrás, em sua última tentativa, Lewis Hamilton teve que tirar o pé e se conformar com a segunda posição. Conformar? Hamilton foi tirar a foto dos três primeiros da classificação claramente contrariado e depois afirmou categoricamente que Rosberg tinha errado deliberadamente para prejudicar sua volta. Estava aberta a guerra dentro da Mercedes.
Como esperado para quem larga na frente em Monte Carlo, Nico Rosberg venceu e na corrida seguinte, em Montreal, a Mercedes, que novamente dominava a prova, teve um problema nos seus dois carros, mas apenas Rosberg terminou a corrida, ainda conseguindo amealhar um heroico segundo lugar, enquanto se constatou que Hamilton teve seu problema nos freios ampliado por ter ficado tempo demais atrás de Nico, sem ter como resfriar seus freios. Parecia naquele momento que a perspicácia de Nico Rosberg poderia derrotar Lewis Hamilton, ainda mais com o inglês novamente sentindo a pressão, situação já vista antes e mesmo muito talentoso, Hamilton acabava sucumbindo. Porém, em sua casa, Hamilton pareceu muito forte e mesmo errando na classificação, venceu a corrida e combinando com o primeiro abandono de Rosberg no ano, reassumia a ponta do campeonato. Porém, Hamilton enfrentou dois problemas seguidos nos treinos em Hockenheim e Hungaroring, fazendo com que largasse no final do pelotão em ambas as corridas. Na Hungria, uma rara ótima corrida na pista magiar devido à chuva no começo da prova, fez com que novamente a rivalidade entre os dois pilotos da Mercedes aflorasse quando Hamilton, já tendo feito uma ótima corrida de recuperação, não acatou uma ordem de equipe da Mercedes, que queria garantir a vitória de Nico Rosberg e 'esquecendo' que os dois brigavam pelo título. Agora foi a vez de Nico ficar furioso e se lembrar da ordem que acatou em Sepang/2013. Mesmo passando um mês de férias, Rosberg não esqueceu o lance na Hungria e se vingou na prova seguinte em Spa, não evitando um toque em Hamilton ainda na segunda volta, que teve que abandonar. Após a corrida, numa tensa reunião na Mercedes, Hamilton saiu espalhando aos quatro ventos que Rosberg tinha batido nele de propósito. Era a confirmação da maior briga dentro de uma equipe nos últimos tempos. A comparação com a temporada 1988-89, quando Senna e Prost se engalfinharam dentro da McLaren sem que ninguém os ameaçasse ficou viva na mente de todos, mesmo que os puritanos se escandalizasse com a comparação, mas a disputa de alto nível dentro das pistas e os cutucões fora delas indicavam uma disputa muito forte, além dos seus personagens estarem bem definidos. Hamilton seria como Senna, impetuoso, agressivo e a 'vítima do sistema', enquanto Rosberg seria Prost, o piloto calculista, mordaz e o 'político'. Quem era o mais popular? Quem o grande público ficou torcendo?
Hamilton venceu as cinco corridas seguintes, com direito a um erro de Nico Rosberg em Monza, um problema do alemão em Cingapura, onde Hamilton reassumiu a liderança do campeonato e uma ultrapassagem de tirar o fôlego em Suzuka. Lewis estava agora com a faca e o queijo na mão, mas conhecendo seu rival, Hamilton não podia de forma alguma subestimar Rosberg e quando o alemão venceu em Interlagos, penúltima corrida do ano, Nico teria uma chance na corrida final em Abu Dhabi, que ainda tinha a famigerada regra de pontuação dobrada e daria uma grande oportunidade para Rosberg conseguir uma grande virada. As decisões anteriores de Lewis Hamilton e seu comportamento vacilante nelas, mesmo quando foi campeão em 2008, era outro triunfo de Rosberg, que não escondeu que atacaria o psicológico de Hamilton, mas na corrida final, Hamilton teve a tranquilidade de espantar os seus fantasmas. Precisando ser segundo colocado, independentemente do que fizesse Rosberg, Lewis conseguiu uma super largada para tomar a liderança de Rosberg e dominar a corrida, mas Nico Rosberg tem um terceiro problema mecânico e se arrasta até o final, enquanto Hamilton vence pela décima primeira vez e conquista o seu segundo título mundial.
Na época da decisão do campeonato, Nico Rosberg esperava pela ajuda da Williams, que um dos pilotos de Frank Williams se colocasse entre ele e Hamilton em Abu Dhabi. A esperança de Nico era genuína, vide a maciça evolução da Williams em 2014. De equipe nona colocada no Mundial de Construtores em 2013, a troca dos motores Renault pelo Mercedes foi essencial para a equipe dar uma guinada em 2014, ajudada pela chegada da experiência de Felipe Massa e de Rob Smedley, ambos saídos da Ferrari como pessoas cujo auge já tinha passado. Olhando para o que a Williams tinha feito nos últimos anos, a passagem de Felipe pela tradicional equipe parecia ser apenas mais um sopro na F1 até a aposentadoria em pleno declínio. Porém, a subida da Williams e a motivação de estar num novo projeto, junto do seu amigo Smedley, fez com que Massa tivesse um ressurgimento na carreira, onde o brasileiro voltou a ser pole, mas Felipe teve uma primeira metade do campeonato para esquecer, onde vários problemas alheios ao brasileiro fez com que ele perdesse muitos pontos frente ao seu rapidíssimo companheiro de equipe Valtteri Bottas. A diferença entre o finlandês e o brasileiro não refletiu o real gap entre eles, mas Bottas foi uma das grandes revelações de 2014. Preparado para estrear na F1 desde 2011, tendo Toto Wolff como padrinho, Bottas fez uma corrida errática em Melbourne, onde errou, bateu no muro, mas demonstrando o potencial da Williams, ainda voltou para conseguir um quinto lugar. Com a Williams tendo como calcanhar-de-aquiles o piso molhado e se tem um lugar onde chove bastante em Sepang, a equipe literalmente patinou na Malásia, quando a equipe emitiu uma polêmica ordem de equipe para Felipe Massa deixar Bottas passar, algo que o brasileiro não acatou, ainda com o 'Fernando is faster than you' na cabeça. Aquele foi o maior erro da Williams no ano, mas o real potencial da equipe ainda não tinha aparecido, com várias boas posições no grid não se refletindo em bons pontos no domingo. Mesmo mais experiente, Massa viu Bottas liderar a equipe e conseguir dois pódios consecutivos em Silverstone e Hockenheim, com o finlandês segurando Hamilton nas voltas finais para ser segundo na Alemanha, melhor posição da Williams até então. Nessa mesma corrida alemã, Felipe foi tocado na primeira curva por Kevin Magnussen e capotou espetacularmente. Porém, Massa fez uma segunda metade de temporada excelente, andando no mesmo ritmo de Bottas e conseguindo seus primeiros pódios, culminando com dois pódios consecutivos nas duas últimas provas, em duas corridas emocionantes do brasileiro, fazendo lembrar o Felipe Massa de 2007-08. O terceiro lugar de Bottas em Abu Dhabi foi a consagração da Williams como a segunda força de 2014, mesmo a equipe ficando em terceiro lugar no Mundial de Construtores, graças aos erros da equipe e também de seus pilotos na primeira metade do ano, mas com a Williams novamente como equipe de ponta, mesmo sendo uma equipe cliente, agora eles terão mais experiência para viver um 2015 mais regular.
Quando a Red Bull saiu da pré-temporada, era esperado que o time dominador dos últimos anos tivesse que se conformar em pontuar quando tivesse sorte. Os poucos quilômetros rodados e o problemático motor Renault fazia com que 2014 fosse sombrio para Christian Horner e sua trupe. Com a aposentadoria de Mark Webber, o time trouxe Daniel Ricciardo para validar o caro programa de jovens pilotos liderado por Helmut Marko, mas Horner queria um piloto mais experiente (Kimi Raikkonen) para medir forçar com o atual tetracampeão mundial Sebastian Vettel. Porém, Daniel Ricciardo mostrou suas credenciais logo na primeira corrida, em casa, na Austrália, quando contra todas as perspectivas, o australiano conseguiu um surpreendente segundo lugar, para alegria da torcida australiana, que no dia seguinte lamentava a desclassificação de Ricciardo por causa de um tal de fluxometro, novo aparelho dessa F1 cheia de novidades. Em Melbourne, Vettel não apenas ficou atrás de Ricciardo nos treinos, como abandonou logo no início da prova, iniciando também um ano surpreendente ruim para o alemão, onde viu Ricciardo tomar as rédeas da Red Bull. Mesmo com os crônicos problemas de potência do motor Renault, a Red Bull se mantinha no pelotão da frente, mesmo que longe da Mercedes, graças ao ótimo chassi construído por Adryan Newey, que anunciou que está de saída da F1. Se aproveitando dos problemas da Mercedes, o sorridente Daniel conseguiu sua primeira vitória na F1 em Montreal, acabando com todas as dúvidas que ainda tinham sobre ele. E o que era melhor para a F1, Daniel Ricciardo se mostrava uma pessoa carismática, sempre sorrindo e simpático. Assim como ocorreu em Montreal, Ricciardo venceria em Hungaroring e Spa se aproveitando de problemas da Mercedes, sendo o único piloto não-Mercedes a vencer em 2014. O australiano conseguiu um ótimo terceiro lugar no Mundial de Pilotos, liderando a Red Bull a conseguir um inacreditável segundo lugar no Mundial de Construtores, vide a péssima pré-temporada nesse ano. E Sebastian Vettel? Dando munição aos seus críticos, que dizem que Vettel só conseguiu seus títulos devido a superioridade dos carros construídos por Newey, Sebastian não se adaptou aos novos carros, principalmente aos freios eletrônicos e foi amplamente superado por Ricciardo. Mesmo conseguindo quatro pódios em 2014, a atuação de Vettel ficou abaixo do esperado, mas quem é quatro vez campeão do mundo, não se perde a majestade. Vettel sempre foi considerado um digno sucessor de Schumacher e um passo natural seria ir para a Ferrari. Procurando um novo desafio e tentando emular o desempenho do seu ídolo, Vettel irá para a Ferrari em 2015 por uma contia milionária e com a missão de levar a Ferrari de volta aos bons tempos. Observando o ótimo desempenho de Ricciardo, a Red Bull agiu rápido e promoveu Daniil Kvyat da Toro Rosso, mesmo o russo sendo superado por Jean-Eric Vergne dentro da Toro Rosso em 2014. O olho clínico de Marko viu maior potencial no russo, que conseguiu pontuar logo em sua primeira corrida e foi quinto colocado no grid na única novidade do calendário, o seu GP na Rússia. Kvyat será substituído na Toro Rosso pelo novo furacão das categorias de base, Max Verstappen, de apenas 17 anos e apenas uma temporada impressionante na F3. O holandês é filho de Jos Verstappen, também considerado um piloto muito bom na base, mas que subiu para a F1 cedo demais e acabou sucumbindo. Com pouquíssima experiência, Max estreará na F1 com muitos refletores em si, com um companheiro de equipe também estreante na F1, o espanhol Carlos Sainz Jr, outro piloto vindo das 'canteras' da Red Bull e atual campeão da World Series 3.5, enquanto Vergne ficou sem espaço na F1 e pode ir para a Indy. Será, novamente, um ano de transição para a Toro Rosso e também para a Red Bull, que pela primeira vez desde 2008 não terá Sebastian Vettel como piloto, além da saída do mago Adryan Newey, enquanto Christian Horner chora o fim do seu domínio acusando os novos motores, quando ele deveria estar incentivando a Renault a melhorar seu motor e sua equipe trabalhar melhor.
E o que encontrará Vettel na Ferrari? Com certeza, se Michael Schumacher pudesse falar, Vettel teria que conversar muito com seu compatriota. A Ferrari teve um ano, também, como nos velhos tempos, onde a política e a confusão se fez presente. A grande expectativa do ano era a chegada de Kimi Raikkonen para correr ao lado de Fernando Alonso, numa rara combinação de dois campeões correndo lado a lado, mas o finlandês acabou sendo a grande desilusão do ano, simplesmente não conseguindo acompanhar Alonso, mas seu talento nunca foi contestado. O problema era o carro e novamente Alonso tentou levar o carro nas costas, mesmo o espanhol estando claramente incomodado pelos problemas internos da Ferrari, sendo a própria presença de Raikkonen na equipe, ele o último campeão na Ferrari no já longínquo 2007, um tapa de luvas de pelica no espanhol. Mas Alonso foi profissional ao extremo, conseguindo resultados bem acima do carro que tinha em mãos e levando os dois únicos pódios da equipe em 2014, incluindo um segundo lugar na Hungria, onde foi ultrapassado por Ricciardo já nas últimas voltas. Com a demissão de dois chefes de equipe e a saída do eterno presidente da Ferrari Luca di Montezemolo, Alonso decidiu abandonar o seu sonho de emular Schumacher e ser campeão em série na Ferrari para uma nova aventura. Já contando 33 anos e seu primeiro título completando dez anos em 2015, Alonso está desesperado para conseguir o tricampeonato e provar que ainda é o melhor piloto da F1, mesmo com 'apenas' dois títulos, enquanto seu substituto tem quatro e Hamilton tem o mesmo número de títulos que ele. Alonso negociou aqui e ali, mas teve que engolir o orgulho ao assinar com a McLaren e reencontrar seu desafeto Ron Dennis. Sebastian Vettel terá um desafio grandioso pela frente, onde terá a pressão de levar a Ferrari de volta aos títulos em meio a um ambiente conturbado e provar, agora que foi derrotado por Ricciardo, que seus títulos pela Red Bull também teve seu dedo.
E o que encontrará Alonso na McLaren? A equipe conseguiu seu melhor resultado na temporada logo na primeira corrida, onde conseguiu um duplo pódio surpreendente, principalmente para o seu piloto principiante, Kevin Magnussen, que logo em sua estreia, já tinha feito mais do que seu pai Jan, que assistia a corrida do outro lado do mundo, participando das 12 Horas de Sebring. Mesmo equipado com o motor Mercedes, a McLaren passava por um período de transição, pois após vinte anos de parceria, que já foi mais forte, o time de Ron Dennis mudaria de motor, passando a usar outro motor icônico para a equipe, o Honda, seduzida pelo novo regulamento técnico. A temporada 2014 foi de altos e baixos, com o time passando por momentos ruins no meio do ano, mas se recuperando no final da temporada, com Jenson Button usando sua experiência para marcar pontos preciosos e garantir um quinto lugar no Mundial de Construtores. Abalado pela morte do pai, Button fez uma boa temporada, liderando a equipe e superando com relativa folga Kevin Magnussen, que se mostrou um piloto rápido, mas propenso a se meter em encrencas, como no incidente com Massa em Hockenheim, a fechada criminosa em Alonso em Spa e as fechadas em Monza, que lhe valeram punições. Com a chegada de Fernando Alonso na equipe, um dos pilotos de 2014 teria que sair. Button conta com a experiência, mas Ron Dennis enxerga em Magnussen um novo Hamilton. O inglês, além de ótimo piloto, também é gente boa, conta com a torcida do paddock da F1, mas Magnussen, que além de rápido, também é mais barato, é o favorito de Dennis, que inclusive foi à Dinamarca procurar apoiadores para o danês. Escolhido Magnussen, isso significará a aposentadoria de Jenson Button, um piloto carismático e que poderia ajudar mais no desenvolvimento do novo motor Honda, que em testes em Abu Dhabi após a corrida final, se mostrou tão problemático como o Renault no começo desse ano. Se quer o terceiro título, Alonso terá que esperar um pouco mais...
A Force India ficou com a incômoda posição de pior equipe da Mercedes, mesmo iniciando muito bem o campeonato e ter ficado com a perspectiva de ficar à frente da McLaren no Mundial de Construtores, mas o maior investimento da equipe comandada por Dennis e Eric Bouiller não fez isso possível. Ainda assim a Force India marcou o maior número de pontos de sua história e pela primeira vez desde 2009 manteve a mesma dupla de pilotos, com um grande contraste entre eles. Sergio Pérez, após um ano apagado na McLaren, mostrou mais uma vez capaz de resultados grandiosos, como o pódio em Sakhir no começo do ano, o primeiro pódio da FI desde 2009, com besteiras absurdas, como os toques em Felipe Massa em Montreal e em Adrian Sutil em Austin. Já Nico Hulkenberg é o piloto regular da equipe, onde os pontos estão garantidos. O alemão conseguiu quatro quintos lugares e só deixou de pontuar pela primeira vez na temporada já na Hungria. Num toque com... Pérez! Após um ano de sonho em 2013, a Lotus sentiu a falta de dinheiro crônica da equipe e perdeu vários elementos-chave da equipe, além de Raikkonen, e combinando com o péssimo motor Renault, o time auri-negro teve uma temporada para esquecer, com Romain Grosjean, que conseguiu vários pódios em 2013, tendo que se satisfazer com dois oitavos lugares, enquanto Pastor Maldonado foi o protagonistas de um dos 'worst moves' de todos os tempos, quando saiu da Williams criticando a equipe pela performance e ir para a Lotus para ter uma temporada ainda pior. O venezuelano fez uma temporada abaixo do medíocre, onde mostrou mais seus erros infantis, como o dia em que saiu da pista em Spa numa falta de atenção, do que sua já distante vitória em Barcelona/2012. Como Maldonado paga a conta com seu dinheiro ditatorial-bolivariano, mesmo a Lotus precisando fazer bastante funilaria durante o ano, o venezuelano ficará outro ano na equipe, com a última imagem da parceira Maldonado-Lotus em 2014 sendo as gargalhadas dos mecânicos no box, enquanto Maldonado abandonava com o motor pegando fogo em Abu Dhabi. Ao lado de Maldonado em 2015 estará Grosjean, que esperava que Bouiller o levasse para a McLaren, mas a realidade é bem outra. O único consolo da Lotus é que em 2015 utilizará motores Mercedes, deixando os motores Renault após vinte anos, contando os tempos de Benetton e Renault. A Sauber foi outra com um ano para esquecer. Com um carro muito pesado, um motor Ferrari pouco potente e sem dinheiro para investir, a Sauber passou o ano 'invicto', sem nenhum ponto em 2014. O sobrepeso do carro era tanto, que Adrian Sutil revelou que teve que fazer um regime radical, onde passou vários dias sem comer. Mas não adiantou muito, mas o pior foi Esteban Gutierrez. Com a Sauber necessitando urgentemente de dinheiro, os fartos patrocínios do mexicano não foram suficiente para manter o errante Gutierrez por um terceiro ano na F1, sendo dispensado da Sauber juntamente com Sutil para a vinda de Marcus Ericsson e Felipe Nasr. Ambos pilotos pagantes. Se Ericsson já mostrou ser um piloto sofrível na sofrível Caterham, Nasr, que mostrou potencial nos poucos treinos livres que fez com a Williams, terá a obrigação de superar o sueco, sendo que provavelmente não terá um grande carro para fazê-lo.
A Marussia parecia estar tendo um ano diferente, quando Jules Bianchi surpreendeu ao chegar em nono lugar em Mônaco e garantir os primeiros pontos da história da pequena equipe anglo-russa. Porém, o time estava afundado em dívidas, já que a montadora Marussia estava falida em seu país natal, mas o pior ainda estava por vir. Em Suzuka, Jules Bianchi perdeu o controle do seu carro na encharcada pista nipônica no mesmo local onde uma volta antes Sutil perdera o controle. Com um trator retirando o carro de Sutil, Bianchi passou debaixo do elemento estranho à corrida a mais de 200 km/h. Bianchi foi retirado inconsciente do carro e até o dia de hoje, não recuperou a consciência, permanecendo em estado crítico num hospital em Nice, onde nasceu. Esse foi o segundo acidente gravíssimo da Marussia, já que Maria de Villota perdeu um olho e posteriormente a vida, num acidente bizarro com um Marussia num teste aerodinâmico. Ao contrário da espanhola, Bianchi era um piloto acima da média, uma aposta da Ferrari e que só estava na Marussia, que usava os motores italianos por isso, por causa dessa aposta. Dificilmente veremos novamente Bianchi na pista e a F1 viveu algo que não sentia há vinte anos: a morte à espreita. Esse foi praticamente o último suspiro da Marussia, que duas corrida mais tarde não viajou com a F1 e decretou sua falência um pouco depois, destino parecido com a Caterham, que foi vendida por Tony Fernandez no meio do ano para um grupo obscuro, mas logo o time teria um destino parecido com a Marussia, mesmo a equipe verde ainda aparecendo na corrida final em Abu Dhabi graças a uma humilhante vaquinha virtual. É o fim das equipes trazidas de forma mambembe por Max Mosley em 2010 e escancarou a crise que passa a F1 atual. Os novos motores, além de ter um som (ou falta dele) que incomodou a todos, aumentou significantemente os custos e causou o colapso das nanicas e trouxe problemas para Force India, Lotus e Sauber, inclusive sendo aventado um boicote em Austin, o que seria o segundo nos Estados Unidos. A falta de sensibilidade de Bernie Ecclestone e das equipes grandes, beneficiadas por contrato, não ajudam a causa das médias-pequenas, mas por outro lado, Bernie e as equipes grandes acusam que o problema das médias é puramente falta de gestão... e o impasse continua.
Mesmo com as novas tecnologias trazendo muitas críticas, a velocidade não diminuiu e em alguns casos, ocorreu o contrário, como foi o caso de Interlagos, que teve o seu recorde quebrado após dez anos, quando os já míticos V10 aspirados reinavam. O ano teve grandes corridas e outras nem tanto, mas o grande destaque, dentro das pistas, foi a briga dentro da Mercedes. O ótimo filme 'Rush' não trata simplesmente da maior rivalidade da história da F1, como propagandeia o filme, mas da rivalidade de duas pessoas totalmente distintas e com personalidades totalmente diferente. Se formos olhar para esse ano, temos um roteiro interessante. Vejamos. Dois indivíduos totalmente diferentes, um na Alemanha, vindo de uma família rica e tendo tudo do bom e do melhor na paradisíaca Monte Carlo. O outro veio da Inglaterra, vindo de família pobre, de imigrantes e negro, já garantindo para si algum preconceito. Esses dois indivíduos, vivendo em mundos tão diferentes, tem seus destinos cruzados porque amam correr e contra todos os prognósticos, se tornam grandes amigos, de morarem praticamente juntos. O tempo passa, ambos são campeões da GP2 e chegam na F1 praticamente ao mesmo tempo, mas o inglês estoura primeiro, pois está numa equipe grande. Se torna um estrela, namora uma popstar e anda com vários rappers. Isso reflete em sua pilotagem, agressiva e impetuosa. Já o alemão entra numa equipe média, tem uma vida discreta, namora uma arquiteta que conhecia desde os tempos do colégio e sua pilotagem é metódica e bastante técnica. Logo depois eles se encontram na mesma equipe, onde o clima dos tempos do kart volta até o momento em que ambos tem o carro dominante nas mãos. A gana de vencer, cada um a seu estilo, faz com que uma amizade de quinze anos acabe e suas virtudes aflorem ainda mais, e como se conhecem muito bem, atacam os defeitos de cada um. Assim foi a temporada 2014, com a disputa entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg e o melhor é que esse roteiro ainda terá uma continuação em 2015.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Causa-raiz
Quando fazia Análises de Falha em meus trabalhos, sempre cobrava do pessoal que tínhamos que achar a causa-raiz do problema e após identifica-la, fazer Planos de Ação para que o mesmo problema não ocorresse novamente.
A conclusão da investigação do grave acidente de Jules Bianchi em Suzuka, se dependesse de mim, voltaria para os envolvidos refazerem, por não ter sido encontrado a causa-raiz. Simplesmente jogar a culpa em Bianchi, que está inconsciente numa cama de hospital na França, é por demais simplório para um painel que tem vários notáveis, como Emerson Fittipaldi, Ross Brawn e Stefano Domenicalli. Jules não diminuiu a velocidade o suficiente nas condições de duplas bandeiras amarelas? Ok. Mas foi apenas isso que fez com que o francês esteja lutando pela vida nesse momento?
Se for aprofundar um pouco mais nessa questão, se veria que NENHUM piloto diminui a velocidade como os comissários gostariam em situações de bandeira amarela dupla e que talvez isso venha de uma preparação insuficiente, de pilotos que chegam à F1 cada vez mais cedo e inexperientes, sem ter passado por situações de corrida o suficiente para enfrentar um carro potente e difícil de se pilotar, numa situação de iminente acidente, como foi visto em Suzuka. Será que essa questão será posta em questão? Difícil, vide a liberação de super-licenças para Max Verstappen, de apenas 17 anos e uma temporada apenas com monopostos.
A propalada investigação ampla do acidente de Bianchi mudou alguns procedimentos, mas não chegou à causa-raiz do problema.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Panca da semana
Mark Webber e a curva do Café em Interlagos parece ter uma relação bastante tumultuada. Quase doze anos atrás, o australiano encerrou o tumultuado Grande Prêmio do Brasil de 2003 batendo forte na curva do Café e Fernando Alonso ainda pegou a sobra do acidente. Ontem, o australiano estava aparentemente colocando uma volta na Ferrari de Matteo Cressone e acabou sendo tocado pelo italiano bem na curva do Café, destruindo seu Porsche e... acabando com as 6 Horas de São Paulo. Menos mal para a Porsche, que o outro carro deu a primeira vitória da marca no WEC.