Esse ano foi duro. Até mesmo pro blog, que foi bugado e tive que fazer uma cópia, com todo o conteúdo do antigo, e me mudei para cá. Porém, mesmo nas dificuldades, temos que pensar que temos saúde, uma casa e prato de comida na mesa todos os dias e mesmo parecendo ser tão básico, é essencial para podermos enfrentar os problemas do dia-a-dia e torcer para as melhoras que 2015 trará. Boas Festas para todos que acompanham o blog, que tenham um 2015 cheio de realizações e felicidades.
domingo, 21 de dezembro de 2014
sábado, 20 de dezembro de 2014
Conversa velha
Alguns meses após seu terrível acidente em Indianapolis, Nelson Piquet foi entrevistado por Jô Soares e, como não poderia deixar de ser, foi muito falado sobre a recuperação (inclusive com uma foto nada bonita de como ficou o pé de Nelson após o acidente...) do brasileiro e suas expectativas para o futuro. Mas o que me chamou mais atenção foi a pergunta feita pelo Jô no minuto sete do vídeo abaixo. Só lembrando, 1992, ano da entrevista, a F1 foi amplamente dominada por Nigel Mansell (chamado de 'Idiota Veloz' por Piquet...) e aqui no Brasil ficou a sensação de que a F1 estava perdendo sua competitividade. "Sempre foi assim. Geralmente sempre teve um time dominando. A diferença é que sempre havia dois pilotos brigando.", "No meu tempo os carros quebravam muito mais, hoje em dia, quando um carro lidera, lidera todas as corridas, no meu tempo, mesmo que liderasse, quebrava, os carros eram mais fracos. Hoje a tecnologia e o dinheiro empregado na F1 é tão maior, que a parte técnica fica quase perfeita.", "A tecnologia não deixa isso (os carros quebrarem). O capital que estão botando, a grana que estão colocando na F1 está fazendo cada dia mais a máquina perfeita." Tenho certeza que essas respostas do tricampeão cairiam muito bem para 2014, inclusive com Nelson Piquet, do qual sou fã, também falaria bem do 'seu tempo' e nem tanto de agora, para se valorizar um pouquinho. Contudo, vale a analogia. Muita gente fala do começo dos anos 90 como um dos grandes momentos da F1, mas naquele tempo se criticava a falta de competitividade e emoção, além do enorme aporte financeiro colocado pelas equipes, algo parecido do que vemos em 2014, vinte e dois anos depois dessa entrevista. Segue abaixo a entrevista na íntegra.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Engolindo sapos
A última novela para a temporada 2015 acabou hoje, com o anúncio da McLaren de um dos segredos mais mal guardados dos últimos tempos, o retorno de Alonso para as glebas mclarianas, e, isso sim um suspense até o último momento, a permanência de Jenson Button na equipe para uma sexta temporada pela equipe.
Apesar do sorriso, Ron Dennis deve estar bem contrariado com sua nova dupla de pilotos. Após seu ano conturbado na McLaren, Fernando Alonso disse mais de uma vez que seu problema dentro da McLaren não tinha sido com Lewis Hamilton, mas com os dirigentes da equipe, mais especificamente, com Dennis. Sete anos depois, Dennis recebe Alonso de volta e diz que tem a melhor dupla de pilotos do grid, já que no outro lado está Jenson Button, com quem Ron teve atritos esse ano. Não era segredo nenhum que Ron Dennis queria que Kevin Magnussen, para o veterano dirigente um digno sucessor de Lewis Hamilton na McLaren, ficasse mais um ano na equipe ao lado de Alonso e foi, sem ter medo de esconder de ninguém, à Dinamarca para cooptar patrocínios que apoiassem Magnussen. Não conseguindo o seu feitio, Dennis também teve que engolir Button mais uma temporada.
Ao contrário da Toro Rosso, que terá uma dupla de pilotos adolescentes, a McLaren alinhará a dupla de pilotos mais experiente dos últimos tempos, com Alonso e Button tendo somados 69 anos em 2015, com mais de 400 GPs somados e três títulos mundias dentro do box da McLaren. Experiência que poderá ser valiosa no começo da nova aventura da Honda a partir de 2015, mas que começou bastante mal no teste pós-temporada em Abu Dhabi. Alonso sabe que essa deve ser sua última chance de conquistar o seu tricampeonato e que não terá muito tempo para provar com números, o que todos falam empiricamente do talento e genialidade do espanhol. Button tinha a torcida de todo o paddock para ficar mais um ano na F1 e o inglês conseguiu seu objetivo, nesse que pode ser também o último contrato de Jenson na F1. Quando Button correu ao lado de Hamilton, um piloto melhor do que ele, o comportamento de Jenson foi muito bom, superando algumas vezes Hamilton e ganhando a confiança de mecânicos e engenheiros, além de mostrar uma ótima forma, particularmente em 2011, onde maximizou seu tocada leve para conseguir o vice-campeonato. A tendência é que os dois já veteranos pilotos se deem bem e fazendo sua propaganda para ficar na McLaren, Button disse que gostaria muito de trabalhar com Alonso, que dizem ter optado pelo inglês no lugar de Magnussen, que após um ano onde mostrou velocidade, ficará como terceiro piloto.
A F1 segue para 2015 com várias mudanças nos line-ups das equipes, algumas até surpreendentes. McLaren e Ferrari partirá com duas duplas com campeões mundiais, mas querendo recuperação, sendo que a McLaren tem o desafio adicional de desenvolver rapidamente o novo motor Honda, para satisfazer as ambições de Alonso, tendo a ajuda providencial de Button, que já trabalhou com os japoneses. A Red Bull, agora tendo o apoio oficial e irrestrito da Renault, terá dois pilotos jovens e querendo mostrar serviço. A Mercedes, dominadora esse ano, terá uma dupla de pilotos que mostrou um alto nível em 2014. Williams, com sua boa dupla de pilotos e o motor Mercedes com trunfo, terá boas chances de se manter no topo. As cinco principais equipes já tem suas armas mostradas. Que venha 2015!
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Aproveitando a carona
Muita gente afirma que os melhores pilotos do mundo não estão na F1, mas, sim, no WRC. Capazes de ser rápidos em qualquer tipo de terreno e sempre andando de lado, os pilotos do WRC são verdadeiros artistas o volante e nessa brincadeira abaixo, Neymar conheceu um pouco como se anda num VW WRC, ao lado do atual bicampeão Sebastien Ogier.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Figura (2014): Lewis Hamilton
E houve empate! Com quatro indicações cada um, na coluna 'Figura' ao longo de 2014, Lewis Hamilton e Daniel Ricciardo ficaram empatados, mas se houvesse essa coluna no Grande Prêmio do Japão (não houve pelos motivos do acidente de Bianchi ter obscurecido toda a corrida) ele seria o escolhido e por ter se sagrado com todos os méritos bicampeão, Lewis Hamilton foi o grande vencedor dessa coluna de 2014. Niki Lauda fez de tudo para trazer Hamilton para a Mercedes e tirar o inglês da zona de conforto que era a McLaren, que o tratava como o cara que 'levamos do nada ao estrelato'. Após seu título emocionante, Hamilton perdeu um pouco o foco da carreira, brigou com o pai, começou a brigar com a namorada popstar, se meteu com rappers e assinou contrato com uma empresa de entretenimento para cuidar de sua carreira. Sair da McLaren, uma equipe de ponta, e assumir o projeto da Mercedes parecia uma loucura no primeiro momento, mas em troca de uma grande quantidade de dinheiro e um desafio enorme, Hamilton saiu do berço da McLaren para a labuta da Mercedes, onde encontrou seu velho amigo de kart, Nico Rosberg, com quem mantinha um ótimo relacionamento. Então, veio a mudança de regulamento e a Mercedes, que vinha trabalhando forte na nova tecnologia dos novos motores híbridos, veio com um carro que somente de tempos em tempos vemos dominar a F1. Hamilton parecia ter a faca e o queijo na mão, pois mesmo Nico Rosberg sendo um piloto rápido, o alemão não era tão veloz quanto Lewis e ainda era seu amigo, mas Nico tinha outros planos, e o que vimos foi uma disputa dura pelo título e o fim de uma amizade antiga. Hamilton enfrentou um adversário que não apenas tinha o mesmo carro, como também lhe conhecia no íntimo e por isso, sabia dos seus pontos fracos. Hamilton conseguiu quatro vitórias consecutivas após abandonar a primeira corrida na Austrália, mas o inglês quase perdeu o controle em Monte Carlo, quando Rosberg passou reto na Mirabeau na classificação, causando uma bandeira amarela que estragou a volta que daria a pole para Hamilton. O inglês acusou seu agora 'ex-companheiro' de trapaça e aquele foi o pior momento do ano para Hamilton, com o psicológico do inglês, seu calcanhar-de-aquiles, sendo bastante contestado. Quando o problema não era propriamente Rosberg, o seu carro lhe pregou duas peças seguidas com problemas na classificação na Alemanha e na Hungria, mas mostrando um amadurecimento gigantesco, Hamilton não baixou a guarda e partiu para duas corridas impressionantes de recuperação, inclusive chegando à frente de Rosberg em Hungaroring, causando a nova grande dor de cabeça para a Mercedes. Na corrida seguinte, Nico Rosberg não evitou um toque em Hamilton, que saiu espalhando a todos que o alemão tinha batido nele de propósito, Novamente se via um Lewis Hamilton dos tempos imaturos da McLaren, mas a experiência parece ter finalmente batido à porta do inglês, que destruiu Nico com cinco vitórias consecutivas e a liderança retomada, quando Rosberg tem problemas antes da largada em Cingapura. Após uma vitória do alemão em Interlagos, o campeonato seria decidido na última corrida do ano, em Abu Dhabi, contando ainda com a famigerada pontuação dupla. Tudo o que Hamilton precisava era de um segundo lugar, mas essa história já tinha sido visto antes, em Interlagos, sete anos antes e quase se repetir no ano seguinte. Novamente o psicológico de Hamilton foi posto à prova, mas numa largada sensacional, Lewis assumiu a ponta para não mais perde-la, deixando um problemático Nico Rosberg para trás e conseguir o bicampeonato com impressionantes onze vitórias no ano, conseguindo de lambuja o título de piloto inglês com mais vitórias na história da F1. Com dois títulos mundiais, ainda mais confiante e provavelmente tendo o melhor carro da F1 na próxima temporada, não duvidem que Hamilton esteja nessa coluna daqui a um ano.
Figurão(2014): Ferrari
Quando se inicia uma temporada da F1, sempre os olhos se voltam para a Ferrari e do que a equipe italiana é capaz de fazer e em 2014, ainda havia o raro fator de haver dois campeões mundiais juntos. Kimi Raikkonen se juntaria a Fernando Alonso para tentar tirar os vermelhos do jejum de títulos, cujo o último campeão tinha sido o próprio finlandês em 2007. A vinda de Kimi para a Ferrari havia sido uma tapa de luva de pelica em Alonso, que chegou à Maranello em 2010 pensando em construir toda a Ferrari e seu enorme potencial em torno de si, imitando o que fez Schumacher há quase vinte anos atrás com os resultados que todos conhecemos. Porém, nem Alonso, nem Raikkonen, nem o então chefe de equipe Stefano Domenicalli esperavam por uma Mercedes tão dominante, principalmente no quesito motor. Os italianos entraram em desespero com a diferença gigantesca entre o motor híbrido da Mercedes e o da Ferrari. Havia uma promessa que a aerodinâmica do chassi da Ferrari compensaria a falta de potência, mas a Mercedes também havia construído um baita carro e a Ferrari viu de binóculos a Mercedes esmagar a concorrência. Para completar, Kimi Raikkonen teve sérios problemas de adaptação aos freios eletrônicos e ao comportamento do carro, construído para o estilo de Alonso, fazendo com que o finlandês tivesse uma temporada medonha, onde o máximo que conseguiu foi um quarto lugar em sua amada Spa, mas Kimi em nenhum momento andou no ritmo de Alonso, que mesmo tendo o último campeão pela Ferrari ao seu lado, dominou a Ferrari. Porém, Alonso tinha seus próprios planos. O espanhol, prestes a completar 33 anos e com o décimo aniversário do seu primeiro título se avizinhando, viu que a Ferrari não lhe daria o esperado título, quanto mais domínio, que ele esperava quando desembarcou em Maranello em 2010. Para completar, a falta de resultados fez com que Domenicalli perdesse seu cargo em abril, substituído por Marco Mattiacci, um reconhecido vendedor de carros nos Estados Unidos, mas que nunca trabalhou em autódromos. Pragmático, Mattiacci tentou organizar a equipe através de um gestão ordeira, batendo de frente com o estilo feudal de Alonso, que rapidamente se indispôs com o novo chefe, abrindo novamente negociação com todo o grid da F1. O eterno presidente Luca di Montezemolo parecia mais preocupado em criticar os novos regulamentos, que num primeiro momento não auxiliou a causa ferrarista, mas se esqueceu dos problemas políticos internos da Ferrari-Fiat e após 23 anos, foi defenestrado do cargo de presidente da Ferrari. Com tantos problemas extra-pista, a Ferrari sofreu dentro dela, com Alonso conseguindo apenas dois pódios no ano, deixando a Ferrari apenas na quarta posição no Mundial de Construtores, pior posição da equipe desde 1993 quando, coincidentemente, foi a última temporada também que a Ferrari ficou sem vitórias. Cansado da política ferrarista e atrás de um terceiro título de forma desesperada, Alonso abandonou o barco ferrarista e deve aportar na McLaren e engolir o orgulho de ter que trabalhar com seu desafeto Ron Dennis. Mattiacci ainda conseguiu um substituto à altura, ao trazer Vettel à peso de ouro, mas suas desavenças com Alonso também custou o emprego de Mattiaci, substituído por Maurizio Arrivabene, outro que nunca trabalhou com corridas. Com tantos problemas em 2014, a Ferrari recebeu três indicações de 'Figurão' ao longo do ano, com Pastor Maldonado ficando com o 'vice', com duas indicações. O pior é que com tanta confusão, a Ferrari não tem muita perspectiva de melhora, mesmo tendo todas as condições humanas para fazê-lo. Mas como nos anos 80 e início dos 90, a confusão impera pelos lados de Maranello!
sábado, 6 de dezembro de 2014
Como nos velhos tempos
A F1 de antigamente tinha uma mistura de emoção nas corridas, brigas entre pilotos dentro e fora das pistas e o perigo de que um acidente levasse um piloto num forte acidente a qualquer momento. Neste momento em que a F1 está passando por um momento crítico de mudanças que não está agradando muita gente, a temporada 2014 mostrou um ano como nos velhos tempos, onde houve muitas corridas emocionantes, uma disputa sensacional entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, além de um acidente quase fatal em Suzuka envolvendo Jules Bianchi.
A mudança dos motores V8 de combustão interna para os motores V6 turbo híbrido foi resultado da pressão das montadoras envolvidas na F1, que queriam um desafio técnico para permanecer na categoria. Hoje se sabe que Mercedes e Renault tirariam o time de campo se a antiga concepção de motores permanecesse na F1 e poderíamos ficar reféns das manias da Ferrari, sendo que nem sabemos se a FIAT se interessaria ser a fornecedora única e cara da F1. Sabendo da mudança para 2014, as três montadoras trabalharam intensamente nos novos motores e ouvia-se boatos de que a Mercedes estava bem à frente no desenvolvimento das novas unidades de potência, como passaram a ser chamados os motores da F1. Esse boato ganhou contorno de verdade nos testes de pré-temporada, com a própria equipe Mercedes e seus clientes completando facilmente voltas em cima de voltas, enquanto Ferrari e, principalmente, a Renault tinham vários problemas nas pistas espanholas. Na primeira sessão em Jerez, o vexame foi tão grande que a atual tetracampeã Red Bull voltou mais cedo para a fábrica na Inglaterra para tentar fazer algo que salvasse a temporada que já parecia perdida. Dentro da pista, a equipe oficial da Mercedes já parecia se destacar bastante frente as demais, com a Williams, que num toque de sorte e de visão, trocou os motores Renault pelos Mercedes e ficaram logo atrás da equipe oficial.
O primeiro final de semana de competição na Austrália confirmou tudo o que se esperava da equipe Mercedes. O time comandado por Toto Wolff e Niki Lauda, com a saída de Ross Brawn, em mais uma aposentadoria, dominou totalmente em Melbourne, mas alguns problemas que apareceriam mais tarde veio à tona logo no circuito improvisado de Albert Park, quando o pole Lewis Hamilton teve que abandonar logo na quarta volta com problemas num cilindro do seu motor à combustão. Isso fez com que Nico Rosberg vencesse com facilidade e liderasse o campeonato de pilotos pela primeira vez na carreira. Apesar de um pequeno problema na corrida malaia em 2013, devido a um ordem de equipe da Mercedes a favor de Lewis, o relacionamento entre Hamilton e Rosberg era ótimo e ambos se conheciam desde a época do kart, cultivando uma amizade de vários anos. Mas essa amizade sobreviveria a uma disputa mano a mano pelo título? Numa das melhores corridas dos últimos tempos, Hamilton e Rosberg disputaram a liderança palmo a palmo no Bahrein, numa luta de tirar o fôlego entre os pilotos da Mercedes, que apenas pediu aos pilotos que levassem os carros para a bandeirada sem toque entre eles. Aquela era a segunda vitória consecutiva de Hamilton, que venceria mais duas corridas para tirar a liderança de Rosberg, mesmo com o abandono do inglês na Austrália. Nesse momento ficou claro para Rosberg que se dependesse unicamente da velocidade pura, ele seria derrotado inapelavelmente por Hamilton. O que fazer? A vantagem de conhecer bem Hamilton faz de Nico conhecer também os pontos fracos do seu rival e Rosberg sabe que o psicológico de Lewis é seu calcanhar-de-aquiles. Em Mônaco, sua segunda casa, Nico Rosberg liderava o Q3 quando errou na Mirabeu e provocou uma bandeira amarela no local. Mais atrás, em sua última tentativa, Lewis Hamilton teve que tirar o pé e se conformar com a segunda posição. Conformar? Hamilton foi tirar a foto dos três primeiros da classificação claramente contrariado e depois afirmou categoricamente que Rosberg tinha errado deliberadamente para prejudicar sua volta. Estava aberta a guerra dentro da Mercedes.
Como esperado para quem larga na frente em Monte Carlo, Nico Rosberg venceu e na corrida seguinte, em Montreal, a Mercedes, que novamente dominava a prova, teve um problema nos seus dois carros, mas apenas Rosberg terminou a corrida, ainda conseguindo amealhar um heroico segundo lugar, enquanto se constatou que Hamilton teve seu problema nos freios ampliado por ter ficado tempo demais atrás de Nico, sem ter como resfriar seus freios. Parecia naquele momento que a perspicácia de Nico Rosberg poderia derrotar Lewis Hamilton, ainda mais com o inglês novamente sentindo a pressão, situação já vista antes e mesmo muito talentoso, Hamilton acabava sucumbindo. Porém, em sua casa, Hamilton pareceu muito forte e mesmo errando na classificação, venceu a corrida e combinando com o primeiro abandono de Rosberg no ano, reassumia a ponta do campeonato. Porém, Hamilton enfrentou dois problemas seguidos nos treinos em Hockenheim e Hungaroring, fazendo com que largasse no final do pelotão em ambas as corridas. Na Hungria, uma rara ótima corrida na pista magiar devido à chuva no começo da prova, fez com que novamente a rivalidade entre os dois pilotos da Mercedes aflorasse quando Hamilton, já tendo feito uma ótima corrida de recuperação, não acatou uma ordem de equipe da Mercedes, que queria garantir a vitória de Nico Rosberg e 'esquecendo' que os dois brigavam pelo título. Agora foi a vez de Nico ficar furioso e se lembrar da ordem que acatou em Sepang/2013. Mesmo passando um mês de férias, Rosberg não esqueceu o lance na Hungria e se vingou na prova seguinte em Spa, não evitando um toque em Hamilton ainda na segunda volta, que teve que abandonar. Após a corrida, numa tensa reunião na Mercedes, Hamilton saiu espalhando aos quatro ventos que Rosberg tinha batido nele de propósito. Era a confirmação da maior briga dentro de uma equipe nos últimos tempos. A comparação com a temporada 1988-89, quando Senna e Prost se engalfinharam dentro da McLaren sem que ninguém os ameaçasse ficou viva na mente de todos, mesmo que os puritanos se escandalizasse com a comparação, mas a disputa de alto nível dentro das pistas e os cutucões fora delas indicavam uma disputa muito forte, além dos seus personagens estarem bem definidos. Hamilton seria como Senna, impetuoso, agressivo e a 'vítima do sistema', enquanto Rosberg seria Prost, o piloto calculista, mordaz e o 'político'. Quem era o mais popular? Quem o grande público ficou torcendo?
Hamilton venceu as cinco corridas seguintes, com direito a um erro de Nico Rosberg em Monza, um problema do alemão em Cingapura, onde Hamilton reassumiu a liderança do campeonato e uma ultrapassagem de tirar o fôlego em Suzuka. Lewis estava agora com a faca e o queijo na mão, mas conhecendo seu rival, Hamilton não podia de forma alguma subestimar Rosberg e quando o alemão venceu em Interlagos, penúltima corrida do ano, Nico teria uma chance na corrida final em Abu Dhabi, que ainda tinha a famigerada regra de pontuação dobrada e daria uma grande oportunidade para Rosberg conseguir uma grande virada. As decisões anteriores de Lewis Hamilton e seu comportamento vacilante nelas, mesmo quando foi campeão em 2008, era outro triunfo de Rosberg, que não escondeu que atacaria o psicológico de Hamilton, mas na corrida final, Hamilton teve a tranquilidade de espantar os seus fantasmas. Precisando ser segundo colocado, independentemente do que fizesse Rosberg, Lewis conseguiu uma super largada para tomar a liderança de Rosberg e dominar a corrida, mas Nico Rosberg tem um terceiro problema mecânico e se arrasta até o final, enquanto Hamilton vence pela décima primeira vez e conquista o seu segundo título mundial.
Na época da decisão do campeonato, Nico Rosberg esperava pela ajuda da Williams, que um dos pilotos de Frank Williams se colocasse entre ele e Hamilton em Abu Dhabi. A esperança de Nico era genuína, vide a maciça evolução da Williams em 2014. De equipe nona colocada no Mundial de Construtores em 2013, a troca dos motores Renault pelo Mercedes foi essencial para a equipe dar uma guinada em 2014, ajudada pela chegada da experiência de Felipe Massa e de Rob Smedley, ambos saídos da Ferrari como pessoas cujo auge já tinha passado. Olhando para o que a Williams tinha feito nos últimos anos, a passagem de Felipe pela tradicional equipe parecia ser apenas mais um sopro na F1 até a aposentadoria em pleno declínio. Porém, a subida da Williams e a motivação de estar num novo projeto, junto do seu amigo Smedley, fez com que Massa tivesse um ressurgimento na carreira, onde o brasileiro voltou a ser pole, mas Felipe teve uma primeira metade do campeonato para esquecer, onde vários problemas alheios ao brasileiro fez com que ele perdesse muitos pontos frente ao seu rapidíssimo companheiro de equipe Valtteri Bottas. A diferença entre o finlandês e o brasileiro não refletiu o real gap entre eles, mas Bottas foi uma das grandes revelações de 2014. Preparado para estrear na F1 desde 2011, tendo Toto Wolff como padrinho, Bottas fez uma corrida errática em Melbourne, onde errou, bateu no muro, mas demonstrando o potencial da Williams, ainda voltou para conseguir um quinto lugar. Com a Williams tendo como calcanhar-de-aquiles o piso molhado e se tem um lugar onde chove bastante em Sepang, a equipe literalmente patinou na Malásia, quando a equipe emitiu uma polêmica ordem de equipe para Felipe Massa deixar Bottas passar, algo que o brasileiro não acatou, ainda com o 'Fernando is faster than you' na cabeça. Aquele foi o maior erro da Williams no ano, mas o real potencial da equipe ainda não tinha aparecido, com várias boas posições no grid não se refletindo em bons pontos no domingo. Mesmo mais experiente, Massa viu Bottas liderar a equipe e conseguir dois pódios consecutivos em Silverstone e Hockenheim, com o finlandês segurando Hamilton nas voltas finais para ser segundo na Alemanha, melhor posição da Williams até então. Nessa mesma corrida alemã, Felipe foi tocado na primeira curva por Kevin Magnussen e capotou espetacularmente. Porém, Massa fez uma segunda metade de temporada excelente, andando no mesmo ritmo de Bottas e conseguindo seus primeiros pódios, culminando com dois pódios consecutivos nas duas últimas provas, em duas corridas emocionantes do brasileiro, fazendo lembrar o Felipe Massa de 2007-08. O terceiro lugar de Bottas em Abu Dhabi foi a consagração da Williams como a segunda força de 2014, mesmo a equipe ficando em terceiro lugar no Mundial de Construtores, graças aos erros da equipe e também de seus pilotos na primeira metade do ano, mas com a Williams novamente como equipe de ponta, mesmo sendo uma equipe cliente, agora eles terão mais experiência para viver um 2015 mais regular.
Quando a Red Bull saiu da pré-temporada, era esperado que o time dominador dos últimos anos tivesse que se conformar em pontuar quando tivesse sorte. Os poucos quilômetros rodados e o problemático motor Renault fazia com que 2014 fosse sombrio para Christian Horner e sua trupe. Com a aposentadoria de Mark Webber, o time trouxe Daniel Ricciardo para validar o caro programa de jovens pilotos liderado por Helmut Marko, mas Horner queria um piloto mais experiente (Kimi Raikkonen) para medir forçar com o atual tetracampeão mundial Sebastian Vettel. Porém, Daniel Ricciardo mostrou suas credenciais logo na primeira corrida, em casa, na Austrália, quando contra todas as perspectivas, o australiano conseguiu um surpreendente segundo lugar, para alegria da torcida australiana, que no dia seguinte lamentava a desclassificação de Ricciardo por causa de um tal de fluxometro, novo aparelho dessa F1 cheia de novidades. Em Melbourne, Vettel não apenas ficou atrás de Ricciardo nos treinos, como abandonou logo no início da prova, iniciando também um ano surpreendente ruim para o alemão, onde viu Ricciardo tomar as rédeas da Red Bull. Mesmo com os crônicos problemas de potência do motor Renault, a Red Bull se mantinha no pelotão da frente, mesmo que longe da Mercedes, graças ao ótimo chassi construído por Adryan Newey, que anunciou que está de saída da F1. Se aproveitando dos problemas da Mercedes, o sorridente Daniel conseguiu sua primeira vitória na F1 em Montreal, acabando com todas as dúvidas que ainda tinham sobre ele. E o que era melhor para a F1, Daniel Ricciardo se mostrava uma pessoa carismática, sempre sorrindo e simpático. Assim como ocorreu em Montreal, Ricciardo venceria em Hungaroring e Spa se aproveitando de problemas da Mercedes, sendo o único piloto não-Mercedes a vencer em 2014. O australiano conseguiu um ótimo terceiro lugar no Mundial de Pilotos, liderando a Red Bull a conseguir um inacreditável segundo lugar no Mundial de Construtores, vide a péssima pré-temporada nesse ano. E Sebastian Vettel? Dando munição aos seus críticos, que dizem que Vettel só conseguiu seus títulos devido a superioridade dos carros construídos por Newey, Sebastian não se adaptou aos novos carros, principalmente aos freios eletrônicos e foi amplamente superado por Ricciardo. Mesmo conseguindo quatro pódios em 2014, a atuação de Vettel ficou abaixo do esperado, mas quem é quatro vez campeão do mundo, não se perde a majestade. Vettel sempre foi considerado um digno sucessor de Schumacher e um passo natural seria ir para a Ferrari. Procurando um novo desafio e tentando emular o desempenho do seu ídolo, Vettel irá para a Ferrari em 2015 por uma contia milionária e com a missão de levar a Ferrari de volta aos bons tempos. Observando o ótimo desempenho de Ricciardo, a Red Bull agiu rápido e promoveu Daniil Kvyat da Toro Rosso, mesmo o russo sendo superado por Jean-Eric Vergne dentro da Toro Rosso em 2014. O olho clínico de Marko viu maior potencial no russo, que conseguiu pontuar logo em sua primeira corrida e foi quinto colocado no grid na única novidade do calendário, o seu GP na Rússia. Kvyat será substituído na Toro Rosso pelo novo furacão das categorias de base, Max Verstappen, de apenas 17 anos e apenas uma temporada impressionante na F3. O holandês é filho de Jos Verstappen, também considerado um piloto muito bom na base, mas que subiu para a F1 cedo demais e acabou sucumbindo. Com pouquíssima experiência, Max estreará na F1 com muitos refletores em si, com um companheiro de equipe também estreante na F1, o espanhol Carlos Sainz Jr, outro piloto vindo das 'canteras' da Red Bull e atual campeão da World Series 3.5, enquanto Vergne ficou sem espaço na F1 e pode ir para a Indy. Será, novamente, um ano de transição para a Toro Rosso e também para a Red Bull, que pela primeira vez desde 2008 não terá Sebastian Vettel como piloto, além da saída do mago Adryan Newey, enquanto Christian Horner chora o fim do seu domínio acusando os novos motores, quando ele deveria estar incentivando a Renault a melhorar seu motor e sua equipe trabalhar melhor.
E o que encontrará Vettel na Ferrari? Com certeza, se Michael Schumacher pudesse falar, Vettel teria que conversar muito com seu compatriota. A Ferrari teve um ano, também, como nos velhos tempos, onde a política e a confusão se fez presente. A grande expectativa do ano era a chegada de Kimi Raikkonen para correr ao lado de Fernando Alonso, numa rara combinação de dois campeões correndo lado a lado, mas o finlandês acabou sendo a grande desilusão do ano, simplesmente não conseguindo acompanhar Alonso, mas seu talento nunca foi contestado. O problema era o carro e novamente Alonso tentou levar o carro nas costas, mesmo o espanhol estando claramente incomodado pelos problemas internos da Ferrari, sendo a própria presença de Raikkonen na equipe, ele o último campeão na Ferrari no já longínquo 2007, um tapa de luvas de pelica no espanhol. Mas Alonso foi profissional ao extremo, conseguindo resultados bem acima do carro que tinha em mãos e levando os dois únicos pódios da equipe em 2014, incluindo um segundo lugar na Hungria, onde foi ultrapassado por Ricciardo já nas últimas voltas. Com a demissão de dois chefes de equipe e a saída do eterno presidente da Ferrari Luca di Montezemolo, Alonso decidiu abandonar o seu sonho de emular Schumacher e ser campeão em série na Ferrari para uma nova aventura. Já contando 33 anos e seu primeiro título completando dez anos em 2015, Alonso está desesperado para conseguir o tricampeonato e provar que ainda é o melhor piloto da F1, mesmo com 'apenas' dois títulos, enquanto seu substituto tem quatro e Hamilton tem o mesmo número de títulos que ele. Alonso negociou aqui e ali, mas teve que engolir o orgulho ao assinar com a McLaren e reencontrar seu desafeto Ron Dennis. Sebastian Vettel terá um desafio grandioso pela frente, onde terá a pressão de levar a Ferrari de volta aos títulos em meio a um ambiente conturbado e provar, agora que foi derrotado por Ricciardo, que seus títulos pela Red Bull também teve seu dedo.
E o que encontrará Alonso na McLaren? A equipe conseguiu seu melhor resultado na temporada logo na primeira corrida, onde conseguiu um duplo pódio surpreendente, principalmente para o seu piloto principiante, Kevin Magnussen, que logo em sua estreia, já tinha feito mais do que seu pai Jan, que assistia a corrida do outro lado do mundo, participando das 12 Horas de Sebring. Mesmo equipado com o motor Mercedes, a McLaren passava por um período de transição, pois após vinte anos de parceria, que já foi mais forte, o time de Ron Dennis mudaria de motor, passando a usar outro motor icônico para a equipe, o Honda, seduzida pelo novo regulamento técnico. A temporada 2014 foi de altos e baixos, com o time passando por momentos ruins no meio do ano, mas se recuperando no final da temporada, com Jenson Button usando sua experiência para marcar pontos preciosos e garantir um quinto lugar no Mundial de Construtores. Abalado pela morte do pai, Button fez uma boa temporada, liderando a equipe e superando com relativa folga Kevin Magnussen, que se mostrou um piloto rápido, mas propenso a se meter em encrencas, como no incidente com Massa em Hockenheim, a fechada criminosa em Alonso em Spa e as fechadas em Monza, que lhe valeram punições. Com a chegada de Fernando Alonso na equipe, um dos pilotos de 2014 teria que sair. Button conta com a experiência, mas Ron Dennis enxerga em Magnussen um novo Hamilton. O inglês, além de ótimo piloto, também é gente boa, conta com a torcida do paddock da F1, mas Magnussen, que além de rápido, também é mais barato, é o favorito de Dennis, que inclusive foi à Dinamarca procurar apoiadores para o danês. Escolhido Magnussen, isso significará a aposentadoria de Jenson Button, um piloto carismático e que poderia ajudar mais no desenvolvimento do novo motor Honda, que em testes em Abu Dhabi após a corrida final, se mostrou tão problemático como o Renault no começo desse ano. Se quer o terceiro título, Alonso terá que esperar um pouco mais...
A Force India ficou com a incômoda posição de pior equipe da Mercedes, mesmo iniciando muito bem o campeonato e ter ficado com a perspectiva de ficar à frente da McLaren no Mundial de Construtores, mas o maior investimento da equipe comandada por Dennis e Eric Bouiller não fez isso possível. Ainda assim a Force India marcou o maior número de pontos de sua história e pela primeira vez desde 2009 manteve a mesma dupla de pilotos, com um grande contraste entre eles. Sergio Pérez, após um ano apagado na McLaren, mostrou mais uma vez capaz de resultados grandiosos, como o pódio em Sakhir no começo do ano, o primeiro pódio da FI desde 2009, com besteiras absurdas, como os toques em Felipe Massa em Montreal e em Adrian Sutil em Austin. Já Nico Hulkenberg é o piloto regular da equipe, onde os pontos estão garantidos. O alemão conseguiu quatro quintos lugares e só deixou de pontuar pela primeira vez na temporada já na Hungria. Num toque com... Pérez! Após um ano de sonho em 2013, a Lotus sentiu a falta de dinheiro crônica da equipe e perdeu vários elementos-chave da equipe, além de Raikkonen, e combinando com o péssimo motor Renault, o time auri-negro teve uma temporada para esquecer, com Romain Grosjean, que conseguiu vários pódios em 2013, tendo que se satisfazer com dois oitavos lugares, enquanto Pastor Maldonado foi o protagonistas de um dos 'worst moves' de todos os tempos, quando saiu da Williams criticando a equipe pela performance e ir para a Lotus para ter uma temporada ainda pior. O venezuelano fez uma temporada abaixo do medíocre, onde mostrou mais seus erros infantis, como o dia em que saiu da pista em Spa numa falta de atenção, do que sua já distante vitória em Barcelona/2012. Como Maldonado paga a conta com seu dinheiro ditatorial-bolivariano, mesmo a Lotus precisando fazer bastante funilaria durante o ano, o venezuelano ficará outro ano na equipe, com a última imagem da parceira Maldonado-Lotus em 2014 sendo as gargalhadas dos mecânicos no box, enquanto Maldonado abandonava com o motor pegando fogo em Abu Dhabi. Ao lado de Maldonado em 2015 estará Grosjean, que esperava que Bouiller o levasse para a McLaren, mas a realidade é bem outra. O único consolo da Lotus é que em 2015 utilizará motores Mercedes, deixando os motores Renault após vinte anos, contando os tempos de Benetton e Renault. A Sauber foi outra com um ano para esquecer. Com um carro muito pesado, um motor Ferrari pouco potente e sem dinheiro para investir, a Sauber passou o ano 'invicto', sem nenhum ponto em 2014. O sobrepeso do carro era tanto, que Adrian Sutil revelou que teve que fazer um regime radical, onde passou vários dias sem comer. Mas não adiantou muito, mas o pior foi Esteban Gutierrez. Com a Sauber necessitando urgentemente de dinheiro, os fartos patrocínios do mexicano não foram suficiente para manter o errante Gutierrez por um terceiro ano na F1, sendo dispensado da Sauber juntamente com Sutil para a vinda de Marcus Ericsson e Felipe Nasr. Ambos pilotos pagantes. Se Ericsson já mostrou ser um piloto sofrível na sofrível Caterham, Nasr, que mostrou potencial nos poucos treinos livres que fez com a Williams, terá a obrigação de superar o sueco, sendo que provavelmente não terá um grande carro para fazê-lo.
A Marussia parecia estar tendo um ano diferente, quando Jules Bianchi surpreendeu ao chegar em nono lugar em Mônaco e garantir os primeiros pontos da história da pequena equipe anglo-russa. Porém, o time estava afundado em dívidas, já que a montadora Marussia estava falida em seu país natal, mas o pior ainda estava por vir. Em Suzuka, Jules Bianchi perdeu o controle do seu carro na encharcada pista nipônica no mesmo local onde uma volta antes Sutil perdera o controle. Com um trator retirando o carro de Sutil, Bianchi passou debaixo do elemento estranho à corrida a mais de 200 km/h. Bianchi foi retirado inconsciente do carro e até o dia de hoje, não recuperou a consciência, permanecendo em estado crítico num hospital em Nice, onde nasceu. Esse foi o segundo acidente gravíssimo da Marussia, já que Maria de Villota perdeu um olho e posteriormente a vida, num acidente bizarro com um Marussia num teste aerodinâmico. Ao contrário da espanhola, Bianchi era um piloto acima da média, uma aposta da Ferrari e que só estava na Marussia, que usava os motores italianos por isso, por causa dessa aposta. Dificilmente veremos novamente Bianchi na pista e a F1 viveu algo que não sentia há vinte anos: a morte à espreita. Esse foi praticamente o último suspiro da Marussia, que duas corrida mais tarde não viajou com a F1 e decretou sua falência um pouco depois, destino parecido com a Caterham, que foi vendida por Tony Fernandez no meio do ano para um grupo obscuro, mas logo o time teria um destino parecido com a Marussia, mesmo a equipe verde ainda aparecendo na corrida final em Abu Dhabi graças a uma humilhante vaquinha virtual. É o fim das equipes trazidas de forma mambembe por Max Mosley em 2010 e escancarou a crise que passa a F1 atual. Os novos motores, além de ter um som (ou falta dele) que incomodou a todos, aumentou significantemente os custos e causou o colapso das nanicas e trouxe problemas para Force India, Lotus e Sauber, inclusive sendo aventado um boicote em Austin, o que seria o segundo nos Estados Unidos. A falta de sensibilidade de Bernie Ecclestone e das equipes grandes, beneficiadas por contrato, não ajudam a causa das médias-pequenas, mas por outro lado, Bernie e as equipes grandes acusam que o problema das médias é puramente falta de gestão... e o impasse continua.
Mesmo com as novas tecnologias trazendo muitas críticas, a velocidade não diminuiu e em alguns casos, ocorreu o contrário, como foi o caso de Interlagos, que teve o seu recorde quebrado após dez anos, quando os já míticos V10 aspirados reinavam. O ano teve grandes corridas e outras nem tanto, mas o grande destaque, dentro das pistas, foi a briga dentro da Mercedes. O ótimo filme 'Rush' não trata simplesmente da maior rivalidade da história da F1, como propagandeia o filme, mas da rivalidade de duas pessoas totalmente distintas e com personalidades totalmente diferente. Se formos olhar para esse ano, temos um roteiro interessante. Vejamos. Dois indivíduos totalmente diferentes, um na Alemanha, vindo de uma família rica e tendo tudo do bom e do melhor na paradisíaca Monte Carlo. O outro veio da Inglaterra, vindo de família pobre, de imigrantes e negro, já garantindo para si algum preconceito. Esses dois indivíduos, vivendo em mundos tão diferentes, tem seus destinos cruzados porque amam correr e contra todos os prognósticos, se tornam grandes amigos, de morarem praticamente juntos. O tempo passa, ambos são campeões da GP2 e chegam na F1 praticamente ao mesmo tempo, mas o inglês estoura primeiro, pois está numa equipe grande. Se torna um estrela, namora uma popstar e anda com vários rappers. Isso reflete em sua pilotagem, agressiva e impetuosa. Já o alemão entra numa equipe média, tem uma vida discreta, namora uma arquiteta que conhecia desde os tempos do colégio e sua pilotagem é metódica e bastante técnica. Logo depois eles se encontram na mesma equipe, onde o clima dos tempos do kart volta até o momento em que ambos tem o carro dominante nas mãos. A gana de vencer, cada um a seu estilo, faz com que uma amizade de quinze anos acabe e suas virtudes aflorem ainda mais, e como se conhecem muito bem, atacam os defeitos de cada um. Assim foi a temporada 2014, com a disputa entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg e o melhor é que esse roteiro ainda terá uma continuação em 2015.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Causa-raiz
Quando fazia Análises de Falha em meus trabalhos, sempre cobrava do pessoal que tínhamos que achar a causa-raiz do problema e após identifica-la, fazer Planos de Ação para que o mesmo problema não ocorresse novamente.
A conclusão da investigação do grave acidente de Jules Bianchi em Suzuka, se dependesse de mim, voltaria para os envolvidos refazerem, por não ter sido encontrado a causa-raiz. Simplesmente jogar a culpa em Bianchi, que está inconsciente numa cama de hospital na França, é por demais simplório para um painel que tem vários notáveis, como Emerson Fittipaldi, Ross Brawn e Stefano Domenicalli. Jules não diminuiu a velocidade o suficiente nas condições de duplas bandeiras amarelas? Ok. Mas foi apenas isso que fez com que o francês esteja lutando pela vida nesse momento?
Se for aprofundar um pouco mais nessa questão, se veria que NENHUM piloto diminui a velocidade como os comissários gostariam em situações de bandeira amarela dupla e que talvez isso venha de uma preparação insuficiente, de pilotos que chegam à F1 cada vez mais cedo e inexperientes, sem ter passado por situações de corrida o suficiente para enfrentar um carro potente e difícil de se pilotar, numa situação de iminente acidente, como foi visto em Suzuka. Será que essa questão será posta em questão? Difícil, vide a liberação de super-licenças para Max Verstappen, de apenas 17 anos e uma temporada apenas com monopostos.
A propalada investigação ampla do acidente de Bianchi mudou alguns procedimentos, mas não chegou à causa-raiz do problema.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Panca da semana
Mark Webber e a curva do Café em Interlagos parece ter uma relação bastante tumultuada. Quase doze anos atrás, o australiano encerrou o tumultuado Grande Prêmio do Brasil de 2003 batendo forte na curva do Café e Fernando Alonso ainda pegou a sobra do acidente. Ontem, o australiano estava aparentemente colocando uma volta na Ferrari de Matteo Cressone e acabou sendo tocado pelo italiano bem na curva do Café, destruindo seu Porsche e... acabando com as 6 Horas de São Paulo. Menos mal para a Porsche, que o outro carro deu a primeira vitória da marca no WEC.
domingo, 30 de novembro de 2014
Se você é jovem ainda...
Enquanto dava entrevistas após a corrida, percebi cabelos brancos em Rubens Barrichello, mas a força do hábito ainda faz com que ele ainda seja chamado de 'Rubinho'. Só que o tempo passa, e Rubinho já conta com 42 anos e 23 anos após seu título da F3 Inglesa, onde derrotou David Coulthard e Gil de Ferran na ocasião, Rubens Barrichello sentiu novamente o gostinho do título com uma corrida extremamente tática em Curitiba.
Líder do campeonato com certa vantagem sobre Átila Abreu, seu mais próximo perseguidor, Barrichello conseguiu uma enorme vantagem quando conseguiu a pole e pôde, mesmo com um problema no início da corrida, onde um vazamento de óleo fez com que alguns pilotos rodassem, além do próprio Barrichello chegando a perder o prumo do seu Stock no local, controlar a corrida e o campeonato. Mesmo perdendo a liderança da corrida, Rubens só precisava marcar Abreu, que estava logo à sua frente na prova vencida por Daniel Serra. Barrichello ainda tinha seu companheiro de equipe Alan Khodair como escudo e fazendo uma prova com o regulamento debaixo do braço, voltou a vencer um campeonato com um terceiro lugar.
A Stock continua com seus vários toques e pilotos superdimensionados, mas nada pode tirar o mérito da conquista de Barrichello, que conseguiu duas vitórias no ano, incluindo a Corrida do Milhão, e se manteve sempre no pelotão da frente, amealhando pontos importantes que o deixaram com a faca e o queijo na mão na corrida final. Sua equipe, a Full Time, acabou com a hegemonia das equipes de Andrea Mattheis e Rosinei Campos, que já durava dez anos, e deu a Barrichello um carro competitivo a ponto do brasileiro ter acabado com seu longo jejum e mostrar, logo em sua segunda temporada completa, que mesmo tendo alguns cabelos brancos, Rubens Barrichello ainda é jovem suficiente para ser campeão.
sábado, 29 de novembro de 2014
El niño matador
Jean-Eric Vergne havia dado a dica no começo da semana, quando anunciou que estará fora da Toro Rosso em 2015. Já há quem fale do francês na Indy no próximo ano. Carlos Sainz Jr ficou irritado quando Max Verstappen foi escolhido como piloto da Toro Rosso em 2015, pois na hierarquia do programa de jovens pilotos da Red Bull, o espanhol era o primeiro da fila para assumir um carro na Toro Rosso, enquanto o holandês já foi furando fila e pulando direto da F1, com apenas 17 anos.
Porém, o mercado da F1 deu algumas voltas surpreendentes e com a saída de Vettel da Red Bull, Daniil Kvyat foi pinçado da Toro Rosso para a equipe-sede, abrindo espaço para um lugar na Toro Rosso ano que vem. Com a evidente jovialidade de Verstappen, muito se especulou que Vergne poderia ficar numa inédita terceira temporada consecutiva na Toro Rosso, meio que tutelando Verstappen, mas Sainz Jr fez pressão em cima da Red Bull, com o apoio do pai famoso, mostrando seus vários títulos nas categorias de base, em especial ao campeonato da World Series 3.5, vencida pelo espanhol em 2014.
Sainz Jr foi anunciado nesta sexta-feira na Toro Rosso e com apenas 20 anos, irá formar com Max a dupla mais jovem da história da F1. Porém, se Max Verstappen é visto como um fenômeno desde o kart, Sainz Jr tem lá seu talento, mas é mais conhecido pelo sobrenome famoso, pois é filho de Carlos Sainz, lenda do WRC, e conhecido como 'El Matador'. Por coincidência, Sainz Sr tinha como uma das marcas registradas a bandeira espanhola com um touro negro ao fundo. E seu filho começará numa equipe que tem um touro como nome...
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Pi, pi, pi, pi...
Quando somos crianças, sempre pensamos que quando crescermos nossos gostos irão mudar. Que não iremos mais ver desenhos, comer bolacha recheada e jogar videogame quando crescer. Que iremos gostar de outras coisas mais importantes e 'adultas', deixando o lado criança, literalmente, de lado. Porém, quando a idade vem, experimentamos várias coisas boas e até mesmo os cabelos brancos começam a brotar, percebemos que o nosso lado criança nunca acaba. Me lembro que quando trabalhei numa indústria alimentícia, tacava-lhe o pau no biscoito recheado. Dois anos atrás comprei um Playstation 3 e acompanho os novos lançamentos. E nunca deixei de assistir o Chaves.
Para quem não sabe, perdi meu avô e meu pai num espaço de um ano e meio e até agora sinto muito o baque. Pensei também que após tantas perdas em tão pouco tempo, nenhuma morte de algum famoso me sensibilizaria, mas veio a morte de Luciano do Valle para me trair. Senti demais o falecimento do narrador que tanto acompanhei quando criança. É isso. As lembranças que marcam a nossa infância calam mais fundo na gente e por isso, a morte de Roberto Bolaños, o famoso Chaves, está sendo muito dolorida não apenas por mim, mas pela comoção nas redes sociais, também para muita gente.
O cenário do Chaves era tão tosco, os episódios tão inocentes e os personagens tão simplórios (Seu Madruga, Chiquinha, Quico, Dona Florinda, Bruxa do 71, Professor Girafales, Sr Barriga), que parece que se criou uma espécie de charme para o seriado que mesmo infantil, atravessou gerações a ponto de estar há trinta anos na grade de programação do SBT com relativo sucesso. E pessoas com bem mais de trinta anos continuam a assistir um humor leve, onde sabemos todas as falas, mas conseguimos morrer de rir do mesmo jeito.
Bolaños criou uma série com personagens também cheio de simbologias, onde lições são aprendidas a cada episódio. Aprendemos, também com o Chapolin, várias frases e bordões que para sempre estarão em nossas cabeças. Conhecemos Tangamandapio. Suspeitamos desde o princípio. Ninguém teve paciência com a gente. Fizemos coisas sem querer querendo. E fizemos vários movimentos friamente calculados.
Tudo isso obra de Roberto Bolaños. Ele marcou minha infância e de muitos adultos como eu, assim como adolescentes e crianças de toda a América Latina. Por uma dessas coincidências da vida, o Plantão do SBT anunciando a morte de Bolaños foi durante o episódio do Chaves. Como homenagem, continuei assistindo o episódio onde o seu Madruga, considerado pelo próprio Bolaños como o melhor ator do seriado e que agora está o recebendo no céu (ou lá embaixo, como Ramón Valdés brincava), pensava que estava a ponto de morrer, quando na verdade era preparada sua festa de aniversário surpresa. E ria. Ri muito, como sempre ri enquanto assistia ao Chaves. Mesmo que com lágrimas nos olhos.
Muito obrigado, Roberto Bolaños, pelas risadas, pelas frases de efeito e as lições aprendidas!
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Ex-autódromo mais lindo do mundo
Nessa reportagem da revista Placar de 1977, o hoje extinto autódromo de Jacarepaguá recebia suas primeiras corridas cercado de elogios, de problemas que nunca foram resolvidos e com a expectativa de receber a F1 pela primeira vez em poucos meses. É uma viagem no tempo também no automobilismo brasileiro, pois na época haviam pelo menos três categorias de monopostos nacionais. Trinta e sete anos depois...
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Muito macho
A Lotus adora mesmo fazer consertos de funilaria. Não bastasse Maldonado, agora chamaram dois malucos para bater o recorde de salto... com um caminhão! E usaram o veículo da Lotus, que evidentemente tiveram que fazer uns consertos no caminhão danificado pelo esforço...
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Figura(ABU): Lewis Hamilton
Não poderia ser outro! O inglês da Mercedes tinha a má fama de sucumbir em momentos decisivos, mas na quarta vez em que esteve na briga pelo título na última corrida do ano, Lewis Hamilton provou que o tempo lhe deu o discernimento necessário para poder segurar seus nervos e usar seu enorme talento para derrotar seu 'companheiro' de equipe Nico Rosberg. Como em 2008, Hamilton chegou ao Oriente Médio com uma boa vantagem sobre seu maior rival, o inglês só necessitando de um segundo lugar para ser campeão. Tendo o melhor carro disparado do pelotão, o Mercedes H05 Hybrid tendo batido o recorde de dobradinhas numa única temporada, terminar em segundo parecia ser apenas uma formalidade para Hamilton, mas o desempenho anterior de Lewis em corridas decisivas brotavam dúvidas para quem acompanha a F1, ainda mais com Nico Rosberg levando a pole-position. O alemão não escondia que procuraria atacar o ponto fraco de Hamilton, o psicológico, mas o inglês da Mercedes não caiu nas armadilhas de Nico e conseguiu logo de cara uma largada estupenda, assumindo a ponta facilmente na primeira curva e destruindo boa parte da estratégia armada por Rosberg na corrida. Andando forte, mas sem destruir seu carro ou pneus, Hamilton abria uma confortável vantagem de 3s quando Rosberg começou a ter problemas em seu ERS. Se Nico queria que Hamilton tivesse problemas mecânicos ou se Felipe Massa chegasse em segundo no final da prova, o tiro saiu pela culatra. Rosberg apenas se arrastou até a bandeirada, terminando a corrida e a temporada dignamente, mas o grande nome do dia foi Lewis Hamilton, que resguardou ao máximo seu carro e só apertou um pouco mais quando Felipe Massa, fazendo uma ótima corrida e podendo facilmente estar nessa parte da coluna, se aproximou. Vencendo pela décima primeira vez no ano, Lewis Hamilton foi um digno vencedor do campeonato de 2014, superando várias dos seus fantasmas e um rival ardiloso, que se era mais lento do que ele, era mais inteligente. Parabéns ao novo bicampeão Lewis Hamilton!
Figurão(ABU): Ferrari
Cinco anos atrás, a Ferrari saiu de Abu Dhabi com Kimi Raikkonen conseguindo apenas uma 12º posição e Giancarlo Fisichella, substituindo o contundido Felipe Massa, em 16º, uma volta atrás. Tinha sido um ano terrível para a Ferrari, com um carro ruim, a não adaptação aos novos regulamentos, a falta de motivação de Kimi Raikkonen e o quase fatal acidente de Felipe Massa. Porém, a expectativa para 2010 era muito boa com a chegada de Fernando Alonso e aquela péssima prova em Abu Dhabi em 2009 estava mais para uma ressaca de um ano ruim. Cinco anos se passaram e a esperada passagem de Alonso na Ferrari não foi a esperada e nenhum título foi conquistado. O espanhol saiu da Ferrari com apenas um nono lugar no mesmo circuito de Abu Dhabi, com Kimi Raikkonen, a grande decepção desse ano, logo atrás, ambos pouco menos de 90s atrás do vencedor e bicampeão Lewis Hamilton. Assim como em 2009, haverá uma mudança de pilotos para a temporada seguinte, com a chegada de Sebastian Vettel e a saída de Alonso, mas a expectativa para 2015 não é tão brilhante como há cinco anos atrás. A diferença entre Mercedes e Ferrari, principalmente o motor, foi gritante e com o congelamento do desenvolvimento dos motores, essa desvantagem tende a ficar no mesmo estágio. A passagem de Alonso trouxe graves problemas políticos dentro do seio da Ferrari a ponto de causar, em um único ano, a saída do quase eterno presidente Luca di Montezemolo, e de dois chefes de equipe. O terceiro, Maurizio Arrivabene, foi vice-presidente de marketing da Philip Morris, significando que o italiano não tem um histórico de pista, assim como o seu antecessor, o breve Marco Mattiacci. Se na saída de Michael Schumacher houve uma certa calmaria pelos lados de Maranello, a saída de Alonso deixou um verdadeiro caos gerencial para Arrivabene consertar, tendo ainda que a Ferrari fazer um bom carro para o próximo ano, algo que faz tempo que não consegue, além de um motor minimamente decente e capaz de brigar com a Mercedes. Será que Sebastian Vettel tem noção do bucho em que está se metendo?
domingo, 23 de novembro de 2014
Com o selo real
A pontuação dobrada foi utilizada pela primeira e, talvez, única vez esse ano devido à polêmica entre os fãs da F1. Mais especificamente esse ano, como poderia se explicar um piloto com pouco mais da metade de vitórias do rival pelo título derrotar um piloto com dez triunfos no ano? Por isso, a torcida estava toda para Lewis Hamilton, que além disso, tem um estilo de pilotagem agressivo e que, literalmente, levanta a torcida. Piloto extremamente talentoso e agressivo, Lewis Hamilton garantiu o seu bicampeonato de forma mais tranquila do que o esperado, conseguindo sua 11º vitória no ano e desempatando com Fernando Alonso como o segundo piloto mais vitorioso em atividade, além de ser o britânico com mais vitória na história da F1 e se tornando uma lenda britânica, como foi enfatizado pelo príncipe Harry, presente no Grande Prêmio de Abu Dhabi e convidado a dizer algumas palavras à Hamilton após a bandeirada.
Como diz a famosa Lei de Murphy, quando é para dar errado, dá tudo errado mesmo. O calvário de Nico Rosberg começou na largada, quando o alemão por muito pouco não perdia a segunda posição para um inspirado Felipe Massa. Agora podendo ditar o ritmo da corrida, Hamilton rapidamente disparou à frente e acabou com a estratégia de Rosberg, que se largasse bem e mantivesse a vantagem da pole, provavelmente dosaria o seu ritmo para que Hamilton fosse atacado pelo Williams de Massa e tentar garantir o resultado que interessava à Rosberg. Hamilton tinha um bom ritmo, abrindo em torno de 3s para Nico quando o alemão perdeu 3s em uma volta. Nico, que tanto sonhou com um problema no carro do companheiro de equipe, viu sua unidade de potência desenvolver um grave problema que não seria mais consertado. Facilmente ultrapassado por Massa, Nico sofreria até a bandeirada. A câmera ao lado do seu capacete mostrava a feição de desespero de Rosberg, que nada podia fazer com um problema que só piorava ao longo da corrida e quando a vaca já tinha ido para o brejo, a própria Mercedes pediu à Nico encostar seu carro, mas o alemão não queria acabar sua magnífica e surpreendente temporada no box. Ele foi até o fim e recebeu a bandeirada uma volta atrás do seu rival. Na ante-sala do pódio, Nico Rosberg fez questão de cumprimentar Hamilton, mesmo com um sorriso amarelo nos lábios. Nico sabe que perdeu uma chance enorme de conquistar seu primeiro título na F1. O alemão chegou a ter 29 pontos de vantagem sobre Hamilton, um piloto notavelmente melhor do que ele, mas no final o talento de Lewis falou mais alto e Rosberg acabou provando um pouco do veneno que o seu 'companheiro' de equipe sentiu em várias provas nesse ano: o azar. O abandono. Os pontos perdidos. Porém, Nico Rosberg foi um grande rival para Hamilton, mas com o inglês agora ainda mais confiante para 2015, será difícil para o alemão segurar um Lewis ainda mais forte.
A corrida de Lewis Hamilton acabou com os problemas de Nico Rosberg. Preocupado com um problema duplo nos seus carros, como aconteceu em Montreal, a Mercedes pediu que Lewis diminuísse seu ritmo e todos os sistemas do seu carro foram rebaixados para que ele apenas terminasse a prova. A emoção que o Galvão quis transmitir nesse corrida foi mais ilusório, pois Hamilton tinha a corrida totalmente sob controle e como se viu, quando quis aumentar um tiquinho a mais seu ritmo, ele era mais rápido do que Massa. O inglês fez uma prova tranquila rumo a bandeirada e estava claramente emocionado no pódio. Ao contrário do que se espera de um inglês, com toda a sua fleuma e frieza, Lewis Hamilton é um piloto emocional dentro e fora das pistas.
Mesmo com Hamilton cuidando ao máximo do seu carro rumo a consagradora vitória que lhe deu o segundo título, não se pode ignorar a belíssima corrida de Felipe Massa, ainda melhor do que a já brilhante corrida em Interlagos. Vendo seu companheiro de equipe largar ainda pior do que Rosberg, Massa passou a perseguir a Mercedes a uma certa distância, mas Felipe estava lá para capitalizar o problema de Rosberg e aproveitando o cuidado de Hamilton, tentou fazer uma pressão no inglês da Mercedes, na esperança de Lewis não querer muito briga numa eventual disputa pelo primeiro lugar no final da prova. Massa garantiu sua melhor posição no ano e fecha a temporada 2014, que muita gente, inclusive eu, dizia que poderia ser uma passagem final numa claudicante Williams, assim como foi Rubens Barrichello, em alta, com uma esperada vitória podendo acontecer a qualquer momento, com a Williams mantendo esse belo momento de 2014, que viu Bottas largar muito mal, mas conseguir facilmente o terceiro lugar na corrida e garantir um ótimo quarto lugar no Mundial de Pilotos para o finlandês, dando um excelente pódio duplo para a Williams. Daniel Ricciardo mostrou que o potencial da Red Bull em Abu Dhabi era enorme ao sair dos boxes, após a Red Bull ser desclassificada no sábado por problemas técnicos, para um ótimo quarto lugar. O australiano, visto até mesmo com certa desconfiança no começo do ano, começa a mostrar que pode ser uma futura estrela da F1 e o carisma de Ricciardo pode fazê-lo também bastante popular. Vettel fez uma estratégia um pouco diferente de Ricciardo, mas o resultado foi o mesmo: ficou atrás do companheiro de equipe. Seb irá para a Ferrari com a pressão de mostrar que seus quatro títulos, muito merecidos, também teve seu dedo e nem tanto as habilidosas mãos de Adryan Newey no projeto da Red Bull dos últimos anos.
Os zerinhos após a prova de Jenson Button meio que entregam que o inglês pode ter se despedido da F1, o que seria uma enorme pena, mas falarei sobre isso em outro momento. A Force India, mesmo sendo o pior carro com motores Mercedes, colocou seus dois pilotos na zona de pontuação sem maiores problemas, mas com o quinto lugar de Button, se manteve em sexto no Mundial de Construtores, o que não é nada mal. A Ferrari teve outra corrida para esquecer e Alonso viu sua despedida da scuderia, que tanto sonhou estar, apenas em nono lugar, com Raikkonen logo atrás. Cinco anos atrás, a Ferrari fazia uma corrida horrível em Abu Dhabi, mas com grandes expectativas com a chegada de Alonso no ano seguinte. Talvez com Vettel chegando, a Ferrari consiga a motivação suficiente para voltar a brigar pelas vitórias. Daniil Kvyat subiu para quarto no grid, mas o russo terá que melhorar bastante seu ritmo de corrida numa equipe como a Red Bull, pois mais uma vez Kvyat largou bem, mas foi perdendo rendimento com o passar do tempo, com o se abandono não sendo possível saber aonde terminaria o jovem russo, enquanto Vergne, ainda na expectativa se será professor de Max Verstappen ano que vem ou será dispensado, fez uma corrida discreta. A Sauber fechou o ano zerada e mais vez esteve longe de tirar o dedo em 2014, enquanto a Lotus finalizou seu também muito ruim ano com Pastor Maldonado estourando espetacularmente o seu motor. Chegando à Abu Dhabi devido a uma vaquinha virtual, a Caterham fez o que dela se espera, mas o novato Will Stevens, na minha opinião, fez mais do que Marcus Ericsson em dezesseis provas...
E assim termina a temporada 2014 da F1. Um ano histórico que se viu de tudo. Tanto pro lado bom, como pro lado ruim. O novo regulamente viu a saída da Red Bull como equipe dominante para o surgimento da Mercedes com um domínio ainda maior, mas se nos quatro anos anteriores a Red Bull também viu o domínio de Sebastian Vettel, esse ano os dois pilotos da Mercedes trouxeram uma grande emoção para o campeonato devido a surpreendente rivalidade entre eles, lembrando os áureos anos de Senna-Prost em 1988 na McLaren, mesmo que muitos puritanos achem isso uma heresia. Também vimos a F1 entrando numa perigosa espiral de gastos que ainda põe seu futuro em cheque e que praticamente custou duas equipes a menos no pelotão, já que só um milagre do tamanho que o Ceará precisa para subir para a Série A em 2015, para a Caterham correr no ano que vem. O pior, porém, foi a F1 ter que conviver com a morte novamente de perto, com Jules Bianchi ainda lutando pela vida, mas com algumas melhoras em seu quadro na última semana. Contudo, 2014 viu o ressurgimento da Williams como uma equipe de ponta, jovens pilotos como Daniel Ricciardo e Valtteri Bottas surgindo com força para os próximos anos e a Mercedes como a grande equipe de hoje e para os próximos anos, com um ainda mais confiante Lewis Hamilton, agora bicampeão mundial, vindo mais forte do que nunca! Que venha logo março de 2015!
sábado, 22 de novembro de 2014
Primeira lição
Numa situação onde praticamente apenas a vitória interessa, Nico Rosberg começou o Grande Prêmio de Abu Dhabi fazendo dele o que se espera, conquistando a pole position. E hoje, com larga vantagem sobre Hamilton, que teve uma sessão classificatória nervosa e cheia de travadinhas, mas que ainda garantiu o inglês na cômoda primeira fila, justamente o que ele necessita para ser bicampeão amanhã.
O treino no Oriente Médio foi bem típico de 2014, com a Mercedes garantindo a primeira fila, seguido pela Williams e Red Bull. Se Hamilton foi o mais rápido no Q1 e no Q2, Nico deu o troco no Q3, quando importava, ficando com a pole por quase quatro décimos, algo bastante anormal nessa disputa interna da Mercedes. Mesmo tendo bem menos vitórias do que Hamilton, Rosberg tem mais poles do que o rival em 2014, algo bem interessante, vide a principal característica de Hamilton ser a velocidade pura e Rosberg ser mais comedido. Do mesmo jeito da Mercedes, na Williams Felipe Massa foi constantemente mais rápido do que Bottas, mas na volta final, o finlandês deu o bote fatal e superou mais uma vez o brasileiro. Tudo o que Rosberg quer é uma Williams próxima de Hamilton e pelo menos em ritmo de classificação, foi o que aconteceu. Em sua última corrida na Red Bull, Vettel seguiu sua sina em 2014 ao ser superado pelo seu companheiro de equipe Ricciardo, ocorrendo o contrário de Alonso, que se despede da Ferrari errando em sua volta decisiva no Q3 e ficando atrás de Raikkonen, algo incomum nesse ano, mas mostrando o quão foi a escuderia esse ano, os dois campeões fecharam o Q3. Querendo mostrar serviço para permanecer em 2015, Button superou por muito seu companheiro de equipe Kevin Magnussen e foi ao Q3. Se será decisivo para que o inglês seja companheiro de Alonso na McLaren em 2015, não sabemos. Sinceramente, torço para que Button permaneça na F1 em 2015. Sua pilotagem me agrada e Jenson parece ser uma ótima pessoa.
E amanhã será o grande dia de uma temporada que já considero histórica por bons e maus motivos. A criticada regra da pontuação dobrada fez com que a disputa pelo título seja uma briga mano a mano entre Nico e Lewis. Para Hamilton, basta chegar em segundo para ser campeão, uma tarefa até fácil para o carro que tem, mas bastante tensa para o tenso inglês. Não devemos esquecer que suas disputas de título em 2007 e 2008 foram marcadas por erros e tensões e Hamilton não parece nada tranquilo nesse final de semana, algo que Nico Rosberg deixa transparecer e o alemão também não nega que investira pesado nesse lado tenso de Hamilton. Mesmo Abu Dhabi não sendo uma pista emocionante, amanhã tende a ser uma corrida daquelas históricas!
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Panca da semana
A F3 realizou sua tradicional visita nesse final de semana à Macau e sua corrida com ares de Mundial da categoria. Numa época nem tão distante assim, vencer em Macau era quase que uma garantia de conseguir um lugar na F1, mas como as equipes de F1 cada vez mais recrutam seus pilotos no kart, a importância de Macau se tornou mais pela tradição do que pela indicação de uma futura estrela da F1. O circuito da Guia é muito conhecido pela enorme e larga reta dos boxes, mas também pelo aperto do resto do circuito. Juntar jovens pilotos de F3 num circuito com tamanha diferença de característica em poucos metros, pode garantir isso:
domingo, 16 de novembro de 2014
Mata-mata ou pontos corridos?
Durante muitos e muitos anos, o Campeonato Brasileiro de futebol foi disputado com regulamentos estapafúrdios, com grupos, fases e um mata-mata final para definir o campeão do ano. Os críticos reclamavam a cada ano em que o regulamento era mostrado e os nossos cartolas inventavam a cada temporada uma fórmula de campeonato mais esdrúxulo. Foram tantos os exemplos de injustiças ao longo dos anos no futebol nacional, que de 2002 para cá, a fórmula dos pontos corridos foi adotado, imitando o que acontecia em todo o mundo, e após doze anos o Campeonato Brasileiro é vencido pelo time com o maior número de pontos ao longo de 38 rodadas. Simples assim.
A Nascar fez o inverso do futebol daqui. Após anos em que o piloto que marcava mais pontos era o campeão, a categoria americana resolveu trazer os play-offs, depois conhecido como 'Chase'. Para quem não lembra, isso aconteceu pelo título de Matt Kenseth em 2003, quando o piloto da Roush venceu apenas uma corrida ao longo da cansativa temporada de 36 corridas, enquanto haviam pilotos como o oitavo colocado Ryan Newman com oito triunfos ao longo do ano. Para a Nascar, o piloto campeão deveria ser o que tinha o maior número de vitórias do ano e, se possível, garantindo o título na última corrida do ano. E assim as dez últimas corridas da temporada da Sprint Cup eram decisivas para definir o campeão. Porém, desde então a Nascar perdeu completamente a mão do seu novo formato de play-offs, com todo o ano se mudando a fórmula de disputa e talvez se 'inspirando' nos cartolas do futebol brasileiro nas décadas de 70 e 80, tornando a decisão mais complicada de se entender para os torcedores. Em 2014, uma complicadíssima fórmula de disputa trouxe uma espécie de 'quartas-de-final', 'semifinal' e uma super final com quatro pilotos disputando o título na última corrida, onde quem chega na frente, vence o campeonato.
Nesse domingo em Homestead, os quatro postulantes ao títulos eram Kevin Harvick, Danny Hamlin, Joey Logano e Ryan Newman. Os quatro nunca haviam vencido o título da Sprint Cup, com Hamlin tendo ficado mais perto, com o vice-campeonato de 2010. Outro detalhe era que Newman, o grande exemplo de 2003 para que a Nascar mudasse o seu regulamento, chegava à corrida final com... nenhuma vitória! E poderia ser campeão assim! Contudo, numa prova tensa, onde muitas bandeiras amarelas ocorreram justamente nas voltas finais, Kevin Harvick se sagrou campeão pela primeira vez com uma vitória, derrotando justamente Newman na última relargada quando faltavam três voltas. Foi a segunda vitória consecutiva para Harvick e a quinta no ano. O piloto que fará 39 anos no próximo mês esperou catorze anos na Sprint Cup para conquistar seu primeiro campeonato, sendo sempre um piloto de ponta e protagonista de uma das boas histórias do automobilismo. Harvick era o piloto júnior da equipe de Richard Childress em 2001 e cotado como o substituto do ídolo Dale Earnhardt quando esse se aposentasse. Porém, quando o 'Intimidador' morreu na primeira corrida do ano em Daytona, Harvick foi alçado para correr no mesmo carro de Earnhardt, só mudando o mítico 3 para 29, com o qual Harvick correu até o ano passado. Apenas três semanas mais tarde, Harvick venceria em Atlanta com uma diferença mínima, numa das corridas mais emocionantes da história da Nascar. Para quem está habituado à F1, seria o mesmo que David Coulthard, que substituiu Senna após o trágico 1º de maio de 1994, pegasse o carro do brasileiro e vencesse três provas mais tarde...
A Nascar chega ao fim do seu campeonato recheado de problemas com seus pilotos extra-pista (o atropelamento de Tony Stewart que matou um piloto de 20 anos e o caso de agressão à namorada de Kurt Busch) e um regulamento de difícil compreensão para os fãs, que deixou outros 39 pilotos na pista sem motivação nenhuma, pois eles não brigariam por mais nada na prova final, além do que, a Nascar escapou de mais polêmicas nesse final. Na entrevista de pós-corrida, Newman não escondeu que pensou em acertar Harvick nas voltas finais, algo que Newman fez na penúltima etapa em Phoenix para garantir seu lugar entre os quatro postulantes ao título em Homestead. Numa das últimas paradas, Joey Logano, que vinha sempre entre os primeiros, viu o macaco da equipe Penske quebrar e com isso Logano, que fez uma temporada brilhante, viu seu sonho de título acabar devido a um problema totalmente alheio. Foram várias as injustiças devido a esse formato de campeonato que vale a pergunta à Nascar: será que não seria melhor voltar ao velho, bom e confiável sistema de pontos corridos? Porém, Kevin Harvick não tem nada com isso e como ele mesmo falou, não dormirá por uma semana comemorando o seu tão sonhado título!
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
O estapeado
Foram 37 Grandes Prêmios, 24 largadas e apenas três pontos na carreira. Além da F1, esse chileno passou pela Indy, Mundial de Marcas, American Le Mans Series e rali. Com passagens totalmente sem brilho. E assim foi a carreira de Eliseo Salazar, que completa 60 anos no dia de hoje e cujo momento de glória e resumo da carreira pode ser visto no vídeo abaixo.
Conta a lenda que após esse episódio, em Hockenheim/82, houve outro fato extremamente impagável, mas que infelizmente não foi captado pelas câmeras de TV. Após a corrida, um carro-vassoura foi atrás de todos os carros acidentados, assim como seus respectivos pilotos. Piquet via se aproximar a kombi da organização, quando deu de cara com um Salazar todo acabrunhado no bando de trás. Ainda irritado, Piquet simplesmente expulsou o motorista da kombi e Salazar, pegou o volante da velha kombi e voltou aos boxes sozinho, deixando os demais pilotos esperando outra carona. Antes desse episódio, conta-se que Salazar e Piquet se davam bem, inclusive com o brasileiro fazendo do chileno uma espécie de pupilo. Após a presepada, Eliseo Salazar sempre serviu de exemplo para Piquet, de como vários pilotos ruins conseguem chegar à F1... Muitos anos mais tarde, a BMW confessou a Piquet que o seu motor naquele dia estava prestes a explodir e que Salazar 'salvou' a montadora bávara do vexame de ver o motor explodir em casa e na liderança. Pouco tempo depois, num programa de TV, Piquet e Salazar meio que fizeram às pazes, mas o chileno continua até hoje sendo mais conhecido por ter levados uns tapas de Nelson Piquet. E Piquet ainda se refere a Salazar como um dos piores pilotos da história da F1...
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Enquanto isso no domingo...
No mesmo final de semana do agitado, dentro e, principalmente, fora das pistas, do Grande Prêmio do Brasil de F1, o Mundial de Motovelocidade encerrava sua temporada 2014 em Valencia, onde a única pendência era mesmo o campeão da Moto3, que ficou nas mãos de Alex Márquez, irmão mais novo de Marc.
Na MotoGP, Marc garantiu outro recorde ao conquistar sua 13º vitória na temporada, quebrando um recorde de dezessete anos de Michael Doohan, se tornando o piloto com o maior número de vitórias num ano. Se em 2013 Marc Márquez viu seus principais adversários (Jorge Lorenzo e Daniel Pedrosa) se machucando gravemente, neste ano o jovem espanhol da Honda confirmou todo o seu talento e conseguiu o bicampeonato de forma arrasadora, com todos os seus rivais bem de saúde, mas desta vez Marc teve em um inspirado Valentino Rossi como grande rival. Já contando com 35 anos e com sete títulos só na categoria premier, Rossi fez um ano espetacular em 2014, derrotando com alguma sobra seu companheiro de equipe Jorge Lorenzo, que fez uma aposta arriscadíssima em Valencia ao trocar sua moto acertada para piso molhado quando mal garoava em Valencia. Mais forte e com mais moral, Rossi poderá ter mais voz na construção da Yamaha M1 de 2015, enquanto Lorenzo, ainda pilotando de forma fenomenal, mas sem a regularidade dos últimos anos, terá que correr atrás.
Mesmo com a mesma moto do campeão dominante do ano, Daniel Pedrosa foi apenas quarto colocado no Mundial com uma única vitória. Dani viu três companheiros de equipes sendo campeão, viu a Honda forçar a Dorna mudar o regulamento de 1000cc para 800cc anos atrás por causa dele e até agora Pedrosa não mostrou a que veio na MotoGP, mesmo sendo considerado um piloto muito rápido, além de fortíssimo quando corre isolado. Em Valencia, Pedrosa foi extremamente discreto, como foi ao longo de 2014, mas mostrando que deve ter o melhor empresário de todos os tempos no Mundial de Motovelocidade, Pedrosa teve seu contrato com a Repsol Honda renovado e 2015 irá para a sua décima temporada consecutiva com a Honda oficial de fábrica. Falando em fábrica, a equipe oficial da Ducati teve outro ano sem vitória e longe de conquistar isso, só garantindo boas posições no grid pela escolha de usar o regulamento aberto e garantir pneus mais macios. Doviziozo, que parece relegado a sempre lutar com motos inferiores em sua carreira, conseguiu alguns pódios e mostrou que é um dos melhores pilotos do pelotão, enquanto Cal Cruthlow foi uma enorme decepção a ponto de ser dispensado do seu contrato ainda faltando um ano. E para 2015, a MotoGP ainda terá a volta da Suzuki, que há muito tempo se prepara para esse retorno.
Nas categorias intermediárias, Tito Rabat dominou inteiramente a Moto2, juntamente com a sua equipe, a Marc VDS, que no próximo ano terá equipes nas três categorias do Mundial. Porém, ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos vinte anos, Rabat preferiu ficar outro ano na Moto2 para defender seu título na mesma equipe, pensando em MotoGP mais à frente. Decisão perigosa, pois qualquer resultado menor do que o título em 2015 será fracasso para Rabat, que terá ao seu lado o campeão da Moto3 Alex Márquez, um piloto não tão brilhante quanto o irmão, mas que também mostrou qualidades em derrotar o australiano Jack Miller, considerado o novo fenômeno australiano e por isso pulou direto para a MotoGP com o apoio da Honda.
E novamente com três campeões espanhóis, o Mundial de Motovelocidade encerrou mais uma temporada com a perspectiva de outra ótima temporada em 2015, onde pilotos já históricos, Marc Márquez, Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, se enfrentem de igual para igual no próximo ano.