Adivinhem quem começou...
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Foto marcante
O Grande Prêmio da Espanha de 1990 foi do nível do Grande Prêmio do Japão de 2015. Ou seja, um porre. Senna conseguiu a pole por causa de sua famosa maestria em voltas lançadas, mas o brasileiro sabia que em pistas travadas, a Ferrari era mais forte que sua McLaren. Senna se manteve na ponta até começar a rodada de pit-stops e rapidamente Prost tomou a ponta. Chegando a andar 1s mais rápido do que Senna, que acabou abandonando, o francês venceu com tranquilidade, no que seria sua última vitória pela Ferrari, e manteve no páreo do título, apesar de Senna ainda ser o grande favorito de 1990. Alessandro Nannini subia ao pódio, ao lado de Prost e Mansell, mas nem o italiano e nem ninguém em Jerez poderia imaginar que aquela seria a última corrida do talentoso italiano na F1, pois alguns dias depois Nannini seria vítima de uma acidente de helicóptero e tem a mão decepada.
Porém, todos os pilotos que largaram vinte e cinco anos atrás tinham uma razão para estarem retraídos no domingo. Na sexta-feira, o promissor Martin Donnelly bate violentamente seu Lotus num dos guard-rails de Jerez. O impacto é impressionante. O Lotus é partido ao meio e Donnelly é jogado fora do seu carro, ainda amarrado ao seu banco, com as pernas entrelaçadas. Pensou-se imediatamente no pior, mas incrivelmente já no domingo Donnelly não corria risco de vida, mas suas pernas estavam seriamente prejudicadas e assim como Prost nunca mais venceu com a Ferrari e Nannini faria sua última corrida na F1, a carreira de Martin Donnelly estava terminada.
A foto de Martin Donnelly estirado no chão, como se estivesse morto, é uma das mais marcantes da história da F1.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Panca da semana
Já tinha ouvido falar em estacionamento vertical, mas esses dois pilotos franceses levaram isso ao extremo, em plena corrida da Porsche Cup francesa.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Figura(JAP): Lewis Hamilton
Após um final de semana estranho em Cingapura, onde a Mercedes sequer chegou ao pódio e esteve longe de brigar pela vitória, Lewis Hamilton deu a volta por cima e finalmente igualou o número de vitórias do ídolo Ayrton Senna. O inglês vinha de um abandono no sudeste asiático e o final de semana em Suzuka não começou de forma animadora para Hamilton, com Rosberg conseguindo a pole no sábado, após uma sexta com muita chuva e pouca informações para as equipes. Com pista seca, a corrida seria decidida na largada. Ponto fraco de Nico Rosberg. E Hamilton conhece seu companheiro de equipe desde os tenros anos de kart e Lewis partiu para cima do alemão no apagar das luzes vermelhas, ficando por dentro na primeira curva, mesmo com Rosberg ainda ao seu lado, tentando manter a pole. Hamilton não se fez de rogado e deu um chega-pra-lá no 'companheiro de equipe', assumindo definitivamente a ponta e deixando Rosberg, que saiu levemente da pista, apenas em quarto. Sem seu maior adversário a lhe incomodar, Hamilton abriu vantagem sobre o segundo colocado Vettel e quando Rosberg se recuperou durante a prova, Lewis apenas administrou a boa vantagem, conseguindo a oitava vitória de 2015, a 41º na carreira. Hamilton sonhava conseguir a vitória de número 41 em Cingapura, pois seria a 161º corrida do inglês na F1, mesmo número de Grandes Prêmios de Senna. As circunstâncias não permitiram, mas Hamilton esperou não mais do que uma semana para igualar seu ídolo e colocar ordem no campeonato. Com mais de quarenta pontos na frente de Rosberg, o tricampeonato de Lewis Hamilton se tornou uma contagem regressiva, podendo ocorrer até mesmo em São Paulo. Cidade natal do seu ídolo Senna.
Figurão(JAP): McLaren-Honda
'Motor de GP2. GP2!', seguido de um grito de raiva, decepção e desilusão. Fernando Alonso mostrou toda a sua frustração enquanto era ultrapassado facilmente, na reta dos boxes de Suzuka, pelo compatriota Carlos Sainz, cuja equipe, a Toro Rosso, está se desligando da Renault, por que os franceses não conseguiram fabricar um bom motor de F1. Chegando já no final da temporada, ninguém esperava que a parceria entre McLaren Honda estivesse numa situação tão vexatória como a que assistimos nesse momento. Nem o talento de Fernando Alonso e Jenson Button foi capaz de melhorar algo na equipe durante 2015 e correndo em casa, toda a cúpula da Honda viu o mesmo de sempre nessa temporada, com seus dois pilotos campeões se arrastando nos treinos e sendo ultrapassados por quem se aproximasse dos gloriosos carros da McLaren, mas no atual cenário em papel de equipe minúscula. O desabafo de Alonso demonstra que em menos de um ano, o enorme potencial da parceria McLaren-Honda começa a ser colocada em xeque.
domingo, 27 de setembro de 2015
Será que ele pode?
Numa de suas comemorações inusitadas após vencer, Jorge Lorenzo escreveu hoje num painel, bem no meio da pista de Aragão: Yes, We Can! O slogan da candidatura de Barack Obama se fez presente após a importante vitória de Lorenzo em Aragão, com o espanhol recortando nove pontos de sua desvantagem para Valentino Rossi, terceiro colocado hoje, barrado por um inspirado e excepcionalmente aguerrido Daniel Pedrosa.
A vida de Lorenzo poderia ser muito mais difícil hoje. Marc Márquez tinha sido o pole com alguma facilidade, mas perdeu a ponta ainda na largada, ultrapassado facilmente por Lorenzo. Esperava-se uma recuperação de Márquez e uma briga acirrada com Lorenzo pela vitória, mas essa expectativa acabou logo na segunda volta, quando Márquez caiu sozinho. O espanhol da Honda se desesperou, aparentemente gritou consigo mesmo, esbravejou com a moto e depois ficou olhando no horizonte, vendo o sonho do tricampeonato ficar praticamente impossível para ele. Quando Lorenzo completou a volta, tinha acabado de marcar a volta mais rápida da corrida e viu a placa 'MARQUEZ OUT'. Era a senha de outra vitória tranquila para Lorenzo, que administrou sua vantagem de 3s até o final da corrida, vencendo em Aragão e jogando mais pimenta no campeonato. Lorenzo tinha muito mais ritmo do que Valentino Rossi em Silverstone e Misano, mas intempéries climáticas acabaram com as chances do espanhol da Yamaha, que viu Rossi abrir 23 pontos nessas duas corridas. Numa prova sem maiores problemas, Lorenzo voltou ao seu ritmo normal e venceu com categoria, se recuperando no campeonato, mas se ele pode ou não, o tempo dirá.
Pois Valentino, mesmo num ritmo abaixo do companheiro de equipe na Yamaha, fez uma corrida combativa como sempre, se recuperando de outra posição ruim no grid para uma dura e espetacular disputa com Daniel Pedrosa pela segunda posição. Conhecido pelas atitudes pouco ativas, Pedrosa esteve inspirado hoje e segurou o ímpeto de Rossi nas últimas voltas com uma agressividade poucas vezes vista na já longa carreira do espanhol da Honda (o péssimo narrador do Sportv disse que a disputa entre Rossi e Pedrosa era a disputa entre a velha e nova guarda, se esquecendo que essa já é a décima temporada de Dani Pedrosa na MotoGP!), que acabou ajudando seu antigo rival Lorenzo, pois tirou quatro pontos de Rossi no campeonato.
A disputa deverá ser acirrada entre os dois pilotos da Yamaha até o final, onde Rossi utilizará sua experiência para tentar segurar o ímpeto de Lorenzo, hoje claramente andando mais do que Rossi. Deverá ser uma disputa épica até o final!
Pista para pilotos
Suzuka e suas curvas rápidas sempre foi uma das pistas favoritas de todos os pilotos de F1, se tornando um clássico dentro da categoria. Todos os pilotos falam do prazer em se pilotar em Suzuka, principalmente no primeiro setor da pista, com várias curvas rápidas em sequência. Porém, nos últimos anos, as corrida em Suzuka não são das mais animadas para quem está assistindo e hoje tivemos outro exemplo de uma corrida que deve ter sido divertida para quem estava dentro do cockpit, mas tediosa ao extremo para quem assistia pela TV. Lewis Hamilton não tinha nada com isso e com uma largada perfeita, não apenas ultrapassou, como deu um chega-pra-lá no pole Nico Rosberg para desfilar nas 53 voltas de corrida, chegando à 41º vitória na F1, se igualando a Ayrton Senna, seu ídolo. As demais posições do pódio foram as mesmas da maioria das corridas de 2015, com Nico Rosberg se recuperando até completar a dobradinha da Mercedes e Vettel sendo o melhor do resto.
A corrida, da primeira à última posição, foi definida na largada. Hamilton saiu melhor do que Nico Rosberg, mas o alemão, ainda sonhando com o título, jogou duro com o companheiro de equipe nos primeiros metros da corrida em Suzuka, com ambas as Mercedes andando lado a lado, devendo ter deixado a cúpula da Mercedes angustiada naqueles segundos, onde Hamilton finalmente se impôs sobre Nico e ainda fez com que Rosberg saísse brevemente da pista, proporcionando que Vettel, em excelente largada, e Bottas ficassem entre o inglês e Rosberg. Meio que dando uma resposta pela corrida em Cingapura, Lewis Hamilton esmagou a concorrência no primeiro stint de corrida, rapidamente chegando aos 7s de vantagem sobre Vettel e 10s sobre o quarto colocado Nico Rosberg, principal preocupação de Lewis. Andando 2/3 da prova com os pneus macios, Hamilton desapareceu, chegando a abrir mais de 12s sobre Vettel e nem quando o segundo colocado era Rosberg, Lewis se preocupou em perder a 41º vitória de sua já gloriosa carreira, se igualando a Senna como o quarto piloto com mais vitórias na história da F1, podendo pular para terceiro ainda em 2015, quando deverá conquistar o tricampeonato. Hamilton dominou como esperava dominar semana passada em Cingapura, mas em Suzuka Lewis deu um claro sinal de que o fracasso em Cingapura foi um ponto fora da curva e que deverá papar o terceiro título até mesmo com alguma antecipação. Nico Rosberg foi mais aguerrido do que o normal, mas outra má largada do alemão o relegou ao quarto lugar quando Hamilton espalhou para cima dele no complemento da curva um. Nico ainda se assustou com um problema no seu motor, mas quando não se falou mais disso, fez uma bela ultrapassagem sobre Bottas na freada da chicane e usando o potencial do seu carro, deixou Vettel para trás nos boxes. Porém, o segundo lugar em outra corrida de recuperação é muito pouco para Rosberg poder incomodar Hamilton, mas ao menos o alemão abriu um pouco de Vettel na luta pelo vice-campeonato, pois com o carro que tem, perder o vice-campeonato pegaria muito mal para Rosberg.
Vettel fez uma boa largada, tomando a posição de Bottas e se aproveitando da espalhada de Rosberg, mas depois disso o alemão pouco pôde fazer para enfrentar o poderio da Mercedes. Quando teve Rosberg atrás de si, nem as incríveis paradas da Ferrari fez com que Vettel saísse na frente do compatriota e Sebastian teve que se conformar mesmo com a terceira posição, posição mais do que habitual do piloto da Ferrari. Raikkonen fez uma corrida burocrática, assim como a maioria do grid, deixando Bottas para trás nos boxes para terminar em quarto, provando que a Ferrari é mesmo a segunda força da F1. Bottas chegou a sonhar com o pódio, mas nem mesmo fazendo 2/3 da prova com os pneus macios fez com que o finlandês fosse capaz de andar no mesmo nível da Ferrari e Bottas terminou num isolado quinto lugar. Massa foi outro que teve sua prova decidida na largada, quando um pequeno toque com Ricciardo furou o pneu dianteiro do brasileiro, que teve que fazer toda a primeira volta tão lentamente, que foi alcançado por Hamilton no final da primeira passagem. Com uma volta de desvantagem, tudo o que Massa pôde fazer foi ultrapassar os dois carros da Manor, mas com duas corridas azaradas, Felipe ficou para trás na briga pelo quarto lugar no Mundial de Pilotos. Hulkenberg se recuperou de uma sequência ruim de corridas e conseguiu um ótimo e solitário sexto lugar, enquanto Pérez se envolveu num incidente com Hulk e um Toro Rosso na primeira curva, caindo para as últimas posições logo de cara, acabando com a boa sequência de pontos do mexicano, que renovou contrato com a Force India para a próxima temporada. A Lotus, que quase ficou sem almoço na sexta devido à sua calamitosa situação financeira e a indefinição da Renault de compra-la logo, fez seu feijão-com-arroz e pôs seus dois carros nos pontos, com Grosjean, de saída da equipe, na frente de Maldonado, de contrato renovado e sem incidentes dessa vez.
A dupla da Toro Rosso fez outra corrida de destaque, com Max Verstappen, que aprontou na classificação e foi punido, saindo de 17º até os pontos, tendo Carlos Sainz logo atrás, mesmo o espanhol cometendo um erro besta ao atingir um cone enquanto entrava nos boxes. Criticado pelos seus 17 anos no começo do ano, Max já demonstra ser um piloto diferenciado, conseguindo resultados acima da capacidade do seu carro e derrotando o seu companheiro de equipe, o também talentoso Carlos Sainz. Se continuar na F1, a Red Bull terá um belo futuro pela frente. Pois o presente não foi dos mais animadores. Com o pneu furado após toque com Massa na largada, Ricciardo se viu relegado às ultimas posições, onde já estava Kvyat, que largou dos boxes após ter seu carro reconstruído após o espetacular acidente na classificação. O russo participou de animadas disputas na pista, mesmo com problemas nos freios, mas ambos pilotos da Red Bull acabaram fora da zona de pontos. A frase do final de semana foi de Fernando Alonso. 'Tenho um motor de GP2', seguido de um grito que misturava frustração, raiva e desconsolo da situação atual de sua carreira, enquanto era ultrapassado facilmente por Carlos Sainz da Toro Rosso, que nem tem o melhor motor da F1. Ao dizer isso na casa da Honda, Alonso escancarou toda a decepção com o projeto McLaren-Honda, que mesmo tendo muito potencial, está muito distante de ficar num nível aceitável. A Sauber ficou fora da zona de pontos, enquanto Nasr, novamente bem atrás de Ericsson, foi o único abandono do dia, enquanto a Manor deu uma animada na corrida quando Stevens rodou bem na frente de Rossi, quase provocando uma colisão séria entre seus dois pilotos.
Após a surpreendente corrida cingapuriana, a F1 voltou ao seu normal com Hamilton caminhando a passos largos rumo ao tricampeonato, só esperando quando irá comemorar o seu título. Se for em Interlagos, tanto melhor para Hamilton, que venera Ayrton Senna e igualar o número de títulos do brasileiro cidade onde Senna nasceu, seria bem especial para Lewis. Só esperamos que em Interlagos e em todas as corridas até lá, a qualidade das provas sejam bem melhores do que a de hoje.
sábado, 26 de setembro de 2015
Voltando quase ao normal
A singular pista de Cingapura fez com que a F1 tivesse a corrida mais surpreendente desde a introdução dos motores V6 turbo na semana passada, com a Mercedes longe da briga pela vitória e ficando de fora até mesmo do pódio, numa corrida sem intempéries climáticas em nenhuma das sessões cingapurianas. Uma semana depois, a F1 vai à Suzuka e sua mítica pista, com a Mercedes se aproveitando de um circuito mais 'normal' para voltar a impor seu domínio. Porém, a F1 não voltou totalmente ao normal, com Hamilton levando tempo de Nico Rosberg.
Vendo pelos resultados (não pude ver os treinos), a Mercedes voltou a reinar na F1, inclusive com Bottas superando Vettel e os três primeiros sendo supridos com motores Mercedes. Vettel voltou à realidade e nem o seu habitual terceiro lugar conseguiu, com Massa superando a segunda Ferrari de Raikkonen. Com uma diferença muito pequena entre os carros de Williams e Ferrari, a briga pelo terceiro lugar tende a ser animada, enquanto lá na frente, Nico Rosberg tentará uma reação nessa reta final de campeonato e uma vitória em Suzuka é essencial para a tentativa do alemão de tirar o título de Hamilton. O treino foi marcado por um espetacular acidente de Daniil Kvyat, sem maiores problemas para o russo, mas com o treino sendo interrompido no final do Q3.
Se na sexta choveu forte, o resto do final de semana japonês tende a ver pista seca, para alívio não apenas dos pilotos da Mercedes, favoritos destacados nessa condição, como também para toda a F1. Um ano depois do trágico acidente que tirou a vida Jules Bianchi, Suzuka continua bastante perigosa com pista molhada, mesmo com reformas em algumas curvas, com os carros aquaplanando a todo momento nos treinos livres de sexta. Com tantas lembranças ruins, Suzuka não precisa de outro final de semana tenso e conturbado agora.
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
História: 10 anos do Grande Prêmio do Brasil de 2005
A última corrida europeia de 2005 mostrava bem o que tinha sido a temporada. Mesmo se correndo em condições traiçoeiras na Bélgica, a McLaren dominou a corrida a estava a ponto de conseguir sua primeira dobradinha de 2005, quando Montoya se envolveu num estranho incidente com o retardatário Antonio Pizzônia. A McLaren tinha claramente o carro mais rápido dez anos atrás, mas sempre acontecia algum problema com um dos carros (ou os dois...) do time de Ron Dennis e pontos preciosos iam para o ralo. Kimi venceu em Spa, mas o abandono de Montoya nas voltas finais proporcionou pontos cruciais para que Alonso chegasse à Interlagos precisando apenas de um terceiro lugar para se tornar o mais jovem campeão de então da F1, batendo um recorde de um paulistano, Emerson Fittipaldi.
E o espanhol demonstrou que queria definir o título o mais rápido possível, conseguindo a pole em Interlagos, onde Alonso teve muito sangue frio para conseguir um ótimo tempo sendo o penúltimo a entrar na pista, colocando 0.15s de vantagem sobre Montoya. Raikkonen era o último a entrar na pista, mas Alonso já comemorava a pole quando o finlandês da McLaren errou logo no Esse do Senna em sua volta lançada, só conseguindo o quinto melhor tempo. Para melhorar as coisas para a Renault, mesmo sendo um dos primeiros a fazer sua volta mais rápida, Fisichella garantiu um bom terceiro lugar, com Button completando a segunda fila. Correndo pela última vez de Ferrari em sua casa, Barrichello também errou logo na curva um de Interlagos e largaria apenas em nono dez anos atrás. Seu substituto na Ferrari na temporada seguinte, Felipe Massa, largaria logo à frente de Rubens, quase que demonstrando uma troca de bastão entre os pilotos brasileiros dez anos atrás, com Massa passando a ser o principal brasileiro na F1. Até agora!
Grid:
1) Alonso (Renault) - 1:11.988
2) Montoya (McLaren) - 1:12.145
3) Fisichella (Renault) - 1:12.558
4) Button (BAR) - 1:12.696
5) Raikkonen (McLaren) - 1:12.781
6) Klien (Red Bull) - 1:12.889
7) M.Schumacher (Ferrari) - 1:12.976
8) Massa (Sauber) - 1:13.151
9) Barrichello (Ferrari) - 1:13.183
10) R.Schumacher (Toyota) - 1:13.285
O dia 25 de setembro de 2005 amanheceu chuvoso em São Paulo, como já havia acontecido algumas vezes durante o final de semana de dez anos atrás, mas quando a hora da largada se aproximava, a pista foi secando e mesmo com alguns pontos de umidade, a corrida aconteceria com pista seca. Ainda antes da largada, Villeneuve foi punido por modificações em seu Sauber no parque fechado e largaria no pit-lane, enquanto Tiago Monteiro tem problemas de embreagem e vai aos boxes ao final da volta de apresentação. O português estava conseguindo o feito de levar sua Jordan ao final de todas as corridas em 2005, mas bem na corrida caseira de sua mãe, Monteiro abandonaria mais tarde, com problemas hidráulicos. Com Renault e McLaren tendo deixado bem claro quem eram seus principais pilotos, haviam dúvidas de como se comportariam seus segundos pilotos, respectivamente Fisichella e Montoya, que largavam ao lado dos rivais de seus companheiros de equipe. Porém, os problemas aconteceram no meio do pelotão, quando Coulthard e Pizzônia se tocaram e resultou num terceiro carro envolvido: a Williams de Mark Webber. Um ano após a vitória em Interlagos com Montoya, a Williams se despedia do Brasil apenas 300 metros após a largada, demonstrando como 2005 havia sido péssimo para o time de Frank Williams. O primeiro de muitos que viriam pela frente...
O safety-car entrou em ação e houve bastante respeito entre os pilotos de Renault e McLaren na largada, com Raikkonen subindo para terceiro sem maiores arroubos de Fisichella, enquanto Alonso permanecia na ponta, logo à frente de Montoya. Na relargada, Alonso deu uma vacilada na primeira curva e acabou ultrapassado por Montoya. Kimi tentou pegar uma carona na manobra do seu companheiro de equipe, mas Alonso conseguiu manter a segunda posição, enquanto mais atrás, Fisichella tomava a quarta posição de Schumacher, que tinha feito uma ótima largada, ao contrário de Button, que caía de quarto para sexto. Após um início eletrizante, a corrida fica estática, com os três primeiros (Montoya, Alonso e Raikkonen) se distanciando dos demais. Montoya e Alonso trocavam voltas mais rápidas até o espanhol fazer sua primeira parada na volta 22, retornando à pista em sexto, mas ganharia uma posição com a parada de Fisichella na passagem seguinte. Schumacher toma a posição de Fisichella novamente e de forma definitiva durante a primeira rodada de paradas, enquanto as McLaren esticavam as paradas novamente, com Montoya parando na volta 28 e Kimi na 31. Pensava-se até numa estratégia diferente para Raikkonen, de uma única parada, mas o reabastecimento rápido da McLaren indicava uma outra parada para o finlandês e o pior era que Alonso ainda continuava em segundo, garantindo o título até mesmo com alguma folga.
O meio da corrida foi calmo e sem maiores agitações. Na segunda rodada de paradas, novamente a McLaren retardou o pit-stop dos seus pilotos, com Raikkonen quase dando o pulo do gato, saindo dos pits logo atrás de Montoya. Havia expectativas de uma ordem de equipe inverter as posições dos dois pilotos da McLaren e Montoya já havia concordado em ajudar Raikkonen, se fosse necessário. Mas não era o caso. Alonso corria sozinho em terceiro, posições que lhe garantia o título. Correndo na única corrida sul-americana do calendário, Montoya seguia na ponta, com Raikkonen logo atrás, em caso de alguma eventualidade. Que nunca aconteceu. Montoya recebeu a bandeirada com Raikkonen logo atrás, no que era, finalmente, a primeira dobradinha da McLaren em 2005, deixando a equipe em primeiro no Mundial de Cosntrutores. Vinte e quatro segundos após a dupla da McLaren, Fernando Alonso recebeu a quadriculada e conquistava de forma indiscutível o seu primeiro título mundial de F1. Quando saiu do carro, Fernando Alonso parecia sereno, mas quando tirou a balaclava, o espanhol de 24 anos soltou um grito de 'Toma!', como se fosse um desabafo de uma infância humilde, onde Alonso corria precisando vencer para poder participar da próxima corrida e foi assim, de vitória em vitória, que o espanhol chegava ao olimpo, dez anos atrás. Muito se falou que Raikkonen só não foi campeão pela falta de confiabilidade da McLaren, que tinha o melhor carro, mas quebrava muito e que Alonso teve mais sorte do que mérito em 2005. Pura maldade! Fernando tinha conquistado seis vitória até então. Ganhar um ou duas vezes por sorte pode acontecer, mas vencer e conquistar o título, requer muito talento e competência. E Fernando Alonso, dez anos atrás, mostrava ao mundo que tinha isso e com sobras!
Chegada:
1) Montoya
2) Raikkonen
3) Alonso
4) M.Schumacher
5) Fisichella
6) Barrichello
7) Button
8) R.Schumacher
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Katayama catando muro
Vinte anos atrás, David Coulthard, já sabendo que estava fora da Williams em 1996, consegue sua primeira vitória na F1 no Grande Prêmio de Portugal de 1995, derrotando Michael Schumacher por pouco, enquanto Damon Hill enterrava cada vez mais suas chances de título em outra corrida decepcionante do inglês. Porém, na largada um terrível acidente também marcou a corrida, felizmente, sem nenhum piloto ferido, mas com o simpático Ukyo Katayama conseguindo capotar seu Tyrrell praticamente na reta dos boxes.
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Panca da semana
Pedro Piquet ainda engatinha na sua tentativa de não ser como o seu irmão mais velho, que chegou à F1 muito pelos esforços do seu pai famoso. Andando sempre em equipes tradicionais, não em equipes próprias, como Nelsinho, Pedro Piquet vem fazendo uma carreira interessante no automobilismo nacional e já pensa na Europa em 2016. Neste domingo, Pedro deu um susto no seu pai e em todos que acompanhavam uma corrida de Porsche em Goiânia, ao capotar várias vezes. Imagem impressionante, mas Pedro Piquet escapou sem ferimentos mais sérios:
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Figura(CIN): Sebastian Vettel
Simplesmente perfeito. Pole incontestável, liderança em praticamente todas as voltas, controle total da corrida e só perdendo a melhor volta da corrida para Ricciardo por milésimos. Sebastian Vettel teve em Cingapura uma doce lembrança dos anos de domínio com a Red Bull entre 2010 e 2013, sendo que agora de Ferrari, vencendo na travada pista cingapuriana com uma facilidade alarmante, se aproveitando muito bem do péssimo final de semana da Mercedes e do equilibrado carro da Ferrari no travado circuito. No sábado, Vettel marcou o melhor tempo do terceiro treino livre, ganhando a confiança necessária para sair na hora em que quisesse na classificação para garantir o melhor tempo, não importando quem estivesse em segundo. No caso, foi Ricciardo, seu antigo e último companheiro de equipe na Red Bull. Para quem duvidava do talento de Vettel, o alemão colocou meio segundo no australiano. Na corrida, o panorama não foi diferente. Com uma largada muito boa e uma primeira volta alucinante, Vettel praticamente definiu a corrida naquele momento, onde demonstrou que não teria adversários naquela noite. A corrida de Vettel foi tão planejada, que ele se deu o luxo de abrir na hora em que achava melhor ou segurar, quando fosse necessário. Foi uma vitória esmagadora, onde o alemão da Ferrari conseguia a 42º vitória dele na F1, se transformando no terceiro maior vencedor de corridas na história da categoria. Ainda há quem duvide do talento de Vettel?
Figurão(CIN): Mercedes
Foram dois anos de domínio e mesmo com esse final de semana absolutamente anormal, não restam muitas dúvidas de que a Mercedes garantirá os títulos do Mundial de Pilotos e Construtores desse ano. Porém, o que aconteceu nas ruas de Cingapura chamou a atenção. Em nenhum momento do final de semana asiático, a Mercedes, seja com Lewis Hamilton, seja com Nico Rosberg, teve condições de entrar na briga pela vitória, algo tão banal para o time prateado desde a introdução dos motores híbridos V6 turbo, no começo de 2014. E vitórias com direito a dominação e dobradinha com seus pilotos. Porém, em Cingapura Hamilton tomou incríveis 1.4s do pole Vettel, garantindo apenas a quinta posição para o inglês no grid, com Rosberg logo atrás. Na corrida a situação não mudou muito, com Hamilton abandonando quando estava em quarto lugar, relativamente próximo do terceiro colocado Raikkonen, mas sem muita chance de lutar por algo mais. Nico Rosberg assumiu a posição do companheiro de equipe, mas terminou uma corrida burocrática mais de 20s atrás do vencedor Vettel, ainda tendo que segurar Bottas e Kvyat atrás. Mesmo num final de semana ruim, não era esperado a Mercedes ficar tão para trás assim dos seus rivais Ferrari e Red Bull. É até esperado que em Suzuka a Mercedes se recupere e possa dominar novamente, como vinha fazendo em 2015, mas o que aconteceu em Cingapura foi uma surpresa bem desagradável para a trupe de Toto Wolff e Niki Lauda.
domingo, 20 de setembro de 2015
Enquanto isso, na Nascar...
Depois das corridas da Nascar, gosto de ficar ligado no acontece no pós-corrida, pois muitas vezes a chapa pode esquentar. Ainda mais quando envolve o esquentadinho Kevin Harvick. Atual campeão e um dos favoritos ao título desse ano, Harvick se envolveu em um incidente com o multi-campeão Jimmie Johnson. Com o pneu furado e a traseira destruída, Harvick perdeu várias voltas nos boxes para reparos em seu carro, recebendo a bandeirada em 42º. A complicada e ridícula regra da Nascar praticamente tira as chances de Harvick de título, pois para passar às 'quartas de finais', Harvick precisa vencer pelo menos uma corrida, nas próximas duas. Porém, a maior pergunta era: como reagiria Kevin Harvick depois da corridas. Eis a resposta:
Brilhante
Na pista que recebeu a primeira corrida iluminada da história da F1, já em sua sétima edição, Cingapura viu Sebastian Vettel brilhar e entrar novamente para a história da F1, ao vencer na cidade-estado nesse domingo. Vettel venceu de ponta a ponta, não deu muitas chances à Daniel Ricciardo e com o 42º triunfo na carreira, se tornou o terceiro maior vencedor da história da F1, superando Ayrton Senna. Detalhe: com menos corridas! A prova não foi um primor de emoção, mas foi bem movimentada da quarta posição para baixo, pois os três primeiros que foram para a sala de entrevista ontem foram os mesmos, na mesma ordem, a subirem no pódio neste domingo.
Vettel foi o grande nome da corrida, dominando a prova como nos seus bons tempos de Red Bull. O alemão disparou no primeiro stint, segurou no meio da corrida, sugerindo uma possível briga com Ricciardo, mas depois abriu novamente do australiano, demonstrando que sua corrida estava friamente calculada, como diria Chapolin Colorado. No fim, Vettel trocou voltas mais rápidas com Ricciardo, mas a diferença entre os dois ex-companheiros de equipe de Red Bull nunca foi inferior a 2.5s nas voltas finais, demonstrando que estava tudo sob controle para Vettel, que vence pela terceira vez no ano e encosta em Nico Rosberg, vice-líder do campeonato. Um excelente ano de estreia na Ferrari pro alemão, que ao falar italiano no rádio, demonstra fazer sua parte para entrar nos corações italianos. Para coroar o final de semana ferrarista, Kimi Raikkonen dessa vez não se atrapalhou com os botões na hora da largada e manteve sua terceira posição até a bandeirada, numa prova burocrática do finlandês, onde este muito longe de emular o ótimo desempenho do seu companheiro de equipe.
Outro que teve um ótimo desempenho foi Daniel Ricciardo. O australiano da Red Bull largou em segundo, se manteve em segundo a corrida inteira e nessa posição recebeu a bandeirada, mas em alguns momentos Ricciardo parecia pronto para atacar Vettel se este lhe deixasse uma brecha. Algo que não aconteceu hoje. Porém, Daniel controlou muito bem Raikkonen, num carro bem melhor do que o seu e mereceu a ótima segunda posição que conquistou. Já Kvyat foi prejudicado pelas entradas do safety-car. Após manter sua quarta posição na largada, o russo foi ultrapassado pelos dois carros da Mercedes na primeira entrada do safety-car. Kvyat ainda atacou Rosberg, mas esteve longe de conseguir a ultrapassagem. Quando o maluco entrou na pista, Kvyat tinha acabado de entrar pela segunda vez nos pits e com o safety-car resultante, o russo acabou perdendo outra posição, desta vez para Bottas. O sexto lugar, após largar em quarto, não foi um resultado a comemorar de Kvyat, pois se tinha um bom carro, pareceu bastante conformado quando perdia as posições pelas circunstâncias e em nenhum momento mostrou uma atitude mais decidida em cima dos seus adversários. A dupla da Toro Rosso teve uma corrida de destaque, em especial Max Verstappen, que ficou parado no grid e largou nos boxes, uma volta atrasado. Após recuperar essa volta na primeira entrada do safety-car, o holandês ultrapassou vários carros, principalmente quando colocou os pneus supermacios nas voltas finais e chegou a marcar a volta mais rápida da corrida. Com ultrapassagens agressivas, mas sem mostrar impetuosidade em excesso, Verstappen chegou num bom oitavo lugar, colado em Sergio Pérez. Logo atrás chegou seu companheiro de equipe Carlos Sainz, que teve um problema de câmbio da segunda relargada, caiu praticamente para último, mas fazendo uma espetacular corrida de recuperação, numa tática parecida de Verstappen, chegou colado no companheiro de equipe. Porém, nem tudo deve ser flores no boxe da Toro Rosso ao fim da corrida. Quando os dois jovens pilotos encostaram em Pérez, bem mais rápidos do que o mexicano, a equipe mandou que houvesse uma inversão de posição entre Verstappen e Sainz. Algo que Verstappen se negou a fazer com veemência. Além de rápido, o garoto-prodígio também tem muita personalidade, mas como a Toro Rosso irá se comportar com a desobediência de Max, saberemos nos próximos dias e corridas.
No final de semana mais apagado dos últimos dois anos, a Mercedes teve uma corrida de redução de estragos. E nem isso conseguiu de fato. Com os pneus macios, Hamilton até estava próximo de Raikkonen, quando um problema no acelerador do inglês estragou a corrida de Lewis, que abandonou voltas mais tarde. Na hora me lembrei no célebre problema de José Carlos Pace, que teve uma corrida arruinada quando um mecânico da Brabham esqueceu um molho de chaves atrás do acelerador do brasileiro. E falando em antigos pilotos brasileiros, acho muito interessante Hamilton exaltar tanto Senna, numa demonstração de respeito do inglês, mas está começando a ficar chato essa de colocar Ayrton em tudo o que o inglês faz. Para mim, já está cheirando a forçação de barra. Com o abandono de Hamilton, Nico Rosberg assumiu a quarta posição e sem maiores sustos, Nico recebeu a bandeirada nessa posição, em outra corrida inodora do alemão. Para piorar, Sebastian Vettel encostrou de vez na briga pelo vice-campeonato, até porque com o carro que tem e mesmo abandonando hoje, é muito difícil alguém tirar o título de Hamilton em 2015. Contudo, se Nico perder o segundo lugar para Vettel no campeonato, sua situação dentro da Mercedes ficará bem complicada, vide o carro que tem. Até lá, a Mercedes terá que melhorar urgentemente seu desempenho em pistas travadas e quentes como Cingapura, pois pela primeira vez desde o advento dos motores V6 turbo, nenhum Mercedes, seja carro ou motor, esteve na briga pela vitória. A Williams teve uma corrida parecida com a Mercedes: de controle de danos. Bottas chegou quietinho, quietinho em quinto, superando Kvyat na estratégia, algo raro da Williams e que mereceu elogios do finlandês. Massa teve uma corrida para esquecer, onde foi atingido por Hulkenberg quando saía de sua primeira parada e depois abandonou com o câmbio quebrado. Se tivesse terminado, Massa teria chegado na mesma balada de Bottas.
Hulk acabou punido pelo incidente com Massa, numa manobra, a meu ver, de corrida. Pérez terminou outra corrida nos pontos, mesmo sendo bastante pressionado pela dupla da Toro Rosso no final. Mais pontos para o mexicano, enquanto Hulkenberg, bem mais badalado, fica cada vez mais para trás. Felipe Nasr, largando apenas em 16º, fez uma corrida inteligente e de espera para terminar em décimo, marcando pontos pela primeira vez em muito tempo. Mas poderia ser muito mais. Nasr deu o pulo do gato na primeira entrada do safety-car, quando subiu para oitavo numa ótima parada da Sauber e com os problemas de Hamilton, o brasiliense era sétimo, logo à frente de Pérez. Porém, Nasr entrou para a segunda parada duas voltas antes do maluco entrar na pista e provocar a entrada do safety-car. Dessa vez Felipe deu azar, caindo para fora da zona de pontos, mas Nasr se aproveitou dos problemas de pneus dos pilotos da Lotus e conseguiu entrar na zona de pontos, com Ericsson logo atrás. Ótima resposta de Nasr, que vinha sendo superado sistematicamente por Ericsson nas últimas corridas. Grosjean resolveu abandonar na última volta quando foi ultrapassado pelos dois carros da Sauber, enquanto Maldonado ficou fora dos pontos. Mais uma vez. E mais uma vez o venezuelano se envolveu num incidente com Button, mostrando que é mesmo um para-choque de acidentes, mesmo quando não tem culpa. A McLaren tinha ótimas chances de marcar pontos hoje, mas o abandono de Alonso, quando o espanhol vinha na zona de pontuação, e o incidente de Button com Maldonado, que resultou numa asa dianteira quebrada do inglês, deixou a McLaren zerada mais uma vez em 2015, na melhor corrida até o final da temporada para o time de Ron Dennis conseguir pontuar. A coisa está tão feia, que até nos pit-stops a McLaren está errando. E já fala-se em Alonso na Red Bull. O que acho difícil, vide o bom desempenho dos pilotos da Red Bull, tanto na matriz como na filial. A Manor fez o papel de sempre, mas o estreante Alexander Rossi já demarcou sua área ao superar Will Stevens em sua primeira corrida, algo que Mehri dificilmente fez nas primeiras onze provas do campeonato.
Numa pista distinta da maioria do calendário, a Mercedes teve uma dia para esquecer e a Ferrari não perdeu a oportunidade, dando um carro para Vettel dominar, como fazia nos áureos tempos da Red Bull. E o alemão brilhou sob as luzes de Cingapura, entrando na história como terceiro maior vencedor da história da F1. A Red Bull, querendo mostrar que tem um dos melhores chassis da F1 e estaria na briga se não fosse o motor Renault, fez valer sua vontade e numa pista onde a potência não conta, foi para o pódio novamente. A corrida teve de tudo, até mesmo um bebim entrando na pista e trazendo um safety-car, para alegria dos que fazem memes. Porém, a próxima corrida será em Suzuka. Na rápida e tradicional pista de Suzuka. Alguém duvida que a Mercedes voltará com força total semana que vem?
sábado, 19 de setembro de 2015
Volta aos bons tempos
Quando dominou a F1, Sebastian Vettel normalmente era um dos últimos a ir para a pista na classificação e marcar um tempo arrasador, que lhe garantia a pole com uma vantagem grande sobre os demais. O tempo passou, o alemão deixou a Red Bull e hoje o papel de dominador da F1 é de Lewis Hamilton e sua Mercedes, mas numa pista travada e com muito calor, mesmo se correndo à noite, Vettel voltou aos seus tempos de dominador e conseguiu uma pole exemplar, colocando mais de meio segundo sobre o carro mais próximo. Que não era a Mercedes.
A Classificação começou mostrando que o sábado em Cingapura seria bem diferente do normal. A McLaren não deixou nenhum carro pelo caminho no Q1, levando Alonso e Button para o Q2, mesmo que ambos não tiveram a mínima chance de subir ao Q3. A Sauber levou seu novo pacote aerodinâmico, mas o time suíço viu seus dois pilotos ficando pelo caminho, com a novidade de Nasr finalmente superar Ericsson na pista. Outro ponto que chamou atenção foi Maldonado ficar pelo caminho. Com a venda da Lotus para Renault cada dia mais próxima de ser anunciada, os dólares bolivarianos de Maldonado não fariam tanta falta para a nova equipe e com o venezuelano mostrando cada dia menos resultados, mesmo tendo ainda um ano de contrato, fica cada dia mais difícil ver Maldonado na sua equipe atual em 2016. E até mesmo em outro time, vide seus pífios resultados.
Ontem a Red Bull assombrou ao colocar Kvyat na frente, mas já no terceiro treino livre Vettel mostrou a que veio. O alemão fez tempos assombrosos tanto no Q2, como no Q3, não deixando qualquer dúvida de quem tinha o carro mais rápido em Cingapura. Ricciardo se intrometeu entre as Ferraris e ficou em segundo, relegando Raikkonen ao terceiro posto. E as Mercedes? Numa cena rara deste a introdução dos motores V6 turbo híbridos, Hamilton e Rosberg não brigaram pelo pole, com os pilotos prateados dividindo a terceiro fila, tomando 1.5s da Ferrari de Vettel. Numa classificação sem incidentes ou sem intempéries climáticas, é a primeira vez que não há nenhum motor Mercedes nas duas primeiras filas do grid da F1. E a Mercedes tomar 1.5s no grid indica uma vitória até mesmo improvável para Hamilton ou Rosberg.
Vettel ficar com a pole não chega a ser algo inesperado, mas a forma como conquistou isso é que chama atenção. Numa pista de baixa velocidade e com muito calor, a Mercedes e seus cliente, como a Williams de Felipe Massa, não estiveram na briga pela pole. Algo único esse ano. E que Ferrari e Red Bull devem aproveitar amanhã, mas pelo ritmo imposto, Vettel já o favorito. Como nos seus bons tempos.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Voo 746 da Varig?
Esse vídeo abaixo eu vi no blog do velho amigo Paulo Teixeira, mais conhecido como Speeder76, no seu Continental Circus. O que mais me chama atenção nessa pequena pérola, além da narração de Luciano do Valle de uma corrida de quarenta anos atrás, são alguns comentários do então narrador global após a corrida. Enquanto se mostrava o pódio, Luciano começa a comentar com alguém sobre o seu voo, inclusive as escalas. Aparentemente, parece ser um áudio vazado, mas a pergunta que não quer calar é: isso vazou para todo Brasil em 1975? Se alguém viu a corrida na época, fiquei curioso da resposta.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
História: 30 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1985
Após o bizarro adiamento em junho, quando o asfalto em Spa estava tão ruim, que se soltava até mesmo esfregando os sapatos com força, o Grande Prêmio da Bélgica seria realizado em setembro com um cenário bem diferente da data marcada anteriormente. Na ocasião, Michele Alboreto tinha sido o pole mesmo com o asfalto tendo problemas, mas a Ferrari havia caído muito de rendimento desde então e o italiano se via doze pontos atrás do seu rival Alain Prost. Vindo de vitória em Monza, casa da Ferrari, o francês ia muito forte para o fim do campeonato de 1985, mesmo que ainda houvessem dúvidas quantas provas ainda faltavam para o fim do certame, pois o Grande Prêmio da África do Sul havia se tornado uma grande polêmica, por causa das pressões internacionais contra o Apartheid. O detalhe é que o regime segregacionista acontecia há anos na África do Sul e somente trinta anos atrás os países mais importantes começaram a se importar com o que acontecia no país do ainda preso Nelson Mandela...
Dentro da pista, a vida não era fácil para a McLaren. Durante os Niki Lauda saiu da pista, bateu forte e machucou o pulso, tendo que ficar de fora da corrida belga. A McLaren chama John Watson, aposentado desde o final de 1983, para substituir o austríaco, mas a Ferrari usa suas conhecidas manhas políticas para impedir que a rival McLaren usasse Watson, alegando que o time liderado por Ron Dennis tinha passado do limite para fazer uma substituição de pilotos durante um final de semana de corrida. Porém, dentro da pista, Prost dá uma resposta às políticas ferraristas ao conseguir a sua segunda pole no ano, ficando menos de um décimo na frente de Senna. Piquet ficou em terceiro, com Alboreto colocando sua Ferrari em quarto, mesmo o italiano sofrendo com problemas elétricos durante os treinos. O calvário da Ferrari na segunda metade de 1985 continuava...
Grid:
1) Prost (McLaren) - 1:55.306
2) Senna (Lotus) - 1:55.403
3) Piquet (Brabham) - 1:55.648
4) Alboreto (Ferrari) - 1:56.021
5) Johansson (Ferrari) - 1:56.585
6) Boutsen (Arrows) - 1:56.697
7) Mansell (Williams) - 1:56.727
8) Berger (Arrows) - 1:56.770
9) De Angelis (Lotus) - 1:57.322
10) Rosberg (Williams) - 1:57.465
O dia 15 de setembro de 1985 amanheceu com muita chuva em Spa, clima típico daquela região no mundo. Grande Prêmio da Bélgica sem ter um dia com chuva, não é um típico Grande Prêmio da Bélgica. A primeira vitória de Senna havia acontecido debaixo de muita chuva em Portugal na segunda corrida de 1985 e mesmo sendo injusto considerar que o jovem brasileiro andasse bem apenas com pista molhada, a corrida em Spa sendo realizada com piso molhado era um bom sinal para Senna. E não seria um bom sinal para Piquet. Em Estoril, os pneus da Pirelli se comportaram de forma terrível com piso molhado e a boa posição de Piquet no grid estaria a perigo. O brasileiro só não esperava que a corrida ficasse ruim tão cedo. Na luz verde, Prost e Senna saem forte rumo à Source, com Senna ficando na frente. Quando Piquet foi contornar a curva, o piloto da Brabham rodou na frente de todo o pelotão, mas felizmente Piquet não foi atingido por ninguém.
Pilotando de forma estupenda na chuva, Senna abre uma pequena vantagem sob Prost, que tinha Mansell, que acabara de ultrapassar Alboreto, nos seus calcanhares. Por sinal, o italiano tinha claros problemas de estabilidade nas primeiras voltas, sendo ultrapassado por Johansson, Boutsen e De Angelis de forma quase que consecutiva. A via-crucis de Alboreto dura apenas quatro voltas, quando o italiano vai aos boxes abandonar com a embreagem quebrada. Se Prost pontuasse, o título estaria nas mãos do francês, enquanto que para Alboreto restava torcer para um mau resultado do francês. Sabendo que não poderia arriscar em hipótese alguma, Prost praticamente deixa ser ultrapassado por Mansell na Les Combes, caindo para terceiro. Porém, a chuva tinha parado antes da largada e a pista secava à olhos vistos. Keke Rosberg foi o primeiro a arriscar colocar pneus slicks, enquanto um tímido sol aparecia entre as nuvens belgas. Depois de cair para 21º, Keke se tornava o piloto mais rápido da pista, dando a senha para os demais pilotos: estava na hora de trocar os pneus de chuva pelos slicks. Na nona volta, Senna, Mansell e Prost entram nos boxes para trocar para os pneus slicks, enquanto o sol já brilhava em Spa. Elio de Angelis foi um dos últimos a trocar os pneus e por isso o italiano liderou brevemente a corrida, mas Elio acabou ultrapassado pelo companheiro de equipe na reta Kemmel. Durante a movimentação intensa nos boxes, a corrida da Ferrari terminava ainda na oitava volta, quando Johansson rodou na Les Combes.
Quando todos já estavam montados com pneus slicks, Keke Rosberg colhia os frutos de sua arriscada aposta e pulava para terceiro, ficando logo atrás do seu companheiro de equipe Mansell, enquanto Senna tinha uma confortável vantagem de 6s. Phillipe Alliot fazia uma ótima corrida pela raquítica RAM, com o francês se aproveitando das condições mutáveis para ocupar um lugar no top-10 da corrida em Spa, mas Alliot era conhecido por apreciar bastante bater em muros e o francês acabou batendo forte na entrada da Eau Rouge, mas a corrida não foi interrompida, mesmo o carro de Alliot tendo ficado numa posição perigosa. A pista já estava seca, quando o tempo mudou novamente e uma neblina caía em certos locais do enorme circuito de Spa-Francorchamps. Enquanto nos boxes chovia fraco, no resto da pista havia sol. O ritmo cai em torno de 10s por volta, mas Senna ainda era o mais rápido na pista, aumentando para mais de 18s sua vantagem sobre Mansell. Sem precisar se arriscar, Prost, que vinha colado em Rosberg na briga pela terceira posição, abranda seu ritmo, ficando 10s atrás do finlandês. Sem Prost para lhe atacar, Rosberg parte para cima de Mansell, mas a neblina fez com que alguns locais de ultrapassagem em Spa ficassem molhados fora da trilha, dificultando as ultrapassagens. Porém, os dois pilotos da Williams brigavam forte pela segunda posição, com direito a algumas fechadas. Porém, antes que Frank Williams pudesse ver um acidente com seus dois carros, Rosberg começa a apresentar problemas nos freios, fazendo com que o finlandês saísse da pista na Les Combes. Keke volta aos pits, troca os pneus e retorna à corrida em quarto, longe de Prost e ainda bem à frente de Boutsen, andando muito bem em casa. Após cair para último, Piquet consegue uma boa corrida de recuperação e ultrapassa Derek Warwick para ser sexto, mas o brasileiro subiria para quinto quando Boutsen, coitado, começa a ter problemas de câmbio e diminui o seu ritmo nas voltas finais.
As voltas finais são de apreensão, pois havia indícios de que a chuva pudesse voltar. Porém, para Senna, isso não faria tanta diferença. Piloto mais rápido em todos as condições presentes naquele dia em Spa trinta anos atrás, Senna foi espetacular e conseguia sua segunda vitória na F1 em outra corrida com chuva, mas ninguém se arriscaria em chamar Ayrton unicamente de piloto de chuva. Senna era estupendo, faça chuva, faça sol! Mansell conseguia o seu melhor resultado na F1 com o segundo lugar e o primeiro pódio com a Williams. Seria o primeiro de muitos! Falando em pódio, a organização belga paga um mico enorme, pois simplesmente não havia o hino brasileiro para tocar no pódio. E olha que o Brasil, ao contrário de agora, tinha dois pilotos de ponta na F1 em 1985! Subindo ao pódio pela sétima corrida consecutiva, Alain Prost dava um grande passo rumo ao seu primeiro título mundial em 1985. Com a vantagem que tinha amealhado sobre Alboreto após a corrida em Spa, fora a fase ascendente da McLaren e a péssima fase da Ferrari, Alain Prost poderia se tornar o primeiro francês campeão da F1 na próxima corrida, em Brands Hatch. E Prost não perderia a oportunidade!
Chegada:
1) Senna
2) Mansell
3) Prost
4) Rosberg
5) Piquet
6) Warwick
domingo, 13 de setembro de 2015
Nuvem perene
Desde as primeiras corridas do Mundial de Motovelocidade em Misano no dia de hoje, o tempo estava bem nublado, mas sempre com pista seca. Na largada da MotoGP, um sereno se fez presente, mas que logo se transformou em chuva. Porém, era uma chuva passageira e na bandeirada, havia até um pouco de sol. Porém, no resultado final da corrida e no campeonato, essa nuvem passageira em Misano pode mudar muita coisa.
A corrida da MotoGP em Misano lembrou as provas da F1, com suas paradas e os pilotos se utilizando da estratégia para conseguir subir ou descer no pelotão. Na largada, Lorenzo, Márquez e Rossi desapareceram no horizonte dos rivais, com os dois espanhóis parecendo brigar pela vitória, como era esperado no script antes da corrida. Porém, a chuva fez com que Rossi se aproximasse de ambos e iniciasse uma disputa tripla de tirar o fôlego em condições bastante escorregadias. Quando a chuva apertou, os três foram juntos para os boxes trocar de moto, com direito a uma quase colisão entre Lorenzo e Márquez. Lembrando de Silverstone, quando Valentino Rossi venceu com facilidade, o italiano partiu para cima dos espanhóis nas condições traiçoeiras da pista que fica no quintal de sua casa, sendo o mais rápido dos três e após muita luta, Rossi estava na ponta em casa, para delírio do público. Mas havia um detalhe. A chuva havia parado. E a pista secava. Os pneus de chuva, muito moles, estavam se degradando a uma velocidade imensa. Começava um novo drama para pilotos e equipes. Parar novamente? E qual era a melhor hora de parar?
Foi quando a estratégia fez uma diferença brutal no destino de todos os pilotos da MotoGP. Bradley Smith arriscou tudo e simplesmente não parou nenhuma vez, ficando com a moto com que largou e com pneus slicks. Se o inglês sofreu na chuva, agora era um dos mais rápidos na pista que secava, juntamente com o grandalhão Loriz Baz, que foi o primeiro a realizar a segunda troca de motos. O trio da frente via os pneus indo embora, quando Márquez entrou nos pits e colocou a moto com pneus slicks. A diferença de tempo era brutal. Chegava a 9s. Rossi, em primeiro, tentaria ir até o final. Marcando o italiano, Lorenzo resolveu seguir Rossi, enquanto os boxes da Yamaha mostravam placas desesperados para que seus pilotos fossem aos pits. Lorenzo foi primeiro, enquanto Rossi foi na volta seguinte. Quando a câmera mostrava Rossi nos pits, Lorenzo caía de sua Yamaha, numa tentativa de descontar o tempo perdido enquanto esteve na pista com os pneus errados. Márquez voava na pista e liderava com mais de 6s na frente do herói Smith, enquanto Baz era atacado por Scott Redding. O detalhe é que o inglês, que foi dispensado de sua equipe por falta de resultados, havia caído na sexta volta, trocou de moto, e estava a ponto de ultrapassar Baz, com uma moto de 2013, para conseguir o seu primeiro pódio na MotoGP. Vítima de sua estratégia, Rossi havia caído para quinto.
Depois de tantas alternativas por causa da chuva passageira em Misano, Márquez venceu na terra de Rossi, ficando no alto de um pódio muito festivo. Bradley Smith e Scott Redding tinham chances próximos de zero de subir ao pódio em Misano, mas os dois ingleses utilizaram a estratégia certa e arriscaram na hora correta para conseguir um resultado totalmente inesperado, o mesmo acontecendo com o quarto colocado Loris Baz. Mesmo chegando em quinto ao errar na estratégia, Rossi comemorou os 23 pontos de vantagem que tem agora em cima de Lorenzo, que lamentou muito a queda. A nuvem passageira em Misano pode ter trazido resultados permanentes para o campeonato desse ano.
sábado, 12 de setembro de 2015
Jungle Boy
Poucos pilotos brasileiros chegaram à F1 com tanta badalação da mídia especializada como Antônio Pizzônia, no começo do século 21. Dono de uma personagem extrovertida e extremamente promissor nas categorias de base inglesa, Pizzônia era o queridinho da imprensa automobilística brasileira no começo dos anos 2000, acima até mesmo de Felipe Massa. Porém, a carreira na F1 dos dois brasileiros foi bem distinta, com Pizzônia acabando por ser um piloto que nunca foi o que se esperava dele. Completando 35 anos, vamos ver um pouco a carreira do Jungle Boy, seu apelido na Inglaterra.
Antônio Reginaldo Pizzônia Junior nasceu no dia 11 de setembro de 1980 em Manaus, bem no meio da floresta amazônica. De família rica e crescendo no auge da Sennamania, Pizzônia começou a se interessar pelas corridas aos 10 anos, se tornando campeão amazonense de kart. Porém, a família do piloto queria muito mais. A meca do kartismo brasileiro ficava em São Paulo e se quisesse fazer uma carreira de sucesso dentro do esporte a motor, Pizzônia teria que fazer a longa viagem até São Paulo e lá mostrar o seu talento dentre os melhores kartistas nacionais. E Pizzônia o fez! Foram três títulos paulistas e um brasileiro para o manauara, fazendo-o se destacar como um dos mais promissores pilotos de sua geração. Quando completou 16 anos, Pizzônia fez suas primeiras corridas em monopostos, mas como a crise do automobilismo brasileiro não é de hoje, a primeira experiência de Pizzônia foi na Barber Dodge, nos Estados Unidos, onde o brasileiro conseguiu muito sucesso, mas não foi campeão por estrear no meio da temporada.
Contudo, o sonho de Antônio Pizzônia era a F1 e em 1997 ele se mudou para a Inglaterra para disputar a F-Vauxhall Jr, na época, a categoria de entrada dos postulantes à piloto na ilha. Mais de quinze anos atrás, a Inglaterra ainda era o lar das principais categorias de base do mundo e Pizzônia fez misérias em seus anos nas categorias menores. Em sua estreia na Inglaterra, foi vice-campeão da F-Vauxhall Jr., se sagrando campeão na temporada seguinte. Ainda em 1998, Pizzônia fez suas primeiras corridas na F-Renault com sucesso, garantindo um lugar na ótima equipe Manor, uma das melhores equipes inglesas na base. Em 1999, Pizzônia se sagrou campeão inglês e vice-campeão europeu da F-Renault, perdendo o título para o italiano Gianmaria Bruni. Já nessa época, o interesse pela ascensão meteórica de Antônio Pizzônia nas categorias inglesas era grande na mídia brasileira. Em tempos que Internet era coisa de rico, a revista Racing era a melhor forma de se informar sobre automobilismo no final do século 20 e todo mês, havia uma reportagem sobre o 'Jungle Boy'. Acostumados com pilotos do Rio ou de São Paulo, os ingleses ficaram encantados por um piloto vindo de um lugar tão pitoresco e passaram a chamar Pizzônia de 'garoto das selvas'. Bem assessorado, Pizzônia grudou no apelido e passou a ser conhecido assim não apenas na Inglaterra, mas também no Brasil, que passava suas corridas em VT nos canais por assinatura. Se vir de Manaus significava um sacrifício para Pizzônia na época do kart, agora era um aliado para conseguir bons patrocinadores.
Em 2000, Pizzônia subiu para a badalada F3 Inglesa, a melhor F3 do mundo quinze anos atrás. Junto com a Manor, que tinha feito campeão o inexpressivo Marc Hynes em 1999, havia grandes expectativas para a estreia de Pizzônia na F3. E o brasileiro não decepcionou, conseguindo várias vitórias nas primeiras corridas daquela temporada. Seu maior rival tinha um sobrenome de grife: Tomas Scheckter. O jovem sul-africano, piloto da Stewart Jr, brigou o ano inteiro com Pizzônia, no que era a primeira disputa entre dois novatos na F3 Inglesa desde Rubens Barrichello e David Coulthard em 1991. No meio da temporada, Pizzônia foi chamado para fazer um teste com a Benetton e o brasileiro fez um trabalho razoável, a ponto de chamar a atenção de Flavio Briatore, que tentou contrata-lo. Pizzônia negou, dizendo que preferia ele mesmo escolher os seus caminhos. Na época, o manauara foi aplaudido de pé pelos cronistas brasileiros, cada vez mais apaixonados pelo piloto. Sem Pizzônia, Briatore passou a investir mais em outro piloto talentoso, que vinha apoiando desde o kart e já estava na F3000. Um tal de Fernando Alonso...
Após se sagrar campeão da F3 Inglesa, parecia que nada puderia deter Antônio Pizzônia rumo ao estrelato da F1. Piloto extremamente promissor, bem apessoado e com ótimos contatos, Pizzônia parecia não apenas fadado a entrar na F1, mas fazer sucesso na categoria máxima do automobilismo. Olhando quinze anos depois, fica fácil agora dizer que muitos, muitos mesmo, já fizeram sucesso até aonde Pizzônia tinha ido e depois sucumbirem. Fica a dúvida se Pizzônia fez realmente certo em dizer 'não, obrigado' para Briatore. Porém, o 'se' não joga e Pizzônia graduou-se para a F3000 Internacional, cuja primeira corrida seria uma novidade: em Interlagos, a primeira corrida fora da Europa. Correndo em casa, logo após a classificação do Grande Prêmio da F1, Pizzônia ganhou um pequeno especial da Rede Globo antes da prova, que seria transmitida ao vivo. Havia uma grande expectativa sobre o piloto, pois em todas as categorias onde correu, Pizzônia venceu na estreia. Correndo pela equipe então campeã com Bruno Junqueira, a Petrobrás Jr, Pizzônia chegou a liderar a corrida, mas acabou punido por não ter respeitado uma bandeira amarela na Junção. O detalhe foi que o recém-falecido Justin Wilson, vencedor da prova, estava logo atrás de Pizzônia e diminuiu a velocidade no setor da bandeira amarela...
Aquele início diferente de tudo que estava acostumado foi meio que um símbolo da mudança que iria ocorrer na carreira de Antônio Pizzônia. Acostumado a vencer corridas e campeonatos, Pizzônia seria um coadjuvante na F3000 em 2001, fazendo uma temporada sem brilho e derrotado pelo o seu companheiro de equipe, Ricardo Sperafico. Pizzônia ainda venceria uma prova em Hockenheim, o que serviu de muleta para muitos dizerem que Pizzônia 'brilhou' na F3000, mas a verdade é que já na F3000, o manauara ficou abaixo da expectativa dos seus até então altos padrões. Porém, um segundo ano na F3000 poderia mudar tudo. Só que não. A segunda temporada de Antônio Pizzônia na F3000 foi ainda menos brilhante e sem nenhuma vitória. Porém, as boas performances de Pizzônia nas categorias de base inglesas não tinham sido esquecidas. Com a ajuda providencial da Petrobrás, que patrocinava a Williams, Pizzônia foi contratado pela equipe como piloto de testes ainda em 2002. Pizzônia foi reconhecido como um ótimo piloto de testes e por isso, é indicado para a Jaguar em 2003. Mesmo sem ter feito uma passagem arrebatadora na F3000, como havia feito nas categorias anteriores, Antônio Pizzônia entraria na F1 como piloto titular em 2003. Porém, essa passagem não seria das mais alegres para o manauara.
A Jaguar foi criada em 2000 após a compra da Stewart por parte da Ford. Ainda como Stewart, o time havia feito um excelente ano em 1999 e todos imaginavam que com o apoio maciço de uma montadora como a Ford, a equipe iria decolar a partir de 2000. Porém, o que se viu foi uma equipe desorganizada, com muitos caciques para poucos índios (a equipe teve como chefes Jackie Stewart, Niki Lauda e Bobby Rahal, algumas vezes ao mesmo tempo...) e pilotos veteranos e desmotivados, como Eddie Irvine e Pedro de la Rosa. Após o fracasso nos primeiros anos, a Ford diminuiu o investimento e foram contratados pilotos jovens. Além de Pizzônia, foi trazido também o australiano Mark Webber, vice-campeão da F3000 em 2001 e com um bom ano de estreia na F1 na cadeira elétrica que era a Minardi. Em 2003 novas regras seriam estreadas na F1, incluindo a classificação, com o piloto tendo direito apenas a uma volta, com o combustível que iria largar no domingo. Mesmo com dois anos não tão bons na F3000, havia uma boa expectativa em cima de Pizzônia. Porém, o que se viu foi um massacre de Mark Webber em cima do brasileiro. Durante os treinos, Pizzônia chegava a tomar 1s por volta do australiano, no que o manauara dizia que a culpa era do carro mais pesado de combustível. Na hora da corrida, a diferença de peso entre Webber e Pizzônia não era mais do que duas ou três voltas, o que significava que Webber tinha ganho tempo mais no braço. Por sinal, Webber passou a ser odiado por Reginaldo Leme e Lito Cavalcanti, os principais comentaristas de F1 no Brasil. Para eles, Webber era o vilão da história, o culpado do péssimo ano de estreia de Pizzônia na F1. Falou-se até em vingança de Briatore, pois Webber era empresariado pelo italiano. A grande verdade foi que Pizzônia não soube se sobressair dentro da equipe e foi engolido, sem dó e nem piedade, por Mark Webber. Tanto dentro, como fora das pistas. As péssimas atuações de Pizzônia fizeram com que ele passasse pelo pior momento que um piloto de F1 poderia suportar: ser demitido no meio da temporada por falta de resultados.
Porém, Pizzônia achou abrigo na Williams, onde voltou a ser piloto de testes. Em 2004, após um acidente com Ralf Schumacher em Indianápolis, Pizzônia teve outra chance na F1, conseguindo os seus primeiros pontos na Alemanha, com um sétimo lugar. Em Spa, após uma corrida confusa, Pizzônia tinha chances até mesmo de pódio, mas um abandono acabou com o sonho do brasileiro. Com Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya saindo da Williams no final de 2004, haviam duas vagas na equipe para 2005 na Williams. Ironicamente, um dos pilotos contratados foi Mark Webber, após ótimo trabalho na Jaguar. Mesmo sem ter feito um bom ano na Jaguar, Pizzônia tinha mostrado um bom serviço nos longos testes que se faziam na F1 dez anos atrás. Porém, a BMW, em constante litígio com a parceira Williams, cismou que queria um piloto alemão na equipe, no caso, Nick Heidfeld. A Williams bateu o pé e queria Pizzônia. Decidiu-se por uma espécie de 'vestibular' entre Heidfeld e Pizzônia durante a pré-temporada de 2005, nas pistas espanholas. No Brasil, a Globo ainda fez uma campanha, mostrando que Pizzônia deveria ser o escolhido. Porém, olhando unicamente o cronometro, Heidfeld 'venceu' a disputa por 5x2, nos momentos em que estiveram juntos na pista. Porém, era claro que a escolha foi mais política do que simplesmente esportiva e Heidfeld ficou com a vaga. Decepcionado, Pizzônia ainda ficou em 2005 na Williams como piloto de testes, mas quando a BMW comprou a Sauber e estrearia como equipe própria em 2006, Heidfeld se 'machucou' e saiu da Williams no final da temporada. Pizzônia fez as últimas corridas do ano, com um início animador, com um sétimo lugar em Monza. Porém, quatro abandonos seguidos, inclusive uma rodada constrangedora em Suzuka, pôs um fim definitivo na carreira de Antônio Pizzônia na F1. Foram apenas 20 corridas e oito pontos marcados.
Após sair da F1, Antônio Pizzônia se tornou um andarilho das pistas. Em 2006 ele participou da moribunda Champ Car sem sucesso. No ano seguinte, já contando com 27 anos, tentou uma volta à Europa na GP2, mas Antônio acabaria dispensado da equipe de Giancarlo Fisichella no meio da temporada por falta de resultados. São Paulino de coração, Pizzônia correu com o carro do Corinthians na F-Super Liga, além de passagens em variadas categorias, até se estabelecer na Stock Car brasileira. Ainda sem sucesso. A saída pelas portas dos fundos da F1, onde se esperava ter sucesso, parece ter minado a confiança de Pizzônia, que nunca mais foi o piloto arrebatador da F3 Inglesa. Fora das pistas, ele ganhou destaque ao se casar com a atleta Maureen Maggi, mas se separaram após alguns anos e terem tido uma filha. No começo de 2000, Nelson Piquet veio ao Ceará participar de uma corrida de Endurance com um carro encomendado por ele. Ao seu lado, estaria a promessa brasileira Antônio Pizzônia. 90% do público foi ao autódromo do Eusébio ver Piquet, mas quem largou naquele dia nublado foi o semi-desconhecido Pizzônia, então com apenas 19 anos. Só os fanáticos, como eu, sabia de quem se tratava. Quando assisto corridas no Eusébio, fico sempre no final da reta dos boxes, pois é ali o único ponto de ultrapassagem. Numa relargada, liderando a corrida, Pizzônia tentou ultrapassar dois retardatários de uma vez. A pista do Eusébio é conhecida por ser muito suja e quando freou na areia no final da reta, Pizzônia saiu rodando. Tudo isso, bem na minha frente e o carro estava sem problemas e não ouvi nada quebrando. Pizzônia foi para fora da pista e quando voltou ao asfalto, uma fumaça de suspensão quebrada saía da roda traseira esquerda. De volta aos boxes, Pizzônia abandonou, para tristeza do público, louca para ver Nelson Piquet. Ouviu-se vaias. No dia seguinte, na cobertura do jornal, li uma entrevista com Pizzônia sobre o seu incidente. Ele disse que perdeu o controle porque a suspensão havia quebrado no meio da reta. Putz! Foi na minha frente e não havia nada de errado com o carro de Piquet/Pizzônia. O manauara errou e não admitiu. Nunca me esqueci disso. Tanto que, anos depois, quando Pizzônia dizia pro João Pedro Paes Leme que 'estava mais pesado do que o Mark' depois de sua volta voadora, e por isso era muito mais lento do que Webber e na corrida isso não se confirmava, me lembrava dessa corrida no Eusébio.
Parabéns!
Antônio Pizzônia
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Trágico e emocionante
Após os acontecimentos em Ímola/1994, a F1 viveu um momento de calmaria e poucos graves acidente ocorreram. Contudo, a primeira tragédia pós-Senna na F1 ocorreu quinze anos atrás, durante o Grande Prêmio da Itália de 2000.
Tudo era festa em Monza. Após um meio de temporada difícil, a Ferrari conseguiu uma miraculosa recuperação em casa e pôs seus dois carros na primeira fila e com certa folga. Porém, a alegria acabou ainda na primeira volta. Frentzen tentou uma manobra pra lá de otimista em cima de Rubens Barrichello, que largada mal, na freada da segunda chicane e acertou o brasileiro. Com os dois carros descontrolados, ambos coletaram David Coulthard e Jarno Trulli na confusão. Com muita poeira e peças voando, Pedro de la Rosa e Johnny Herbert, que vinham mais atrás, bateram muito forte. Com seis carros destruídos e fora de combate, o safety-car foi à pista, porém, todas as atenções estavam focadas no outro lado do guard-rail. Um pneu acabou atingindo o bombeiro Paolo Ghislimberti. O italiano recebeu massagens cardíacas e foi levado em estado gravíssimo ao hospital de Monza, mas o bombeiro acabou falecendo mais tarde, se tornando a primeira morte relacionada à F1 desde o final de semana negro de Ímola.
Enquanto a pista era limpa, Salo abandonava com problemas mecânicos e Button errava na hora da relargada e batia. Apenas 14 carros correram naquele dia em Monza e Michael Schumacher venceu com facilidade, dando uma virada na situação do campeonato de quinze anos atrás. Hakkinen terminou em segundo, com Ralf Schumacher completando o pódio. Quando a morte de Ghislimberti foi anunciada, o pódio foi realizado de modo sombrio pelos pilotos, enquanto os tifosi, alheio à tragédia, vibraram muito com o triunfo de Schumacher, pois a fila de 21 anos da Ferrari poderia chegar ao fim.
Na entrevista pós-corrida, com os três pilotos estavam muito tristes, Schumacher foi lembrado de que tinha se igualado à Ayrton Senna, com 41 vitórias. O alemão disse que aquilo era muito importante e desabou a chorar, para surpresa de Hakkinen, seu irmão Ralf e de todo mundo que viu a cena. Considerado um piloto sem emoções e até mesmo gelado, aquela demonstração de emoção era uma grande novidade na carreira de Schumacher. Michael explicou mais tarde que o seu choro repentino foi uma espécie de desabafo de que tudo o que vinha acontecendo (a pressão do título que não vinha com a Ferrari, a força de Hakkinen naquele ano, a virada da Ferrari em Monza, a morte do bombeiro...) e ter lembrado de Senna, com quem sempre foi comparado, fez com que o inquebrantável Michael Schumacher desabasse.
Bizarro e merecido
Vinte anos atrás, ocorreu o Grande Prêmio da Itália de 1995, vencido por Johnny Herbert, a segunda do simpático piloto inglês na sua carreira. Porém, como havia acontecido em Silverstone, Herbert contou com muita sorte até a corrida cair no seu colo, numa corrida cheio de lances bizarros.
Tudo começou quando o pole position David Coulthard conseguiu a proeza de rodar durante a volta de apresentação. Porém, o vexame do escocês só não foi maior, por que um acidente na largada trouxe a bandeira vermelha e Coulthard foi permitido largar, ainda na pole, com o carro reserva. Como o bólido reserva estava acertado para Hill, Coulthard pouco pôde fazer durante a prova e abandonaria ainda no começo. Porém, luta pelo título e pelo estrelato era entre Michael Schumacher e Damon Hill. O alemão havia acabado de ser anunciado como piloto Ferrari a partir de 1996 para ganhar um salário milionário e Monza seria sua primeira corrida na frente dos seus futuros torcedores. Que não se animaram muito. Acostumada com pilotos 'quentes', os tifosi achavam Schumacher 'frio' demais e preferiam Jean Alesi, mesmo o francês tendo apenas uma vitória no currículo.
Querendo mudar essa impressão, Schumacher segurava Hill na luta pela segunda posição, numa corrida liderada pela Ferrari de Berger. Na volta 23, ambos se aproximaram de colocar uma volta em cima de Taki Inoue. Quando Schumacher passou o japonês, Hill acabou fechado por Inoue e para não bater no Arrows, acertou em cheio a traseira de Schumacher. Era a segunda batida das duas estrelas da F1 de 1995. Schumacher saiu do carro uma arara, tendo que ser segurado pelos comissários!
Enquanto não corria de vermelho, Schumacher viu os tifosi vibrarem com o seu infortúnio, pois os dois pilotos da Ferrari lideravam a corrida. E em dobradinha, com Alesi na frente de Berger. Então, Berger abandona na volta 32 com a suspensão quebrada. O que poderia ter acontecido? Correndo próximo de Alesi, para fazer a festa da Ferrari mais bonita, Berger foi alvejado... pela câmera de bordo de Alesi, quebrando sua suspensão. Lembrando as preocupações de vinte anos mais tarde, ainda bem que a câmera atingiu a suspensão da Ferrari de Berger...
Porém, os tifosi ainda tinham Alesi para torcer. E o francês fazia uma bela corrida e tinha tudo para conseguir sua segunda vitória na F1 e logo na frente dos torcedores da Ferrari, que tanto o idolatravam. Alesi também já esteve naquelas arquibancadas torcendo pela Ferrari e não deixaria de ser um cala-boca em Jean Todt, manda-chuva ferrarista. Todos esses ingredientes deve ter feito o abandono por falha mecânica de Alesi, faltando apenas sete voltas para o final, ainda mais dolorido para o simpático francês.
E depois de tantas presepadas, quem ainda poderia vencer? Quietinho, longe do ritmo dos líderes, e bem discreto, Herbert se aproveitou dos problemas alheios para vencer pela segunda vez na F1, numa corrida bizarra, mas sem tirar os méritos de Herbert.