Muito da temporada de 2015 ter sido tão maçante passa pela temporada bem abaixo do que fez ano passado de Nico Rosberg. Tendo a Mercedes ainda dominando com ampla vantagem sobre os demais equipes, o que poderia salvar a temporada era outra disputa entre os pilotos da Mercedes, como aconteceu em 2014. Porém, Nico Rosberg pareceu ter sentido demais a perca do título para Hamilton e teve um ano de 2015 esquecível, onde foi amplamente dominado pelo companheiro de equipe em praticamente todos os quesitos, enquanto em certos momentos do campeonato, Vettel chegou a ficar em segundo lugar no Mundial de Pilotos, o que seria bastante embaraçoso para Rosberg, vide o carro que tem. Porém, desde Suzuka Nico Rosberg pareceu acordar de sua letargia e numa sequência impressionante, Nico conseguiu seis poles consecutivas e ontem, conseguiu sua terceira vitória seguida. Em Abu Dhabi, Nico teve uma corrida imperial, fazendo com que Hamilton tentasse uma estratégia diferente para tentar batê-lo, mas que a Mercedes, numa atitude um pouco conservadora demais, não deixou Lewis tentar. Rosberg venceu da mesma forma como fez algumas vezes em 2014, colocando Hamilton no bolso, demonstrando que o piloto que quase tirou o título do inglês no ano passado ainda está vivo e que pode ressurgir em 2016. É algo que, mantendo o domínio da Mercedes, todos esperam no ano que vem.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Figurão(ABU): Williams
Quando a Williams dominava a F1, o calcanhar-de-Aquiles da equipe era justamente os pit-stops e as estratégias. Quem não se lembra de Schumacher batendo os invencíveis Williams unicamente na base da estratégia? Passados quase vinte anos, eis que a Williams ainda não aprendeu a lição, mesmo que boa parte da equipe gloriosa dos anos 90 não esteja mais presente. Em Abu Dhabi, a Williams deu um show de incompetência nos pit-stops, culminando na desastrada saída de Valtteri Bottas da sua parada, que quase provocou um grave acidente dentro dos boxes, quando o finlandês tocou na McLaren de Jenson Button. Claro que isso provocou uma punição à Bottas e estragou a corrida do piloto, que ainda lutava pelo quarto lugar do campeonato de pilotos. Porém, outro fator que faz a Williams entrar nessa parte da coluna é lembrar onde a equipe estava um ano atrás. Em 2014, Massa colocou uma ligeira pressão em Hamilton na luta pela vitória em Abu Dhabi, enquanto Bottas completava o pódio. Eram dois pilotos da Williams em Abu Dhabi no ano passado. Trezentos e sessenta e cinco dias depois, Felipe Massa largou em oitavo e numa disputa com vários carros ao seu redor durante toda a prova, o brasileiro terminou a corrida em... oitavo, enquanto Bottas teve sua corrida estragada pela própria Williams, após Valtteri ter largado mal. Isso demonstra o passo atrás dado pela equipe de Frank e Claire Williams. Se começou 2015 pensando em conseguir beliscar uma vitória em algum vacilo da Mercedes, a Williams terminou a temporada brigando para ser a terceira força do ano. E não conseguindo!
domingo, 29 de novembro de 2015
Esperança
A corrida em Abu Dhabi foi dentro da média do histórico de corridas ruins na pista asiática. Basta destacar que os três primeiros no grid terminaram nas mesmas posição na bandeirada, com boa diferença entre eles. Porém, a corrida de hoje, a última dessa insossa temporada de 2015, deu esperanças de um 2016 melhor. Nico Rosberg venceu pela terceira vez consecutiva, após conquistar seis poles seguidas, ficando perto de igualar gente como Schumacher e Senna na história da F1. Hamilton chegou em segundo, mas tentou fazer algo diferente para sobressair frente ao companheiro de equipe, mesmo que no final o inglês acabasse errando na estratégia. Raikkonen fez uma corrida anônima em terceiro, mas a forma tranquila como Vettel saiu de 15º para quarto mostra que a Ferrari deverá vir forte no ano que vem e, quem sabe, ameaçar esse reinado absoluto da Mercedes.
As duas corridas latino americanas foram tão ruins, que mesmo uma corrida dentro da normalidade em Abu Dhabi foi bem mais animada do que nos circuitos míticos de Hermanos Rodríguez e Interlagos. Houve muitas disputas no pelotão intermediário, com direito a muitas ultrapassagens e alguns pequenos toques entre os envolvidos. Lá na frente, Nico Rosberg parece ter aprendido a lição e largou maravilhosamente bem, enquanto Hamilton só ficou em segundo devido à falta de ambição dos pilotos da segunda fila. Melhor com os pneus supermacios, Rosberg abriu mais de 6s antes de Hamilton, mais rápido com os pneus macios, recortar a desvantagem para 1s. Aí começou o momento mais interessante da corrida e que pode apimentar novamente o clima nos boxes da Mercedes. Hamilton reclamou bastante da estratégia engessada da Mercedes no México e em São Paulo e por isso, resolveu mudar sua estratégia, ficando mais tempo na pista. Aparentemente, a Mercedes não concordou muito com a ideia de Hamilton, enquanto o inglês ficou na pista até faltarem pouco mais de dez voltas e ter até mesmo flertado em não parar mais. Para alcançar Rosberg na voltas finais, o normal seria que a Mercedes colocasse os pneus supermacios no carro de Hamilton, mas eis que... Lewis saiu dos boxes com pneus macios, mais do que insuficientes para uma tentativa de tomar a primeira posição de Rosberg, que venceu até mesmo de forma tranquila. Esse fato pode representar duas coisas. Primeiro, finalmente Nico Rosberg acordou de sua letargia em 2015 e com uma pilotagem muito forte nas últimas corridas, lembrou o piloto que quase tirou o título de Hamilton em 2014. Outra coisa é que Hamilton não parece estar tão relaxado assim e tentará de tudo para vencer o seu companheiro de equipe quando estiver numa situação inferiorizada. Contudo, Lewis viu que nesses momentos terá que ir contra a sua própria equipe, que, na minha visão, protegeu Rosberg ao não colocar os pneus supermacios no rápido último stint nos Emirados Árabes Unidos. O campeonato de 2015 não deixará muitas saudades para quem não estava de Mercedes ou se chama Lewis Hamilton, mas se 2016 voltar a ver Rosberg forte e algumas das polêmicas vistas no ano passado, talvez possamos ver um campeonato forte e competitivo.
Principalmente se a Ferrari continuar sua curva ascendente e ameaçar mais vezes a Mercedes. Hoje a equipe italiana fez um feijão com arroz sem muito tempero na corrida de Raikkonen, que largou em terceiro e terminou em terceiro. Faltou um pouco de ambição para Kimi na primeira curva, mas o finlandês, ainda tentando a quarta posição no Mundial de Pilotos, meio que sabia que o terceiro lugar estava assegurado, pois Vettel estava muito atrás. O alemão se arriscou na largada num toque com Alonso e Ericsson na primeira curva, mas depois Seb fez uma corrida forte de recuperação, começando a corrida com os pneus macios e esticando sua primeira parada. O alemão rapidamente chegou ao pelotão intermediário e nas últimas voltas, colocou os pneus supermacios, algo que a Mercedes se negou à Hamilton. Vettel rapidamente ultrapassou Ricciardo e Pérez para terminar num ótimo quarto lugar e garantir a melhor posição possível, vide da onde Vettel largou. Sergio Pérez fez sua melhor corrida do ano e mesmo ficando duas posições aquém do seu melhor resultado de 2015, o mexicano andou forte o final de semana inteiro, largou em quarto e só perdeu a posição para Vettel por que o alemão tem um carro superior ao seu e por Seb estar melhor 'calçado'. Pérez terminou 2015 em alta, superando com facilidade o badalado Hulkenberg. O alemão já merece um melhor carro faz tempo, mas desde a sua vitória em Le Mans, Hulk passou a ser superado por Pérez com alguma constância, algo que nunca havia acontecido antes. O WEC é um ótimo campeonato, na minha opinião, a única categoria que pode bater no peito e dizer que está no seu auge, ao contrário da grande maioria das categorias no mundo de esporte a motor, mas a vitória de Hulkenberg em Le Mans, principal corrida do WEC, mostra que a F1 ainda tem os melhores pilotos. Hulkenberg, superado dentro de sua própria equipe na F1, foi lá em Sarthe e venceu. A Red Bull terminou seu ano de sofrimento com Ricciardo fazendo uma boa prova chegando próximo de Pérez, que tem um motor bem melhor do que o seu, enquanto Kvyat caiu para décimo na última volta, ao ser ultrapassado por Grosjean. Falando em motor, ainda resta saber com qual motor a Red Bull vai correr em 2016, já que se garantiu no grid ano que vem. Apesar da crise de gestão da F1, foi a própria Red Bull que se meteu no buraco onde está enfiada agora e sem nenhuma montadora em vista (talvez a VW), dificilmente a trupe de Christian Horner e cia volte aos bons tempos em curto prazo.
Outra equipe que finalizou em baixa 2015 foi a Williams. Se no ano passado a equipe colocou dois pilotos no pódio em Abu Dhabi e Massa teve uma ligeira chance de vencer, hoje a Williams teve que se conformar com a oitava posição de Massa, a mesma em que o brasileiro largou, enquanto Bottas teve uma corrida conturbada e ficou longe de pontuar. O que chama atenção é o péssimo trabalho de boxes da Williams, seja nos pit-stops, seja na estratégia. A Williams passa a sensação de sempre trazer seus pilotos na hora errada e os pit-stops estão longe de serem os mais rápidos, culminando com a desastrada saída de Bottas, que foi liberado de forma errada, bateu na McLaren de Button, o que poderia ocasionar um acidente grave dentro dos pits, e a consequente punição do finlandês. A Lotus deve ter feito sua última corrida na F1 com Grosjean terminando nos pontos após o francês fazer uma corrida de recuperação, onde o piloto da Lotus fez bonitas ultrapassagens nos final quando colocou pneus supermacios, por causa de sua estratégia diferente dos demais. Foi uma corrida de despedida, pois Grosjean irá para o novo projeto da Hass e a Lotus deverá se chamar Renault em 2016. Pena que o novo projeto terá como testa de ferro um piloto limitado, ao meu ver intelectualmente também, como Pastor Maldonado. O venezuelano chama tanto acidente, que até quando não tem culpa se envolve num acidente, atingido hoje por Fernando Alonso na primeira curva, e Pastor acabou sendo o único abandono do dia. A Toro Rosso viu Max Verstappen dar seu show habitual de sempre, mas dessa vez o holandês não foi tão eficaz e acabou atrás de Carlos Sainz. A McLaren-Honda, numa pista travada, fez uma prova decente, com Button chegando na frente da Sauber, até mesmo fazendo ultrapassagens no final da reta. Uma evolução, sem dúvida, mas o enfado de Fernando Alonso, que quase desistiu da corrida por estar muito atrás, mostra bem o quão mal está a McLaren. Sem dinheiro para desenvolvimento, a Sauber terminou como a penúltima força do pelotão, mas bem à frente da Manor.
E assim terminou a temporada 2015. Ao menos não teve uma corrida tão ruim como as duas últimas, mas o resultado foi praticamente o mesmo. Houve brigas no pelotão intermediário, enquanto a Mercedes tentava segurar o ímpeto dos seus pilotos, enquanto que nós, fãs, queríamos mesmo era que Lewis Hamilton e Nico Rosberg corressem sem rédeas, cada um tentando superar o outro. Assim como queremos que outras moças, como a de hoje, vá receber a taça para a Mercedes. Fica essa esperança para 2016.
sábado, 28 de novembro de 2015
Mega Sena
Muito do campeonato de 2015 ter sido tão modorrento foi por causa do desempenho abaixo do ano passado de Nico Rosberg. O alemão não tem a mesma velocidade de Lewis Hamilton, mas mostrou ser capaz de incomodar, e muito, o seu companheiro de equipe na Mercedes, equipe dominante no momento. Por algum motivo que vai de novos ajustes do carro Mercedes a um natural relaxamento de Hamilton após o título consolidado, Nico Rosberg começou uma incrível sequência que faz lembrar seus bons momentos no ano passado e hoje, o alemão da Mercedes conseguiu sua sexta pole consecutiva, com uma boa margem para Hamilton. E isso, com Rosberg utilizando um motor mais velho e com mais quilometragem do que o companheiro!
O treino teve como surpresa a falha estratégica da Ferrari no Q1, que deixou Vettel nos boxes com pneus macios, enquanto os demais dezessete pilotos (as Mercedes se garantiram com os pneus que estivessem a disposição...) estavam com pneus supermacios na pista. O resultado foi uma surpreendente eliminação do alemão, que largará bem mais atrás do que o normal, abrindo caminho para uma fácil dobradinha da Mercedes no domingo. Raikkonen ainda salvou a honra da Ferrari com uma terceira colocação, um pouco à frente do também surpreendente Sergio Pérez, num ótimo final de semana com a Force India. A McLaren conseguiu um bom resultado com Button em 12º. Hoje em dia, 12º é ótimo para a McLaren...
No Q3, mesmo com Hamilton tendo a disposição um motor mais evoluído e com menos quilômetros, Rosberg meteu quatro décimos em Lewis, garantindo a sua sexta pole consecutiva, um resultado que demonstra que Nico parece ter acordado de uma profunda letargia. Se vencer amanhã, Nico Rosberg poderá começar 2016 mais motivado e com chances de igualar o campeonato de 2014, que mesmo com o domínio avassalador da Mercedes, foi bem mais animado do que o desse ano.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Volta por cima
Americanos adoram ler e assistir histórias de grandes viradas, de uma grande volta por cima dado por um determinado personagem. Em 2015, a Nascar proporcionou uma dessas histórias com o inesperado título de Kyle Busch neste domingo. Considerado uma das grandes revelações desse século nas pistas americanas, mas também dono de uma personalidade controversa, Kyle Busch começou o ano da pior forma possível, ao quebrar uma perna e um pé após fortíssimo acidente numa corrida da Xfinity Series em Daytona. Já contando com 30 anos de idade e já sendo considerado uma eterna promessa, parecia que Kyle não calaria a boca dos seus muitos críticos em 2015. Parecia. Num retorno espetacular, Kyle Busch conseguiu seu primeiro título na Nascar Sprint Cup com a vitória de ontem em Homestead, lavando a alma dos seus muitos fãs, além de colocar um definitivo cala boca em seus muitos críticos.
Kyle Busch está longe de ser considerado um piloto popular na Nascar e sua ficha corrida em acidentes propositais, brigas após corridas e desafetos é enorme. Assim como também é enorme o talento desse piloto que começou muito jovem na Nascar, à sombra do seu irmão mais velho Kurt Busch, campeão da Nascar em 2004. Porém, o psicológico de Kyle sempre o atrapalhou nos momentos decisivos, principalmente com a aberração dos Play-Offs da Nascar. Em 2009, Kyle foi o melhor piloto da Sprint Cup, venceu oito provas, mas nas dez corridas finais, 'Buschinho', como é conhecido por aqui, acabou sucumbindo à pressão e foi derrotado por Jimmie Johnson. O tempo foi passando e a necessária maturidade parecia nunca vir para Kyle, enquanto outros pilotos de sua geração, como Brad Keselowski, já tinham um título para contar.
Piloto principal da Joe Gibbs, Kyle começou 2015 da pior forma possível. Busch sempre correu na Xfinity Series, a segunda divisão da Nascar, se tornando, inclusive, o piloto com maior número de vitórias da história do campeonato. Em Daytona, primeira etapa do ano, Kyle se envolveu num fortíssimo acidente nas últimas voltas, quando seu carro se espatifou num muro sem 'soft-wall'. O resultado foi uma perna quebrada e um pé fraturado. E vários meses longe da pista. O sonho do primeiro título parecia adiado, mas ainda em maio Kyle Busch voltou às pistas e sua recuperação foi relâmpago, vencendo quatro corridas em cinco, garantindo uma vaga no famigerado Play-Off da Nascar, a cada ano mais apapagaiado. Antigo fantasma de Busch, essa fase não o amedrontou e na base da regularidade, o piloto da Gibbs chegou à última etapa entre os quatro que correriam pelo título. Lenda viva da Nascar e se despedindo das pistas, Jeff Gordon não tinha muitas chances, o mesmo ocorrendo com Martin Truex Jr. O grande rival de Busch seria mesmo Kevin Harvick, atual campeão da Sprint Cup.
Logo na definição do grid, Kyle Busch deu seu recado ao ser o melhor colocado entre os quatro postulantes ao ser terceiro no grid. Durante a corrida, que foi atrasada pela chuva, Kyle Busch sempre andou no top-5, marcando Harvick em cima. Na última bandeira amarela (bem mandrake, por sinal...), Kyle Busch estava em segundo, com Harvick em quarto. Os dois relargaram muito bem e tomaram as duas primeiras posições, mas Harvick acabou cometendo um pequeno erro que deu a tranquilidade necessária para Kyle Busch vencer e se tornar campeão pela primeira vez da Sprint Cup, formando com seu irmão Kurt outra dupla de irmãos campeões da Nascar.
No dia em que Jeff Gordon se aposentou, Kyle Busch tem o talento suficiente para se tornar, quem sabe, um multi-campeão no futuro. Afinal, a maturidade, após uma temporada dura, finalmente pareceu ter chegado.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Fim de uma era
Após dezesseis anos de uma casamento glorioso, em todo tipo de terreno, Sebastien Loeb e Citröen não são mais contratado e contratante. Ainda em 1999 Loeb entrou na equipe Citröen, que se movimentava para voltar ao WRC como equipe oficial e logo o jovem francês começou a se destacar a ponto de, quando a Citröen contratou os badalados Carlos Sainz e Colin McRae em 2003, foi Loeb que liderou a equipe francesa contra a Subaru de Petter Solberg. Loeb foi derrotado pelo simpático norueguês na ocasião, mas essa seria a última. Pelos próximos nove anos, Loeb dominou o o WRC de uma forma nunca antes vista, se tornando, sem muita dúvida, o maior piloto da história do WRC e uma lenda do esporte a motor, criando até algumas dúvidas do que Loeb poderia fazer em outras categorias, como a F1. O último título de Loeb em 2012 foi uma espécia de turning point para a Citröen. De dominante, a montadora francesa passou a ser dominada pela VW e, o que é pior, pelo o que seria o sucessor de Loeb, Sebastien Ogier. Por sinal, Loeb e Ogier não tiveram as melhores das relações quando compartilharam o mesmo teto.
Loeb saiu do WRC para o WTCC, com a Citröen se tornando a equipe dominadora do Campeonato Mundial de Turismo, mas Loeb, mesmo conseguindo algumas vitórias, ficou sempre à sombra dos seus dois companheiros de equipe, Pechito López e Yvan Müller. Com a Citröen diminuindo seus investimentos no esporte a motor (inclusive uma segunda saída do WRC), Loeb saiu pela porta da frente da Citröen, agora se tornando piloto da Peugeot no novo projeto no Rally Dakar. Foi uma carreira impressionante, com uma incrível pitada de lealdade entre Sebastien Loeb e Citröen, mas que acabou no dia de hoje.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Figura(BRA): Fernando Alonso
Esse insosso Grande Prêmio do Brasil de 2015 ficará marcado pela zoeira. Para entrar no clima, Fernando Alonso merece estar nessa parte da coluna, da mesma forma como subiu a um pódio fake com Jenson Button no sábado: só para zoar. E se uma imagem vale mais do que mil palavras, a foto abaixo é bem explicativa por Alonso estar aqui.
Figurão(BRA): Felipe Massa
Se tem uma pista do calendário atual da F1 no qual Felipe Massa sempre andou bem, essa é Interlagos. O brasileiro sempre utilizou o fator casa muito bem e com duas vitórias, aliado a ótimos resultados, Massa tem um ótimo cartel em Interlagos. Até esse ano. Felipe Massa nunca conseguiu acertar seu Williams na pista paulistana durante o final de semana inteiro e mesmo 'revirando o carro de cabeça para baixo', como o próprio piloto brasileiro comentou, nada foi encontrado para Massa ter um desempenho, pelo menos, parecido com o que já conquistou em São Paulo. E para piorar, seu companheiro de equipe na Williams Valtteri Bottas não sofria de nenhuma mazela do qual Massa tanto reclamou e fez o papel que cabe a Williams em 2015: ser a terceira força. Superado por Bottas com folga na classificação, Massa teve uma corrida burocrática no domingo, onde não atacou, assim como também não foi atacado, permanecendo na mesma oitava posição em que largou, porém, após a corrida, como que um golpe de misericórdia no péssimo final de semana de Felipe Massa em casa, o brasileiro da Williams acabou desclassificado por mero 0,1 psi abaixo do permitido em um dos seus pneus, fazendo com que Massa saísse de Interlagos com as mãos abanando. E também com seu pior desempenho na pista de sua casa!
domingo, 15 de novembro de 2015
Bocejo
Foram duas corridas seguidas com um público animado e com arquibancadas lotadas em países latino-americanos. E novamente as coisas fora da pista estavam mais quentes fora do que dentro dela. Foi outra corrida sem graça e morna, onde as posições foram definidas logo após a largada e Nico Rosberg mais uma vez dominou Lewis Hamilton, que tentou em algumas estocadas realizar o sonho de vencer em Interlagos, mas o alemão sequer fez manobras defensivas para manter a ponta. Pela nona vez em 2015, Sebastian Vettel completou o pódio após domínio da Mercedes, numa corrida previsível, onde o desgaste dos pneus foi dentro do esperado e a chuva só ficou na ameaça do céu carrancudo.
Nem a magia de Interlagos foi capaz de dar um molho para a penúltima etapa de 2015 da F1. Hoje a corrida foi tão sem graça quanto na Cidade do México. Nico Rosberg largou bem e na primeira curva, espalhou para cima de Hamilton, indicando ao inglês que não daria qualquer colher de chá. A partir de então, os carros da Mercedes desapareceram frente aos demais, tanto que apenas a Ferrari não tomou volta dos bólidos prateados. O quinto colocado Bottas chegou com uma volta de desvantagem. Restava ver se Hamilton teria forças para dar o bote em cima de Rosberg. E Lewis tentou. O inglês fez voltas agressivas quando os seu pneus permitiram, abrindo a asa móvel algumas vezes e ficando a meio segundo do companheiro de equipe, mas Rosberg esteve impecável hoje, não dando chance a Hamilton sequer colocar de lado na disputa pela primeira posição. Quando os pneus se desgastavam, Lewis perdia rendimento e foi assim que a corrida terminou, com Nico Rosberg tomando fôlego na reta final da temporada com duas vitórias seguidas em cima de Hamilton e garantindo o vice-campeonato. Para Hamilton, que idolatra de forma exagerada, na minha opinião, Senna, ficou o gostinho de outro ano sem vencer nos domínios do seu ídolo e também a certeza de que, se ir para muitas festas e dar uma vacilada em 2016, Rosberg pode muito bem assumir as rédeas da equipe Mercedes.
Vettel ainda tentou fazer um diferente ao colocar pneus macios no meio da corrida e marcar a volta mais rápida, mas o alemão nunca teve reais condições de partir para cima das Mercedes e, grande novidade, ficou mais uma vez em terceiro, posição em que Vettel já conhece de cor e salteado em 2015. Raikkonen fez uma corrida discreta, onde também tentou fazer diferente ao parar duas vezes, mas o finlandês manteve a quarta posição. Os quatro primeiros colocados do Grande Prêmio do Brasil de 2015 terminaram da mesma forma em que largaram e que fecharam a primeira volta. Dando a clara indicação do quão 'movimentada' foi a prova de hoje. Bottas conseguiu uma largada sensacional, pulando de sétimo para quinto e ficou a corrida inteira nessa posição, numa prova solitária, mas seu companheiro de equipe Felipe Massa saiu frustrado da corrida, pois o brasileiro não conseguiu se acertar numa pista onde sempre andou bem e na oitava posição em que largou, Felipe terminou. Seu xará Nasr tentou a estratégia de duas paradas e o brasiliense chegou a andar em nono, mas com pneus mais desgastados foi caindo pelotão abaixo nas voltas finais e acabou longe da sonhada zona de pontuação. Hulkenberg e Kvyat foram ultrapassados por Bottas na largada e mantiveram suas posições até a bandeirada, onde ambos andaram perto ou longe em determinados momentos da corrida, mas sem maiores ameaças de ultrapassagem. Correndo de luto pelos atentados terroristas de sexta-feira, Grosjean conseguiu marcar dois pontinhos e a Lotus perdeu a chance de ter dois pilotos nos pontos quando Maldonado foi ultrapassado no final da prova por Verstappen. O holandês fez outra corrida consistente, fez uma bela ultrapassagem sobre Pérez, muito abaixo do companheiro de equipe em Interlagos hoje, e Verstappen marcou um pontinho, enquanto Sainz foi o único abandono do dia ainda na primeira volta, quando o espanhol mal dar a volta de alinhamento. Saindo lá de trás, Ricciardo chegou próximo dos pontos e ultrapassou o duo da McLaren-Honda, em outro final de semana esquecível para a promissora parceira. Ericsson foi vítima de Maldonado e os dois carros da Manor deram passagem para os rivais, como sempre.
Não foi uma corrida animadora em Interlagos, palco de disputas fenomenais em outros tempos. Havia até uma esperança de chuva, mas o tempo nublado só ficou na ameaça. Era a única forma de travar a monotonia vista dentro da pista. Não podemos falar mal da Mercedes ou de Nico Rosberg. Ao contrário, temos que parabenizá-los. Ninguém tem culpa de ser mais competente do que os demais. Porém, a F1 parece terminar como em 2002, quando uma temporada enfadonha pelo domínio ferrarista terminou com verdadeiros passeios vermelhos nas últimas etapas e a última imagem que ficou naqueles dias é que a F1 estava chata demais. E isso está se repetindo treze anos depois. Se serve de consolo para 2016, é que 2003 foi uma das melhores temporadas desse milênio!
sábado, 14 de novembro de 2015
Mão espalmada
Apesar da polêmica do assunto, pois o tema é bem delicado aqui no Brasil, acho um exagero enorme a fixação que Lewis Hamilton tem por Ayrton Senna. Nenhum piloto brasileiro tem ou teve tanta obsessão pelo tricampeão que se foi em 1994, como tem Hamilton. Por essa idolatria, ao meu ver exagerada, por Senna, é muito importante para Hamilton vencer em Interlagos, lar espiritual de Senna nos seus tempos na F1, além de estar localizada na cidade natal do brasileiro. Ano passado Nico Rosberg engrossou as coisas para Hamilton muito pela sua ótima performance na classificação, onde o alemão conseguia se manter na ponta e num ritmo equilibrado com o companheiro de equipe, Rosberg conseguia emparelhar as coisas com Hamilton, bem mais talentoso do que ele. Hamilton precisava de uma pole para tentar barrar a boa fase de Rosberg em São Paulo, que venceu com sobras no México. Precisava. Num momento impressionante, Nico Rosberg conseguiu a quinta pole consecutiva em 2015, mostrando que deverá ser um páreo duro para Hamilton amanhã.
A Mercedes dominou desde os treinos livres com sobras e por isso, era nítido que Hamilton e Rosberg brigariam, como fizeram na maior parte de 2015, pela pole em Interlagos. Andando meio segundo mais rápido do que os demais, os carros prateados dominaram todas as sessões, com Hamilton conseguindo um leve predomínio no sábado e nas primeiras partes da classificação, mas Rosberg deu o bote na hora certa (Q3) e ficou com a pole por muito pouco. Completando a cena habitual, Vettel ficou em terceiro, sendo, novamente, o melhor do resto. Bottas largaria em quarto, numa ótima classificação do finlandês, mas o piloto da Williams foi punido e largará em sétimo, cedendo seu lugar para o compatriota e rival Raikkonen, numa segunda fila toda da Ferrari. Mais atrás, numa confusão caseira, Felipe Nasr atrapalhou uma volta do xará Massa, que reclamou bastante. Por sinal, Massa tinha muito do que reclamar, pois em casa, não conseguiu se igualar ao ritmo de Bottas, mas ainda assim dificilmente os dois brasileiros terão um clima nada amistoso como há entre os seus companheiros de equipe finlandeses.
Num final de semana triste pelos atentados em Paris, houve espaço para galhofa, com Fernando Alonso tomando um bronzeado após outra quebra de sua McLaren, e com a veterana dupla do time de Woking dando uma de moleques e aparecerem no pódio de surpresa. Só assim mesmo para Alonso e Button se divertirem na McLaren atualmente...
O que não está muito divertido é o clima dentro da Mercedes. Hamilton desdenhou da quinta pole de Rosberg, dizendo que já tem o título, que é mais importante. Mesmo com tudo praticamente decidido na F1, essa animosidade toda dentro da Mercedes pode animar a corrida de amanhã e a última, em ABu Dhabi. Isso sem contar o imprevisível clima em São Paulo...
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Final tenso e esquisito
O Grande Prêmio da Austrália de 1995 marcou o fim daquela temporada em que Michael Schumacher se firmou como a grande estrela daquela geração, mas o final de semana em Adelaide teve de tudo um pouco, inclusive a tensão de uma quase morte. Nos treinos livres de sexta-feira, Mika Hakkinen teve um pneu traseiro esquerdo com um furo lento e o finlandês acabou perdendo o controle do seu McLaren, batendo com muita violência no muro de concreto. Hakkinen teve o nariz quebrado, mas o pior foi que Mika teve suas vias respiratórias obstruídas e o finlandês não respirava. Uma traqueostomia de emergência foi feita em Hakkinen, que foi levado em estado grave ao Hospital Real de Adelaide, por sorte, a menos de um quilometro do local do acidente.
Sem o finlandês, a corrida teve domínio da Williams, com David Coulthard conseguindo tomar a liderança do pole-man Damon Hill. De saída para a McLaren, o escocês liderava a corrida quando foi para os boxes para a sua primeira parada. Era uma manobra até banal para Coulthard, mas eis que o piloto da Williams comete um dos erros mais bizarros e ridículos da história da F1, quando bate na entrada dos pits. Querendo mostrar que a Williams estava errada em dispensa-lo, Coulthard precisava de bons resultados naquele final de ano, mas esse erro tão besta fez com que os críticos tivessem ainda mais argumentos para a saída do promissor escocês da equipe dominadora da F1 vinte anos atrás. Se serve de atenuante para Coulthard, poucas voltas depois o experimentado Roberto Moreno escorregou no mesmo local e com a suspensão quebrada, o brasileiro da Forti Corsi abandonava sua última corrida da F1.
A corrida em Adelaide transcorria com liderança tranquila de Hill, enquanto os demais pilotos de ponta tinham problemas. Schumacher e Alesi bateram e abandonaram. Herbert, talvez o piloto mais sortudo de 1995, não tem a mesma sorte dessa vez e abandonou quando estava em segundo. Berger e Frentzen, que ocuparam o segundo posto também abandonaram, deixando o posto de segundo colocado para Olivier Panis, que vinha fazendo uma temporada discretíssima em 1995. O detalhe era que o francês estava absurdas duas voltas atrás de Damon Hill, soberano naquele dia, vinte anos atrás. E o pior era que Panis estava com o motor fumando e Gianni Morbidelli, da Arrows, se aproximava, mas a famosa bandeirada em Adelaide foi dada antes de um ataque de Morbidelli e Panis comemorou seu melhor resultado na F1 até então. E Morbidelli também comemorou o seu único pódio na F1. Era um pódio até mesmo estranho, onde apenas oito carros completaram a corrida em Adelaide, enquanto Hill se igualava à Jackie Stewart como o vencedor com a maior diferença sobre o segundo colocado.
Criticado ao extremo vinte anos atrás, Hill deu uma boa resposta ao saber aproveitar a chance que teve para ganhar com extrema tranquilidade e a tendência era que esse ritmo do inglês continuasse em 1996. Com Schumacher começando um árduo trabalho com a Ferrari e Jacques Villeneuve apenas fazendo sua estreia na F1 na Williams, Damon Hill tinha as portas abertas para conquistar o seu título. Aquela corrida em Adelaide foi de muitas despedidas, inclusive da própria pista de rua australiana, que após dez edições, sairia do calendário da F1 para ser substituído por Melbourne, que seria realizada poucos meses depois, pois a Austrália deixaria de ser a última corrida para ser a primeira a partir de 1996. Felizmente, mesmo tendo ficado alguns dias em coma, Mika Hakkinen largaria normalmente em Melbourne!
domingo, 8 de novembro de 2015
Vitória do melhor
Foi uma corrida tensa, como todos esperavam, mas não houve nenhum incidente, como muitos torciam. Valentino Rossi fez uma corrida épica, ultrapassou mais de vinte pilotos em menos de dez voltas, mas fez dele o que se esperava, se não houvesse problemas: chegar ao quarto lugar. E quando chegou nessa posição, já havia praticamente uma reta separando o italiano dos três primeiros colocados e a partir daí, somente um acaso tiraria o título de Jorge Lorenzo, que fez por merecer o terceiro campeonato, pois foi o piloto que mais venceu corridas em 2015, exibiu uma pilotagem soberba, onde soube andar muito forte sem destruir seu equipamento e teve a frieza na corrida final, onde foi atacado pelos dois pilotos da Hondas nas voltas derradeiras desse histórico Grande Prêmio da Comunidade Valenciana.
Após a definição do título de Danny Kent na Moto3 e a insossa corrida da Moto2, mesmo com acidente sério que trouxe bandeira vermelha, havia uma tensão pairando no ar em Valencia. O que aconteceria na definição do título da MotoGP? Como se comportariam Lorenzo largando na pole e Rossi largando em último? Como se comportariam os demais pilotos do grid, especialmente os representantes da Repsol Honda? Rossi e Lorenzo estavam carrancudos no grid e a presença do rei Juan Carlos dava a importância da corrida, que começou com Rossi ultrapassando cinco pilotos ainda antes da primeira curva, enquanto Lorenzo tomava a ponta, seguido de perto pelos dois pilotos da Honda, com Márquez à frente de Pedrosa. Todas as atenções ficaram em cima da prova de recuperação de Rossi. As primeiras curvas da corrida, como mostrou bem a Moto2, podem ser perigosas, mas Valentino escapou bem de possíveis problemas e continuou a ultrapassar quem via pela frente. Valentino Rossi conseguiu seu primeiro título no Mundial de Motovelocidade em 1997, nas 125cc, chamando a atenção de todos. A grande maioria dos pilotos que largaram hoje em Valencia tem pouco mais de vinte anos e por isso, cresceram tendo Rossi como inspiração. Não foi surpresa alguns pilotos estendendo o tapete para Valentino Rossi ultrapassar, caso mais claro de Petrucci, que saiu da linha ideal e ainda foi ultrapassado por Pol Espargaró.
Porém, boa parte desse mesmo grid é espanhol e nas duas semanas entre as corridas em Sepang e em Valencia, houve uma guerra Itália vs Espanha pela mídia. Os irmãos Espargaró não aliviaram e Rossi teve que forçar a barra, até mesmo se arriscando ao ultrapassar esses pilotos. Quando ultrapassou Doviziozo, Rossi estava na quarta posição, 8s atrás do terceiro colocado Daniel Pedrosa. Mesmo com a espetacularidade de sua atuação, Rossi tinha feito não muito do que sua obrigação pelo talento e, principalmente, o equipamento que tem em mãos. Porém, a causa de Valentino Rossi dependia do que acontecia mais à frente e não estava nas mãos habilidosas do experiente piloto italiano.
Lorenzo se caracterizou por disparar na ponta nas primeiras voltas e administrar o restante da corrida. Contudo, Lorenzo em nenhum momento teve vida fácil em Valencia e teve a incômoda presença de Márquez, enquanto Pedrosa resguardava seus pneus para um ataque final. A Honda debitava muita potência na reta, enquanto o equilíbrio da Yamaha se destacava no miolo. O estilo espetaculoso de Márquez não combinava muito bem com a pista de Valencia, mais favorável à suavidade de Lorenzo. Porém, os pneus de Lorenzo foram embora no final da corrida e Márquez tentou o bote, mesmo que de forma tímida, em cima do espanhol da Yamaha. Piloto muito agressivo, Marc Márquez não utilizou nem 10% de sua gana em defender a posição de Rossi na quinzena passada em Sepang na sua luta com Lorenzo. No meio de polêmica que já entrou para a história, provavelmente Márquez não queria se meter novamente na briga pelo título, fora sua simpatia pela causa 'Lorenziana'. Isso fez com que Pedrosa encostasse na briga entre seus compatriotas e chegou a ultrapassar Márquez, que deu o troco na curva seguinte. Parecia que o acaso do destino que daria o décimo título à Rossi seria uma queda dos dois pilotos da Honda, mas os dois se aquietaram e quem não teve do que reclamar foi Lorenzo, que abriu um pouco mais, respirou um pouco mais aliviado e venceu pela sexta vez no ano, coroando o terceiro título na MotoGP, o quinto no geral.
Jorge Lorenzo se emocionou bastante, encontrou com 'clones' dos outros títulos na pista, mas o respeito que o paddock debitou à Rossi quando este chegou aos boxes chamou atenção. Vários mecânicos, não apenas de outras equipes da MotoGP, como também da Moto2 e da Moto3, aplaudiram o italiano em clara reverência. O que Rossi fez em Sepang foi condenável. Ele caiu na armadilha de Márquez e lhe deu um chute. Mesmo na Espanha, ouviu-se vaias para Márquez. A punição a Rossi tinha que acontecer e ela não foi desmedida, como alguns criticaram. Se tivesse levado a bandeira preta na Malásia, que também seria merecido, Rossi entraria na prova em Valencia com nove pontos de desvantagem para Lorenzo e a forma como espanhol da Yamaha venceu hoje provou que o título ficou em boas mãos. O auge de Rossi, infelizmente, já passou. A paixão do italiano pela Motovelocidade o fez se reinventar e por isso, Valentino fez uma temporada espetacular, marcada pela regularidade, mas também contou com alguns fatos que lhe ajudaram muito, como o clima instável em Silverstone, Misano e Motegi, quando Lorenzo era o piloto mais rápido no seco, mas sucumbiu no molhado. Para sempre a temporada 2015 será lembrada pelo incidente em Sepang, mas assim como ocorreu com Ayrton Senna, esses erros ficarão para trás quando nos lembrarmos da carreira incrível de Valentino Rossi, talvez o piloto, de duas ou quatro rodas, mais carismático dos últimos vinte anos.
Porém, o campeão foi Jorge Lorenzo. Antipático, chato, um verdadeiro 'nócego', como se diz por aqui, todavia Lorenzo pilota muito. O espanhol não teve uma temporada perfeita, onde teve um início nada auspicioso, seguido por quatro vitórias seguidas, demonstrando bem os altos e baixos de Lorenzo em 2015. No meio da temporada Jorge Lorenzo passou a ter um campeonato mais linear, demonstrando sua pilotagem forte, mas ao mesmo tempo suave, garantindo vitórias, quando intempéries não lhe atrapalharam. A atitude do espanhol da Yamaha depois de Sepang sempre será criticada, assim como sempre foi criticada a forma como Jorge Lorenzo se comporta. Contudo, ninguém poderá negar o talento e a tenacidade desse espanhol de Mallorca, que foi o melhor piloto de 2015 e mereceu o título.
sábado, 7 de novembro de 2015
Bem no queixo!
Se a temporada de 2015 fosse uma luta de boxe, Valentino Rossi, após dominar toda a luta, levou um direto bem no queixo de Jorge Lorenzo no último round e agora está cambaleando, à espera de um milagre à Rocky Balboa, para tentar uma miraculosa recuperação e vencer, como no filme Rocky 4, um oponente mais jovem, mais forte e que está na frente de seu público.
Largar em último já era um problema gigantesco para Valentino Rossi superar e a única esperança do italiano era que Lorenzo tivesse problemas no sábado e largasse, pelo menos, em terceiro e que as duas Hondas superassem o espanhol da Yamaha. Mas com um tempo absurdo, Lorenzo conseguiu uma pole categórica, deixando entre ele e Rossi mais de vinte pilotos que cresceram acompanhando o surgimento do 'Doutor'. Contudo, um deles, não dará a mínima colher de chá. Marc Márquez largará em segundo, posição do qual necessita Rossi em casa de vitória, uma hora dessa bem provável, de Jorge Lorenzo amanhã. E Márquez fará de tudo para se manter nessa posição, em caso de Rossi conseguir uma recuperação inimaginável e aparecer na sua rabeta.
A corrida amanhã em Valencia será a mais esperada e tensa desde a histórica final, não muito longe dali, em Jerez, na decisão de 1997 da F1. Naquela ocasião, assim como agora, pilotos que não estão lutando pelo título poderão ser diferenciais na luta pelo título mundial da MotoGP. Pelo bem e pelo mal. As autoridades espanholas consideram a prova de amanhã um evento de alto risco, pelo fanatismo das torcidas, principalmente de Rossi, mas não devemos esquecer que a corrida amanhã se dará na casa de Lorenzo e Márquez.
Não importa o que acontecer amanhã, a corrida em Valencia já é histórica. Tomara que seja boa também!
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Enquanto isso na Nascar...
Penso um dia escrever sobre a crise que assola não apenas a F1, mas o automobilismo em geral e um dos exemplos que pretendo dar é a atual regra de Play-Off da Nascar, uma marmota absurda e que muita gente defende por ser 'emocionante'. Filosofias à parte, nesse domingo ocorreu um efeito colateral dessa nova regra com uma polêmica colossal. Algumas semanas atrás, Matt Kenseth foi tirado da pista nas voltas finais da corrida do Kansas por Joey Logano, que ficou com a vitória. Devido à esdrúxula regra, a vitória era praticamente a única salvação possível para Kenseth para permanecer com chances de título, mas o toque de Logano pôs tudo a perder. Nesse domingo, Logano tentava sua quarta vitória nas cinco últimas corridas e garantir um lugar como postulante ao título para a corrida decisiva em Miami, daqui a algumas semanas. Porém, Kenseth, que já tinha sofrido um acidente, não tinha esquecido da prova do Kansas. Como retardatário, dez voltas atrás do líder, Kenseth esperou Logano para lhe acertar a traseira com gosto, tirando a vitória do rival e ainda deixando Logano em maus lençóis nessa fase dos Play-Offs da Nascar. Foi uma polêmica monstro, mas a reação da torcida fala bem que Logano sofreu daquela velha frase: Aqui se faz, aqui se paga!
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Figura(MEX): Público
Quando fez parte do calendário da F1, o público mexicano sempre impressionou pela atividade com que vibrava com a categoria, mesmo que na segunda passagem, entre 1986 e 1992, não houvesse um único mexicano na pista. Bancado por Carlos Slim, um dos homens mais ricos dos mundo, a F1 retornou ao México 23 anos depois promovendo uma festa inesquecível para quem acompanha a F1 pelos quatro cantos do mundo e muitas vezes enfrenta a frieza do público chinês ou russo. Mesmo essa reforma ter transformado o Autódromo Hermanos Rodríguez num quase circuito de rua (até mesmo saindo um pouco das características da F1 atual de amplas áreas de escape) e a famosa curva Peraltada ter sido enterrada, um enorme 'coliseu' foi construído no lugar da mítica última curva, onde dezenas de milhares de torcedores vibraram muito, principalmente quando o compatriota Sergio Pérez aparecia no local. Mais de 130.000 pessoas apareceram só no domingo e esquentaram uma corrida morna dentro da pista, garantindo que o público mexicano foi o grande protagonista do final de semana.
Figurão(MEX): Ferrari
Até mesmo a Mercedes já teve seu dia de cão (no caso, em Cingapura) neste ano. Ontem, foi a vez da Ferrari ter um dia para esquecer. O time italiano, praticamente única equipe a ameaçar ligeiramente o domínio da Mercedes nesse ano, fez uma classificação usual, com Vettel conseguindo seu habitual terceiro lugar, enquanto Raikkonen, punido duplamente, ficou na última fila e nem ficou muito tempo na pista. No domingo, as coisas começaram a se complicar ainda na primeira curva, quando Vettel largou mal, foi ultrapassado por Kvyat e acabou tocado pelo ex-companheiro de equipe Ricciardo na primeira curva, furando o pneu do alemão, que reclamou do australiano pelo rádio, mas Ricciardo escapou de punição. Caindo para o final do pelotão, Vettel começou uma tentativa de corrida de recuperação, mas num dia fora da curva, o alemão errou demais, passando reto na freada da primeira curva quando tentava ultrapassar Maldonado e saindo da pista duas vezes na mesma curva, sendo que na última vez, acabou batendo sua Ferrari no soft-wall, trazendo o solitário safety-car para a pista. Um dia esquecível para Vettel, algo não muito diferente de Raikkonen. Largando na última fila, único com pneus médios, Kimi fazia uma boa corrida de recuperação e enquanto retardava sua parada, o finlandês ia ganhando posições. Inclusive do seu compatriota Valtteri Bottas, em quem recentemente bateu e tirou o piloto da Williams da corrida na última volta. Com pneus melhores, Bottas se aproximou de Raikkonen e a batalha finlandesa acabou novamente num toque, desta vez com papeis invertidos, pois foi Raikkonen que estava na frente e acabou tocado por Bottas. A diferença foi que, se em Sochi Kimi tentou uma manobra suicida em cima do compatriota, desta vez quem tentou ultrapassar (Bottas) foi espremido pelo piloto da frente (Raikkonen), o que acabou ocasionando a colisão que quebrou a suspensão dianteira traseira de Raikkonen, mas para sorte de Bottas, o Williams se manteve impávido rumo ao pódio. Desde o longínquo Grande Prêmio da Austrália de 2006, a Ferrari não tinha um abandono duplo devido à acidentes. A Ferrari teve uma ótima temporada e tem boas perspectivas para 2016, mas a volta ao México não das mais agradáveis à Ferrari.
domingo, 1 de novembro de 2015
Quente por fora...
...morno, quase frio, por dentro. Assim pode ser resumido o Grande Prêmio do México de F1 realizado agora à pouco. As arquibancadas estavam lotadas de fanáticos torcedores que se reencontravam com a F1 após 23 anos, com o adicional de ter na pista um dos seus, Sérgio Pérez, dentro da pista. Porém, dentro da pista, o que se viu foi uma corrida com poucas emoções e outra dobradinha esmagadora da Mercedes, com a diferença de Nico Rosberg finalmente se sobressair sobre Hamilton, mesmo com o inglês quase desobedecendo sua equipe quando ambos os carros prateados fizeram a segunda parada. Para melhorar as coisas para Rosberg, Vettel teve um dia de Maldonado e abandonou, com Valtteri Bottas completando o pódio, superando os carros da Red Bull numa disputa apertada.
A corrida não das mais animadas e nem mesmo os quase mil metros de distância entre a largada e a primeira curva trouxe maiores sobressaltos, com Nico Rosberg finalmente conseguindo uma saída decente, com Hamilton permanecendo em segundo, enquanto Sebastian Vettel começava o seu calvário ainda na primeira curva num toque com Ricciardo que furou o pneu da Ferrari. A partir de então, a corrida se tornou bem estática, com a Mercedes abrindo um caminhão de vantagem sobre o melhor do resto, no caso, Daniil Kvyat. Rosberg e Hamilton trocavam melhores voltas, com o alemão se sobressaindo com os pneus macios, enquanto Lewis era ligeiramente melhor com os médios. Porém, a diferença entre eles nunca foi significativa a ponto de haver uma briga mais forte entre os dois pilotos da Mercedes. O domingo foi o primeiro dia de calor no final de semana mexicano e por isso o desgaste ficou mais alto do que o esperado, fazendo com que a Mercedes trouxesse seus dois pilotos para os pits para uma segunda rodada de paradas. Rosberg, em primeiro, foi aos boxes na frente, como de praxe. E então criou-se um suspense, pois Hamilton não parecia muito animado em repetir a estratégia do companheiro de equipe. Se o inglês vencesse numa tática diferente, o clima dentro da Mercedes ficaria ainda pior do que já está, mas Hamilton fez sua segunda parada como a Mercedes queria e mesmo o safety-car provocado por Vettel ter aproximado novamente os pilotos prateados, Rosberg e Hamilton chegaram nessa ordem para a décima dobradinha da Mercedes em 2015, se configurando num domínio tão grande, quiçá maior, do que em 2014. Porém, a tensão entre Rosberg e Hamilton ficou evidente antes do pódio, com os pilotos mal se olhando. Se Nico Rosberg se reinventar em 2016 e repetir corridas como a de hoje, a próxima temporada pode ser tão animada como foi ano passado.
Com o dia desastroso de Vettel, o título de melhor do resto ficou à cargo dos pilotos de Williams e Red Bull, com predomínio para a última, com Kvyat tomando o terceiro lugar ainda na primeira volta e ficando nessa posição a maior parte do tempo. Porém, o russo foi engolido por Bottas na relargada e com as claras deficiências do motor Renault, Kvyat não esboçou sequer um ataque ao finlandês, mesmo os pilotos da Red Bull estando com os pneus macios e a Williams ter equipado pneus médios em seus carros. Bottas teve um final de semana bem agitado. Sendo um dos primeiros a parar, Bottas teve um reencontro nada amistoso com Kimi Raikkonen, desta vez com o piloto da Williams tocando em Kimi e jogando o compatriota longe, acabando com a corrida de Raikkonen, que mais uma vez forçou a barra. Sem maiores problemas no seu carro, Bottas conseguiu o segundo pódio da temporada e colocou o sombreiro da Pirelli. Kvyat teve que se conformar com o quarto lugar, enquanto Ricciardo também participou de um momento polêmico quando tocou em Vettel na primeira curva e acabou furando o pneu do alemão, que reclamou um bocado pelo rádio, mas o australiano não foi punido. Massa repetiu a estratégia do companheiro de equipe, mas esteve longe de repetir o desempenho de Bottas, ficando bem atrás do colega da Williams, num final de semana completamente opaco do brasileiro. Pior foi Vettel, que teve a corrida mais errática na sua carreira da F1, onde errou várias vezes e no fim causou o safety-car ao bater no soft-wall. Um dia para esquecer para Vettel e a Ferrari, que saiu de mãos abanando e com dois carros para consertar.
Correndo em casa, Sérgio Pérez teve a emoção de contar com o apoio de mais de 100 mil pessoas nas arquibancadas e o mexicano fez uma corrida correta, completando uma arriscada estratégia de uma única parada e fazendo duas ultrapassagens na espécie de 'Coliseu' construído no lugar da famosa curva Peraltada. Isso levantou o público, mas Pérez acabou superado com facilidade por Hulkenberg, que fez uma corrida discreta e no final da corrida, estava bem próximo de Massa, na briga pelo sexto lugar. Uma corrida muito boa do alemão, que vinha numa fase menos boa. Max Verstappen pontuou mais uma vez, mesmo o holandês tendo perdido rendimento na metade final da corrida, após ter chegado a andar em terceiro enquanto os líderes paravam. O que chama atenção é que na briga dentro da Toro Rosso, Verstappen já tem uma boa vantagem sobre Sainz, que não pontuou hoje, mas é considerado um ótimo piloto, contudo, Verstappen está se sobressaindo nessa briga. Falando em briga, as duplas de Lotus e Sauber andaram coladas a maior parte do tempo durante a corrida, com Grosjean ficando à frente de Maldonado e Ericsson superando Nasr, que abandonou no final da corrida com problemas, novamente, nos freios. A McLaren teve outra corrida terrível, com Alonso abandonando na primeira volta com problemas no motor novo e Button parecendo parado na longa reta dos boxes. E o pior é que a Honda parece bem animada em ceder seus motores à desesperada Red Bull em 2016, para desgosto da McLaren. Com seus dirigentes pedindo as contas, a Manor vê um Alexander Rossi chegar chegando e superando Stevens em todas as corridas em que andaram juntos.
A corrida no remodelado circuito Hermanos Rodríguez mostrou um público mexicano sedento por F1, gritando 'Nico, Nico, Nico' quando os carros dos três primeiros estacionaram na frente do público que lotou o estádio. Porém, isso foi uma das poucas coisas boas que a corrida mostrou. Mais uma vez a Mercedes dominou e Rosberg conseguiu uma vitória que ele tanto perseguia, mas erros, como o de Austin, impediram. Porém, essa reação do alemão veio tarde demais para animar o campeonato.