E como normalmente acontece nas vésperas de Natal, abro mais uma vez um recesso no blog. O ano de 2015 foi de desafios, dificuldades e aprendizado, mas sempre com a esperança de que 2016 será bem melhor. Até mesmo na F1, principal foco aqui do blog. Para os amigos que acompanham esse humilde blog, um Feliz Natal e um 2016 cheio de saúde, paz e prosperidade!
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
domingo, 13 de dezembro de 2015
Sem drama
A situação de Cacá Bueno na última etapa da Stock Car era crítica. Com mais de trinta pontos de desvantagem para Marcos Gomes, o piloto da Red Bull precisava de um verdadeiro milagre, mesmo a corrida em Interlagos tendo pontuação dobrada. E o drama ficou ainda maior pelos problemas com o piloto carioca no final de semana decisivo, culminando com a chuva que caiu em São Paulo bem no momento em que Cacá iria se classificar, jogando-o para as últimas posições do grid. Porém, a situação de Marcos Gomes, olhando unicamente a prova desse domingo, não era fácil, com problemas mecânicos e o filho mais novo de Paulo Gomes também sendo vítima da chuva no sábado. Contudo, Gomes largaria apenas uma posição atrás de Bueno.
E a corrida, no que tange o título, foi decidida nas primeiras curvas da corrida de hoje. Um toque no meio do pelotão na curva do Lago fez com que vários carros rodassem e Marcos Gomes fosse um dos envolvidos. Algumas curvas mais cedo, Cacá tinha tocado forte em Ricardo Maurício e avariado de forma definitiva seu capô. Mesmo corridas sendo corridas, a fatura ficou praticamente faturada para Gomes, que voltou à prova seis voltas atrasado, enquanto Cacá sofria com um carro mal acertado, os problemas em seu capô, prestes à voar e nas últimas posições, longe do quarto lugar que lhe seria suficiente para ser hexacampeão.
Como sempre, a Stock mostrou muitos toques (lembrando o apelido Stock-tock Car) e poucas emoções na pista. O pole Valdeno Brito teve problemas antes mesmo da largada e desobedecendo ordens de parar nos boxes, acabou desclassificado, dando a tranquila vitória para Átila Abreu, que venceu sem problemas. Fora as primeiras voltas e o Demolition Derby que aconteceu, a corrida transcorreu sem maiores emoções, numa prova que não foi um show de transmissão pela TV, muito focada no drama de Cacá Bueno, mas ao contrário do que dizia e insistia Sergio Maurício e Reginaldo Leme, a decisão do campeonato foi tudo, menos dramática. Era claro evidente que Marcos Gomes era campeão.
Filho da lenda da Stock Paulo Gomes, Marcos Gomes começou a carreira nos monopostos, mas sem muito destaque, preferiu a zona de conforto da Stock, onde teria o apoio valioso do seu pai, algo que seu irmão mais velho, o destrambelhado Pedro Gomes não usufruiu. Marquinhos sempre foi um piloto de ponta e brigou pelo título em 2008, só voltando a disputar agora o título com uma pilotagem bem sólida e constante durante todo o ano de 2015, conquistando o seu primeiro título com muitos méritos. E a família Gomes agora conta com cinco troféus guardados em Ribeirão Preto!
sábado, 12 de dezembro de 2015
Homenagem ao mito
Não, não estou falando do Rogério Ceni, que se despediu do futebol ontem. Numa homenagem da Citröen ao seu melhor piloto de todos os tempos, foi produzido um vídeo para Sebastien Loeb.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
Figura(2015): Lewis Hamilton
Se tem alguém que irá se lembrar com carinho de 2015 na sua carreira será Lewis Hamilton. O inglês fez o que dele se esperava com o carro que tem: dominou. Se no ano passado Hamilton teve a presença incômoda de Nico Rosberg nos seus calcanhares, em 2015 o inglês suplantou o companheiro de equipe e com um carro bem melhor do que os demais, conquistou dez vitórias e com três corridas de antecedência, garantia o tricampeonato em Austin, se igualando à Ayrton Senna, um verdadeiro guru para Hamilton. Foi uma temporada onde Lewis fez em velocidade de cruzeiro e sem maiores problemas, tirando um ou outro stress, como em Monte Carlo, onde perdeu uma corrida que tinha nas mãos por um erro estratégico da equipe. Quando garantiu o título, Hamilton deu uma relaxada e começou a farrear para valer, abrindo espaço para Rosberg vencer as últimas três corridas de 2015, aumentando a tensão entre os dois companheiros de equipe da Mercedes. A esperança é de que, com a Mercedes continuando a dominar em 2016, os dois pilotos prateados comecem uma briga para valer, igual ao que houve em 2014. Se isso acontecer, Lewis Hamilton já mostrou que é bem capaz de derrotar Nico Rosberg. E ultrapassar Senna no quesito títulos!
Figurão(2015): McLaren-Honda
Quando a Mercedes formou sua própria equipe em 2010, a McLaren percebeu a enrascada que estava. Na F1 atual, uma equipe estar associada à uma montadora é questão de sobrevivência, se o time em questão quiser brigar por vitórias e títulos. E brigar por vitórias e títulos sempre foi a marca da McLaren. Com os novos motores híbridos, a Honda novamente se interessou na F1 e um casamento com a McLaren relembraria momentos gloriosos dessas duas marcas míticas da F1. Foi um ano inteiro de preparação até a estreia na pré-temporada, ainda no final de 2014 em Abu Dhabi. E os sinais já não eram bons naqueles dias, quando o carro mal saiu dos luxuosos boxes do Oriente Médio. Ainda há tempo, pensaram muitos. Veio a pré-temporada e nada do motor Honda funcionar. A McLaren construiu um carro com traseira compacta e tinha nos seus cockpits dois campeões do mundo, com Ron Dennis tendo que engolir à seco Fernando Alonso, que saiu atirando para todo lado no final de 2007. E Alonso foi protagonista do momento mais esquisito da pré-temporada quando sofreu um acidente que ninguém nunca viu em Barcelona, mas que deixou o espanhol de molho por uma corrida. Porém, a falta de informações por parte da McLaren levantou vários boatos, incluindo de que Alonso pensou estar em 1995. Veio a primeira corrida na Austrália, sem Alonso, e logo se percebeu que o buraco seria muito, mas muito embaixo mesmo. O motor Honda, particularmente os motores de recuperação de energia, não funcionavam, sem contar a baixíssima confiabilidade, que fez Kevin Magnussen estourar o seu motor quando o danês ia para o grid. Numa corrida cheia de abandonos, Button quase pontua, mas o 11º lugar do inglês significou a última posição, duas voltas atrás dos antigos parceiros da Mercedes. Essa foi a primeira corrida, mas resume toda a temporada da McLaren em 2015, cheia de frustrações, quebras e algumas polêmicas. Quando a cota de motores por temporada acabou ainda antes da metade da temporada, começaram o pesadelo das punições à Button e Alonso. Parecia que os dois campeões mundiais, onde ninguém poderia colocar um porém em suas carreiras, iriam largar junto com a GP2, tamanha a quantidade de punições de posições de grid que recebiam por troca de motor. No total, foram mais de 230 posições 'perdidas'. E falando em GP2, em pleno quintal da Honda, Alonso falou que estava com um motor de GP2, tamanha era a frustração do espanhol. Contra todos os prognósticos, a McLaren ainda conseguiu pontuar com seus dois pilotos em algumas provas, com Button à frente de Alonso no campeonato, algo inédito na carreira do espanhol. Lá na frente, a McLaren-Honda pode olhar para 2015 como um ano duro e de muito aprendizado, mas o que vimos nessa temporada é muito pouco para uma equipe acostumada a vitórias e títulos.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Panca da semana
Não foi exatamente uma pancada daquelas, mas o acidente de Mauro Giallombardo, na Top V6 argentina chamou atenção pelo fato do carro ter pegado fogo do nada, dando um grande susto no argentino, mas, felizmente, sem maiores ferimentos.
domingo, 6 de dezembro de 2015
Esperança de dias melhores
O que mais se viu nesses últimos meses no que diz respeito à F1 é que a categoria está acabando, não tem mais interesse e que o bom era no passado. Realmente a temporada 2015 não será lembrada como a melhor dos últimos tempos, principalmente se formos comparar com o recente campeonato de 2012, que teve vários pilotos diferentes vencendo e uma corrida histórica em Interlagos que deu o título à Sebastian Vettel. Assim como no ano passado, a Mercedes dominou como quis, mas o diferencial foi a falta de brilho de Nico Rosberg nos primeiros dois terços iniciais do campeonato, abrindo alas para Lewis Hamilton conquistar o seu terceiro título e se igualar à Ayrton Senna, verdadeiro guru para o inglês. Foram dez vitórias para Hamilton, com Nico Rosberg vencendo outras seis provas, sendo três de forma consecutiva nas três corridas finais, quando Hamilton estava mais animado com as festas do que com as corridas que faltavam. Sebastian Vettel, afinadíssimo na Ferrari, conquistou as outras três vitórias de 2015, repetindo o que aconteceu em 2014, quando apenas três pilotos, não por coincidência os três primeiros do campeonato, venceram corridas na temporada. Como todos os anos, houvem corridas boas e ruins, porém a maioria foi bem ruim, como as duas corridas latino americanas no México e no Brasil.
A temporada começou em Melbourne mostrando o que seria o tom de 2015. Polêmicas fora da pista e pouca ação dentro dela. Num acidente estranho e nunca explicado totalmente, Fernando Alonso adiou sua reestreia na McLaren, dando lugar ao antigo titular Kevin Magnussen. Numa confusão absurda por falta de dinheiro, a Sauber assinou com mais pilotos do que seus dois cockpits e Giedo van der Garde chegou em Melbourne para correr, causando um rebuliço jurídico que quase tirou a equipe suíça da corrida de abertura da temporada. No fim, o holandês, queimado na F1, não correu, mas uma série de problemas e incidentes (Bottas se machucou durante a classificação), fez com que apenas quinze carros largassem e somente onze terminaram uma corrida chata, onde a Mercedes conquistou sua primeira dobradinha com sobras sobre os demais. Num entrevista que dei a um jornal local, disse que a disputa entre Hamilton e Rosberg poderia ser histórica, lembrando até outras rivalidades históricas dentro de uma mesma equipe, como Senna/Prost e Piquet/Mansell. Errei redondamente. Nico Rosberg é claramente menos talentoso do que Hamilton, mas como conhece o inglês desde a tenra idade, Nico sempre maximizou os seus pontos fortes e atacou os pontos fracos de Hamilton. Foi assim que Rosberg quase foi campeão em 2014. No fundo, o alemão sabia que ano passado tinha sido sua grande chance, mas parece que a perda do título em 2014 afetou Rosberg a ponto do alemão ter feito algumas corridas irreconhecíveis no começo desse ano, perdendo a sua vantagem na classificação para o seu companheiro de equipe e estendendo o tapete para Hamilton vencer corrida em cima de corrida, ganhando espaço entre os grandes da história da F1. Lewis Hamilton começou a na F1 como um prodígio com potencial de grande campeão, mas a cabeça frágil do inglês fez com que Lewis vacilasse em vários momentos, principalmente após o seu primeiro título, em 2008. Com o espírito mais leve e com menos pressão, Hamilton correu mais solto em 2015 e ainda aproveitou para curtir a vida adoidado, lembrando vagamento James Hunt. O título de Hamilton foi incontestável e foi conquistado com três provas de antecedência, com uma vitória em Austin, na melhor corrida do ano, por causa da chuva que afetou todo o final de semana texano. Com as várias vitórias de 2015, Hamilton já é o terceiro do ranking histórico nesse item da F1, ultrapassando Senna e deixando Vettel para trás por apenas uma vitória. Hamilton já é um dos grandes da história? Na minha opinião, sim. Ainda falta uma luta mais direta com outro campeão mundial ou um piloto tão histórico quanto ele, como Vettel? Sim. Hamilton já teve uma luta muito forte com Alonso e o venceu logo em sua primeira temporada na F1 e ao longo dos anos Lewis se mostrou um piloto talentoso. Mesmo Rosberg conseguindo o vice-campeonato com um ótimo final de ano, com direito a três vitórias seguidas e seis poles consecutivas, todos querem ver uma disputa entre Hamilton e Vettel, os maiores pilotos dessa geração.
Para conseguir isso, Vettel espera que a Ferrari mantenha sua curva ascendente. Após um ano ruim em 2014, a Ferrari mudou muita coisa. Como se diz no futebol, do goleiro ao ponta esquerda. Um desmotivado Alonso deu lugar a Vettel, que sempre sonhou em substituir Schumacher no coração dos tifosi e numa temporada de redenção, o alemão conseguiu isso um pouco. Após uma temporada pouco inspirada na Red Bull, onde foi superado por Daniel Ricciardo, Vettel chegou à Ferrari com um pouco de desconfiança, mas já sendo a ponta da espada da recuperação ferrarista, tendo como artífice o novo chefe, Maurizio Arrivabene. Logo na segunda corrida do ano a Ferrari chocou o mundo da F1 com Vettel conquistando uma vitória na Malásia, derrotando os dois carros da Mercedes na pista. Porém, o alemão aproveitou uma estratégia diferente, a pista sempre escaldante da Malásia e o pouco apetite da Ferrari por pneus. Foi uma situação bem atípica, mas Vettel dava início a uma temporada que provou todo o seu talento, mesmo não tendo o melhor carro da F1. Muitos diminuem os feitos de Vettel por ter conquistado seus quatro títulos com um carro superior aos demais. Um exemplo aqui no Brasil é o corneteiro Eduardo 'Anta' de Mello, no Bandsports. Porém, Vettel fez uma temporada extremamente forte e consistente, chegando a tirar o segundo lugar de Rosberg no meio do campeonato e vide a diferença entre os carros da Mercedes e da Ferrari, era um feito e tanto. Nico se recuperou no fim, mas Vettel ficou em terceiro lugar com uma pilotagem segura e mais duas vitórias em 2015, incluindo o incontestável triunfo em Cingapura. Em outra corrida específica, a Mercedes não conseguiu um bom acerto e ficou longe da luta pela vitória. Quem se aproveitou disso? Vettel, numa vitória de ponta a ponta, como nos bons tempos da Red Bull. Um dos poucos sobreviventes da barca ferrarista no final de 2014, Raikkonen quase saiu no final desse ano. Se levou uma sova de Alonso no ano passado, nesse ano Kimi não conseguiu acompanhar o ritmo de Vettel e ficou sempre devendo frente ao companheiro de equipe. Raikkonen ainda teve alguns brilharecos, como o segundo lugar no Bahrein, mas muito pouco para um campeão mundial. Apesar de ter sido muito criticado e seu lugar na Ferrari ter sido muito especulado (falava-se muito em Bottas e Ricciardo), Raikkonen ficará outro ano na Ferrari, muito pela amizade com Vettel e pelo anti-marketing dele. Leve como um elefante numa loja de cristais, Raikkonen vem se notabilizando pelas frases nada sutis com seus engenheiros durante as corridas, fazendo-o um dos pilotos mais populares da F1, mesmo não sendo nada simpático.
A Williams acabou 2014 falando em vitórias em 2015. Quiçá, um título num futuro à médio prazo. O que a Williams tem que entender é que, sendo uma equipe cliente, ela nunca será uma equipe campeã. E com os erros operacionais que comete, dificilmente a Williams voltará a conseguir vitórias. A Williams usou muito bem o motor Mercedes, o melhor da F1 atualmente, mas com o crescimento da Ferrari, Bottas e Massa não puderam fazer mais do que repetir o terceiro lugar no Mundial de Construtores, com apenas quatro pódios, com dois para cada piloto. Tido e visto como futuro campeão mundial, Bottas esteve especulado na Ferrari para substituir o seu desafeto Raikkonen, com quem teve alguns toques ao longo do ano, mas tendo Toto Wolff como empresário, o finlandês espera a sua vez na Mercedes, enquanto Massa foi menos irregular do que no ano passado, marcando pontos de forma mais distribuída durante a temporada, porém, o brasileiro se mostrou mais voraz com os pneus do que Bottas e novamente foi superado pelo companheiro de equipe. Algo comum nos últimos anos, mesmo que o lugar de Felipe na Williams nunca tenha sido colocado em questão e o brasileiro gozar de um bom ambiente na equipe. O que mais chamou a atenção da Williams foi novamente os erros estratégicos e os pit-stops erráticos. Parecia que a Williams sempre trazia seus pilotos na hora errada e quando o carro parava para trocar os pneus, a equipe era sempre uma das mais lentas, tornando notória a perda de posições de Bottas e Massa devido à essas trapalhadas. Em Silverstone, quando Massa e Bottas largaram muito bem e pontearam a corrida por várias voltas, erros estratégicos estragaram a corrida da Williams, que nem pro pódio foi por causa de outro problema crônico que a equipe traz desde 2014: a falta de ritmo na chuva. Além dos problemas em pistas travadas, como o fiasco da Williams em Mônaco.
Continuando sua fase descendente desde a adoção dos motores V6 turbo, a Red Bull caiu de segundo para quarto no Mundial de Construtores, sem nenhuma vitória e três pódios. Após vencer três vezes ano passado, Ricciardo ficou pelo caminho da mediocridade da cúpula da Red Bull e foi superado pelo o seu companheiro de equipe, o bom russo Daniil Kvyat. A Red Bull vive o caso da empresa mal gerida que coloca a culpa nos outros para explicar seu fracasso. Quando foi tetracampeã, a Red Bull sempre negou algum domínio na F1 e exaltou o seu trabalho forte. Quando começou a perder, Helmut Marko e Christian Horner acharam vários culpados pela saída da Red Bull do rol das favoritas. Primeiro, culpou o domínio da Mercedes, dizendo que nunca tinha acontecido em sua época. Quando os números mostram o contrário... Depois começou a atacar os novos motores V6 turbo e por fim, a antiga parceira Renault. Na sombra da Red Bull nos momentos de glória, a Renault entrou no olho do furacão nos momentos ruins e passou a ser a culpada pelo fracasso da Red Bull. E os resultados não negavam. Quando a pista era travada, como Hungaroring ou Cingapura, os carros da Red Bull chegaram ao pódio, no caso da Hungria, com seus dois pilotos. Em Monza, os carros com motores Renault ficaram nas duas últimas filas. Não restou outra alternativa para a Red Bull de procurar outro motor, mesmo tendo contrato com a Renault até o final de 2016. Mas quem, em sã consciência, cederia seus motores a uma equipe que, vencendo, o chassi que é o bom, e perdendo, a culpa é do motor? Mercedes, Ferrari e Honda não toparam. Também por medo de serem derrotadas pelo próprio motor. A Red Bull entrou num buraco em que quase a deixou de fora da F1, mas eis que se acertou com a... Renault! Porém, com o apoio da TAG Heuer, a Red Bull irá desenvolver o motor de forma independente, enquanto continua na expectativa de conseguir um outro motor ou até mesmo vender a equipe para a VW. Porém, a Red Bull sai de 2015 com a pecha de má perdedora...
Sérgio Pérez já foi uma sensação no começo dessa década, fracassou na McLaren, mas somente em 2015 conseguiu o que ele próprio define como sua melhor temporada, incluindo um pódio em Sochi e uma corrida redentora na sua casa, onde mais de 100 mil mexicanos vibraram em todas as voltas com o seu compatriota, mesmo Pérez ter terminado a corrida apenas em oitavo. Foi uma temporada incrível para Sérgio Pérez, que derrotou um piloto fortíssimo como Nico Hulkenberg. O alemão conseguiu mais destaque pelo o que fez fora da F1, quando venceu as 24 Horas de Le Mans com a Porsche numa bela exibição. Porém, a derrota para Pérez coloca uma interrogação nessa conquista. Mesmo sendo uma das poucas categorias do mundo que estão no seu auge, será mesmo a WEC no nível da F1? Pois um piloto do meio do pelotão da F1 foi a principal prova do WEC e venceu a corrida tendo feito apenas duas corridas no carro da Porsche... A Force India usou muito bem a força do motor Mercedes, que escondeu um pouco as dificuldades financeiras da equipe. O time hindu começou 2015 com uma versão pouco testada do seu carro e só ganhou um update no meio da temporada, dando a Pérez e Hulkenberg condições de brigar constantemente pelos pontos, culminando com o pódio de Pérez na Rússia. Mesmo tendo conquistado o quinto lugar no Mundial de Construtores, a Force India pode ser vendida para Aston Martin ainda nesse ano. Outra equipe que sofreu com a crise financeira em 2015 foi a Lotus. Vivendo a expectativa de ser vendida para a Renault, a Lotus viveu um verdadeiro calvário, onde não desenvolveu o seu carro e muitas vezes não pagou taxas para o autódromos, ficando quase fora das corridas e vendo seus funcionários, inclusive os pilotos, ficando ao léu. Porém, Romain Grosjean deu a volta por cima e conseguiu uma ótima temporada, incluindo um miraculoso pódio em Spa, lugar onde a Lotus teve seus equipamentos apreendidos devido a uma decisão judicial. Grosjean ainda sofre preconceito devido aos seus primeiros desastrosos anos na F1, mas o francês claramente evoluiu e facilmente é um dos melhores pilotos da F1, mas o francês não esperou muito pelo desfecho da compra da Renault e se mandou para o novo projeto da Hass. Um golpe para a Renault, que finalmente comprou a Lotus no começo dessa semana e terá um Pastor Maldonado na mão. Ao contrário de Romain Grosjean, a sensação que fica é que Maldonado involuiu, perdendo a sua velocidade e se metendo ainda em acidentes bestas. Dono de um patrocinador forte, Maldonado ficou com a Renault para 2016, mas já com mais de 30 anos, pouco se espera do venezuelano, que terá ao seu lado o jovem Jolyon Palmer, campeão da GP2 em 2014. Ou não. A Renault não irá entrar na F1 para apenas participar e ter Maldonado como líder da equipe não é nada promissor. Não seria surpresa ver Maldonado, com seus milhões de dólares bolivarianos, indo para o olho da rua no ano que vem.
A F1 começou 2015 de olho na dupla da Toro Rosso. Se Carlos Sainz fez toda a trajetória das categorias de base com sucesso e mesmo contando com apenas 20 anos já poderia ser considerado um piloto experiente, o que poderia se achar de Max Verstappen e seus 17 anos? O holandês sempre foi considerado um fenômeno desde o kart e fez uma estreia assombrosa na F3 Europeia, mesmo não ficando com o título. Não tendo nem carteira de motorista, muitos ficaram assustados com a pouca experiência de Max, ainda mais se lembrando de como seu pai Jos se queimou na F1 justamente por ter entrado na categoria cedo demais. O acidente com Grosjean em Mônaco reforçou a sensação de que Max entrou cedo demais na F1, mas enquanto a temporada se desenrolava, Verstappen mostrava não apenas uma maturidade impressionante, como também ser um excepcional talento. E os resultados não demoraram a vir, com dois quarto lugares em duas corridas difíceis (Hungria e EUA), sem contar as belas ultrapassagens efetuadas pelo holandês. Da desconfiança, surgiu o fascínio para com Max Verstappen, que se tornou uma das sensações da F1, com direito a um futuro belo patrocinado pela Red Bull. Carlos Sainz, filho da lenda espanhola do rally do mesmo nome, não teve uma temporada tão brilhante, mesmo que Sainz normalmente andasse no mesmo ritmo de Verstappen. Porém, o espanhol errou bastante, sofreu um seríssimo acidente em Sochi, que quase o tirou da corrida, e padeceu de vários problemas em seu carro. Foi um começo difícil para Sainz, mas seu companheiro de equipe mais novo, Verstappen, se destacou bem mais do que ele. Outro novato em 2015 foi Felipe Nasr, na cambaleante Sauber. E parecia que o brasileiro poderia se destacar. Logo em sua estreia na F1, num final de semana complicado pelos problemas extra-pista da Sauber, Nasr conseguiu um ótimo quinto lugar, segurando nas voltas finais Ricciardo. Foi uma estreia de sonho, mas a realidade bateu na porta nas provas seguintes. Sofrendo com problemas financeiros graves, a Sauber praticamente não desenvolveu o seu carro e o quinto lugar na Austrália foi ficando distante, com Nasr passando vários meses sem pontuar e até mesmo sendo superado pelo o seu companheiro de equipe Marcus Ericsson. Nasr brigou com seu engenheiro e o trocou, numa situação sempre chata na equipe e que pode refletir no relacionamento do brasileiro com os demais membros da equipe. Não se pode dizer que Nasr fez uma má temporada de estreia. Felipe superou seu experiente companheiro de equipe nos pontos, além de ter ficado na frente de Maldonado, que tinha um carro bem melhor do que o dele. Porém, a falta de desenvolvimento da Sauber fez com que Nasr aparecesse bem apenas na primeira corrida e como única esperança brasileira no futuro a curto prazo da F1, Nasr precisa de um pouco mais para se estabelecer na F1 por causa unicamente do seu talento, não como um pay-driver, algo que deixa Nasr irritado, mas os 30 milhões de dólares do Banco do Brasil não nega.
A parceira McLaren-Honda tinha sido de muito sucesso no final dos anos 80 e começo dos 90, mas com um motor tão complicado e numa equipe já longe dos seus melhores momentos, o que se viu foi uma temporada vergonhosa tanto para McLaren, como para a Honda e seus dois pilotos campeões do mundo. Ainda na pré-temporada se previa uma temporada sombria para a nova parceria, pois nem Button, nem Alonso, que sofreu um estranho acidente, fizeram uma quilometragem decente no inverno. As coisas não melhoraram no decorrer da temporada, com um motor extramente fraco e frágil. Era comum os carros negros da McLaren sendo ultrapassados na reta por qualquer carro, enquanto a Honda trocava de motor muito mais do que a média das outras montadoras, cultivando punições exóticas para Button e Alonso, como as 105 posições acumuladas na Hungria. 'Motor de GP2', bradou Alonso em Suzuka, casa da Honda. Semanas depois, o espanhol tomava sol em São Paulo após outro motor quebrado. Momentos depois, num momento zoeira total, Alonso e Button subiram ao pódio de Interlagos, para deleite de todos. Era uma forma de brincar com a terrível temporada da McLaren, que desde 2012 corre sem patrocinador principal e vai perdendo os apoiadores secundários, enquanto Ron Dennis arrota arrogância por aí. A dupla Button e Alonso permanece mais um ano, enquanto o terceiro piloto Magnussen foi demitido via e-mail na véspera do seu aniversário, dando lugar ao campeão da GP2 Stoffel Vandoorne, talvez a única boa notícia da McLaren em 2015. O fato da Manor ter participado dessa temporada já foi um trabalho hercúleo de uma equipe que praticamente tinha acabado no final de 2014, mas lembraremos da Manor nesse ano, quando seu melhor piloto, Jules Bianchi, foi anunciado morto após nove meses de coma. Foi o segundo piloto da Manor a falecer, após a morte de Maria de Villota em 2012. Um histórico sombrio para uma equipe nova e sem recursos, que sempre andou nas últimas posições na F1, mas com um sopro de esperança com o acordo com a Mercedes para 2016, que deverá impor o seu jovem piloto Pascal Werhleim.
Fora das pistas, a F1 teve mais um ano em que seus dirigente não se entenderam. Num erro estratégico monumental, por muito pouco a Red Bull quase abortou toda a sua operação na F1 por falta de motor. A Manor não largou em Melbourne por falta de conhecimento de um software do novo motor Ferrari. A Sauber passou por um papel ridículo na Austrália, por causa da incompetência de sua cúpula, que contratou mais pilotos do que tinha de cockpits. A Lotus passou perrengues de equipe amadora de F-Ford por falta de pagamentos na maior parte da segunda metade do ano. As corridas não ajudaram, fazendo com que muita gente mais lamentasse do que exaltasse a F1. A Globo deixou de passar os treinos classificatórios. Sites especializados, destaco aqui o Grande Prêmio, passou o ano falando mal da F1, caçando cliques, afinal, ninguém liga para F-E ou Stock Car. Falar mal da F1 dá Ibope!
Nessa semana, Bernie Ecclestone e Jean Todt deram um 'golpe' nas montadoras e voltaram a tomar as rédeas da F1, dinamitando o 'Grupo Estratégico', que mais atrapalhou do que ajudou realmente a F1. Porém, Mercedes, Ferrari, Renault e Honda não ficarão caladinhas por muito tempo e muita água poderá rolar fora das pistas.
Já houve anos muito ruins na história da F1. Destaco 1982, 1994, 2002, 2004 e 2011. E sempre houve uma temporada seguinte, ansiada por todos os fãs da categoria. Há esperança de que haja uma briga mais forte dentro da Mercedes, com seus pilotos se estranhando mais e dando declarações polêmicas. Esperança de que a Ferrari continue evoluindo e que Vettel possa conquistar mais do que três vitórias esse ano. Esperança de que, praticamente com um motor próprio, a Red Bull volte a brigar pelas vitórias. Esperança que, com uma equipe própria, a Renault possa trabalhar em paz e desenvolver uma boa combinação carro-motor. Esperança de que a Honda faça um grande motor e dê condições para McLaren, Alonso e Button voltarem a brigar lá na frente. Esperança de que Hamilton continue esse piloto genial de 2015 e que Rosberg continue o embalo das últimas corridas. Que Vettel se meta na briga das Mercedes, trazendo consigo Raikkonen. Que Bottas e Massa continuem sendo o melhor das equipes independentes, numa briga com a Force India (ou será Aston Martin?) pelo melhor das equipes clientes. Que a Red Bull e seus ótimos pilotos continuem dando o que falar. Enfim, que haja esperança de que falemos bem da F1 em 2016.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
A volta dos que não foram
O 'Crashgate' de 2008 causou um estrago enorme na credibilidade da Renault e como resultado, a montadora francesa saiu de cena como equipe própria em 2011. Já nessa época, a Red Bull começava sua era de domínio e seus chefes sempre diziam que as vitórias provinham do trabalho da própria Red Bull. E a Renault ficava como coadjuvante de luxo. Bastou uma mudança de regulamento para que a Renault ficasse para trás e a Red Bull achar um único culpado para as suas derrotas: a sua parceira Renault.
Se nos bons tempos os franceses ficaram à sombra, nos maus tempos da Red Bull a Renault se tornou vilã. Lógico que não ia dar certo. A Renault começou a procurar uma nova estratégia, incluindo uma nova saída da F1, mas Carlos Gosh preferiu recomprar sua antiga equipe, até ontem chamada de Lotus, e a Renault estará de volta à F1 como equipe própria em 2016, em anúncio feito hoje.
Será uma longa jornada para os franceses retornarem aos bons tempos de vitórias e títulos, mesmo contando com uma ótima e conhecida estrutura na Inglaterra. O motor Renault é hoje o terceiro melhor da F1 e ainda muito longe de Mercedes e Ferrari. A crise financeira da Lotus fez com que ótimos engenheiros e técnicos saíssem da equipe, enfraquecendo bastante a ótima formação de dez anos atrás, quando foram campeões com Alonso e Briatore. E por último, com toda a negociação arrastada entre Renault e os homens da Lotus ao longo de 2015, Romain Grosjean saiu da equipe e hoje a Lotus conta com o desastrado Pastor Maldonado e o novato sem-sal Jolyon Palmer.
Levará tempo até a Renault voltar ao topo, mas com dinheiro em caixa, poderá desenvolver seus motores sem atropelos, haverá chances de atrair pilotos e engenheiros de ponta num futuro próximo. Além do que, não terá pentelhos enchendo o saco como Helmut Marko e Christian Horner, com sua estratégia 'Nós ganhamos, eles perdem', que quase deixou a Red Bull a pé para 2016.
Golpe que pode ser do bem
Não, não falarei da situação política brasileira e suas consequências. Porém, a F1 tem lances que lembra muito as mesquinharias da politicagem brasileira. Quando a F1 estava com várias montadoras e elas fizeram um levante contra Bernie Ecclestone em 2009 por mais poder, o velho cartola resolveu recuar e deu poder aos seus 'inimigos' de então, criando o 'Grupo Estratégico', que seria uma espécie de grupo de notáveis da F1 que decidiria os rumos da categoria.
Lógico que não ia dar certo. A F1 tem que ser gerenciada como uma grande empresa, onde pessoas capacitadas tomam as decisões, sejam elas difíceis ou não. Certas ou erradas. Com o Grupo Estratégico, as pessoas que participavam das reuniões se preocupavam basicamente com seus interesses e o resultado era que nenhuma decisão era tomada. E o pior é que a falta de gestão da categoria já começava a causar alguns estragos, principalmente com a queda da audiência e interesse até mesmo na Alemanha, sede da equipe campeã mundial (Mercedes) e berço de dois pilotos de ponta (Vettel e Rosberg). A falta de medidas atrativa ao público jovem, como a adesão definitiva às redes sociais, a saída de lugares históricos para a ida a lugares ermos como o Azerbaijão e a eterna briga entre 'esporte x entretenimento' faz com que a F1 entrasse numa espiral perigosa, onde a falta de um pulso firme fazia que os próprios donos do espetáculo (promotores, donos de equipes e pilotos) fossem os principais críticos da categoria, fazendo uma extrema propaganda negativa da F1.
Nessa quarta-feira, Bernie Ecclestone e Jean Todt deram um 'golpe' no 'Grupo Estratégico' e agora eles que darão o rumo para a F1, centralizando as tomadas de decisão neles. Ecclestone e Todt farão um pacote de medidas que incluem motor e redução de custos até o começo do ano, provavelmente com efeito para 2017. A F1 deverá ser gerida como deve ser, mas há dois poréns. O primeiro, é que Ecclestone e Todt, pelo menos aparentemente, não vem tendo ideias das mais inteligentes para a F1 e isso pode causar um estrago ainda maior. E muito provavelmente Mercedes, Ferrari, Renault e Honda não devem estar muito satisfeitas em ver todo o poder que eles tinham nas mãos indo embora do dia para a noite. Com certeza, as quatro montadoras restantes de 2009 irão espernear.
Assim como em Brasília, a F1 terá uma guerra de bastidor fortíssima nos próximos meses e a esperança é que nós (cidadãos e fãs) saíamos ganhando!
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Figura(ABU): Nico Rosberg
Muito da temporada de 2015 ter sido tão maçante passa pela temporada bem abaixo do que fez ano passado de Nico Rosberg. Tendo a Mercedes ainda dominando com ampla vantagem sobre os demais equipes, o que poderia salvar a temporada era outra disputa entre os pilotos da Mercedes, como aconteceu em 2014. Porém, Nico Rosberg pareceu ter sentido demais a perca do título para Hamilton e teve um ano de 2015 esquecível, onde foi amplamente dominado pelo companheiro de equipe em praticamente todos os quesitos, enquanto em certos momentos do campeonato, Vettel chegou a ficar em segundo lugar no Mundial de Pilotos, o que seria bastante embaraçoso para Rosberg, vide o carro que tem. Porém, desde Suzuka Nico Rosberg pareceu acordar de sua letargia e numa sequência impressionante, Nico conseguiu seis poles consecutivas e ontem, conseguiu sua terceira vitória seguida. Em Abu Dhabi, Nico teve uma corrida imperial, fazendo com que Hamilton tentasse uma estratégia diferente para tentar batê-lo, mas que a Mercedes, numa atitude um pouco conservadora demais, não deixou Lewis tentar. Rosberg venceu da mesma forma como fez algumas vezes em 2014, colocando Hamilton no bolso, demonstrando que o piloto que quase tirou o título do inglês no ano passado ainda está vivo e que pode ressurgir em 2016. É algo que, mantendo o domínio da Mercedes, todos esperam no ano que vem.
Figurão(ABU): Williams
Quando a Williams dominava a F1, o calcanhar-de-Aquiles da equipe era justamente os pit-stops e as estratégias. Quem não se lembra de Schumacher batendo os invencíveis Williams unicamente na base da estratégia? Passados quase vinte anos, eis que a Williams ainda não aprendeu a lição, mesmo que boa parte da equipe gloriosa dos anos 90 não esteja mais presente. Em Abu Dhabi, a Williams deu um show de incompetência nos pit-stops, culminando na desastrada saída de Valtteri Bottas da sua parada, que quase provocou um grave acidente dentro dos boxes, quando o finlandês tocou na McLaren de Jenson Button. Claro que isso provocou uma punição à Bottas e estragou a corrida do piloto, que ainda lutava pelo quarto lugar do campeonato de pilotos. Porém, outro fator que faz a Williams entrar nessa parte da coluna é lembrar onde a equipe estava um ano atrás. Em 2014, Massa colocou uma ligeira pressão em Hamilton na luta pela vitória em Abu Dhabi, enquanto Bottas completava o pódio. Eram dois pilotos da Williams em Abu Dhabi no ano passado. Trezentos e sessenta e cinco dias depois, Felipe Massa largou em oitavo e numa disputa com vários carros ao seu redor durante toda a prova, o brasileiro terminou a corrida em... oitavo, enquanto Bottas teve sua corrida estragada pela própria Williams, após Valtteri ter largado mal. Isso demonstra o passo atrás dado pela equipe de Frank e Claire Williams. Se começou 2015 pensando em conseguir beliscar uma vitória em algum vacilo da Mercedes, a Williams terminou a temporada brigando para ser a terceira força do ano. E não conseguindo!
domingo, 29 de novembro de 2015
Esperança
A corrida em Abu Dhabi foi dentro da média do histórico de corridas ruins na pista asiática. Basta destacar que os três primeiros no grid terminaram nas mesmas posição na bandeirada, com boa diferença entre eles. Porém, a corrida de hoje, a última dessa insossa temporada de 2015, deu esperanças de um 2016 melhor. Nico Rosberg venceu pela terceira vez consecutiva, após conquistar seis poles seguidas, ficando perto de igualar gente como Schumacher e Senna na história da F1. Hamilton chegou em segundo, mas tentou fazer algo diferente para sobressair frente ao companheiro de equipe, mesmo que no final o inglês acabasse errando na estratégia. Raikkonen fez uma corrida anônima em terceiro, mas a forma tranquila como Vettel saiu de 15º para quarto mostra que a Ferrari deverá vir forte no ano que vem e, quem sabe, ameaçar esse reinado absoluto da Mercedes.
As duas corridas latino americanas foram tão ruins, que mesmo uma corrida dentro da normalidade em Abu Dhabi foi bem mais animada do que nos circuitos míticos de Hermanos Rodríguez e Interlagos. Houve muitas disputas no pelotão intermediário, com direito a muitas ultrapassagens e alguns pequenos toques entre os envolvidos. Lá na frente, Nico Rosberg parece ter aprendido a lição e largou maravilhosamente bem, enquanto Hamilton só ficou em segundo devido à falta de ambição dos pilotos da segunda fila. Melhor com os pneus supermacios, Rosberg abriu mais de 6s antes de Hamilton, mais rápido com os pneus macios, recortar a desvantagem para 1s. Aí começou o momento mais interessante da corrida e que pode apimentar novamente o clima nos boxes da Mercedes. Hamilton reclamou bastante da estratégia engessada da Mercedes no México e em São Paulo e por isso, resolveu mudar sua estratégia, ficando mais tempo na pista. Aparentemente, a Mercedes não concordou muito com a ideia de Hamilton, enquanto o inglês ficou na pista até faltarem pouco mais de dez voltas e ter até mesmo flertado em não parar mais. Para alcançar Rosberg na voltas finais, o normal seria que a Mercedes colocasse os pneus supermacios no carro de Hamilton, mas eis que... Lewis saiu dos boxes com pneus macios, mais do que insuficientes para uma tentativa de tomar a primeira posição de Rosberg, que venceu até mesmo de forma tranquila. Esse fato pode representar duas coisas. Primeiro, finalmente Nico Rosberg acordou de sua letargia em 2015 e com uma pilotagem muito forte nas últimas corridas, lembrou o piloto que quase tirou o título de Hamilton em 2014. Outra coisa é que Hamilton não parece estar tão relaxado assim e tentará de tudo para vencer o seu companheiro de equipe quando estiver numa situação inferiorizada. Contudo, Lewis viu que nesses momentos terá que ir contra a sua própria equipe, que, na minha visão, protegeu Rosberg ao não colocar os pneus supermacios no rápido último stint nos Emirados Árabes Unidos. O campeonato de 2015 não deixará muitas saudades para quem não estava de Mercedes ou se chama Lewis Hamilton, mas se 2016 voltar a ver Rosberg forte e algumas das polêmicas vistas no ano passado, talvez possamos ver um campeonato forte e competitivo.
Principalmente se a Ferrari continuar sua curva ascendente e ameaçar mais vezes a Mercedes. Hoje a equipe italiana fez um feijão com arroz sem muito tempero na corrida de Raikkonen, que largou em terceiro e terminou em terceiro. Faltou um pouco de ambição para Kimi na primeira curva, mas o finlandês, ainda tentando a quarta posição no Mundial de Pilotos, meio que sabia que o terceiro lugar estava assegurado, pois Vettel estava muito atrás. O alemão se arriscou na largada num toque com Alonso e Ericsson na primeira curva, mas depois Seb fez uma corrida forte de recuperação, começando a corrida com os pneus macios e esticando sua primeira parada. O alemão rapidamente chegou ao pelotão intermediário e nas últimas voltas, colocou os pneus supermacios, algo que a Mercedes se negou à Hamilton. Vettel rapidamente ultrapassou Ricciardo e Pérez para terminar num ótimo quarto lugar e garantir a melhor posição possível, vide da onde Vettel largou. Sergio Pérez fez sua melhor corrida do ano e mesmo ficando duas posições aquém do seu melhor resultado de 2015, o mexicano andou forte o final de semana inteiro, largou em quarto e só perdeu a posição para Vettel por que o alemão tem um carro superior ao seu e por Seb estar melhor 'calçado'. Pérez terminou 2015 em alta, superando com facilidade o badalado Hulkenberg. O alemão já merece um melhor carro faz tempo, mas desde a sua vitória em Le Mans, Hulk passou a ser superado por Pérez com alguma constância, algo que nunca havia acontecido antes. O WEC é um ótimo campeonato, na minha opinião, a única categoria que pode bater no peito e dizer que está no seu auge, ao contrário da grande maioria das categorias no mundo de esporte a motor, mas a vitória de Hulkenberg em Le Mans, principal corrida do WEC, mostra que a F1 ainda tem os melhores pilotos. Hulkenberg, superado dentro de sua própria equipe na F1, foi lá em Sarthe e venceu. A Red Bull terminou seu ano de sofrimento com Ricciardo fazendo uma boa prova chegando próximo de Pérez, que tem um motor bem melhor do que o seu, enquanto Kvyat caiu para décimo na última volta, ao ser ultrapassado por Grosjean. Falando em motor, ainda resta saber com qual motor a Red Bull vai correr em 2016, já que se garantiu no grid ano que vem. Apesar da crise de gestão da F1, foi a própria Red Bull que se meteu no buraco onde está enfiada agora e sem nenhuma montadora em vista (talvez a VW), dificilmente a trupe de Christian Horner e cia volte aos bons tempos em curto prazo.
Outra equipe que finalizou em baixa 2015 foi a Williams. Se no ano passado a equipe colocou dois pilotos no pódio em Abu Dhabi e Massa teve uma ligeira chance de vencer, hoje a Williams teve que se conformar com a oitava posição de Massa, a mesma em que o brasileiro largou, enquanto Bottas teve uma corrida conturbada e ficou longe de pontuar. O que chama atenção é o péssimo trabalho de boxes da Williams, seja nos pit-stops, seja na estratégia. A Williams passa a sensação de sempre trazer seus pilotos na hora errada e os pit-stops estão longe de serem os mais rápidos, culminando com a desastrada saída de Bottas, que foi liberado de forma errada, bateu na McLaren de Button, o que poderia ocasionar um acidente grave dentro dos pits, e a consequente punição do finlandês. A Lotus deve ter feito sua última corrida na F1 com Grosjean terminando nos pontos após o francês fazer uma corrida de recuperação, onde o piloto da Lotus fez bonitas ultrapassagens nos final quando colocou pneus supermacios, por causa de sua estratégia diferente dos demais. Foi uma corrida de despedida, pois Grosjean irá para o novo projeto da Hass e a Lotus deverá se chamar Renault em 2016. Pena que o novo projeto terá como testa de ferro um piloto limitado, ao meu ver intelectualmente também, como Pastor Maldonado. O venezuelano chama tanto acidente, que até quando não tem culpa se envolve num acidente, atingido hoje por Fernando Alonso na primeira curva, e Pastor acabou sendo o único abandono do dia. A Toro Rosso viu Max Verstappen dar seu show habitual de sempre, mas dessa vez o holandês não foi tão eficaz e acabou atrás de Carlos Sainz. A McLaren-Honda, numa pista travada, fez uma prova decente, com Button chegando na frente da Sauber, até mesmo fazendo ultrapassagens no final da reta. Uma evolução, sem dúvida, mas o enfado de Fernando Alonso, que quase desistiu da corrida por estar muito atrás, mostra bem o quão mal está a McLaren. Sem dinheiro para desenvolvimento, a Sauber terminou como a penúltima força do pelotão, mas bem à frente da Manor.
E assim terminou a temporada 2015. Ao menos não teve uma corrida tão ruim como as duas últimas, mas o resultado foi praticamente o mesmo. Houve brigas no pelotão intermediário, enquanto a Mercedes tentava segurar o ímpeto dos seus pilotos, enquanto que nós, fãs, queríamos mesmo era que Lewis Hamilton e Nico Rosberg corressem sem rédeas, cada um tentando superar o outro. Assim como queremos que outras moças, como a de hoje, vá receber a taça para a Mercedes. Fica essa esperança para 2016.
sábado, 28 de novembro de 2015
Mega Sena
Muito do campeonato de 2015 ter sido tão modorrento foi por causa do desempenho abaixo do ano passado de Nico Rosberg. O alemão não tem a mesma velocidade de Lewis Hamilton, mas mostrou ser capaz de incomodar, e muito, o seu companheiro de equipe na Mercedes, equipe dominante no momento. Por algum motivo que vai de novos ajustes do carro Mercedes a um natural relaxamento de Hamilton após o título consolidado, Nico Rosberg começou uma incrível sequência que faz lembrar seus bons momentos no ano passado e hoje, o alemão da Mercedes conseguiu sua sexta pole consecutiva, com uma boa margem para Hamilton. E isso, com Rosberg utilizando um motor mais velho e com mais quilometragem do que o companheiro!
O treino teve como surpresa a falha estratégica da Ferrari no Q1, que deixou Vettel nos boxes com pneus macios, enquanto os demais dezessete pilotos (as Mercedes se garantiram com os pneus que estivessem a disposição...) estavam com pneus supermacios na pista. O resultado foi uma surpreendente eliminação do alemão, que largará bem mais atrás do que o normal, abrindo caminho para uma fácil dobradinha da Mercedes no domingo. Raikkonen ainda salvou a honra da Ferrari com uma terceira colocação, um pouco à frente do também surpreendente Sergio Pérez, num ótimo final de semana com a Force India. A McLaren conseguiu um bom resultado com Button em 12º. Hoje em dia, 12º é ótimo para a McLaren...
No Q3, mesmo com Hamilton tendo a disposição um motor mais evoluído e com menos quilômetros, Rosberg meteu quatro décimos em Lewis, garantindo a sua sexta pole consecutiva, um resultado que demonstra que Nico parece ter acordado de uma profunda letargia. Se vencer amanhã, Nico Rosberg poderá começar 2016 mais motivado e com chances de igualar o campeonato de 2014, que mesmo com o domínio avassalador da Mercedes, foi bem mais animado do que o desse ano.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Volta por cima
Americanos adoram ler e assistir histórias de grandes viradas, de uma grande volta por cima dado por um determinado personagem. Em 2015, a Nascar proporcionou uma dessas histórias com o inesperado título de Kyle Busch neste domingo. Considerado uma das grandes revelações desse século nas pistas americanas, mas também dono de uma personalidade controversa, Kyle Busch começou o ano da pior forma possível, ao quebrar uma perna e um pé após fortíssimo acidente numa corrida da Xfinity Series em Daytona. Já contando com 30 anos de idade e já sendo considerado uma eterna promessa, parecia que Kyle não calaria a boca dos seus muitos críticos em 2015. Parecia. Num retorno espetacular, Kyle Busch conseguiu seu primeiro título na Nascar Sprint Cup com a vitória de ontem em Homestead, lavando a alma dos seus muitos fãs, além de colocar um definitivo cala boca em seus muitos críticos.
Kyle Busch está longe de ser considerado um piloto popular na Nascar e sua ficha corrida em acidentes propositais, brigas após corridas e desafetos é enorme. Assim como também é enorme o talento desse piloto que começou muito jovem na Nascar, à sombra do seu irmão mais velho Kurt Busch, campeão da Nascar em 2004. Porém, o psicológico de Kyle sempre o atrapalhou nos momentos decisivos, principalmente com a aberração dos Play-Offs da Nascar. Em 2009, Kyle foi o melhor piloto da Sprint Cup, venceu oito provas, mas nas dez corridas finais, 'Buschinho', como é conhecido por aqui, acabou sucumbindo à pressão e foi derrotado por Jimmie Johnson. O tempo foi passando e a necessária maturidade parecia nunca vir para Kyle, enquanto outros pilotos de sua geração, como Brad Keselowski, já tinham um título para contar.
Piloto principal da Joe Gibbs, Kyle começou 2015 da pior forma possível. Busch sempre correu na Xfinity Series, a segunda divisão da Nascar, se tornando, inclusive, o piloto com maior número de vitórias da história do campeonato. Em Daytona, primeira etapa do ano, Kyle se envolveu num fortíssimo acidente nas últimas voltas, quando seu carro se espatifou num muro sem 'soft-wall'. O resultado foi uma perna quebrada e um pé fraturado. E vários meses longe da pista. O sonho do primeiro título parecia adiado, mas ainda em maio Kyle Busch voltou às pistas e sua recuperação foi relâmpago, vencendo quatro corridas em cinco, garantindo uma vaga no famigerado Play-Off da Nascar, a cada ano mais apapagaiado. Antigo fantasma de Busch, essa fase não o amedrontou e na base da regularidade, o piloto da Gibbs chegou à última etapa entre os quatro que correriam pelo título. Lenda viva da Nascar e se despedindo das pistas, Jeff Gordon não tinha muitas chances, o mesmo ocorrendo com Martin Truex Jr. O grande rival de Busch seria mesmo Kevin Harvick, atual campeão da Sprint Cup.
Logo na definição do grid, Kyle Busch deu seu recado ao ser o melhor colocado entre os quatro postulantes ao ser terceiro no grid. Durante a corrida, que foi atrasada pela chuva, Kyle Busch sempre andou no top-5, marcando Harvick em cima. Na última bandeira amarela (bem mandrake, por sinal...), Kyle Busch estava em segundo, com Harvick em quarto. Os dois relargaram muito bem e tomaram as duas primeiras posições, mas Harvick acabou cometendo um pequeno erro que deu a tranquilidade necessária para Kyle Busch vencer e se tornar campeão pela primeira vez da Sprint Cup, formando com seu irmão Kurt outra dupla de irmãos campeões da Nascar.
No dia em que Jeff Gordon se aposentou, Kyle Busch tem o talento suficiente para se tornar, quem sabe, um multi-campeão no futuro. Afinal, a maturidade, após uma temporada dura, finalmente pareceu ter chegado.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Fim de uma era
Após dezesseis anos de uma casamento glorioso, em todo tipo de terreno, Sebastien Loeb e Citröen não são mais contratado e contratante. Ainda em 1999 Loeb entrou na equipe Citröen, que se movimentava para voltar ao WRC como equipe oficial e logo o jovem francês começou a se destacar a ponto de, quando a Citröen contratou os badalados Carlos Sainz e Colin McRae em 2003, foi Loeb que liderou a equipe francesa contra a Subaru de Petter Solberg. Loeb foi derrotado pelo simpático norueguês na ocasião, mas essa seria a última. Pelos próximos nove anos, Loeb dominou o o WRC de uma forma nunca antes vista, se tornando, sem muita dúvida, o maior piloto da história do WRC e uma lenda do esporte a motor, criando até algumas dúvidas do que Loeb poderia fazer em outras categorias, como a F1. O último título de Loeb em 2012 foi uma espécia de turning point para a Citröen. De dominante, a montadora francesa passou a ser dominada pela VW e, o que é pior, pelo o que seria o sucessor de Loeb, Sebastien Ogier. Por sinal, Loeb e Ogier não tiveram as melhores das relações quando compartilharam o mesmo teto.
Loeb saiu do WRC para o WTCC, com a Citröen se tornando a equipe dominadora do Campeonato Mundial de Turismo, mas Loeb, mesmo conseguindo algumas vitórias, ficou sempre à sombra dos seus dois companheiros de equipe, Pechito López e Yvan Müller. Com a Citröen diminuindo seus investimentos no esporte a motor (inclusive uma segunda saída do WRC), Loeb saiu pela porta da frente da Citröen, agora se tornando piloto da Peugeot no novo projeto no Rally Dakar. Foi uma carreira impressionante, com uma incrível pitada de lealdade entre Sebastien Loeb e Citröen, mas que acabou no dia de hoje.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Figura(BRA): Fernando Alonso
Esse insosso Grande Prêmio do Brasil de 2015 ficará marcado pela zoeira. Para entrar no clima, Fernando Alonso merece estar nessa parte da coluna, da mesma forma como subiu a um pódio fake com Jenson Button no sábado: só para zoar. E se uma imagem vale mais do que mil palavras, a foto abaixo é bem explicativa por Alonso estar aqui.
Figurão(BRA): Felipe Massa
Se tem uma pista do calendário atual da F1 no qual Felipe Massa sempre andou bem, essa é Interlagos. O brasileiro sempre utilizou o fator casa muito bem e com duas vitórias, aliado a ótimos resultados, Massa tem um ótimo cartel em Interlagos. Até esse ano. Felipe Massa nunca conseguiu acertar seu Williams na pista paulistana durante o final de semana inteiro e mesmo 'revirando o carro de cabeça para baixo', como o próprio piloto brasileiro comentou, nada foi encontrado para Massa ter um desempenho, pelo menos, parecido com o que já conquistou em São Paulo. E para piorar, seu companheiro de equipe na Williams Valtteri Bottas não sofria de nenhuma mazela do qual Massa tanto reclamou e fez o papel que cabe a Williams em 2015: ser a terceira força. Superado por Bottas com folga na classificação, Massa teve uma corrida burocrática no domingo, onde não atacou, assim como também não foi atacado, permanecendo na mesma oitava posição em que largou, porém, após a corrida, como que um golpe de misericórdia no péssimo final de semana de Felipe Massa em casa, o brasileiro da Williams acabou desclassificado por mero 0,1 psi abaixo do permitido em um dos seus pneus, fazendo com que Massa saísse de Interlagos com as mãos abanando. E também com seu pior desempenho na pista de sua casa!
domingo, 15 de novembro de 2015
Bocejo
Foram duas corridas seguidas com um público animado e com arquibancadas lotadas em países latino-americanos. E novamente as coisas fora da pista estavam mais quentes fora do que dentro dela. Foi outra corrida sem graça e morna, onde as posições foram definidas logo após a largada e Nico Rosberg mais uma vez dominou Lewis Hamilton, que tentou em algumas estocadas realizar o sonho de vencer em Interlagos, mas o alemão sequer fez manobras defensivas para manter a ponta. Pela nona vez em 2015, Sebastian Vettel completou o pódio após domínio da Mercedes, numa corrida previsível, onde o desgaste dos pneus foi dentro do esperado e a chuva só ficou na ameaça do céu carrancudo.
Nem a magia de Interlagos foi capaz de dar um molho para a penúltima etapa de 2015 da F1. Hoje a corrida foi tão sem graça quanto na Cidade do México. Nico Rosberg largou bem e na primeira curva, espalhou para cima de Hamilton, indicando ao inglês que não daria qualquer colher de chá. A partir de então, os carros da Mercedes desapareceram frente aos demais, tanto que apenas a Ferrari não tomou volta dos bólidos prateados. O quinto colocado Bottas chegou com uma volta de desvantagem. Restava ver se Hamilton teria forças para dar o bote em cima de Rosberg. E Lewis tentou. O inglês fez voltas agressivas quando os seu pneus permitiram, abrindo a asa móvel algumas vezes e ficando a meio segundo do companheiro de equipe, mas Rosberg esteve impecável hoje, não dando chance a Hamilton sequer colocar de lado na disputa pela primeira posição. Quando os pneus se desgastavam, Lewis perdia rendimento e foi assim que a corrida terminou, com Nico Rosberg tomando fôlego na reta final da temporada com duas vitórias seguidas em cima de Hamilton e garantindo o vice-campeonato. Para Hamilton, que idolatra de forma exagerada, na minha opinião, Senna, ficou o gostinho de outro ano sem vencer nos domínios do seu ídolo e também a certeza de que, se ir para muitas festas e dar uma vacilada em 2016, Rosberg pode muito bem assumir as rédeas da equipe Mercedes.
Vettel ainda tentou fazer um diferente ao colocar pneus macios no meio da corrida e marcar a volta mais rápida, mas o alemão nunca teve reais condições de partir para cima das Mercedes e, grande novidade, ficou mais uma vez em terceiro, posição em que Vettel já conhece de cor e salteado em 2015. Raikkonen fez uma corrida discreta, onde também tentou fazer diferente ao parar duas vezes, mas o finlandês manteve a quarta posição. Os quatro primeiros colocados do Grande Prêmio do Brasil de 2015 terminaram da mesma forma em que largaram e que fecharam a primeira volta. Dando a clara indicação do quão 'movimentada' foi a prova de hoje. Bottas conseguiu uma largada sensacional, pulando de sétimo para quinto e ficou a corrida inteira nessa posição, numa prova solitária, mas seu companheiro de equipe Felipe Massa saiu frustrado da corrida, pois o brasileiro não conseguiu se acertar numa pista onde sempre andou bem e na oitava posição em que largou, Felipe terminou. Seu xará Nasr tentou a estratégia de duas paradas e o brasiliense chegou a andar em nono, mas com pneus mais desgastados foi caindo pelotão abaixo nas voltas finais e acabou longe da sonhada zona de pontuação. Hulkenberg e Kvyat foram ultrapassados por Bottas na largada e mantiveram suas posições até a bandeirada, onde ambos andaram perto ou longe em determinados momentos da corrida, mas sem maiores ameaças de ultrapassagem. Correndo de luto pelos atentados terroristas de sexta-feira, Grosjean conseguiu marcar dois pontinhos e a Lotus perdeu a chance de ter dois pilotos nos pontos quando Maldonado foi ultrapassado no final da prova por Verstappen. O holandês fez outra corrida consistente, fez uma bela ultrapassagem sobre Pérez, muito abaixo do companheiro de equipe em Interlagos hoje, e Verstappen marcou um pontinho, enquanto Sainz foi o único abandono do dia ainda na primeira volta, quando o espanhol mal dar a volta de alinhamento. Saindo lá de trás, Ricciardo chegou próximo dos pontos e ultrapassou o duo da McLaren-Honda, em outro final de semana esquecível para a promissora parceira. Ericsson foi vítima de Maldonado e os dois carros da Manor deram passagem para os rivais, como sempre.
Não foi uma corrida animadora em Interlagos, palco de disputas fenomenais em outros tempos. Havia até uma esperança de chuva, mas o tempo nublado só ficou na ameaça. Era a única forma de travar a monotonia vista dentro da pista. Não podemos falar mal da Mercedes ou de Nico Rosberg. Ao contrário, temos que parabenizá-los. Ninguém tem culpa de ser mais competente do que os demais. Porém, a F1 parece terminar como em 2002, quando uma temporada enfadonha pelo domínio ferrarista terminou com verdadeiros passeios vermelhos nas últimas etapas e a última imagem que ficou naqueles dias é que a F1 estava chata demais. E isso está se repetindo treze anos depois. Se serve de consolo para 2016, é que 2003 foi uma das melhores temporadas desse milênio!
sábado, 14 de novembro de 2015
Mão espalmada
Apesar da polêmica do assunto, pois o tema é bem delicado aqui no Brasil, acho um exagero enorme a fixação que Lewis Hamilton tem por Ayrton Senna. Nenhum piloto brasileiro tem ou teve tanta obsessão pelo tricampeão que se foi em 1994, como tem Hamilton. Por essa idolatria, ao meu ver exagerada, por Senna, é muito importante para Hamilton vencer em Interlagos, lar espiritual de Senna nos seus tempos na F1, além de estar localizada na cidade natal do brasileiro. Ano passado Nico Rosberg engrossou as coisas para Hamilton muito pela sua ótima performance na classificação, onde o alemão conseguia se manter na ponta e num ritmo equilibrado com o companheiro de equipe, Rosberg conseguia emparelhar as coisas com Hamilton, bem mais talentoso do que ele. Hamilton precisava de uma pole para tentar barrar a boa fase de Rosberg em São Paulo, que venceu com sobras no México. Precisava. Num momento impressionante, Nico Rosberg conseguiu a quinta pole consecutiva em 2015, mostrando que deverá ser um páreo duro para Hamilton amanhã.
A Mercedes dominou desde os treinos livres com sobras e por isso, era nítido que Hamilton e Rosberg brigariam, como fizeram na maior parte de 2015, pela pole em Interlagos. Andando meio segundo mais rápido do que os demais, os carros prateados dominaram todas as sessões, com Hamilton conseguindo um leve predomínio no sábado e nas primeiras partes da classificação, mas Rosberg deu o bote na hora certa (Q3) e ficou com a pole por muito pouco. Completando a cena habitual, Vettel ficou em terceiro, sendo, novamente, o melhor do resto. Bottas largaria em quarto, numa ótima classificação do finlandês, mas o piloto da Williams foi punido e largará em sétimo, cedendo seu lugar para o compatriota e rival Raikkonen, numa segunda fila toda da Ferrari. Mais atrás, numa confusão caseira, Felipe Nasr atrapalhou uma volta do xará Massa, que reclamou bastante. Por sinal, Massa tinha muito do que reclamar, pois em casa, não conseguiu se igualar ao ritmo de Bottas, mas ainda assim dificilmente os dois brasileiros terão um clima nada amistoso como há entre os seus companheiros de equipe finlandeses.
Num final de semana triste pelos atentados em Paris, houve espaço para galhofa, com Fernando Alonso tomando um bronzeado após outra quebra de sua McLaren, e com a veterana dupla do time de Woking dando uma de moleques e aparecerem no pódio de surpresa. Só assim mesmo para Alonso e Button se divertirem na McLaren atualmente...
O que não está muito divertido é o clima dentro da Mercedes. Hamilton desdenhou da quinta pole de Rosberg, dizendo que já tem o título, que é mais importante. Mesmo com tudo praticamente decidido na F1, essa animosidade toda dentro da Mercedes pode animar a corrida de amanhã e a última, em ABu Dhabi. Isso sem contar o imprevisível clima em São Paulo...
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Final tenso e esquisito
O Grande Prêmio da Austrália de 1995 marcou o fim daquela temporada em que Michael Schumacher se firmou como a grande estrela daquela geração, mas o final de semana em Adelaide teve de tudo um pouco, inclusive a tensão de uma quase morte. Nos treinos livres de sexta-feira, Mika Hakkinen teve um pneu traseiro esquerdo com um furo lento e o finlandês acabou perdendo o controle do seu McLaren, batendo com muita violência no muro de concreto. Hakkinen teve o nariz quebrado, mas o pior foi que Mika teve suas vias respiratórias obstruídas e o finlandês não respirava. Uma traqueostomia de emergência foi feita em Hakkinen, que foi levado em estado grave ao Hospital Real de Adelaide, por sorte, a menos de um quilometro do local do acidente.
Sem o finlandês, a corrida teve domínio da Williams, com David Coulthard conseguindo tomar a liderança do pole-man Damon Hill. De saída para a McLaren, o escocês liderava a corrida quando foi para os boxes para a sua primeira parada. Era uma manobra até banal para Coulthard, mas eis que o piloto da Williams comete um dos erros mais bizarros e ridículos da história da F1, quando bate na entrada dos pits. Querendo mostrar que a Williams estava errada em dispensa-lo, Coulthard precisava de bons resultados naquele final de ano, mas esse erro tão besta fez com que os críticos tivessem ainda mais argumentos para a saída do promissor escocês da equipe dominadora da F1 vinte anos atrás. Se serve de atenuante para Coulthard, poucas voltas depois o experimentado Roberto Moreno escorregou no mesmo local e com a suspensão quebrada, o brasileiro da Forti Corsi abandonava sua última corrida da F1.
A corrida em Adelaide transcorria com liderança tranquila de Hill, enquanto os demais pilotos de ponta tinham problemas. Schumacher e Alesi bateram e abandonaram. Herbert, talvez o piloto mais sortudo de 1995, não tem a mesma sorte dessa vez e abandonou quando estava em segundo. Berger e Frentzen, que ocuparam o segundo posto também abandonaram, deixando o posto de segundo colocado para Olivier Panis, que vinha fazendo uma temporada discretíssima em 1995. O detalhe era que o francês estava absurdas duas voltas atrás de Damon Hill, soberano naquele dia, vinte anos atrás. E o pior era que Panis estava com o motor fumando e Gianni Morbidelli, da Arrows, se aproximava, mas a famosa bandeirada em Adelaide foi dada antes de um ataque de Morbidelli e Panis comemorou seu melhor resultado na F1 até então. E Morbidelli também comemorou o seu único pódio na F1. Era um pódio até mesmo estranho, onde apenas oito carros completaram a corrida em Adelaide, enquanto Hill se igualava à Jackie Stewart como o vencedor com a maior diferença sobre o segundo colocado.
Criticado ao extremo vinte anos atrás, Hill deu uma boa resposta ao saber aproveitar a chance que teve para ganhar com extrema tranquilidade e a tendência era que esse ritmo do inglês continuasse em 1996. Com Schumacher começando um árduo trabalho com a Ferrari e Jacques Villeneuve apenas fazendo sua estreia na F1 na Williams, Damon Hill tinha as portas abertas para conquistar o seu título. Aquela corrida em Adelaide foi de muitas despedidas, inclusive da própria pista de rua australiana, que após dez edições, sairia do calendário da F1 para ser substituído por Melbourne, que seria realizada poucos meses depois, pois a Austrália deixaria de ser a última corrida para ser a primeira a partir de 1996. Felizmente, mesmo tendo ficado alguns dias em coma, Mika Hakkinen largaria normalmente em Melbourne!
domingo, 8 de novembro de 2015
Vitória do melhor
Foi uma corrida tensa, como todos esperavam, mas não houve nenhum incidente, como muitos torciam. Valentino Rossi fez uma corrida épica, ultrapassou mais de vinte pilotos em menos de dez voltas, mas fez dele o que se esperava, se não houvesse problemas: chegar ao quarto lugar. E quando chegou nessa posição, já havia praticamente uma reta separando o italiano dos três primeiros colocados e a partir daí, somente um acaso tiraria o título de Jorge Lorenzo, que fez por merecer o terceiro campeonato, pois foi o piloto que mais venceu corridas em 2015, exibiu uma pilotagem soberba, onde soube andar muito forte sem destruir seu equipamento e teve a frieza na corrida final, onde foi atacado pelos dois pilotos da Hondas nas voltas derradeiras desse histórico Grande Prêmio da Comunidade Valenciana.
Após a definição do título de Danny Kent na Moto3 e a insossa corrida da Moto2, mesmo com acidente sério que trouxe bandeira vermelha, havia uma tensão pairando no ar em Valencia. O que aconteceria na definição do título da MotoGP? Como se comportariam Lorenzo largando na pole e Rossi largando em último? Como se comportariam os demais pilotos do grid, especialmente os representantes da Repsol Honda? Rossi e Lorenzo estavam carrancudos no grid e a presença do rei Juan Carlos dava a importância da corrida, que começou com Rossi ultrapassando cinco pilotos ainda antes da primeira curva, enquanto Lorenzo tomava a ponta, seguido de perto pelos dois pilotos da Honda, com Márquez à frente de Pedrosa. Todas as atenções ficaram em cima da prova de recuperação de Rossi. As primeiras curvas da corrida, como mostrou bem a Moto2, podem ser perigosas, mas Valentino escapou bem de possíveis problemas e continuou a ultrapassar quem via pela frente. Valentino Rossi conseguiu seu primeiro título no Mundial de Motovelocidade em 1997, nas 125cc, chamando a atenção de todos. A grande maioria dos pilotos que largaram hoje em Valencia tem pouco mais de vinte anos e por isso, cresceram tendo Rossi como inspiração. Não foi surpresa alguns pilotos estendendo o tapete para Valentino Rossi ultrapassar, caso mais claro de Petrucci, que saiu da linha ideal e ainda foi ultrapassado por Pol Espargaró.
Porém, boa parte desse mesmo grid é espanhol e nas duas semanas entre as corridas em Sepang e em Valencia, houve uma guerra Itália vs Espanha pela mídia. Os irmãos Espargaró não aliviaram e Rossi teve que forçar a barra, até mesmo se arriscando ao ultrapassar esses pilotos. Quando ultrapassou Doviziozo, Rossi estava na quarta posição, 8s atrás do terceiro colocado Daniel Pedrosa. Mesmo com a espetacularidade de sua atuação, Rossi tinha feito não muito do que sua obrigação pelo talento e, principalmente, o equipamento que tem em mãos. Porém, a causa de Valentino Rossi dependia do que acontecia mais à frente e não estava nas mãos habilidosas do experiente piloto italiano.
Lorenzo se caracterizou por disparar na ponta nas primeiras voltas e administrar o restante da corrida. Contudo, Lorenzo em nenhum momento teve vida fácil em Valencia e teve a incômoda presença de Márquez, enquanto Pedrosa resguardava seus pneus para um ataque final. A Honda debitava muita potência na reta, enquanto o equilíbrio da Yamaha se destacava no miolo. O estilo espetaculoso de Márquez não combinava muito bem com a pista de Valencia, mais favorável à suavidade de Lorenzo. Porém, os pneus de Lorenzo foram embora no final da corrida e Márquez tentou o bote, mesmo que de forma tímida, em cima do espanhol da Yamaha. Piloto muito agressivo, Marc Márquez não utilizou nem 10% de sua gana em defender a posição de Rossi na quinzena passada em Sepang na sua luta com Lorenzo. No meio de polêmica que já entrou para a história, provavelmente Márquez não queria se meter novamente na briga pelo título, fora sua simpatia pela causa 'Lorenziana'. Isso fez com que Pedrosa encostasse na briga entre seus compatriotas e chegou a ultrapassar Márquez, que deu o troco na curva seguinte. Parecia que o acaso do destino que daria o décimo título à Rossi seria uma queda dos dois pilotos da Honda, mas os dois se aquietaram e quem não teve do que reclamar foi Lorenzo, que abriu um pouco mais, respirou um pouco mais aliviado e venceu pela sexta vez no ano, coroando o terceiro título na MotoGP, o quinto no geral.
Jorge Lorenzo se emocionou bastante, encontrou com 'clones' dos outros títulos na pista, mas o respeito que o paddock debitou à Rossi quando este chegou aos boxes chamou atenção. Vários mecânicos, não apenas de outras equipes da MotoGP, como também da Moto2 e da Moto3, aplaudiram o italiano em clara reverência. O que Rossi fez em Sepang foi condenável. Ele caiu na armadilha de Márquez e lhe deu um chute. Mesmo na Espanha, ouviu-se vaias para Márquez. A punição a Rossi tinha que acontecer e ela não foi desmedida, como alguns criticaram. Se tivesse levado a bandeira preta na Malásia, que também seria merecido, Rossi entraria na prova em Valencia com nove pontos de desvantagem para Lorenzo e a forma como espanhol da Yamaha venceu hoje provou que o título ficou em boas mãos. O auge de Rossi, infelizmente, já passou. A paixão do italiano pela Motovelocidade o fez se reinventar e por isso, Valentino fez uma temporada espetacular, marcada pela regularidade, mas também contou com alguns fatos que lhe ajudaram muito, como o clima instável em Silverstone, Misano e Motegi, quando Lorenzo era o piloto mais rápido no seco, mas sucumbiu no molhado. Para sempre a temporada 2015 será lembrada pelo incidente em Sepang, mas assim como ocorreu com Ayrton Senna, esses erros ficarão para trás quando nos lembrarmos da carreira incrível de Valentino Rossi, talvez o piloto, de duas ou quatro rodas, mais carismático dos últimos vinte anos.
Porém, o campeão foi Jorge Lorenzo. Antipático, chato, um verdadeiro 'nócego', como se diz por aqui, todavia Lorenzo pilota muito. O espanhol não teve uma temporada perfeita, onde teve um início nada auspicioso, seguido por quatro vitórias seguidas, demonstrando bem os altos e baixos de Lorenzo em 2015. No meio da temporada Jorge Lorenzo passou a ter um campeonato mais linear, demonstrando sua pilotagem forte, mas ao mesmo tempo suave, garantindo vitórias, quando intempéries não lhe atrapalharam. A atitude do espanhol da Yamaha depois de Sepang sempre será criticada, assim como sempre foi criticada a forma como Jorge Lorenzo se comporta. Contudo, ninguém poderá negar o talento e a tenacidade desse espanhol de Mallorca, que foi o melhor piloto de 2015 e mereceu o título.
sábado, 7 de novembro de 2015
Bem no queixo!
Se a temporada de 2015 fosse uma luta de boxe, Valentino Rossi, após dominar toda a luta, levou um direto bem no queixo de Jorge Lorenzo no último round e agora está cambaleando, à espera de um milagre à Rocky Balboa, para tentar uma miraculosa recuperação e vencer, como no filme Rocky 4, um oponente mais jovem, mais forte e que está na frente de seu público.
Largar em último já era um problema gigantesco para Valentino Rossi superar e a única esperança do italiano era que Lorenzo tivesse problemas no sábado e largasse, pelo menos, em terceiro e que as duas Hondas superassem o espanhol da Yamaha. Mas com um tempo absurdo, Lorenzo conseguiu uma pole categórica, deixando entre ele e Rossi mais de vinte pilotos que cresceram acompanhando o surgimento do 'Doutor'. Contudo, um deles, não dará a mínima colher de chá. Marc Márquez largará em segundo, posição do qual necessita Rossi em casa de vitória, uma hora dessa bem provável, de Jorge Lorenzo amanhã. E Márquez fará de tudo para se manter nessa posição, em caso de Rossi conseguir uma recuperação inimaginável e aparecer na sua rabeta.
A corrida amanhã em Valencia será a mais esperada e tensa desde a histórica final, não muito longe dali, em Jerez, na decisão de 1997 da F1. Naquela ocasião, assim como agora, pilotos que não estão lutando pelo título poderão ser diferenciais na luta pelo título mundial da MotoGP. Pelo bem e pelo mal. As autoridades espanholas consideram a prova de amanhã um evento de alto risco, pelo fanatismo das torcidas, principalmente de Rossi, mas não devemos esquecer que a corrida amanhã se dará na casa de Lorenzo e Márquez.
Não importa o que acontecer amanhã, a corrida em Valencia já é histórica. Tomara que seja boa também!
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Enquanto isso na Nascar...
Penso um dia escrever sobre a crise que assola não apenas a F1, mas o automobilismo em geral e um dos exemplos que pretendo dar é a atual regra de Play-Off da Nascar, uma marmota absurda e que muita gente defende por ser 'emocionante'. Filosofias à parte, nesse domingo ocorreu um efeito colateral dessa nova regra com uma polêmica colossal. Algumas semanas atrás, Matt Kenseth foi tirado da pista nas voltas finais da corrida do Kansas por Joey Logano, que ficou com a vitória. Devido à esdrúxula regra, a vitória era praticamente a única salvação possível para Kenseth para permanecer com chances de título, mas o toque de Logano pôs tudo a perder. Nesse domingo, Logano tentava sua quarta vitória nas cinco últimas corridas e garantir um lugar como postulante ao título para a corrida decisiva em Miami, daqui a algumas semanas. Porém, Kenseth, que já tinha sofrido um acidente, não tinha esquecido da prova do Kansas. Como retardatário, dez voltas atrás do líder, Kenseth esperou Logano para lhe acertar a traseira com gosto, tirando a vitória do rival e ainda deixando Logano em maus lençóis nessa fase dos Play-Offs da Nascar. Foi uma polêmica monstro, mas a reação da torcida fala bem que Logano sofreu daquela velha frase: Aqui se faz, aqui se paga!
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Figura(MEX): Público
Quando fez parte do calendário da F1, o público mexicano sempre impressionou pela atividade com que vibrava com a categoria, mesmo que na segunda passagem, entre 1986 e 1992, não houvesse um único mexicano na pista. Bancado por Carlos Slim, um dos homens mais ricos dos mundo, a F1 retornou ao México 23 anos depois promovendo uma festa inesquecível para quem acompanha a F1 pelos quatro cantos do mundo e muitas vezes enfrenta a frieza do público chinês ou russo. Mesmo essa reforma ter transformado o Autódromo Hermanos Rodríguez num quase circuito de rua (até mesmo saindo um pouco das características da F1 atual de amplas áreas de escape) e a famosa curva Peraltada ter sido enterrada, um enorme 'coliseu' foi construído no lugar da mítica última curva, onde dezenas de milhares de torcedores vibraram muito, principalmente quando o compatriota Sergio Pérez aparecia no local. Mais de 130.000 pessoas apareceram só no domingo e esquentaram uma corrida morna dentro da pista, garantindo que o público mexicano foi o grande protagonista do final de semana.