Em meio a toda a polêmica entre Sebastian Vettel e Max Verstappen no final do Grande Prêmio do México, Daniel Ricciardo se aproveitou dos entreveros entre os dois para subir ao pódio, mesmo que três horas depois das comemorações. O australiano da Red Bull mostra-se mais completo do que seu companheiro de equipe em vários momentos da temporada, além de mostrar uma velocidade, no mínimo, similar ao de Max Verstappen. Ricciardo foi o único a arriscar uma estratégia de duas paradas durante a corrida mexicana e o australiano acabou se dando bem, se aproximando da animada briga entre Vettel e Verstappen pelo terceiro lugar nas voltas finais. Enquanto Vettel soltava cobras e lagartos pelo rádio pelas manobras de Verstappen, Ricciardo jogou seu carro por dentro e Vettel não restou outra alternativa se não fechar o seu antigo companheiro de equipe de forma ilegal, segundo a FIA, dando chances à Ricciardo se aproveitar das punições dos seus adversários na pista para chegar mais uma vez em terceiro, garantindo a mesma posição no campeonato com duas provas de antecedência, garantindo-se como o melhor piloto fora da F-Mercedes em 2016. Ricciardo sofreu com o furacão Verstappen no começo, mas o simpático australiano não demorou para domar o holandês e novamente tomar as rédeas da Red Bull, marcando mais pontos do que o holandês, só não garantindo algo mais, por que a Mercedes, pelos seus méritos, vem dominando a F1 mais uma vez esse ano. Atrás de Rosberg e Hamilton, porém, não há piloto melhor do que Daniel Ricciardo.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Figurão(MEX): Max Verstappen
Um grande piloto, além da grande velocidade, tem que ser trabalhador, conhecer a parte técnica não apenas de pilotagem, mas também do seu carro e saber se adaptar às intempéries que apareçam durante treinos, corridas ao longo de uma temporada inteira. Incrivelmente, aos 19 anos Max Verstappen tem tudo isso, mas lhe falta algo primordial para ser um piloto completo. Não, não é experiência, mas conhecer os limites. Os seus, os do carro e da pista. Verstappen parece que não tem em seu dicionário a palavra 'limite' e passa por cima de todos eles. No México nesse domingo, o jovem holandês animou a corrida, sem sombra de dúvidas, mas se meteu em várias confusões e passou a humilhação extrema de praticamente ser expulso do pódio por ter cortado a chicane e ganhar vantagem na briga com Vettel. A própria Red Bull mandou Max ceder sua posição ao alemão da Ferrari, mas Verstappen fez ouvido de mercador e continuou na pista para pagar o mico do ano. Isso sem contar que o piloto da Red Bull quase definiu o campeonato numa tentativa otimista ao extremo de ultrapassagem em cima de Nico Robserg. O pior de tudo é que Max Verstappen não absorve esses problemas em que vai se metendo e exala arrogância ao chamar um tetracampeão como Vettel de ridículo. O pior de toda pessoa é não admitir seus erros e Verstappen claramente não os admite, preferindo usar seu enorme talento como escudo para mostrar que está certo. Como na vida, ou alguém fala com esse rapaz para diminuir um pouco o facho, ou ele terá problemas futuros. Seja um grave acidente provocado por ele. Ou levar um safanão no pé do ouvido após alguma molecagem.
domingo, 30 de outubro de 2016
Valeu pelo final
Hamilton necessitava de uma vitória para se manter vivo na briga pelo título mundial. O inglês largou na pole, vacilou na primeira curva, mas depois disso passeou nas 71 voltas do Grande Prêmio do México. Objetivo conquistado. Nico Rosberg necessitava urgentemente de um segundo lugar para manter o campeonato nas suas mãos. O alemão largou bem, mas se assustou com um animado Max Verstappen começando a aprontar logo na primeira curva, passou reto e Nico teve um certo trabalho para se manter na frente dos dois carros da Red Bull, porém, Rosberg conseguiu a segunda posição. Objetivo conquistado. Mais uma dobradinha da Mercedes. Corrida chata? Na maioria das voltas, sim. Porém, as voltas finais entraram na história recente da categoria, inclusive com cenas inéditas de um piloto sendo praticamente expulso do pódio. Como se diz aqui no Ceará, Max Verstappen ficou com cara de rapariga ruim quando viu a punição a ele imposta e teve que sair do pódio para a entrada de Sebastian Vettel, que vem disputando com Fernando Alonso quem mais reclama no rádio.
Hamilton só teve uma pequena palpitação na largada, quando travou os pneus na freada da curva um e passou reto, mas para a sua sorte, Nico Rosberg teve que se defender de Max Verstappen e o alemão também perdeu tempo quando passou reto também. Lewis dominou a corrida mexicana como quis e completou um final de semana perfeito igualando-se à Alain Prost como o segundo maior vencedor da história da F1, além de se manter vivo no campeonato, mas não há como negar que o título ainda está nas mãos de Nico Rosberg. O alemão teve muito mais trabalho para se segurar na frente do que seu companheiro de equipe. Rosberg sempre teve um Red Bull lhe acossando, fazendo com que Nico atrasasse sua parada única para não ser ultrapassado por Daniel Ricciardo e depois foi perseguido implacavelmente por Max Verstappen. O holandês chegou a colocar de lado e passar o alemão, mas Max tentou ultrapassar de forma tão atabalhoada, que Rosberg reconquistou a segunda posição sem muito trabalho e com os pneus de Verstappen estragados, Nico Rosberg não teve mais trabalho para se manter em segundo e se no México era difícil o alemão ser campeão, no Brasil daqui a quinze dias a possibilidade de Nico 'matar' o match-point é bem mais plausível. Basta chegar na frente de Lewis Hamilton para Rosberg se igualar à Damon Hill e se tornar o segundo filho de campeão a repetir o feito do pai.
Agora, Max Verstappen. O jovem de 19 anos é uma sensação da F1 e terá um belo futuro pela frente, mas o holandês precisa que alguém fale sério com ele, pois talento e velocidade não bastam para ser um campeão na F1. É preciso estratégia, calma e, princípio básico, saber respeitar seus adversários. Max Verstappen já está conseguindo a antipatia de meio grid e hoje o holandês aprontou das suas ao não se conformar em ser ultrapassado por Vettel e simplesmente passar reto pela grama, ganhando uma clara vantagem nas voltas finais. Logicamente Vettel soltou os cachorros em cima de Max e da FIA, mas o alemão da Ferrari foi rapidamente atendido e uma cena insólita aconteceu. Verstappen subiu serelepe ao pódio e conversava animadamente com os pilotos da Ferrari quando soube que estava obviamente punido pela manobra em cima de Vettel e teve que sair do pódio com o rabinho entre as pernas, enquanto Vettel corria para o pódio. As atitudes de Max Verstappen animam as corridas, mas também podem causar sérios danos. Na tentativa de ultrapassar Rosberg, se o holandês batesse na Mercedes, o título poderia ter sido decidido ali. Em Spa, a fechada que o jovem deu em Raikkonen foi perigosa. Após a bandeirada, Vettel gesticulou nervoso para Max. Vai chegar o dia que um piloto mais nervoso vai chegar às vias de fato com o piloto da Red Bull. Max precisa de melhor aconselhamento para melhor canalizar toda essa gana para vencer seus rivais na pista e pelos meios normais.
Precisando correr para chegar ao pódio, Vettel fez uma bela corrida, saindo de sétimo para ser terceiro, tendo que defender-se de forma enfática de Daniel Ricciardo no final. O alemão da Ferrari deu uma resposta para quem já falava que Vettel não estava motivado na Ferrari. Ricciardo tentou uma tática diferente, parando duas vezes, enquanto os seus rivais pararam apenas uma. O australiano tirou toda a diferença para Verstappen e Vettel, que se digladiavam e quando ficou claro que Verstappen seria punido, o australiano tentou uma manobra forte em cima de Vettel, mas o alemão se segurou e o australiano ainda ganharia o quarto lugar do punido Verstappen. Piloto morno nesse ano, Raikkonen conseguiu uma bela manobra em cima de Hulkenberg e garantiu o sexto lugar, pegando o alemão tão de surpresa, que Nico rodou, mas o alemão da Force India ainda conseguiu um bom sétimo lugar. Bottas conseguiu o recorde de 372,54 km/h no final da reta dos boxes, mas chegando atrás da Force India, a Williams não tem muito do que comemorar, fora o problema de saúde de Frank. Em sua antepenúltima prova na F1, Massa passou a corrida inteira segurando Sergio Pérez, que era empurrado pela torcida. O mexicano tentou, mas acabou a prova num decepcionante décimo lugar. Mesmo na frente no campeonato, Pérez começou a ser superado por Hulkenberg quando foi anunciado que o alemão irá para a Renault em 2017. Porque será que a Force India não sabota Nico?
Reginaldo Leme continuou com a triste e chata tese de que a Sauber continua sacaneando Felipe Nasr, mas o resultado na pista mostra Marcus Ericsson conquistando um 11º lugar e quase marcando o primeiro ponto da Sauber em 2016, enquanto o brasileiro terminou cinco posições atrás. A Toro Rosso só apareceu quando Carlos Sainz colocou Alonso na grama na primeira volta e depois seus dois pilotos fizeram corridas anônimas. A McLaren foi outra que ficou para trás em relação ao desempenho de semana passada em Austin e Alonso continuou dando suas patadas via rádio, mas acabou a prova atrás de Button. Ameaçadíssimo de ficar fora da F1 em 2017, Jolyon Palmer parece ter acordado para a vida e passou a andar na frente de Magnussen, ficando próximo dos pontos hoje, enquanto o danês ficou bem para trás. A Haas decepcionou, correndo entre os últimos, mesmo tendo um dos pilotos da casa, Gutierrez. Wehrlein se meteu num incidente na primeira volta e jogou fora sua ótima posição no grid, se tornando o único abandono do dia. Ocon chegou em último, sendo o único a levar duas voltas.
Se a corrida foi em boa parte sem graça, o final foi emocionante com a briga entre os carros da Red Bull e Vettel, com vantagem para o alemão. O futuro pertence a Max Verstappen, mas o holandês ainda tem que aprender muito para chegar a briga pelo título, que hoje pertence aos dois pilotos da Mercedes. Mesmo vencendo, Hamilton se desanima ao ver ao seu lado direito Nico Rosberg, que vem cumprindo com muita frieza seu papel de apenas marcar Hamilton nas provas finais para ser campeão. Nesse final de semana no México, Nico não acompanhou Hamilton e pareceu sempre na retranca, mas com a possibilidade real de matar o campeonato no Brasil, podemos ver Nico Rosberg mais forte do que nos últimos três dias. Porém, Hamilton tentará de tudo mais uma vitória e se manter na briga. Interlagos poderá ser palco, novamente, de outra corrida inesquecível.
Justificando a escolha
Não sei bem o motivo, mas me simpatizo bastante com Andrea Doviziozo desde os tempos das 250cc, quando ele enfrentava os espanhóis e suas Aprilia com uma Honda. Na época Doviziozo era conhecido como 'calculadora' pela forma fria como administrava as corridas e foi com esse estilo calmo que o italiano debutou na MotoGP. Pelo próprio apelido demonstra, Doviziozo não é um piloto espetacular, mas aquele que entrega os resultados pedidos pela equipe. Foi assim na Honda e está sendo agora na Ducati. Mesmo Andrea Iannone sendo claramente mais rápido na comparação dentro da equipe Ducati, o atrapalhado italiano está longe de ser um piloto confiável e mais uma vez demonstrou isso em Sepang. Andrea Doviziozo, que largou na pole, justificou a escolha da Ducati para correr ao lado de Lorenzo em 2017. Cerebral e consciente, Dovi enfrentou a pista encharcada e os grandes pilotos de 2016 para vencer pela primeira vez em sete anos, além de se tornar o nono piloto a triunfar nessa temporada.
Como é comum na Malásia, uma tempestade tropical apareceu antes da corrida e a prova foi atrasada em alguns minutos, mas estava claro que a corrida seria com pista bem molhada. Doviziozo havia conquistado uma surpreendente pole com piso molhado no sábado, mas em ritmo de corrida, vários pilotos estiveram na briga. Perdendo a ponta na largada, Doviziozo teve que enfrentar os grandes nomes de 2016, incluindo seu companheiro de equipe Iannone, que retornava às pistas após um vértebra quebrada o deixar algumas provas de fora. Agressivo e tendo como apelido o sugestivo nome de 'Crazy Joe', Iannone logo assumiu a ponta, mas ninguém saberia como o italiano se comportaria durante a prova, quando sua condição física poderia lhe cobrar um preço. Outro problema era que a corrida estava apertada e seis pilotos corriam muito próximos nos minutos iniciais, com Iannone segurando uma tripleta italiana, com Rossi e Doviziozo, enquanto Márquez, Cruthlow e Lorenzo os seguiam de perto.
Fazendo uma temporada decepcionante, Lorenzo tinha mostrado várias vezes um péssimo ritmo de corrida em pista molhada, mas em Sepang o espanhol foi menos medíocre e chegou a marcar a volta mais rápido, no entanto, o espanhol da Yamaha começou a perder contato com os demais. Pelo menos Lorenzo não caiu e garantiu um pódio, pois em voltas consecutivas, as duas Hondas de Cruthlow e Márquez foram ao chão. O espanhol da Honda teve muito sorte em garantir o título no Japão, pois após se sagrar campeão, Márquez colecionou duas quedas que, felizmente para ele, não farão diferença no campeonato. Lá na frente, os italianos dominavam, mas Iannone já tinha caído para terceiro quando, mais uma vez, foi ao chão. Rápido o italiano é, mas Iannone não demonstra que um chefe de equipe possa confiar nele e Andrea colecionou outra queda, deixando a briga pela vitória entre os experientes Rossi e Doviziozo. O piloto da Ducati parecia mais à vontade na pista, mas não precisou de muita briga para assumir a ponta, pois Rossi errou na curva um. Com uma ótima moto para as condições da pista, que já não estava encharcada, Doviziozo logo abriu uma boa diferença para Rossi e disparou rumo à uma vitória que conhecia desde 2009.
A forma como Doviziozo foi cumprimentado por todos os pilotos mostra o respeito que tem para com os seus pares. Piloto de fábrica, estava incômodo passar 2016 sem vitórias, quando vários pilotos de equipes satélites já venceram, mas Doviziozo fez uma prova ao seu estilo, cerebral e de espera, para sair desse incômodo jejum e voltar a vencer. Em 2017, a Ducati terá dois pilotos fortes, mas, para quem não lembra, Lorenzo e Doviziozo não se davam muito bem nas categorias menores. Afinal, quem se dá bem com Lorenzo?
sábado, 29 de outubro de 2016
Bote na hora certa
Os treinos livres deram a sensação de que o Grande Prêmio do México teria um inédito equilíbrio nesse ano, pois Mercedes, Ferrari e Red Bull lideraram pelo menos um treno livre antes da classificação, porém, Lewis Hamilton não parecia muito preocupado e conseguiu uma pole tranquila, quebrando o recorde do circuito Hermanos Rodríguez nessa nova configuração. O que chamava a atenção era o desempenho ruim de Nico Rosberg, não apenas superado por Hamilton, mas sempre tendo algum carro entre ele e o companheiro de equipe, o que atrapalharia bastante as chances de Nico no campeonato. Contudo, quando ocupava uma incômoda quarta posição no Q3, Rosberg tirou uma ótima volta da cartola para conseguir a primeira fila e tendo ainda o campeonato sob controle.
A classificação foi decepcionante para os donos da casa, pois Gutierrez e Pérez ficaram abaixo das expectativas. Gutierrez errou bem na frente de Grosjean e ambos foram eliminados no Q1 e o próprio mexicano, ameaçado de não ficar na Haas em 2017 pelo pífio desempenho até agora, pareceu sentir o golpe do vacilo, que atrapalhou a equipe. Assim como aconteceu em Austin, Pérez foi eliminado no Q2, enquanto seu companheiro de equipe foi para o Q3 e ainda conseguiu uma ótima quinta colocação, ficando na frente da decepcionante Ferrari e, principalmente, da Williams, com que a Force India disputa a quarta posição no Mundial de Construtores. Uma semana depois de Reginaldo Leme cravar que Felipe Nasr estará no time hindu em 2017, esses sete dias provaram que a coisa não é assim tão simples e que Nasr tem concorrentes fortes na luta pela cobiçada vaga. E pior, de pilotos que estão fazendo um trabalho bem melhor do que o seu. Pascal Wehrlein levou sua Manor ao Q2 mais uma vez, enquanto o brasiliense continua a tomar tempo do inexpressivo Marcus Ericsson. O que alegar então? Que a Sauber está boicotando o pobre brasileirinho (Nasr) contra esse mundão todo...
Apesar de não ser surpresa a Sauber se concentrar mais em Ericsson nessas últimas corridas se Nasr estiver mesmo de saída da equipe, boicotar não seria muito inteligente para a Sauber, que precisa urgentemente marcar pelo menos um ponto para sair da lanterna do Mundial de Construtores e ter dois pilotos em condições para fazer isso seria muito mais sensato. Por isso, as alegações da turma do Sportv chegam a ser constrangedoras, ainda mais quando o trio Sergio Maurício, Reginaldo Leme e Luciano Burti (sendo justos, principalmente os dois primeiros) comentam o famigerado 'Túnel do Tempo', entre as partes da classificações. São erros históricos que chegam a ser grotescos para quem entende só um pouquinho da história de F1, algo que Reginaldo deveria saber de cor e salteado. Se a tendência é a transmissão da F1 ficar com o Sportv, está na hora dos integrantes melhorarem ou simplesmente estudarem um pouco mais passado e presente da F1 para uma transmissão, pelo menos, mais exata.
Quando Hamilton viu Nico Rosberg ao seu lado na foto oficial da classificação, o inglês nem comemorou muito. O título ainda está nas mãos de Rosberg que pode até ser campeão amanhã, se Hamilton não pontuar e ele vencer. Algo difícil de acontecer, mas carreras son carreras, como diria Fangio e neste domingo de eleição tudo pode acontecer, num campeonato que não chega a ser um primor de emoção, mas ainda bastante tenso.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Hora de dizer adeus
Foi uma história belíssima, que atravessou gerações, mas a Audi anunciou hoje que 2016 será seu último ano no Endurance, onde conseguiu um sucesso similar à grandes marcas na história, como Porsche, Ferrari e Jaguar.
Assim como na Indy, no Endurance uma corrida é mais especial do que o próprio campeonato e nas míticas 24 Horas de Le Mans, a Audi venceu nada menos do que treze vezes, se garantindo como uma das maiores vencedoras da história da pista francesa. A Audi utilizou variadas tecnologias para ser soberana no Endurance com seus belos protótipos, vencendo marcas como Porsche, BMW, Mercedes, Peugeot e Toyota em quase duas décadas de corridas. A Audi virou sinônimo de Le Mans nos últimos tempos.
Agora fica a pergunta: o que fará a Audi? O site Grande Premio já se ouriçou em dizer que a Audi vai se focar unicamente na péssima F-E, nova queridinha do sítio. Acho pouco provável a Audi, em sua grandeza, se contentar com tão pouco. O sucesso da montadora alemã ao longo dos anos sempre levantou questões: quando a Audi vai entrar na F1?
Hoje a Renault tem sua própria equipe na F1 e em breve a Red Bull precisará de uma montadora lhe apoiando oficialmente, sendo que a marca de energéticos já apoia a VW, dona da Audi, em outros eventos, como o WRC. Um recente escândalo da VW atrapalhou as negociações com a Red Bull, mas passado um tempo, não me seria surpresa a VW tirar uma de suas equipes da Endurance (a Porsche já está lá) e pensar seriamente em realocar esse pessoal na F1 no futuro, até porque o WEC e a F1 utilizam tecnologias motrizes parecidas.
Agora, isso são apenas especulações. No momento, o que se pode lamentar é o fim da experiência de uma marca que se tornou icônica no automobilismo pelas vitórias, pela tecnologia e pelos belos carros que a Audi produziu em todos esses anos.
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Enquanto isso na Nascar...
A relação entre companheiros de equipe na Nascar é bem diferente do que acontece na F1. Além de objetivos distintos, dois companheiros de equipe na Nascar tem patrocinadores diferentes e isso faz muita diferença na hora de uma ordem de equipe, porém, há camaradagem entre pilotos do mesmo time. Enquanto Gene Haas acompanhava sua equipe de F1 em Austin, sua trupe na Nascar se digladiava em Talladega e seus dois pilotos da Stewart-Haas, os explosivos Kevin Harvick e Kurt Busch, não tiveram uma conversa muito amistosa depois da bandeirada. Imagina a reunião pós-corrida...
Figura(EUA): Fernando Alonso
Irrrrááá. Assim Alonso comemorou sua ultrapassagem sobre Carlos Sainz na penúltima volta do Grande Prêmio dos Estados Unidos. Fernando Alonso pareceu ter se divertido em uma corrida de F1 após muito tempo e o piloto da McLaren conseguiu a façanha de ser quinto colocado com um motor ainda deficiente numa pista com uma reta oposta enorme, além do subidão da reta dos boxes. Alonso não poderia deixar de dar sua patada habitual da sua equipe, quando voltou no meio das Renaults após sua primeira parada, mas Fernando logo conseguiu manter um ritmo razoável para galgar posições e estar em posição de atacar dois pilotos com motores melhores do que o seu, mas inferiores tecnicamente. Como um trem, Alonso passou por cima de Sainz e Massa, garantindo a posição de melhor do 'resto' nesse domingo, usando o seu enorme talento para garantir que, dez anos após seu bicampeonato, o velho Fernando Alonso ainda tem condições de dar bons espetáculos.
Figurão(EUA): Felipe Massa
Às vésperas de se aposentar da F1, começam a se fazer balanços da carreira de Felipe Massa. Ele bateu na trave em 2008? Não restam dúvidas, mas desde o seu acidente o paulistano nunca mais foi o mesmo, apesar das negativas de Felipe. Antes combativo, Massa já havia mostrado outras vezes sérias dificuldades em ultrapassar. Em Austin, a Williams tinha ótimas chances de tirar boa parte dos pontos que tem de desvantagem para a Force India, com Hulkenberg abandonando na primeira curva e Pérez rodando, após barbeiragem de Kvyat, durante a primeira volta. Estava tudo nas mãos de Massa, que largou bem e estava em sétimo, fazendo o papel do melhor do resto, atrás do trio de ferro Mercedes, Red Bull e Ferrari. Porém, um Virtual Safety Car fora de hora colocou Massa atrás de Sainz. À essa altura, com os abandonos de Verstappen e Raikkonen, a briga era pela quinta posição e bons pontos no Mundial de Construtores. Carlos Sainz tem nas mãos um Toro Rosso com motor Ferrari 2015 sem nenhuma atualização e estava calçado com pneus macios desgastados. Massa tem nas mãos o potente motor Mercedes e pneus médios, que fatalmente se desgastariam menos do que os pneus de Sainz. Pois Felipe foi incapaz de ultrapassar o piloto da Toro Rosso, mesmo tendo todas as vantagens para si. Enquanto hibernava atrás de Sainz, outro espanhol vinha como um Touro Miúra e mesmo com uma McLaren com um motor muito inferior ao de Massa, Alonso partiu com tudo para cima de Felipe e numa agressiva ultrapassagem deixou o brasileiro para trás. O que Massa não fez em quase vinte voltas, Alonso levou apenas duas para deixar Sainz para trás e ficar com o quinto lugar. Para piorar, Sergio Pérez se recuperou de sua rodada e chegou uma posição atrás de Massa, diminuindo o prejuízo da Force India, enquanto Massa ainda saiu reclamando da bela ultrapassagem de Alonso. Com a mesma idade, Felipe Massa e Fernando Alonso são contemporâneos e ambos disputaram títulos em suas carreiras. Adivinhem quem ganhou um (dois, para ser exato) campeonato e outro não?
domingo, 23 de outubro de 2016
Anticlímax
Faltando pouco para o desfecho do campeonato 2016 da F1, não se pode negar que a expectativa para as últimas corridas do ano crescem, ainda mais com uma disputa de título ainda em aberto entre os dois pilotos da Mercedes. Porém, num anticlímax total, a corrida em Austin foi um verdadeiro porre, com a pendenga sendo decidida na largada, quando Hamilton tomou a ponta para não ser mais incomodado e partir para a sua vitória de número 50, enquanto Nico Rosberg contou com um Virtual Safety Car para ficar em segundo lugar, algo que parecia distante, pelo ritmo imposto por Daniel Ricciardo. Numa corrida em que dois carros do trio de ferro quebraram, o melhor do resto foi Fernando Alonso, numa ótima corrida do espanhol.
Austin bateu o recorde de público nas arquibancadas e de celebridades nos boxes, mas os expectadores que foram à bela pista texana se decepcionaram com uma corrida morna em praticamente todas as suas voltas. Hamilton não largou muito bem, mas fez o suficiente para se manter na ponta e partir para a sua quarta vitória em Austin, além da 50º na carreira, se aproximando de Prost de ranking histórico de vitórias na F1. Mais duas vitórias e Lewis terá apenas Schumacher na sua frente, mas com praticamente 40 triunfos de diferença, será difícil Hamilton alcançar o mito alemão. Contudo, em 2016, tudo o que Hamilton mais quer é alcançar outro alemão, no caso, Nico Rosberg, que fez sua pior corrida desde o fim das férias na F1. O tedesco da Mercedes mostrou o porquê ser tão criticado quando largou de forma convencional, mas invés de tentar alguma manobra em cima de Hamilton, colou em seu companheiro de equipe, estendendo o tapete para que Ricciardo fosse por dentro e lhe tomasse a segunda posição. Depois disso, Rosberg teve um ritmo de corrida medíocre, onde não teve nenhuma situação em que atacaria Ricciardo, mas um Virtual Safety Car na hora correta fez com que Nico assumisse a segunda posição e garantisse mais uma dobradinha para a Mercedes. Se chegasse em terceiro, a situação de Rosberg poderia complicar no campeonato, mas ficar logo atrás de Hamilton manteve o campeonato ainda sob total controle de Rosberg. Sorte de campeão hoje? Talvez, mas Nico Rosberg precisa mostrar mais garra para conseguir o seu objetivo.
Mesmo com a enorme reta oposta, a Red Bull foi capaz de andar no mesmo nível da Mercedes de Nico Rosberg, deixando o líder do campeonato ensanduichado entre os dois carros da Red Bull. Os austríacos tentaram de tudo para manter Daniel Ricciardo em segundo, além de colocar Max Verstappen na frente de Nico, o que tiraria o campeonato das mãos do alemão, mas tudo começou a desandar pelos lados da Red Bull no desastrado segundo pit-stop de Max, que apareceu nos pits quando a equipe não o esperava. Porém, o pior viria voltas mais tarde, quando o holandês teve problemas em seu carro e ao não conseguir chegar aos boxes, encostou seu carro e com um trator entrando na pista, o Virtual Safety Car entrou em cena. Ricciardo tinha acabado de fazer sua parada derradeira e estava atrás de Rosberg, que aproveitou a situação para entrar nos pits e tomar a posição do australiano. Se decepcionar com um terceiro lugar é um bom sinal para a Red Bull, o que significa uma maior aproximação com a Mercedes e ter Ricciardo entre os dois carros prateados era o normal hoje, mas as circunstâncias não deixaram. A Ferrari fez uma corrida discreta, onde os italianos não se entenderam com os pneus médios e ainda viu Raikkonen abandonar por culpa da equipe, que 'soltou' o finlandês antes da hora num pit-stop e Kimi acabou abandonando com a roda solta. Vettel esticou ao máximo o primeiro stint, dando a sensação de que poderia tentar algo diferente, mas o alemão só conseguiu mesmo o quarto lugar, sendo o último do hoje trio de ferro da F1.
O melhor do resto foi, provavelmente, o melhor piloto na pista. Alonso não deixou de dar sua patada na McLaren, quando ficou no meio das Renaults após sua primeira parada. Porém, o espanhol fez uma corrida sublime e nas voltas finais garantiu o parco entretenimento do dia, ao ultrapassar Felipe Massa e Carlos Sainz para ser quinto colocado, ou o melhor do 'resto' na F1. Seu grito à la cowboy, após ultrapassar Sainz na penúltima volta mostrou o quanto Alonso se divertiu hoje, o mesmo acontecendo com seu companheiro de equipe Button, que saiu de 19º para 9º. Numa reta oposta enorme, o motor Honda não sofreu como no ano passado, mesmo os japoneses ainda estarem longe de serem os mais rápidos nas retas. Mas levando-se em conta como a McLaren-Honda estava ano passado, pontuar com seus dois pilotos e ainda ser o melhor do resto é uma grande evolução. Carlos Sainz saiu bem da confusão da primeira curva, onde esteve perto de ser envolvido, e passou a maior parte da corrida atrás de Massa, mas o espanhol foi um que aproveitou o bem o VSC e pulou na frente do brasileiro. Se Sainz segurou sem maiores arroubos o brasileiro, não conseguiu o mesmo com o seu compatriota, mas Carlos conseguiu bons pontos para a Toro Rosso, o mesmo não acontecendo com Daniil Kvyat. O anúncio da renovação do russo com a Toro Rosso foi surpreendente e bastou chegar a corrida para provar isso, com Kvyat batendo infantilmente na traseira de Sergio Pérez na primeira volta, perdendo tempo, sendo punido por isso e desperdiçando pontos para a sua equipe. Questionável a decisão de Helmut Marko em manter um piloto rápido, mas errático como Kvyat.
Após a pataquada de Kvyat, Sergio Pérez partiu para uma corrida de recuperação e com o bom Force India que tem nas mãos, o mexicano ainda foi capaz de pontuar, enquanto Nico Hulkenberg se envolveu num acidente com Bottas na primeira curva e se tornou o primeiro abandono do dia. Mesmo com Bottas caindo para as últimas posições e tendo a sua corrida arruinada, a Williams tinha boas chances de aproveitar o mau momento da Force India, mas Felipe Massa decepcionou. O brasileiro passou boa parte da corrida como o melhor do resto e um quinto lugar era possível, mas Felipe acabou atrás de Carlos Sainz. Mesmo com os pneus em melhor estado, Massa sequer esboçou uma ultrapassagem em cima do espanhol, enquanto Alonso passou por cima dele e de Sainz como um trator, mesmo tendo um motor nitidamente inferior. Para completar, um pneu furado deixou Massa definitivamente em sétimo. Prestes a se aposentar, deu para perceber claramente a diferença entre um grande campeão (Alonso) e um bom piloto (Massa). Correndo em casa, a Haas ainda conseguiu um pontinho com Grosjean, que saiu das últimas posições para ser décimo em sua centésima corrida, porém, a Haas não se livrou dos seus crônicos problemas de freio, que fez Gutierréz abandonar a prova. A Renault fez uma prova dentro de suas possibilidades e Kevin Magnussen ficou na bica de marcar pontos. Reginaldo Leme garantiu que Felipe Nasr estará na Force India em 2017 e talvez por isso, a Sauber começou a pensar mais em Ericsson do que em Nasr. Hoje, mais uma vez, o brasileiro ficou atrás do limitado sueco. A Manor mal apareceu na corrida, enquanto seus pilotos, Wehrlein e Ocon, junto com Nasr, aparecem mais nos bastidores, para saberem onde estarão em 2017, do que na pista propriamente dita.
Mesmo a corrida deixando a desejar, Hamilton deu um passo importante na sua luta em virar o campeonato no seu final. Mesmo sendo tecnicamente superior à Rosberg, não deixa de ser uma tarefa difícil para o inglês faltando, agora, apenas três corridas. O campeonato ainda está nas mãos de Nico Rosberg. No momento em que os números de Lewis Hamilton vão ficando cada vez mais superlativos, se o inglês conseguir o seu quarto título superando Nico, mesmo o alemão não tendo nenhum título, numa incrível virada esse ano, definitivamente Lewis Hamilton será um dos grandes da F1.
Deixando de ser surpresa
Philip Island tem, provavelmente, a pista mais bonita do mundo, com um cenário paradisíaco, além de um lay-out espetacular. Isso talvez inspire grandes corridas da MotoGP, como no ano passado, na histórica prova onde a intriga Rossi-Márquez-Lorenzo começou e teve o desfecho que todos conhecem. Esse ano a corrida não foi das mais emocionantes, saindo um pouco da curva, porém, o vencedor foi inesperado. Ou não? Cal Cruthlow vem fazendo uma segunda metade de temporada espetacular e numa corrida no seco e sem maiores intempéries, o inglês se aproveitou da queda de Márquez para vencer pela segunda vez na carreira e no ano, se aproximando de ser o segundo melhor piloto da Honda em 2016.
O final de semana australiano foi marcado pela instabilidade climática e isso influenciou bastante a classificação, apesar da pole de Márquez. As duas Yamahas largaram fora do top-10, o mesmo acontecendo com a ascendente Suzuki de Maverick Viñales. Márquez ainda foi ultrapassado por Pol Espargaró na primeira volta, mas o espanhol da Honda logo recuperou a ponta e parecia que venceria com muita facilidade a corrida. Sem a pressão de conquistar o título, Márquez vinha tranquilo até cair na curva 4 de forma espetacular, mas sem maiores consequências. Marc tinha escolhido o pneu duro na frente e como a pista estava muito fria, a aderência foi embora. Cruthlow já tinha deixado os irmãos Espargaró para trás e passava a liderar a corrida, mas o inglês teria que ter cuidado com Rossi. Numa corrida espetacular, Valentino saiu de 15º para 2º em poucas voltas e quando Márquez caiu, parecia que o italiano partiria para uma vitória histórica, mas o italiano da Yamaha tinha optado pelo pneu dianteiro macio e suas consecutivas ultrapassagens desgastou demais o pneu. Mesmo tendo feito a mesma escolha de Márquez, Cruthlow soube encontrar aderência e quando se viu na liderança, abriu cada vez mais vantagem sobre Rossi, que nada pôde fazer.
Na animada briga pelo terceiro lugar, Viñales saiu de 13º para 3º, ao ultrapassar Doviziozo nas últimas voltas e contar com a queda do seu companheiro de equipe Aleix Espargaró. Jorge Lorenzo teve uma corrida discretíssima, onde nem conseguiu ser a segunda Yamaha do dia, superado por Pol Espargaró na Yamaha satélite da Tech 3. De malas prontas para a Ducati, Lorenzo parece estar com a cabeça já em 2017, o mesmo acontecendo com a Yamaha. E como Lorenzo não faz parte dos planos da Yamaha no ano que vem...
Cal Cruthlow venceu de forma magnífica uma corrida que normalmente é definida nos metros finais, mas o inglês não teve do que reclamar hoje de sua fácil vitória. Cal esteve a ponto de se aposentar pela falta de resultados, mas desde a vitória heroica em Brno, debaixo de chuva, o inglês pegou confiança e deixou de ser o piloto errático do começo da temporada. O segundo lugar em Silverstone, também em condições frias, mas sem problemas com os líderes ou com pista molhada, mostra que Cruthlow gosta dessas condições, mas também que o inglês da Honda deixou de ser uma surpresa.
sábado, 22 de outubro de 2016
Fim de uma era
Poucas corridas recentes tiveram tanto significado histórico como o Grande Prêmio do Brasil de 2006, que hoje completa exatos dez anos. Além dos motivos óbvios, outros fatos que seriam conhecidos mais tarde fazem daquela corrida, acontecida debaixo de muito sol e calor em São Paulo, ainda mais marcante.
Interlagos recebia a última corrida da emocionante temporada 2006 ainda com o título a ser decidido, mas com Fernando Alonso praticamente campeão, pois o espanhol tinha nove pontos de vantagem em cima de Michael Schumacher. O alemão havia anunciado em Monza que estaria se aposentando da F1 no final de 2006 e logicamente Michael gostaria de sair de cena na melhor forma possível. Porém, a quebra do motor em Suzuka pôs tudo a perder e as coisas piorariam ainda mais nos treinos em Interlagos, quando Schumacher tem problemas no Q3 da classificação, quando um a bomba de combustível da Ferrari parou de funcionar e fez com que o alemão largasse apenas em décimo no domingo, enquanto o favorito Alonso largava em quarto.
Isso abria espaço para Felipe Massa brilhar. O brasileiro fazia uma ótima segunda metade de temporada em seu primeiro ano na Ferrari e com o time italiano conseguindo um ótimo carro em Interlagos, Massa conseguia a pole e tinha boas chances de conseguir uma importante vitória em casa, já que teoricamente não teria a obrigação de ajudar Schumacher. E Massa não decepcionou. O brasileiro dominou a corrida em Interlagos de forma enfática e conseguiu uma emocionante vitória na frente do seu público, que vibrou como há muito não acontecia. Mais especificamente desde 1993, última vitória brasileira em Interlagos com Ayrton Senna.
Alonso fez uma corrida tranquila, se mantendo entre os primeiros e com um segundo lugar sem maiores arroubos, o espanhol se tornava o mais jovem bicampeão da história da F1. E quanto a Schumacher? Após ser homenageado por Pelé antes da corrida, Schumacher tentou uma corrida de recuperação, mas num toque com Fisichella, companheiro de equipe de Alonso, no Esse do Senna o alemão furou o pneu e caiu para último. Quando dominou a F1, falava-se de tudo para diminuir os feitos de Schumacher e uma delas era que o alemão não sabia ultrapassar. Em Interlagos, numa pista onde ultrapassar era (e é) possível, Schumacher fez uma corrida esplêndida, superando adversário por adversário com belas ultrapassagens para ser quarto. O alemão não conseguia seu sonhado oitavo título, mas não se podia negar que Schumacher saía da F1 pela porta da frente, numa última corrida inesquecível.
Vendo aquela corrida dez anos atrás, parecia que Alonso, pela forma como derrotou Schumacher num campeonato de alto nível, poderia se tornar um dos maiores de todos os tempos, mesmo o espanhol tomando a perigosa decisão de trocar de equipe, mudando-se para a McLaren em 2007. Porém, Alonso iria para uma equipe de ponta, acostumada a vencer e não teria que se preocupar com o seu companheiro de equipe novamente, afinal, Alonso poderia até mesmo servir de professor para o talentoso estreante Lewis Hamilton, que após anos sendo tratado com leite de cabra pela McLaren, estrearia na F1 em 2007. Contratado pela Ferrari para substituir Schumacher, Kimi Raikkonen tinha tudo para ter trabalho com um ascendente Felipe Massa.
O ano de 2007 mostrou uma temporada bipolarizada entre Ferrari e McLaren, com a Renault ficando para trás, mas viu também surgir o fenômeno Lewis Hamilton, que fez da vida de Alonso dentro da McLaren um inferno, a ponto do espanhol abandonar a equipe após apenas um ano. O espanhol nunca pararia de evoluir e passados dez anos sem vencer um título depois do seu bicampeonato, ainda é considerado o melhor piloto da atualidade. Ao lado de Massa e Alonso no pódio de 2006, Jenson Button iria para a sua oitava temporada sem muitas perspectivas, mas mal sabia o inglês que três anos mais tarde ele se sagraria Campeão Mundial na F1. Massa e Raikkonen fizeram uma dupla forte na Ferrari, mas com apenas um título para o finlandês em 2007, enquanto o brasileiro ficou no quase em 2008. Ainda em 2007, um jovem alemão faria sua estreia na F1, fruto do boom de Schumacher na Alemanha: seu nome era Sebastian Vettel. Da mesma idade de Nico Rosberg, que estreou em 2006, Vettel era um 'filho' de Schumacher, que encerrava sua Era naquela abafada tarde de domingo em Interlagos. O alemão pode ter voltado à F1 anos depois numa pálida participação, mas a temporada 2006 marcava o fim da Era Schumacher e iniciava uma nova ordem na F1. Com quatro pilotos que começaram na F1 no começo da década (Button, Alonso, Raikkonen e Massa) e dois pilotos que só estreariam em 2007, mas entrariam para a história: Vettel e Hamilton. Era uma salada especial de grandes nomes reunidos e que dominaria a F1 nos anos seguintes.
Que comecem os jogos
Como sempre em 2016, o final de semana da F1 em Austin será focado na disputa interna da Mercedes, entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton. Nessa luta mais psicológica do que técnica, Hamilton saiu em vantagem nesse sábado, conseguindo uma expressiva pole position, superando, como sempre, Nico Rosberg que completou a primeira fila. Numa F1 bem estanque, Red Bull dominou a segunda fila, com a Ferrari dominando a terceira. Entre a primeira, segunda e terceira filas, uma ampla diferença. E da Ferrari para o resto, outra ampla diferença.
A classificação foi dentro da normalidade, com apenas duas surpresas em cada parte da sessão. Correndo em 'casa', Romain Grosjean, que completa nesse domingo cem Grandes Prêmios, ficou no Q1, superado pelo inexpressivo companheiro de equipe Esteban Gutierrez, que também correu um pouco em casa pela proximidade com o México, da onde veio a segunda decepção do dia, com Sergio Pérez sendo eliminado no Q2. Além de vir numa ótima fase, Pérez tem em mãos o quarto melhor carro do grid, a Force India, que colocou Nico Hulkenberg, de malas para prontas para a Renault em 2017, confortavelmente em sétimo, superando a Williams. Massa fez o seu papel nas suas últimas corridas na F1, enquanto Nasr novamente tomou tempo de Marcus Ericsson. Surgiu nesse final de semana que Nasr estaria negociando para substituir Hulkenberg na preciosa vaga na Force India, mas pelo o que está fazendo até agora, Nasr só conseguirá isso devido ao amplo patrocínio que tem do Banco do Brasil. E olha que Nasr não gosta de ser chamado de piloto-pagante...
Tendo vencido três vezes em Austin, Lewis Hamilton conseguiu uma bela pole, superando Rosberg na última volta do Q3, enquanto Ricciardo continuou sua boa fase ao superar Verstappen na briga interna da Red Bull, enquanto que na Ferrari Raikkonen superou Vettel, demonstrando o ano abaixo da expectativa do alemão. Amanhã, a corrida poderá ser decidida na largada, ponto fraco da Mercedes no geral e de Hamilton em particular. Será uma boa corrida para ser assistida.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Fim de feira
No último final de semana, dois dos mais importantes campeonatos do automobilismo conheceram seus campeões. No WRC, Sebastien Ogier continua a saga dos 'Tiões' franceses e com seu quarto título em 2016, a França soma treze (!) títulos consecutivos. E sempre com um Sebastien. Desde 2004, não há outro campeão chamado Sebastien. Ogier usou todo o potencial do seu VW para garantir o título com sobras, mas em 2016 o francês usou mais da consistência, pois Citröen e Hyundai conseguiram vitórias ao longo do ano, mas como nenhum dos seus pilotos se sobressaía como Ogier fez na VW, ninguém de outra equipe pôde enfrentar o francês.
Outro campeonato decidido foi o DTM, melhor campeonato de turismo do mundo. O alemão Marco Wittmann conquistou seu segundo título com a BMW, derrotando apenas na última corrida o italiano Edoardo Mortara, da Audi. Foi uma corrida emocionante, onde o pêndulo variava entre Wittmann e Mortara, mas quando a corrida se assentou, Wittmann conservou a posição que precisava para derrotar o vencedor da última etapa, Mortara.
DTM e WRC são dois supercampeonatos, mas atualmente estão um pouco em baixa, principalmente em comparação a outros anos. O WRC ainda evoluiu alguma coisa, mas apesar de Ogier ser um grande piloto, ele não tem o mesmo apelo do seu xará Loeb e vendo os rivais do piloto da VW, parece que a safra atual do WRC não é das melhores... No DTM, mesmo com todo o apoio de montadoras como Audi, BMW e Mercedes, além da alta tecnologia dos carros, as corridas do DTM estão bem parecidas com as provas da F1 do começo da década passada, onde não havia praticamente nenhuma ultrapassagem. Mesmo sendo carros de turismo, a aerodinâmica mexeu no comportamento dos carros e as corridas pioraram bastante. E assim como o WRC, os nomes que estão no DTM não comove muita gente.
Tomara que DTM e WRC voltem aos bons tempos de antes, recuperando o espaço perdido para a porcaria da F-E.
domingo, 16 de outubro de 2016
O doce cheiro do título
Quando Márquez chegou ao Japão, primeira parte da insana sequência de três corridas consecutivas no Oriente do Mundial de Motovelocidade, o espanhol declarou que dificilmente seria campeão na pista da Honda. Para se sagrar campeão em Motegi, Márquez precisaria de muita sorte, pois teria que contar com o abandono de Rossi e Lorenzo chegar fora do pódio. Cautela era o mantra de Márquez para esse final de semana. Porém, todo campeão é bem dotado de sorte e Márquez foi bafejado pelas quedas de Rossi e Márquez para conquistar seu terceiro título na MotoGP e quinto no geral, com uma vitória sem contestações em Motegi.
Foi uma corrida sem maiores emoções, onde a largada foi o momento mais intenso da prova, com Rossi perdendo a pole para um sempre eficiente Lorenzo no apagar das luzes vermelhas, enquanto Márquez se metia entre as duas Yamahas. Lorenzo tinha sofrido um acidente muito forte no sábado e corria sob efeito de analgésicos. Muito provavelmente o espanhol da Yamaha não conseguiria manter um ritmo muito forte a corrida toda e em poucas voltas, Lorenzo já era ultrapassado por Márquez e Rossi. Para os arautos das teorias da conspiração, Lorenzo não deu tanto trabalho para Márquez, mas não teve a mesma cortesia com o seu companheiro de equipe, tanto que quando Rossi ultrapassou Lorenzo, Márquez já tinha ido embora. A configuração do campeonato naquele momento levava a crer que Márquez teria totais chances de garantir o título na próxima etapa, mas Rossi ainda queria estar na briga. O italiano forçou o que podia para tentar acompanhar Márquez, contudo, Rossi deve ter forçado o que não podia, caindo sozinho ainda no primeiro terço da corrida. O título ainda não estava garantido, mas estava nas mãos de Márquez.
Por meros quatro pontos, o título não se decidiria em Motegi, com o segundo lugar de Lorenzo. No entanto, o espanhol da Yamaha vinha perdendo rendimento e era alcançado pelo terceiro colocado Andrea Doviziozo. Cansado e sentindo dores, Lorenzo também caiu sozinho e já nas voltas finais da corrida e Márquez garantia, matematicamente, o seu título.
O ano de 2016 começou com amplo favoritismo da Yamaha, pois a montadora não apenas era a atual campeã, como a Honda não tinha se entendido muito bem com a nova eletrônica padrão que foi imposta pela Dorna esse ano. Nos testes de pré-temporada, Lorenzo voou, enquanto Márquez sofria. Porém, nunca é bom subestimar a força da Honda. A equipe trabalhou incessantemente para voltar ao nível de sua histórica rival e já na primeira etapa, a Honda estava andando junto com a Yamaha. Ano passado Márquez era o piloto mais rápido do pelotão, mas as constantes quedas fizeram com que o espanhol da Honda sequer brigasse pelo título, mesmo tendo várias vitórias em 2015. Márquez teria que domar seu ímpeto e, principalmente, seu ego para poder lutar com as raposas felpudas da Yamaha. O estilo 'vai ou racha' de Márquez foi embora, dando lugar ao tático Marc Márquez. Mesmo na impressionante sequência de oito pilotos diferentes vencendo na MotoGP, Márquez não deixou de estar marcando muitos pontos, até mesmo quando a vitória estava nas suas mãos, como foi em Assen, quando abdicou de uma luta com o franco atirador Jack Miller.
Já os pilotos da Yamaha tiveram um ano para esquecer. Mesmo a Honda voltando a andar bem, a impressão geral era que a Yamaha ainda era a melhor moto do grid, mas seus dois pilotos pareciam sofrer com seus próprios demônios. Rossi ainda estava chateado pela perca do título de 2015, talvez por saber que dificilmente ele conquistará seu sonhado décimo título. O italiano lutou como sempre, mas caiu como nunca. Foram várias quedas quando corria sozinho e ao longo do ano, Rossi ainda mostrava um certo ranço pelo o que aconteceu ano passado. Alçado, mais uma vez, a vilão da companhia, Jorge Lorenzo não parecia totalmente focado como em outros anos. Reclamando de tudo e de todos, Lorenzo só mostrava serviço quando tudo estava 100% a favor dele e suas atuações ridículas na chuva deram razão aos (muitos) críticos do espanhol, que dizem que Jorge não é um piloto completo. De saída para a Ducati, Lorenzo cometeu o mesmo erro de Rossi: não foi constante. Rossi e Lorenzo caíram várias vezes, abrindo espaço para Márquez e outras surpresas. A Suzuki voltou a vencer em pista seca após dezesseis anos, mas sua reserva técnica, o talentoso Maverick Viñales, está de malas prontas para substituir Lorenzo na Yamaha. As escolhas da Suzuki são duvidosas para 2017. O novato Alex Rins e o inconstante Andrea Iannone vestirão azul em 2017. Iannone mostrou sua incrível velocidade na maior parte do tempo, mas o problema é que o italiano continuou mostrando sua chama pelo asfalto e pela brita, caindo inúmeras vezes. Por isso a Ducati preferiu Doviziozo, um piloto que não tem a mesma velocidade de Iannone, mas é muito mais confiável. Dani Pedrosa, mais uma vez machucado em Motegi, teve seu pior ano na MotoGP e saiu da lista dos grandes pilotos da MotoGP, ficando longe de Lorenzo, Márquez e Rossi. Ainda assim, de forma até mesmo inexplicável, a Honda apostou mais uma vez no já veterano espanhol, que voltará em 2017 mais uma vez para apanhar de Márquez. Algo que Pedrosa já se conformou.
2016 será um ano marcante para a MotoGP. A chegada da nova eletrônica padrão e os novos pneus da Michelin mexeram no status quo da categoria, com duas marcas votando a vencer (Suzuki e Ducati), além de pilotos de equipes satélites triunfando após dez anos (Miller e Cruthlow), mas no fim, foi um piloto oficial da Honda que conquistou o campeonato com três provas de antecedência. Márquez usou a cabeça para se livrar dos vários problemas que lhe apareceram na frente e como em 2013, soube aproveitar os problemas dos seus adversários diretos. Com seu talento impressionante, Marc Márquez vai fazendo história. Aos 23 anos, Márquez tem cinco títulos mundias e toda uma carreira pela frente para entrar no panteão dos grandes do Mundial de Motovelocidade.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
História: 15 anos do Grande Prêmio do Japão de 2001
Suzuka fechava a temporada 2001 num clima bem mais amenos do que outros anos, onde o tradicional circuito japonês assistiu decisões de campeonatos dramáticas nas três últimas edições, com duas vitórias de Mika Hakkinen e o título de Schumacher em 2000. Com o alemão tendo ganho o título de 2001 com larga vantagem, Suzuka seria palco de duas despedidas marcantes. Um seria o próprio Hakkinen, que vinha de vitória em Indianápolis, mas o finlandês já havia anunciado que iria para um ano sabático em 2002, mas poucas acreditavam que Mika retornaria a F1. Outro piloto marcante a se despedir da F1 seria Jean Alesi. Estrela durante praticamente a década de 1990 inteira, Alesi não entregou tudo o que prometeu, mas a carreira do simpático francês não poderia ser ignorada.
Michael Schumacher, após duas corridas apagadas em Monza e Indianápolis, conseguiu sua 11º pole na temporada, além de ser a quarta consecutiva em Suzuka, uma das pistas favoritas do alemão. Schumacher enfiou sete décimos em cima de Montoya, que surpreendia ao se adaptar rapidamente ao exigente e seletivo circuito de Suzuka, onde o colombiano estava pela primeira vez. Rubens Barrichello conseguiu apenas o quarto lugar, mais de 0,8s atrás do seu companheiro de equipe, enquanto Mika Hakkinen era quinto, mais de 1,1s do tempo da pole. Giancarlo Fisichella, em sua última aparição pela Benetton, conseguiu um surpreendente sexto lugar, dividindo as duas McLarens. Jarno Trulli era 8º e o melhor piloto da anfitriã Honda, à frente de Jenson Button e Nick Heidfeld.
Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:32.484
2) Montoya (Williams) - 1:33.184
3) R.Schumacher (Williams) - 1:33.297
4) Barrichello (Ferrari) - 1:33.323
5) Hakkinen (McLaren) - 1:33.662
6) Fisichella (Benetton) - 1:33.830
7) Coulthard (McLaren) - 1:33.916
8) Trulli (Jordan) - 1:34.002
9) Button (Benetton) - 1:34.375
10) Heidfeld (Sauber) - 1:34.386
O dia 14 de outubro de 2001 amanheceu com céu limpo e bom tempo em Suzuka. No grid, Alesi falou com todos os pilotos, numa despedida de alguém que era bastante querido no paddock. Não poderia faltar uma foto com Hakkinen, outro que se despedia naquele distante outubro. A largada foi tranquila, com Schumacher se mantendo na frente da dupla da Williams, com Barrichello logo atrás. Fisichella mais uma vez conseguiu uma excelente largada e ficou à frente de Hakkinen, mas o italiano rodou no início da corrida e perdeu várias posições, se despedindo melancolicamente da Benetton.
Logo a estratégia se fez presente com um bastante agressivo Barrichello tomando o terceiro lugar de Ralf e rapidamente partindo para cima de Montoya. Com pouco combustível no tanque, Rubens estava em modo de ataque, já que claramente iria parar uma vez mais. Na quinta volta, o jovem Kimi Raikkonen rodou bem na frente de Alesi e ambos bateram forte, mas felizmente sem maiores problemas. Isso significava que o veterano Alesi abandonava sua última corrida na F1. Era um verdadeiro encontro de gerações, onde Kimi, então com 22 anos, era consolado por Alesi, já contando com 37 anos nas costas. Jean saiu do carro sorrindo e acenando. Seu trabalho na F1 estava feito. Apesar da agressividade inicial, Barrichello não conseguiu ultrapassar Montoya, enquanto Schumacher disparava na frente, também mostrando que estava com o tanque com pouco combustível. Rubens Barrichello foi o primeiro a parar, seguido por Schumacher, dando a entender que parariam três vezes. Quando a primeira rodada de paradas terminou, Schumacher tinha uma vantagem confortável para Montoya, que rechaçou muito bem os ataques de Rubens e estava em segundo.
Quando se tornou evidente que Barrichello não iria se beneficiar da estratégia de três paradas, a Ferrari trocou a estratégia de Michael, fazendo o alemão parar duas vezes. Michael Schumacher fez o seu segundo e último pit stop na volta 36, deixando Montoya na liderança por algumas voltas, antes do colombiano ir aos boxes, porém o Juan Pablo foi incapaz de tirar a diferença para Michael devido aos retardatários. Michael Schumacher reassumiu a liderança quando Montoya parou pela segunda e última vez e a diferença entre eles era em torno dos 6s. Barrichello permaneceu com a tática de três paradas e acabou perdendo a terceira e quarta posições para a dupla da McLaren, com Hakkinen na frente. Porém, nas últimas voltas, Mika cedeu seu lugar no pódio para Coulthard. Na época, a transmissão da Globo criticou a McLaren, pois tinha parecido que era uma polêmica ordem de equipe, mas soube-se depois que Hakkinen pensou nas muitas vezes em que Coulthard o ajudou nos anos anteriores e deixou o escocês passar por vontade própria, além de não ter que enfrentar o batalhão de jornalistas que o esperavam. Assim era Mika Hakkinen. Discreto e boa pessoa. Muita gente criticou Mika nos anos dos seus títulos, dizendo que o finlandês só foi campeão por causa do carro, mas quando Hakkinen saiu de cena, todos puderam analisar melhor a carreira desse rápido finlandês e comprovar que atrás do carro vencedor da McLaren no final dos anos 1990, havia um grande piloto, que foi o maior rival de Michael Schumacher.
Falando no alemão, Michael desfilou nas 53 voltas da corrida em Suzuka e voltava a vencer em 2001, coroando a temporada que lhe garantiu o quarto título mundial. Com a chegada da Williams, a F1 passava a ter um trio de ferro, com Ferrari, McLaren e Williams e o resultado em Suzuka era o exemplo prático disso, com os seis pilotos das equipes grandes marcando todos os pontos possíveis no Japão. Quinze anos atrás, Michael tinha quebrado todos os recordes da F1: maior número de vitórias, o maior número de pontos, o maior número de voltas mais rápidas, além de outros recordes. Ainda havia o número de títulos e de poles. Hoje sabemos que Michael também teria essas marcas. O que ninguém sabia no final de 2001 era o nível de dominação que Schumacher teria no ano seguinte.
Chegada:
1) M.Schumacher
2) Montoya
3) Coulthard
4) Hakkinen
5) Barrichello
6) R.Schumacher
terça-feira, 11 de outubro de 2016
História: 40 anos do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 1976
Uma semana após sua vitória no Canadá, James Hunt tinha voltado ao jogo e estava com a confiança em alta quando chegou à Watkins Glen, penúltima etapa de 1976. O circuito americano era criticado pelos pilotos pelas poucas áreas de escape, onde qualquer erro significava uma batida no guard-rail, com possibilidades de acidentes graves ou até mesmo fatais, como havia sido o caso de Cevert e Koinigg. Teoricamente Lauda tinha boas chances de definir o campeonato em Glen, pois tinha oito pontos de vantagem e bastava marcar dois a mais do que Hunt para o austríaco se sagrar bicampeão, mas Lauda sofria com uma problema em suas pálpebras, que o forçariam a fazer uma nova cirurgia e mesmo não podendo perder essa corrida, Niki estava em clara desvantagem em comparação ao confiante Hunt, com sua McLaren M23 se comportando melhor do que a Ferrari 312 T2 nas provas finais.
Os treinos foram bastante atrapalhados pela chuva, mas isso não impediu Hunt de marcar sua oitava pole em 1976 com facilidade, com o inglês utilizando muito bem a sua nova caixa de câmbio de seis marchas. Bem confortável na pista, Scheckter colocou seu Tyrrell em segundo, enquanto Depailler sofria outro acidente estranho, quando foi atingido por uma peça de Hunt, no momento em que o piloto da Tyrrell perseguia o inglês, perdeu o controle e acabou destruindo seu carro, conseguindo apenas o sétimo tempo. Numa boa fase, a March colocava seus dois pilotos na segunda fila, enquanto Lauda se conformaria com a quinta posição, seis décimos atrás de Hunt. Correndo em casa a Penske conseguia um bom oitavo lugar com John Watson, enquanto os companheiros de equipe de Hunt e Lauda decepcionavam, com Regazzoni em 14º e Mass em 17º. Não era surpresa Ferrari e McLaren terem dispensado ambos no final da temporada...
Grid:
1) Hunt (McLaren) - 1:43.622
2) Scheckter (Tyrrell) - 1:43.870
3) Peterson (March) - 1:43.941
4) Brambilla (March) - 1:44.250
5) Lauda (Ferrari) - 1:44.257
6) Stuck (March) - 1:44.265
7) Depailler (Tyrrell) - 1:44.516
8) Watson (Penske) - 1:44.719
9) Pryce (Shadow) - 1:45.102
10) Pace (Brabham) - 1:45.274
O dia 10 de outubro de 1976 amanheceu nublado em Watkins Glen e havia possibilidade de chuva na hora da corrida, mas os ventos fortes acabaram empurrando as nuvens para longe da pista e a corrida teria pista seca, além de um tímido sol. Apesar da imensa rivalidade, Lauda e Hunt se davam muito bem e mesmo em desvantagem naquele dia, Niki brincou com James, dizendo que seria o campeão ao final do dia. E a largada de certa forma favoreceu Niki, quando Scheckter largou um pouco melhor do que Hunt e tomou a ponta do piloto da McLaren na primeira curva. Enquanto os dois pilotos da March trocavam de posição, seguidos por Lauda, o terceiro piloto da March, Hans-Joachim Stuck ficou parado no grid, largando muito atrasado.
Scheckter e Hunt imprimiam um bom ritmo e, juntos, se descolavam dos dois pilotos da March, que brigavam entre si, possibilitando a chegada de Lauda que, com sua calma peculiar e frieza, ultrapassou Brambilla e Peterson na quinta volta, subindo para terceiro. Contudo, o austríaco já tinha 3s de defasagem para o seu rival Hunt, o que adiaria a decisão do título para a última prova, na novidade da temporada, no circuito de Monte Fuji, no Japão. Se as posições assim permanecem, no entanto, Lauda entraria para a última corrida com uma boa vantagem e por isso, Hunt teria que atacar Scheckter se quisesse ir com boas chances para Fuji. Com um bom carro nas mãos, Depailler começa a cortar a diferença para a dupla da March, mas na oitava volta, outra vez o tubo de combustível se solta do Tyrrell de Depailler e o francês sai da pista, abandonando uma corrida em que tinha tudo para conseguir bons pontos. O quarto colocado Brambilla já segurava um enorme pelotão atrás de si, que ia até o 11º colocado, o recuperado Stuck. O italiano não tinha um ritmo bom e seria ultrapassado várias vezes.
Na décima quinta volta, o veterano Jacky Ickx bateu forte no guard-rail na curva 6, dividindo seu Ensign ao meio. Por milagre, Ickx não teve o terrível destino de Cevert e Koinigg, mas o belga estava ferido. Após parar o seu carro, Ickx saiu mancando do seu Ensign até encostar no guard-rail, que ficou destruído pela pancada. Ickx havia quebrado uma perna, enquanto o Ensign ficou parado, em chamas, no meio da pista, com os fiscais tentando apagar o fogo, enquanto a corrida continuava normalmente, mesmo o pó de extintor muitas vezes cegar os pilotos que se aproximavam do local. Com Ickx machucado, uma ambulância saiu dos boxes para socorrê-lo. E tudo isso com a corrida rolando! Muitos acham isso romântico, mas não se deve brincar com a segurança do próximo e o que aconteceu em Watkins Glen não é exemplo para nada muito nostálgico. Após manter uma vantagem de cerca de 3s para Hunt, Scheckter era alcançado pelo inglês, que necessitava urgentemente da vitória, mesmo tendo Lauda, 5s atrás, sob controle. Quando o piloto da Tyrrell perdeu tempo para colocar uma volta em Larry Perkins, Hunt encosta de vez, enquanto Pace era colocado para fora da corrida por Stuck, deixando o brasileiro irado. Com ninguém se preocupando em limpar a pista, detritos ficaram no asfalto e acabam tirando da corrida Laffite, que vinha num sólido quarto lugar. O francês da Ligier teve um pneu furado quando vinha em alta velocidade, mas o francês teve sorte e não bateu em nada. Brambilla, na volta seguinte, também tem um pneu furado e o italiano da March abandonou, encostando o carro ao lado da pista. Mesmo após perder seu segundo piloto (Peterson havia quebrado a suspensão dianteira), a March via com entusiasmo a incrível corrida de recuperação de Stuck, que saiu atrasado e ao ultrapassar Regazzoni na volta 35, combinado com os abandonos de Laffite e Brambilla, subia para um impressionante quinto lugar!
Na volta 37, mais uma vez Scheckter é atrapalhado por um retardatário, dessa vez Pescarolo, e Hunt não deixa a oportunidade passar, ultrapassado o sul-africano para assumir a ponta da corrida pela primeira vez desde a largada. Scheckter tenta manter-se próximo de Hunt, mas o inglês da McLaren aumentou seu ritmo e paulatinamente foi abrindo do piloto da Tyrrell, enquanto Lauda vinha 15 atrás. Porém, a luta pela ponta não havia terminado ainda e Hunt acabaria atrapalhado pelo obscuro Warwick Brown nos Esses, fazendo com que Scheckter encostasse e retomasse a liderança. Sabendo que o segundo lugar não lhe era o bastante em sua luta pelo título, Hunt volta a atacar Scheckter e reassume de vez a liderança na volta 46. Parecia que o sul-africano tinha perdido o fôlego e a ultrapassagem do inglês tinha sido o ponto final da briga, com Scheckter não mais acompanhando Hunt, que dispararia na ponta até receber a bandeirada em primeiro. Com problemas de equilíbrio nas voltas finais, Lauda diminuiu bastante o ritmo a ponto de ser alcançado por Mass, mas o alemão não faz o jogo de equipe e não conseguiu ultrapassar Lauda. Autor de uma corrida sensacional, Stuck terminou em quinto, logo à frente de Watson, que se aproveitou do desgaste dos pneus de Stuck para encostar, mas não conseguiu a ultrapassagem final. Mesmo a Ferrari tendo conquistado o Mundial de Cosntrutores com o terceiro lugar de Lauda, o austríaco sabia que naquele momento a McLaren estava melhor. James Hunt fez o dever de casa ao vencer em Watkins Glen e com apenas três pontos de desvantagem, tinha todas as chances de tirar o título de Lauda. Era o palco ideal da decisão de uma temporada inesquecível e, literalmente, cinematográfica.
Chegada:
1) Hunt
2) Scheckter
3) Lauda
4) Mass
5) Stuck
6) Watson
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Figura(JAP): Mercedes
Em Suzuka, a Mercedes teve outra corrida normal desde seu domínio avassalador, começado em 2014, mas houve festa para os tedescos, pois a vitória de Nico Rosberg e o terceiro lugar de Lewis Hamilton garantiu o terceiro Mundial de Construtores para a equipe com quatro provas de antecedência. O domínio que a Mercedes vem exercendo já está na história da F1. Mesmo ainda tendo o melhor motor da F1 atual, a diferença entre a Mercedes e suas rivais diminuiu bastante, a ponto das clientes dos alemães, particularmente a Williams, já não brigarem mais por pódios, mas apenas pelos últimos pontos superados por Ferrari e Red Bull (num motor Renault com outro nome). Porém, o equilíbrio do chassi da Mercedes impressiona, com um carro que não se mexe nas curvas, parecendo andar sobre trilhos, fazendo com que desgaste menos os pneus e fazendo com que a Mercedes possa ter a possibilidade de múltiplas estratégias, superando suas adversárias como pode. Enquanto Nico Rosberg dominou a corrida a seu bel-prazer, não forçando muito para evitar outra quebra, como vista em Sepang com Hamilton, o inglês largou mal, caiu para oitavo, mas numa corrida calculada de recuperação, onde só fez uma ultrapassagem, Hamilton chegou em terceiro, colado no segundo colocado Max Verstappen. Mais uma prova da excelência da Mercedes, tanto técnica, como tática, que mesmo sua supremacia estrague um pouco o espetáculo da F1, não há como negar que estamos vendo a história sendo escrita.
Figurão(JAP): Honda
Em dois anos na F1, a Honda entrou nessa parte da coluna, em casa, pelo segundo consecutivo. Se serve de consolo, a Honda está bem melhor do que no seu vexatório ano de reestreia na F1 e até por isso, ficou novamente nessa parte da coluna em Suzuka, cuja proprietária é a Honda. Os japoneses evoluíram muito de 2015 para cá, a ponto de marcarem pontos com algum constância e levarem seus dois ótimos pilotos ao Q3. Pensando em dar outro bom passo, além de fazer bonito na frente dos investidores da equipe, a Honda preparou um novo motor para ser estreado em Suzuka. Alonso levou várias punições na Malásia para poder correr sem problemas na casa da Honda e incrivelmente o espanhol saiu de último para sétimo em Sepang, aumentando as expectativas. Falava-se em brigar com Williams e Force India para ser a quarta força da F1 em Suzuka. Porém, o final de semana japonês da McLaren-Honda foi um dos piores dos últimos tempos. O motor novo não se provou mais potente e, pior, o bom chassi da McLaren não se adaptou bem ao peculiar circuito de Suzuka, fazendo com que Button ficasse pelo caminho no Q1 e Alonso passasse longe do Q3, largando apenas em 14º. A corrida, sem nenhum abandono, mostrou-se apática para a equipe, com Alonso tendo que se conformar em brigar com seu compatriota Carlos Sainz por posições intermediárias e longe dos pontos, enquanto Button demorou algumas voltas para sair de último (já que foi punido por trocar seu motor) e ultrapassar as Manors. No fim, a corrida caseira da Honda se mostrou uma grande desilusão e mesmo crescendo a olhos vistos, a montadora japonesa ainda precisa outros grandes passos se quiser brigar por algo que mostre a bela tradição de Honda e McLaren na F1.
domingo, 9 de outubro de 2016
Cheirinho mais forte
Se inspirando no futebol, Nico Rosberg deve estar com seu olfato cada vez mais aguçado, pois o título, faltando apenas quatro corridas está cada vez mais próximo. Quando o capacete de Hamilton deu um tranco na largada, a corrida foi ganha por Rosberg. Em outra largada horrorosa, Lewis caiu para oitavo e a partir de então remou até o terceiro lugar, que podia ser segundo se não fosse a já conhecida garra de Max Verstappen, que fez outra boa corrida para separar os dois carros da Mercedes novamente.
A corrida em Suzuka, ao contrário do porre que foi as últimas corridas no seco na lendária pista japonesa, foi animada, principalmente pela péssima largada de Hamilton, que ainda teve sorte de não ter sido atingido por Ricciardo e Vettel, que tiveram que desviar de última hora do lento carro do inglês. Nico Rosberg nem largou tão bem, tanto que tinha a sempre incômoda presença de Max Verstappen na sua traseira na primeira curva, mas bastava ao cerebral alemão controlar a corrida em suas 53 voltas para receber a bandeirada tranquilamente em primeiro. Ainda com receio do que aconteceu na Malásia, a Mercedes claramente pediu a Rosberg poupar o seu motor e o alemão andou abaixo do potencial do carro, tanto que Nico nunca abriu grandes diferenças para o segundo colocado Verstappen. Afinal, a diferença da Mercedes para as outras grandes (Red Bull e Ferrari) ainda é o suficiente para deixa-los para trás sem muito esforço e foi dessa forma que Nico Rosberg venceu hoje, se igualando a Nelson Piquet em número de vitórias. Apesar de muita gente pegar no pé de Nico, incluindo sua falta de personalidade e suas feições não muito másculas, o alemão vem mostrando uma grande forma em 2016 e merece, sim, o título desse ano. Após outra má largada, Hamilton precisou remar bastante para conseguir ganhar as posições necessárias para se manter vivo no campeonato. Lewis, assim como fizeram os pilotos de Red Bull e Ferrari, ultrapassaram os dois carros da Force India, mas não fez o mesmo com os seus rivais mais próximos. Hamilton chegou ao terceiro lugar muito por outra bela estratégia da Mercedes, pois Hamilton não ultrapassou na pista nenhuma Ferrari ou Red Bull, garantindo as 'ultrapassagens' com boas voltas e uma ótima ajuda de sua equipe. Na única luta dentro da pista, Hamilton esperou a penúltima volta para um ataque em cima de Verstappen, mas como esperado, o holandês não aliviou e por muito pouco não houve um toque que poderia ser ainda mais danoso às chances de Hamilton no campeonato. O inglês tem a velocidade e o talento para tirar a diferença que tem para Nico Rosberg, tanto que ele já tirou uma diferença ainda maior para o seu companheiro de equipe, mas para isso, Hamilton precisa colocar a sua cabeça no lugar e contar que Rosberg tenha algum tipo de azar nas quatro provas que restam para o fim da temporada.
Após a dobradinha em Sepang, a Red Bull fez uma corrida de extremos em Suzuka. O vencedor da semana Ricciardo parecia de ressaca pela bela vitória malaia e esteve totalmente apagado na corrida de hoje, ficando a prova inteira em sexto, último lugar das equipes grandes. Atrapalhado por Hamilton na largada, Ricciardo não teve a mesma garra de Verstappen, que fez uma bela corrida, mesmo tendo problemas de equilíbrio em seu carro. O holandês estava no lado certo da largada para ficar com a segunda posição e por lá ficou a corrida inteira, mesmo sempre tendo alguém mais rápido do que ele em seus retrovisores. Sem força para atacar Rosberg, primeiro Max teve que se preocupar com um ascendente Vettel, que atacou forte nas primeiras voltas para ser terceiro. No último stint, Verstappen teria um piloto ainda mais ameaçador no seu retrovisor: um recuperado e louco por pontos Lewis Hamilton. Em modo de ataque, Hamilton partiu para cima do adolescente da Red Bull, mas Verstappen, mesmo doze anos mais novo, deu um show de pilotagem ao contornar a última chicane de forma que teria mais impulso na reta dos boxes, deixando Hamilton sem chances de ataque na curta reta dos boxes de Suzuka. Hamilton tentou outra tática e tentou tudo na famosa chicane Causio, mas Verstappen jogou duro novamente, esperando o último momento para fechar Hamilton, fazendo o inglês sair da pista e reclamar, como outros já o fizeram, que Max retardou demais sua defesa, deixando o piloto que ataca com a opção de bater ou recuar. Como Hamilton necessitava dos quinze pontos, Verstappen ficou em segundo e separou as Mercedes. A forma como Vettel começou a corrida parecia que ele tinha chances até de brigar por Nico Rosberg, já que o alemão da Mercedes estava poupando motor. Largando em sexto, devido à punições que alemão pela largada em Sepang, Vettel escapou por pouco do carro de Hamilton e em duas voltas, efetuou duas belas ultrapassagens sobre Daniel Ricciardo e Sergio Pérez, ficando em terceiro. Porém, Vettel nunca teve em posição de atacar efetivamente a segunda posição de Verstappen e quando se viu na alça de mira de Hamilton, tentou esticar sua parada para colocar pneus macios e se defender do inglês nas últimas voltas. Deu tudo errado. O tempo a mais na pista fez Vettel voltar à pista atrás de Hamilton e o alemão não ultrapassou o rival no melhor momento do pneu macio e ficou pelo caminho, tendo que se conformar com a quarta posição e as constantes reclamações de 'blue flags' a corrida inteira. Raikkonen fez uma boa corrida, dentro de suas possibilidades, se defendendo bem de Ricciardo e chegando próximo de Vettel, quando os pneus macios do alemão, como esperado, acabaram no final do último stint.
O abismo entre as três principais equipes e as demais ficou claro quando a dupla da Force India foi facilmente superada pelos pilotos de Red Bull e Ferrari, terminando 40s atrás deles. Juntando a estreiteza do circuito de Suzuka, talvez por isso houve tantas reclamações dos retardatários. A equipe hindu tem hoje o melhor carro do resto, ficando Pérez em sétimo e Hulkenberg logo atrás. Uma vitória na luta contra a Williams pelo quarto lugar no Mundial de Construtores. A Williams tentou uma tática totalmente diferente, indo para uma parada com seus dois pilotos, mas o que se viu quando os pilotos de ponta fizeram suas primeiras parada foi Bottas e Massa tomarem ultrapassagens à rodo, incluindo seus rivais da Force India. Bottas teve um pequeno problema em sua única parada, fazendo com que Massa chegasse em nono, com o finlandês logo atrás. Muito, muito pouco para quem falava em vitórias no começo do ano. Após surpreender na classificação, a Haas foi surpreendida pela tática da Williams e acabou fora dos pontos, mesmo Grosjean colado em Bottas nas voltas finais. Esteban Gutierrez é o produto acabado de um piloto pagante. O mexicano até evoluiu em ritmo de classificação, andando no ritmo de Grosjean, mas Gutierrez ainda peca em ritmo de corrida e mesmo largando logo atrás do companheiro de equipe, o mexicano da Haas terminou nas últimas posições, numa corrida em que não houve nenhum abandono. Se dependesse unicamente do seu talento, Gutierrez já teria saído da F1. Em meios aos boatos de que a Renault não manterá sua dupla de pilotos em 2017, Jolyon Palmer superou mais uma vez seu companheiro de equipe e fico próximo dos pontos, enquanto que para Magnussen, ser superado por um piloto sem tanto prestígio dentro do paddock pega muito mal.
Correndo em casa, a Honda preparou um novo motor que poderia elevar ainda mais sua posição no pelotão intermediário. Falava-se em briga com Williams e Force India, algo que vinha até acontecendo. Porém, o novo motor Honda foi tremendo fracasso e os dois pilotos da McLaren, que vinham pontuando nos últimos tempos, ficaram longe dos pontos. Não restam dúvidas que a McLaren-Honda foi a grande decepção do dia. A Toro Rosso sofre com o motor Ferrari do ano passado e ficou novamente fora dos pontos, com Sainz proporcionando uma briga espanhola com Alonso, com vantagem para o mais experiente. Isso serve de aviso à Sauber, que no ano que vem utilizará motores Ferrari de 2016. Sem desenvolvimento ao longo do ano, o motor fica muito para trás e vindo de uma temporada tenebrosa, a Sauber corre o risco de outro ano esquecível em 2017. Se fosse futebol, a torcida da Sauber já estaria na porta da fábrica de Hinwill pedindo a saída de Monisha Katelborn, que vem tomando decisões duvidosas, incluindo essa para 2017. Nasr novamente ficou bem atrás de Ericsson e assim como Magnussen, tomar tempo de um piloto de procedência duvidosa pega extremamente mal para o que deve ser o único piloto brasileiro na F1 ano que vem. A Manor chegou a ficar na frente de Button no começo da prova, mas novamente acabou com as últimas posições na bandeirada.
Foi uma corrida interessante nessa madrugada, onde Nico Rosberg se aproveitou de outra falha de Hamilton para conseguir abrir 33 pontos e se solidificar de vez na liderança do campeonato. Hamilton já tirou 43 pontos de desvantagem e abriu 19 nesse ano, mostrando capacidade para grandes viradas, mas desta vez, o tempo é curto e a Nico Rosberg está guiando o fino, rumo ao seu primeiro título.