Ainda estamos no dia 23, mas já dá para afirmar que mais um ano se passou. Foi a décima primeira temporada do blog. Como o tempo passou. Algo que começou numa maneira de me expressar quando se fala de corridas, se tornou em algo semi-sério. Não ganho nada para escrever aqui, apenas a satisfação de que muita gente lê e acompanha o blog, além das várias amizades criadas. O principal mote do blog são corridas históricas e por incrível que pareça, centenas já foram escritas aqui. Corridas que aconteceram há dez, quinze, vinte anos... Houve uma queda drástica do novo de postagens esse ano não por falta de interesse, mas porque determinados assuntos (e principalmente corridas) já foram escritas em outros momentos. O blog segue de pé! E assim será em 2018! Boas festas a todos!
sábado, 23 de dezembro de 2017
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
O teste
Como tudo que envolve Ayrton Senna, um simples e despretensioso teste pode se transformar em algo histórico e mitológico. Final de 1992. Ayrton Senna estava extremamente descontente com sua situação dentro do cenário da F1. A McLaren estava perdendo sua parceira e artificie do domínio dos anos anteriores na F1, a Honda. Porém, mesmo ainda contando com os japoneses, a McLaren não foi páreo para a Williams de outro mundo e Senna sabia que se ele quisesse trilhar seu caminho como o maior de todos, ele teria que estar num carro da Williams. Porém, para enorme desgosto do brasileiro, a Williams contratou seu inimigo fidagal Alain Prost, que logo deixou claro no seu contrato: nada de Senna como companheiro de equipe. Sem o motor Honda para 1993 e tendo um piloto que ele conhecia de perto o potencial, a temporada vindoura não parecia nada promissora para Senna.
Em outras palavras, Senna estava puto com toda aquela situação. Senna se ofereceu para a Williams até de graça, enquanto negociava com a McLaren para 1993. Se não podia ser campeão, pelo menos Senna poderia garantir um salário altíssimo frente ao seu enorme talento, que estava podado naquele momento pelo carro da Williams, que naquele momento era intocável para o paulistano. Querendo botar pressão na McLaren, Senna aceitou um convite despretensioso de Emerson Fittipaldi para testar seu Penske no pequeno circuito de Firebird, nas vésperas do Natal de 1992.
A Indy vivia seus momentos áureos e já se sabia que Nigel Mansell correria em 1993 por lá, na Newman-Hass. Por que não a Penske responder à equipe rival contratando Senna? O patrocínio era até o mesmo! Era isso que todos imaginaram quando Senna testou um carro que lembrava muito sua McLaren, ao lado do amigo Emerson. A TV Bandeirantes fez reportagens à respeito, enquanto Bernie Ecclestone se desesperava com o vislumbre de perder não apenas seu atual campeão, como também sua principal estrela para uma categoria que crescia mais e mais.
Mas como se falou no início, foi apenas um teste despretensioso, que completou hoje 25 anos. Senna nunca se empolgou em correr na Indy, ainda mais sabendo que ainda tinha muito lenha para queimar na F1, mesmo numa situação difícil naquele momento. Tudo não passou de uma pressão na McLaren e até mesmo na própria F1, algo que Fernando Alonso fez 24 anos e meio depois, mas de forma ainda explícita. Como sempre quando o nome Senna está envolvido, histórias brotaram sobre esse teste. Não apenas sobre sua velocidade, mas sobre sua aura e de como tudo pareceu clarear naquele dia. Porém, Senna apenas acelerou um carro diferente do que estava acostumado, com ideias políticas na cabeça e com certeza se divertiu pra caramba!
domingo, 17 de dezembro de 2017
E vamos quebrar tudo...
Certas coisas tem um significado simbólico tão forte, que nem precisa de muita legenda. Nossa sociedade está doente, com as pessoas querendo obter vantagem a qualquer custo, não importando muito com o próximo. O que vale é ganhar, nem que seja jogando o adversário para fora da pista, demonstrando bem a falta de educação da população brasileira como um todo, exemplificado essa semana nas cenas lamentáveis proporcionadas pela torcida do Flamengo na final do Copa Sul-Americana de futebol. E por fim, a falta de comando no automobilismo brasileiro, que também é consequência da crise moral que abate todo o nosso país, principalmente na política. E se há algo político em nossa sociedade, isso se chama esporte no geral.
Tudo isso descrito acima está no vídeo abaixo.
domingo, 10 de dezembro de 2017
Dia de Serrinha
Daniel Serra confirmou um 2017 próximo da perfeição. Vencedor em sua categoria nas 24 Horas de Le Mans com um Aston Martin, Serrinha faturou seu primeiro título da Stock Car numa temporada onde liderou a maior parte do tempo, sendo claramente o melhor piloto do ano. Com o título, Daniel é o segundo filho de piloto a ser campeão como o pai, repetindo o feito de Chico Serra, tricampeão da Stock entre 1999 e 2001.
Em disputa com o eterno 'quase' Thiago Camilo, Daniel Serra tinha a faca e o queijo na mão quando sua equipe tinha o melhor carro em Interlagos no final de semana, enquanto Camilo sofria com um carro com problemas de velocidade nas retas, além do que Daniel precisava praticamente marcar Camilo para se sagrar campeão. E nem foi preciso. Largando em segundo e com seus companheiros de equipe o protegendo, Serrinha fez uma corrida pensando no campeonato e com o terceiro lugar faturou o título com até alguma facilidade.
A Stock fecha o ano com belos carros e uma interessante movimentação de pilotos e equipes para 2018. Porém, essa história dos pilotos mais populares terem um push a mais beira o circo, pois é sempre os mesmo pilotos que ganham a primazia, sendo que a Bia Figueiredo é tão fraquinha, que nem se percebe que ela foi agraciada em praticamente todas as corridas com os votos populares.
Assim como aconteceu na Nascar, mesmo as artificialidades para tentar fazer o campeonato emocionante, felizmente a Stock coroou o melhor piloto do ano e Daniel Serra, há dez anos na Stock, finalmente comemorou seu título.
Ano para se recordar
É da natureza humana termos mais apreço pelas coisas do passado, principalmente algo que nos agrade. Escrevi isso numa das minhas colunas do GPTotal. Nós temos memória seletiva e muitas vezes exaltamos tanto o passado, que esquecemos de curtir o presente. Um exemplo que sempre dou é o ano de 1993 da F1. Hoje se exalta essa temporada como icônica, mas quem viveu aquele ano a impressão era exatamente a oposta. A F1 parecia viver uma crise de identidade, mas hoje ninguém se atreve a falar mal de 1993 e as corridas antológicas de Senna, a garra de Schumacher e as corridas cartesianas de Prost. O que vamos nos recordar da temporada 2017 da F1 em alguns anos? Olhando para trás veremos um campeonato disputado por duas marcas icônicas (Mercedes e Ferrari), tendo como líderes dois pilotos multi-campeões mundiais. Ingredientes melhores do que esse? Difícil encontrar e por isso, 2017 estará marcado como uma temporada inesquecível.
O ano começou tendo grande novidade os novos carros, mudados para diminuir uma das grandes críticas dos fãs. Os motores híbridos (esses sim, são os motores do futuro!) já haviam ultrapassado em termos de potência os motores V10 e V12, tão cultuados para quem curte a F1 da velha guarda. As montadoras escondem, mas por trás daquele ronco manso e sem graça, mais de 1.000 cv são debitados por cada carro. Porém, até o ano passado os carros tinham uma aparência até mesmo frágil e os pilotos diziam algo que apenas aumentava a sanha dos críticos da F1 atual: os carros estavam fácil de guiar. A FIA tomou a providência certa e mudou totalmente o carro. Não mecanicamente, mas aerodinamicamente e com os pneus, bem mais largos. Os carros ficaram mais encorpados e bonitos, dando a impressão de que apenas pessoas especiais poderiam domar aquelas feras, mesmo sentimento que acontecia nos aos 1970 e 1980. A impressão era essa com os carros parados, mas aumentou ainda mais quando eles foram para a pista. Recordes caíram com uma média de 2 a 3s por volta mais rápidos. Os pilotos voltaram a ficar cansados ao final das corridas e a velocidade cresceu bastante. Relembrando 1993, o máximo que se atingia ao final da reta dos boxes de Interlagos era os 295 km/h. Hamilton chegou aos 350 esse ano! Comparando a câmera on-board da volta da pole de Senna em 1989 com a pole de Hamilton em 2017, o brasileiro tinha muito mais trabalho, mas num circuito igual, tomou 14s do inglês. Por causa do refino na aerodinâmica, os carros ficaram mais difíceis de se seguir e as ultrapassagens diminuíram bastante, afetando a qualidade de muitas corridas esse ano. Algo que os engenheiros da Liberty, nova dona da F1, ainda terá que corrigir.
Com a aposentadoria compulsória de Bernie Ecclestone, a organização teve uma clara oxigenada nas ideias, mesmo que ainda haja muita resistência. A apresentação dos pilotos em Austin entrou para a história, além da maior utilização das Redes Sociais, algo que Bernie abominava. Porém, os custos ainda estão muito altos e em 2017 abriu-se um verdadeiro abismo entre as três equipes mais fortes (Mercedes, Ferrari e Red Bull) e os demais times. Por serem americanos, há o receio de algumas propostas ianques invadam a F1 e talvez a que mais incomode as grandes equipes é que times menores recebam mais dinheiro e tenham condição de se estruturar, como ocorre nas grandes ligas americanas. A conferir.
Contudo, o grande receio desse início de temporada era se haveria outro domínio da Mercedes, como acontecera nos três últimos anos. E se acontecesse da Mercedes fosse muito superior as demais, a aposentadoria repentina de Nico Rosberg poderia fazer com que Lewis Hamilton nadasse de braçada em 2017. Havia a esperança de que a Red Bull e Adryan Newey tirasse proveito dos novos carros, mas a Ferrari trabalhou quietamente e na pré-temporada dava mostras que tinha um bom carro e capaz de desafiar a Mercedes. As respostas começaram a ser dadas em Melbourne, quando Vettel passou o primeiro stint atrás de Hamilton e quando houveram as paradas dos dois, o alemão emergiu na frente para vencer com facilidade. Haveria uma briga forte entre Mercedes x Ferrari e Hamilton x Vettel em todo o ano.
Foi comum os dirigentes da Mercedes se referirem ao carro prateado como uma diva. No vocabulário automobilístico, significava que o carro funcionava quando queria, independente dos acertos a serem realizados, mas aos poucos se criava um padrão na gangorra entre as equipes de ponta. A Mercedes se sobressaía nas pistas rápidas, enquanto a Ferrari se dava melhor nas pistas mais travadas. Outro fato era observar Hamilton contra um rival com mais títulos do que ele e num carro diferente. No começo, Vettel obteve vantagem e quando a Ferrari conseguiu uma dobradinha em Monte Carlo, parecia que os italianos venceriam. Então, veio Baku e a polêmica batida proposital de Vettel em Hamilton. Até o momento os dois pilotos se elogiavam a todo instante e pareciam ter um relacionamento bem cordial, mas o descontrole de Vettel significou uma virada. Se antigamente Hamilton era conhecido por ser mais fraco mentalmente, o inglês percebeu frestas na armadura vermelha de Vettel e com mais confiança, iniciou uma sequência de vitórias que fez liderar o campeonato, mas tomou a virada logo em seguida na Hungria, pista favorável à Ferrari. Então, veio a inesquecível corrida em Spa. Ao contrário do que se espera em Spa, a emoção não foi pela chuva. Estava ensolarado naquele dia. Porém, Hamilton e Vettel deram um show de pilotagem, andando próximos a corrida inteira. Hamilton venceu e reassumiu a ponta do campeonato. Quando a F1 saiu da Europa, a corrida seguinte seria pró-Ferrari, nas apertadas ruas de Cingapura. Foi o início da derrocada ferrarista.
Pela primeira vez com pista molhada, a largada em Cingapura viu Raikkonen largar melhor e atacando o segundo colocado Max Verstappen, que se manteve imóvel, mas o holandês acabou atacado por Vettel e os três acabaram batendo, destruindo os sonhos ferraristas de vitórias. Nas duas provas seguintes, problemas minúsculos fizeram Vettel largar na última fila em Sepang e abandonar em Suzuka. Em todas essas corridas, Hamilton venceu. O que parecia ser um campeonato decidido na última prova, tudo foi definido na antepenúltima, com Hamilton ainda tendo trabalho após um toque com Vettel na segunda curva no México e tendo que vir de último para nono, mas como Vettel também precisou de reparos, Lewis Hamilton se sagrou tetracampeão mundial. Foi um ano em que Hamilton usou todos os seus pontos fortes para derrotar um piloto forte como Vettel e com isso, aumentou ainda mais seus números como um dos grandes da F1. Esse ano Hamilton bateu o recorde de Schumacher no quesito poles, além de se consolidar como segundo colocado na ranking de vitórias e com quatro títulos, se mostrar como um dos grandes da história, juntamente com Vettel, que fez uma temporada gigante, mas a falta de experiência do grupo atual da Ferrari em disputas pelo título fez a diferença a favor da Mercedes, que venceu pela quarta vez consecutiva.
Sem Nico Rosberg, a Mercedes apostou em Valtteri Bottas e não dá para dizer que o finlandês não fez direito seu trabalho. Foram três vitórias e o terceiro lugar no mundial de pilotos, mas faltou um pouco mais de regularidade ao nórdico, principalmente quando renovou seu contrato para 2018. Bottas fala em brigar pelo título, mas ainda falta muito para o finlandês derrotar seu companheiro de equipe. O desempenho de Bottas só mostra o quão grande e subvalorizado é Nico Rosberg. Bottas é rápido e até Hamilton já confirmou isso, mas apenas Nico, com o mesmo carro, foi capaz de derrotar Hamilton. Compatriota de Bottas, Kimi Raikkonen fez uma temporada burocrática, assim como foi grande parte de suas corridas. Conformado como segundo piloto, Kimi fez bem o seu dever de casa ao amealhar pontos para a Ferrari no Mundial de Construtores e ajudar Vettel quando foi possível, como no caso da Hungria, quando Vettel teve um pequeno problema e Kimi foi o escudo do companheiro de equipe frente aos ataques de Hamilton. O ponto alto de Raikkonen foi em Mônaco, quando foi pole, mas acabou em segundo na corrida, além de suas tiradas no rádio. Campeão dez anos atrás, Kimi Raikkonen é hoje uma sombra de si mesmo, ficando mais no folclore da F1 do que faz na pista.
A Red Bull ficou claramente como terceira força da F1, mas ainda teve chances de brigar pela vitória em algumas provas. Max Verstappen comprovou ser um potencial multicampeão da F1, vencendo com categoria na Malásia e no México, mas foram seus azares que fez a Red Bull entrar em conflito mais uma vez com a Renault. O holandês chegou a ficar seis corridas sem marcar pontos, a maioria das vezes por problemas mecânicos no motor francês, deixando a cúpula da Red Bull irada. Não querendo mais quebras, a Renault baixou a potência dos motores e o resultado foi visto nas duas últimas corridas do ano, quanto a Red Bull fez duas corridas bem burocráticas. Daniel Ricciardo não tem a velocidade e o talento de Max, mas usa bem seus pontos fortes e ainda conseguiu uma vitória fortuita em Baku, no meio de uma bela sequência de pódios que o deixou boa parte do ano na frente de Raikkonen no campeonato, só perdendo para Kimi na última corrida. Ricciardo parece já saber que não demorará muito e a Red Bull apostará suas fichas em Verstappen e por isso, o simpático australiano já pensa em respirar outros ares. Vista antigamente como a equipe mais simpática da F1, a Red Bull vem mostrando suas garras e todos assistimos como a equipe dizimou a carreira de Daniil Kvyat na F1. Se já não bastasse a humilhação do rebaixamento da Red Bull para a Toro Rosso no meio do campeonato, o russo foi demitido da STR e também do programada Red Bull ainda antes do final da temporada, deixando Kvyat, ainda com 23 anos, praticamente de fora da F1. Porém, ninguém duvida que Kvyat mereceu, mas faltou um trato mais humano com Daniil. Carlos Sainz fez um campeonato decente pela Toro Rosso a ponto de ser contratado pela Renault em 2018, mas o espanhol acabou estreando no time da montadora gaulesa ainda em 2017. Antigamente a Red Bull tinha um programa farto de pilotos jovens prontos para estrear na F1. Com a demissão de Kvyat e a saída de Sainz, a Toro Rosso teve que tirar o opaco Pierre Gasly da reserva e desenterrar Brandon Hartley, que corria na Porsche no WEC. Hartley tinha sido um piloto do programa Red Bull, mas acabou dispensado e se mudou para o Endurance. Sem ninguém a vista, a Red Bull trouxe o neozelandês de volta e ele não comprometeu. Até porque a Toro Rosso sofreu como nunca com as quebras dos motores Renault na reta final do campeonato e em 2018 utilizará os complexos motores Honda.
Uma das histórias de 2017 foi a forma como a McLaren tentou segurar Fernando Alonso, mesmo quando tudo parecia perdido. A parceria McLaren-Honda foi um fracasso retumbante e se em 2016 os japoneses evoluíram, já na pré-temporada desse ano estava claro que a Honda havia errado novamente e os motores voltaram a explodir a todo instante mesmo sendo os menos potentes da F1. Foi um vexame completo que tirou a paciência de Alonso. O que restava a McLaren a fazer? Agradar o espanhol. Mesmo com ideias mirabolantes, como a surpreendente ida de Alonso para as 500 Milhas de Indianápolis, não correndo em Mônaco. Sem mais paciência com a Honda, Alonso costurou um acordo entre a McLaren e Renault, envolvendo também Sainz para que o espanhol corresse com motores franceses em 2018. Mesmo o motor Renault não sendo o mais forte da F1, é bem melhor do que o Honda, que nessa passagem pela F1 vai deixando uma imagem ruim para os japoneses, que tentarão se reerguer com a Toro Rosso. Sem patrocinador principal, a McLaren voltará a ser uma equipe cliente e mesmo tendo um dos maiores times da F1 atual, a tradicional equipe vai seguindo os passos da Williams como um time que vive apenas de suas glórias passadas. Quando a Mercedes tinha disparado o melhor motor da F1, a Williams ainda conseguia esconder seus problemas, mas com Ferrari e Renault diminuindo a diferença, a Williams foi decaindo e hoje vê o pódio de binóculos. Sem contar o fortuito pódio do novato Lance Stroll em Baku (melhor prova do ano), a Williams esteve longe do pódio em todas as corridas. Stroll foi um grande problema para a Williams na maior parte do tempo. O jovem canadense é rápido, mas talvez tenha chegado à F1 cedo demais e sofreu bastante com o noviciado, tendo uma temporada bastante irregular, além de sofrer bastante nas classificações, mas como ele paga as contas... Estendendo em mais um ano sua carreira na F1, Felipe Massa fez uma temporada opaca e por muito pouco não passou pelo vexame de ser superado por um novato atabalhoado como Stroll. Massa falava em ficar na F1, mas era nítido que seu tempo na F1 havia terminado e o brasileiro teve outra aposentadoria legal de se assistir em Interlagos. O favorito para substituir Massa é o regresso Robert Kubica. Porém, pela primeira vez desde 1969 não haverá brasileiro na F1, o que poderá ser bem ruim para quem acompanha a F1 nos próximos anos. A Globo já anunciou que transmitirá a F1 em 2018, mas fica a pergunta sobre os anos seguintes, principalmente se não aparecer nenhum brasileiro na categoria. Mesmo com as críticas a veterana dupla Galvão/Reginaldo, além de Burti, o Sportv tem um trio bem pior. Sergio Maurício foi eleito o melhor narrador de automobilismo até com algum merecimento, mas seus comentários messiânicos sobre Senna, em toda a corrida, enchem o saco de qualquer monge budista. A imprecisão de Lito Cavalcanti assusta e Max Wilson não agrega praticamente nada em termos técnicos, além de pérolas como dizer que a Lotus de Senna em 1987 seria comparada à Toro Rosso atual. Só podia estar bêbado. Além de nos fazer sentir falta do trio global...
Quarta força em 2017, a Force India teve muito trabalho com sua dupla de pilotos. Sergio Pérez, após sua mal fadada passagem pela McLaren em 2013, está fazendo de tudo para voltar à uma equipe de ponta e para isso, precisava derrotar seu companheiro de equipe. Porém, Esteban Ocon, protegido da Mercedes, estava com o mesmo objetivo. O que vimos foi uma disputa das mais encarniçadas dentro da Force India, com direito a toques entre eles, polêmicas pelo rádio e a proibição da equipe dos seus pilotos brigarem entre si. Porém, mesmo com alguns incidentes, a Force India construiu um carro tão bom que conseguiu o quarto lugar no Mundial de Construtores com certa facilidade, mas tem um futuro nebuloso, com seu chefe exilado na Inglaterra e dívidas públicas. Além de um carro róseo nada bonito. A Renault terá uma missão no mínimo complicada em 2018. Os franceses cederão seus motores à Red Bull e McLaren, que tem ótimos chassis, além de tentar fazer sua equipe própria sair do pelotão intermediário. Os motores Renault sofreram com a confiabilidade esse ano e se já não bastasse ser superada por um cliente, a Renault pode ser superada por duas! Menos mal que a Renault se livrou do horroroso Jolyon Palmer, que certamente fez a Renault perder muitos pontos no Mundial de Construtores, com a dupla Hukenberg/Sainz sendo bem mais equilibrada. A Hass tentará se livrar do crônico problemas nos freios, além de acalmar seus dois pilotos, que se envolveram em vários problemas ao longo do ano. Se Grosjean se mostra mais calmo dentro da pista, seus impropérios pelo rádio já o colocam no nível de Raikkonen em termos folclóricos na F1. Porém, é inegável o bom trato que o francês tem com os pneus durante as corridas, sendo um diferencial estratégico durante as provas. Já Kevin Magnussen foi criticado por 80% do grid por causa de suas manobras agressivas demais, que quase sempre resultavam em toques e punições. O 'suck my balls' de Hulkenberg também entrou para o anedotário da F1. A Sauber viveu o ano em crise, com um motor Ferrari de 2016 e brigas internas, que acabaram valendo o emprego de Monisha Katelborn. Pascal Wehrlein é bem mais piloto que Marcus Ericsson, mas o sueco é quem paga as contas e isso o incomodou bastante. Wehrlein marcou todos os pontos da Sauber em 2017, mas está com um pé fora da F1, enquanto Ericsson continua, mesmo com a Sauber recebendo o respiro da chegada da Alfa Romeo (leia-se Ferrari) em 2018, promovendo a estreia do promissor Charles Leclerc, campeão da F2 em 2017.
Mesmo com todos os problemas, não podemos reclamar do que vimos em 2017, onde houve uma disputa entre duas marcas icônicas no mais alto nível. Puxando na memória, desde Senna/Prost não se via uma disputa particular entre dois pilotos com tantos títulos como Vettel e Hamilton. Blasfêmia? Os números estão aí. São fatos. Foram oito títulos envolvidos na briga do titulo desse ano, sem contar os dois de Alonso e único de Raikkonen, mas não estiveram envolvidos no campeonato. Hamilton teve que elevar o seu já alto sarrafo para poder derrotar Vettel e se igualar ao alemão como tetracampeão. Para 2018, um dos dois poderá se igualar à Fangio. Isso se não aparecer uma Red Bull muito forte ano que vem, ou até mesmo uma surpreendente McLaren-Renault com Alonso à frente. Tivemos um ano para se recordar.