Alonso sofreu praticamente o mesmo em Yas Marina do que já vinha pelejando em 2018. Com o carro medíocre que a McLaren lhe deu, o espanhol pouco pôde fazer a não ser brigar para marcar um pontinho, algo que não conseguiu no final das contas. Uma pena que a gloriosa carreira de Fernando Alonso termine assim, mas o espanhol mereceu todas as homenagens que lhes foi oferecido. A corrida de Alonso hoje não foi nada demais, mas sua carreira, sim. Por isso, o espanhol ficará representado aqui nessa parte da coluna pelo o que fez em 18 anos na F1.
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
Figurão(ABU): Rede Globo
As últimas corridas da temporada de F1 sempre foram marcadas pela emoção das despedidas. São pilotos que se despedem de suas equipes ou até mesmo da categoria. Pessoas importante indo embora para dar lugar aos novos, no velho ciclo da vida. Esse ano teríamos uma despedida especial. Fernando Alonso, após bons e maus momentos, se aposentaria da F1 após anos sofrendo com um projeto na McLaren que simplesmente deu errado. Não faltaram homenagens ao espanhol em todo o final de semana. A última etapa do ano também marca o tradicional agradecimento do trio da Globo, após mais um ano acompanhando a F1 pela Vênus Platinada. Tudo isso aconteceu nos anos anteriores. 2018 não. De forma inexplicável, a Globo, que vem diminuindo gradativamente sua cobertura na F1, cortou a transmissão da corrida logo depois da bandeirada. Não foi possível ouvir os rádios de Ricciardo, Alonso e Hamilton. A bela homenagem que Vettel e Hamilton, as duas referências da F1 atual, fizeram para com Alonso, com direito a donuts dos três na frente do público na reta dos boxes. Ninguém viu Hamilton fazendo diferente no pódio, ao tirar parte do macacão (ok, essa parte não fazia muita questão de ver...) enquanto regojizava-se de mais uma vitória. E o trio global não teve a oportunidade de se despedir de sua audiência. Galvão Bueno foi até mesmo pego de surpresa por terminar a transmissão de forma tão abrupta. Mesmo com Galvão e Reginaldo já demonstrando sinais que o tempo está chegando, é sempre legal ver essa despedida até que a nova temporada recomece. Mas será que veremos a temporada 2019 na Globo? Esse corte antes da hora para mostrar um estádio vazio pode ser um sinal de que a Globo pode ir jogando cada vez mais a F1 para escanteio, para enorme tristeza dos amantes da velocidade da F1.
domingo, 25 de novembro de 2018
Desrespeito
Para os baixos padrões de qualidade em Abu Dhabi, a corrida desse domingo foi até animada. Teve uma acidente perigoso logo nas primeiras curvas, estratégias diferentes, ultrapassagens em todos os pelotões e até mesmo chuva no deserto. Além de tudo isso, a F1 viu a despedida de Fernando Alonso, além de outros menos votados. Houve também reunião de Hamilton, Vettel e Alonso na reta dos boxes dando zerinhos com seus carros na frente do público que delirava. Por que desrespeito? Simplesmente porque ninguém no Brasil viu essa cena final, pois a Rede Globo fez o enorme favor de não passar o pódio e toda a emoção de várias corridas finais para muitos pilotos para voltar ao Esporte Espetacular. Uma notícia bombástica? Não teremos o segundo jogo da final da Libertadores? Não, simplesmente para mostrar repórteres em estádios vazios antevendo uma rodada em que até as puídas vigas de São Januário sabem que o Palmeiras serão campeão.
Uma lástima! Foi um desrespeito enorme para o ainda grande número de fãs de F1 no Brasil. Se quinze dias atrás o desrespeito foi apenas para quem mora no Ceará, pois a classificação não foi transmitida para cá, hoje o desrespeito foi nacional. Simplesmente sem motivo algum para não mostrar um momento tão solene como o pódio da corrida e principalmente a despedida de vários personagens, seja das suas equipes ou até mesmo da F1, como foi o caso destacado de Fernando Alonso. O mundo inteiro também queria ver como se comportaria Daniel Ricciardo depois de sua última corrida pela Red Bull, como Sainz se comportaria em sua despedida da Renault, o mesmo acontecendo até mesmo com Vandoorne, Gasly e Leclerc. O tradicional recado que Galvão Bueno sempre dá nas corridas finais de cada temporada foi devidamente cortado, inclusive para constrangimento do narrador global, que pareceu surpreso ter que encerrar de forma tão abrupta a transmissão da F1.
Se a corrida de hoje teve vários momentos de simbolismos, essa falta de respeito da Globo para com o seu fiel telespectador da F1 também contém uma bela carga de simbolismo. Sem nenhum brasileiro para 'torcer', a Globo vai deixando a F1 de lado e situações como a de hoje podem se repetir cada vez mais, até chegar o momento da F1 se mudar definitivamente para o canal fechado, que por sorte pode ser o Sportv, pois ESPN e FOX Sports se concentram tanto em futebol, que não seria surpresa que as corridas não fossem transmitidas ao vivo por essas emissoras.
Falando um pouco da corrida, mesmo com tantas intempéries, a prova teve no vencedor um nome comum nas últimas provas: o pole Lewis Hamilton. Das últimas onze corridas de 2018, oito foram vencidas pelo inglês da Mercedes, que se consolidou como piloto dominante desta temporada, mesmo que muitas vezes tendo que usar seu talento acima dos demais, mesmo um tetracampeão como Sebastian Vettel. Hamilton aproveitou o safety-car virtual pela quebra de Raikkonen para fazer sua única parada, mas a sensação foi que o pit-stop acontecera cedo demais e que Lewis poderia até mesmo fazer uma segunda parada. Falsa expectativa. Hamilton cuidou bem dos pneus para ver todos os seus rivais pararem nos pits e retornar à ponta com certa vantagem, não sendo pressionado pelo segundo colocado. Aventou-se a possibilidade da Mercedes devolver a vitória de Bottas, que foi tirada do nórdico na Rússia, mas o finlandês novamente não ajudou. Em outra corrida horrorosa, Bottas perdeu rendimento, provavelmente por causa de problemas de freios, e foi sendo ultrapassado por todos os seus rivais até cair para quinto, último colocado da F1 da elite. Vettel aproveitou-se para subir para segundo e com pneus mais novos, tentar um ataque em cima de Hamilton, mas o máximo que o alemão fez foi tirar 3s da desvantagem que tinha. Já Verstappen conseguiu ultrapassar Bottas na marra, batendo rodas com a Mercedes para garantir um lugar no pódio e ainda ultrapassar o obscuro finlandês na classificação final do campeonato. Raikkonen, que abandonou cedo, terminou sua passagem pela Ferrari com um terceiro lugar. Outro que se despediu bem foi Ricciardo, que esticou ao máximo sua parada, na tentativa da chuva molhar a pista, mas o calor é tão forte que o asfalto ficou seco e o australiano terminou sua passagem pela Red Bull em quarto, mas sem abandonos dessa vez.
No pelotão intermediário, a grande estrela foi Alonso. Vindo de alguns incidentes na primeira volta, fora nítido que Alonso largou com extremo cuidado e a partir daí fez sua corrida final dentro das pobres possibilidades da McLaren. Com um carro que só decaiu ao longo do ano, Alonso ainda ficou perto de pontuar, mas teve que se conformar com a 11º posição, mas não faltaram homenagens merecidas ao espanhol. Seu substituto na McLaren fez uma corrida de destaque, com Sainz levando seu Renault para a sexta posição, sendo o melhor do resto. Agora, Sainz levará sozinho a bandeira da Espanha na F1. Charles Leclerc deu outra mostra que deverá fazer um bom trabalho na Ferrari. Na primeira volta, o monegasco foi para cima de Ricciardo e ficou com a quinta posição, que logo virou quarto quando Raikkonen abandonou. Numa manobra discutível, a Sauber trouxe o piloto para os pits com o safety-car virtual de Kimi, relegando Leclerc para as últimas posições. Sem poder forçar, para não ter que parar novamente, Leclerc diminuiu o ritmo, mas ainda segurou uma sétima posição. Querendo mostrar a todos que a Sauber tinha perdido muito com a sua demissão, Ericsson fez outra corrida sem graça e abandonou. Com certeza a Sauber não está arrependida de sua decisão de trocar de piloto...
A Force India pontuou com apenas com Pérez, mas Ocon protagonizou outro entrevero com Verstappen. O holandês largou mal, com problemas de motor e não demorou para que os dois antigos rivais da F3 se encontrassem quinze dias depois da briga no pós-corrida em Interlagos. Ocon e Verstappen brigaram algumas voltas, até Max dar no meio do carro da Force India para ganhar a posição e rumar para o pódio. Vindo de um bom final de semana, Ocon se perdeu, foi superado por Pérez, a quem sobrepujou com sobras na classificação e desapareceu na corrida. Mesmo com essa afinada, é claro que Ocon tem muito mais chances de fazer um trabalho melhor na Mercedes do que Bottas. E enfrentar Verstappen com armas mais parecidas. Grosjean pontuou após se envolver no acidente com Hulkenberg na primeira volta, onde o alemão da Renault capotou e ficou com as rodas para o ar, sem ter como sair. Porém, o francês não foi culpado pela manobra, pois Hulk fez a curva como se Grosjean, sem espaço, não estivesse ali. A Haas terminou o ano muito bem, com seus dois carros pontuando. A Toro Rosso quase viu Gasly pontuar, mas o francês foi traído pelo motor Honda já no fim da corrida. Em outro simbolismo, Gasly estava prestes a tomar uma volta de Verstappen, que viu o motor que usará em 2019 explodir bem à sua frente. A Williams terminou lá atrás novamente, com Stroll superando o decepcionante Vandoorne, enquanto o chocado Sirotkin terminava em último. O russo sofreu um baque com a sua saída da F1, mas seus resultados não lhe ajudaram muito.
Para um circuito que parece ter sido feito com o troco do belo hotel que o rodeia, a corrida foi até legal. Muitas brigas e alternâncias de posições. Houve também despedidas emocionadas e até mesmo a presença inesperada da chuva. Porém, a parte final da última corrida do ano, que é sempre recheada de emoções, foi abruptamente cortada pela Rede Globo. Da mesma forma que houve vários momentos simbólicos durante a corrida, esse corte também foi bastante simbólico.
sábado, 24 de novembro de 2018
Clima de despedida
Última classificação do ano. Parece que passou voando, mas 2018 já está terminando, restando não muito mais do que um mês para o nascimento de 2019, ano em que a F1 sofrerá uma transformação poucas vezes vistas no seu line-up de pilotos. Com pouca coisa a ser decida num circuito muito bonito por fora, mas terrível como traçado, Lewis Hamilton terminou a temporada de uma forma bem conhecida: fazendo a pole.
Foi uma classificação morna e com poucos destaques. Mesmo com a incrível presepada em Interlagos, Ocon mostrou um excelente ritmo na classificação, superando de longe Pérez e chegando a ficar com o quarto tempo no Q2. O francês merece um lugar na F1, mesmo após a afinada que deu para Verstappen no já célebre pós-pódio do GP Brasil. Já garantido no grid numa equipe grande, Charles Leclerc também mostrou muita velocidade, mesmo não sendo tão exuberante como em São Paulo na quinzena anterior. A Red Bull deu pinta que poderia brigar com Mercedes e Ferrari, mas como normalmente acontece nos sábados, o time austríaco ficou para trás e a Mercedes se sobressaiu com seu mapeamento 'mágico' no Q3, no que seus dois pilotos conseguiram a dobradinha. E claro, com Hamilton na frente!
Com tanta pouca coisa acontecendo, todos os olhos ficaram em cima de Fernando Alonso, que muito provavelmente fará sua última corrida na F1 em Abu Dhabi. O espanhol ainda conseguiu um brilhareco ao colocar sua claudicante McLaren no Q2, mas Alonso pouco pôde fazer nessa fase. Alonso ainda recebeu a visita ilustre do rei Juan Carlos, além das homenagens de praxe. Fazendo o que for, Alonso é o grande destaque do final de semana.
quinta-feira, 22 de novembro de 2018
Comeback
O prêmio Laureus tem uma categoria em que no final de 2019 dificilmente Robert Kubica não estará: O retorno do ano. Mesmo que não ganhe ou se destaque, somente o fato de Kubica estar de volta à F1 já é um feito digno de nota e nesta quinta-feira a Williams anunciou o polonês como seu piloto na próxima temporada, praticamente fechando o grid de 2019.
Quando Kubica surgiu na F1, sabia-se que um jovem talentoso despontava na categoria. Extremamente rápido e diferenciado, Kubica chegou a brigar pela liderança do Mundial de 2008 com a equipe BMW, mesmo o time bávaro sendo claramente a terceira força daquele ano. Quando a BMW acabou e ressurgiu a Sauber, Kubica foi para a Renault meio que sabendo que seu destino era a Ferrari, onde dividiria a equipe com o seu amigo Fernando Alonso, no lugar de Massa. Porém, tudo aparentemente acabou no começo de 2011, quando Kubica sofreu um seríssimo acidente de rali e seu braço e mão direito quase foram arrancados. Se havia uma certeza na época, era que a carreira de Kubica havia terminado.
O polaco teve uma recuperação lenta e difícil. Aos poucos Robert foi retornando às corridas, primeiro nos ralis e depois fez alguns testes em carros de Endurance. Cada vez mais confiante, Kubica conseguiu um teste de F1 com a Renault. Os resultados eram satisfatórios a ponto do polonês quase ter reestreado pela Williams nesse ano. Após muita negociação, Kubica foi contratado pela Williams em 2019 muito graças aos patrocinadores pessoais de Kubica, mas há também uma curiosidade de como Robert irá se comportar.
Se um ano fora da F1 já faz diferença para um piloto, imaginem oito! Kubica já vai estar com 34 anos de idade e encontrará uma F1 muito diferente do que esteve acostumado no começo dessa década. Porém, o que mais chama atenção é sua situação física. Seu membro superior direito está praticamente inutilizado, como fica bem claro nessa foto. Kubica correrá praticamente usando só a mão esquerda, o que será um grande desafio ao polonês. Seus tempos foram nos testes foram bons, mostrando que a velocidade ainda estava lá, o problema será a resistência física, além do carro da Williams, última colocada esse ano. Contudo, essa volta de Robert Kubica à F1 em 2019 é um dos fatos mais interessantes e legais de se acompanhar no ano que vem.
domingo, 18 de novembro de 2018
Sprint final
Dentre os inúmeros nomes que a principal categoria da Nascar já teve, uma delas foi Sprint Cup. Hoje chamada de Monster Cup Series, a Nascar teve um final mais digno da antiga patrocinadora, onde o campeão foi conhecido por causa de um sprint final de arrepiar na última etapa em Homestead.
Por causa do complicado sistema de play-offs que a Nascar implantou a alguns anos, quatro pilotos chegaram à Homestead com chances de ser campeão, onde bastava chegar na frente para vencer o título. Os candidatos eram Kevin Harvick, Kyle Busch, Martin Truex Jr e Joey Logano. Com exceção do último, todos com pelo menos um título na carreira e vindo de temporadas mais sólidas do que o jovem piloto da Penske, mas como ocorriam nos tempos do mata-mata, bastou uma noite feliz para que Logano se sagrasse campeão da Nascar depois de um sprint final nas últimas quinze voltas, após a última relargada do ano. Os quatro contendores fizeram a corrida praticamente inteira juntos e dentro do top-5, o que trazia uma tensão toda especial para essa final de campeonato, mas como sempre acontece nas corridas da Nascar, tudo sempre é decidido na relargada final e foi assim mais uma vez.
Talvez com o pior carro dos quatro, Busch tentava uma manobra arriscada ao ficar na pista sem paradas, mas uma bandeira amarela causada pelo companheiro de equipe Daniel Suárez fez com que todos os quatro parassem por uma última vez e saíssem juntos para as quinze voltas finais. Mesmo ajudado pelo ótima trabalho da equipe Joe Gibbs, Busch logo caiu de primeiro para quarto. O atual campeão Truex Jr relargou melhor e tinha pinta que seria bi, mas Logano deixou Harvick para trás e numa bela manobra nas voltas finais ultrapassou Truex rumo a vitória e ao título.
Joey Logano era considerado a zebra (ou underdogs, como os americanos gostam) do dia, mas contou com a força da Penske para conseguir um carro muito forte no momento mais importante da corrida: a última relargada. Logano fora considerado um prodígio no começo da carreira e com apenas 18 anos fez sua estreia na categoria principal e logo no mítico carro 20 laranja, que por muitos anos fora de Tony Stewart. Talvez pela juventude e pela pressão de ser uma aposta de Joe Gibbs, Logano teve vários anos esquecíveis até ser demitido pelo seu revelador. Amigo de Brad Keselowski, que tinha sido campeão pela Penske, Logano foi contratado pela equipe do Capitão e com menos pressão e se sentindo mais confortável, Logano finalmente mostrou a que veio, conquistando vitória e brigando pelo título. Nas duas vezes em que chegou à corrida final com chances de título, vacilou nas últimas voltas, mas em 2018 o americano de 28 anos fez tudo certinho para confirmar o que dele se esperava há dez anos.
Algumas corridas atrás Logano conseguiu a sua vaga na 'final' em Homestead numa manobra discutível em cima de Truex em Martinsville na última curva, aumentando a fama de piloto não muito bem quisto dentro da Nascar. A disputa entre os dois foi limpa hoje, mas vale o velho questionamento que sempre aparece no futebol. Pontos corridos ou mata-mata? Logano não foi o piloto com mais vitória ou mais consistente e ainda conseguiu sua vaga na finalíssima ao jogar sujo com Truex. A desculpa de Logano na época fora que para tentar o título, deveria se tentar de tudo e assim Joey fez. Justo? Talvez não. Emocionante? Com certeza, mas Joey Logano não está nem aí para elucubrações e agora tem um título da Nascar para dizer que é seu!
Foi Deus!
O automobilismo se tornou um esporte muito seguro graças aos esforços de pilotos, dirigentes e engenheiros, mas ainda assim acidentes graves acontecem. Sophia Floersch, alemã de apenas 17 anos de idade, pode dizer que nasceu de novo, mesmo com algumas consequências. Sophia foi protagonista de um dos acidentes mais impressionantes dos últimos tempos na famosa corrida de F3 em Macau. A alemã saiu voando a mais 270 km/h para se espatifar num local reservado para fotógrafos, não sem antes atingir outro carro. No total, cinco pessoas se feriram nesse grave acidente, mas aparentemente ninguém corre risco de vida. Muita sorte, mesmo que Floersch tenha uma fratura na espinha e já vimos o que ocorreu com Wickens para nos preocupar. Num acidente dessa magnitude, ninguém morrer não se deve somente à segurança, mas à Deus e os respectivos anjos da guarda!
Crazy race
Nas entrevistas pós-corrida nesse domingo em Valencia, os três pilotos que foram ao pódio usaram a expressão 'crazy race' de forma unânime. E Doviziozo, Rins e Espargaró tem toda a razão em chamar a última etapa da MotoGP de maluca. A chuva trouxe o tempero que fez da corrida valenciana uma das mais acidentadas dos últimos tempos, levando ao chão pilotos de todos os escalões do grid.
O fato de ter Pol Espargaró no pódio já diz muito da loucura que foi a corrida no circuito Ricardo Tormo. A esperada chuva veio com força justamente na corrida da MotoGP e com condições complicadas de pista, a habilidade dos pilotos veio à tona na mesma medida em que a sorte de pegar uma poça d'água ou não também apareceu. Nada menos que metade do grid caiu, mesmo que voltando logo depois. A largada viu Alex Rins da Suzuki liderar por um bom tempo num primeiro pelotão interessante, já que os cinco primeiros utilizavam cinco motos diferentes. Porém, as quedas não demoraram a acontecer, incluindo Pol Espargaró em sua KTM, que desde a sua volta na MotoGP no ano passado só conseguiu resultados medíocres e o espanhol brigava no pelotão dianteiro. Enquanto favoritos como Marc Márquez e Danilo Petrucci encontravam o chão, Rins era alcançado por Doviziozo e Valentino Rossi, após o italiano sair da 16º posição rumo ao pelotão da frente.
A chuva logo se transformou em um temporal e a bandeira vermelha apareceu, fazendo com que uma nova largada fosse dada. Rins, Doviziozo e Rossi rapidamente se destacaram na relargada, mas com o piloto da Ducati conseguindo uma boa vantagem sobre Rossi, mas o piloto da Yamaha caiu nas voltas finais. Se serve de consolo, Rossi conseguiu segurar a terceira posição no Mundial de Pilotos, já que Maverick Viñales, pole na corrida de hoje, foi um dos vários que caíram. Outro fator foi que a queda de Rossi permitiu a Pol Espargaró alcançar a terceira posição e dar à KTM seu primeiro pódio na MotoGP num dia magnífico para a marca austríaca. Mais cedo, o jovem turco Can Öcun estreou na Moto3 numa moto oficial da KTM com uma vitória, se tornando aos 15 anos o mais jovem a vencer uma corrida do Mundial. Logo depois, o português Miguel Oliveira encerrou a era dos motores 600cc da Honda com uma vitória pela equipe oficial da KTM, ao se aproveitar da queda de Alex Márquez, que sequer amarra as sapatilhas do seu irmão mais velho.
Como toda corrida de despedida, a bandeirada em Valencia foi cheia de significados. Doviziozo solidificou seu vice-campeonato e saiu de 2018 com o piloto da Ducati com o maior número de pilotos. Rins mostrou o grande crescimento da Suzuki, enquanto Espargaró era o mais festejado não apenas pelo resultado da KTM, como também não faz pouco tempo, ele sofreu um gravíssimo acidente que por muito pouco não o deixou paralítico. Nos boxes, todas as palmas para Daniel Pedrosa, que conseguiu finalizar em quinto sua longa carreira no Mundial de Motovelocidade. Pelo talento e o equipamento que sempre teve em mãos, Pedrosa saiu em dívida com a MotoGP, mas nem por isso deixou de ser uma lenda.
Nessa terça, a temporada 2019 se inicia com algumas equipes já recebendo seus novos pilotos, como é o caso da Honda com Jorge Lorenzo, a KTM com Johann Zarco e a Aprilia com Andrea Iannone. Mesmo com Marc Márquez estando em outro nível, não se pode negar que a MotoGP deixará muitas saudades em 2018. Que venha 2019!
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
Figura(BRA): Max Verstappen
Macho! Piloto-Raiz! Esses são os adjetivos que o holandês recebeu após sua atitude após ser jogado fora da pista por um destrambelhado Esteban Ocon e com isso, perdido uma vitória que lhe era certa. Porém, Max Verstappen fez uma corrida belíssima em Interlagos, uma pista que o holandês casa muito bem. Largando apenas em quinto, muito por causa do potencial do seu Red Bull, Verstappen ultrapassou quem via pela frente com manobras audaciosas e seguras. Max deixou para trás as duplas de Ferrari e Mercedes dentro da pista, não se incomodando com a deficiência de potência que seu motor Renault tem frente aos motores dos rivais. Verstappen administrava a corrida até ser acertado no meio pelo retardatário Esteban Ocon. O holandês poderia ter mais cuidado? Sim, mas Verstappen não esperava ser atacado por um retardatário e estar disputando espaço com Ocon, talvez a sua atitude dentro da pista tenha sido essa e lhe acabou custando a vitória. Porém, atitude mesmo Max Verstappen mostrou fora da pista. Não gosto de violência, mas em certos momentos um esportista tem que se impor frente ao seu adversário e Verstappen mostrou muita personalidade em sair do pódio sem estourar o champanhe e procurou seu antigo rival da F3 para uma 'conversinha'. Verstappen deu uma série de empurrões no amedrontado francês, que mesmo mais alto do que o holandês, ficava cada vez menor com a fúria justificada de Verstappen. O piloto da Red Bull foi um excelente piloto dentro da pista, agressivo na medida certa e sólido em seu ritmo de corrida, mas Verstappen também mostrou fora da pista que não leva desaforo para casa e é Piloto com P maiúsculo ao não se esconder nas Redes Sociais e tomar satisfação na cara do adversário.
Figurão(BRA): Esteban Ocon
Uma das primeiras lições de um aspirante à piloto é respeitar as bandeiras de sinalização de que lhe são mostradas durante uma sessão, seja treino ou corrida. A branca, a vermelha, a amarela e por aí vai. A bandeira azul significa que um piloto mais rápido está se aproximando e que deve ser facilitada a ultrapassagem. Usando ainda o bom senso, brigar com o líder da corrida sendo um retardatário é totalmente contra-producente. Esteban Ocon esqueceu todas essas regras de corrida e bom senso nesse domingo em Interlagos. O talentoso francês, já estando uma volta atrasado, tentou descontar uma volta do líder Max Verstappen quando estava com pneus novos. Surpreendido pela manobra de Ocon, Verstappen simplesmente não se preparou para uma briga por espaço e acabou acertado no meio do pelo piloto da Force India na segunda perna do 'S' do Senna, acabando com as chances de vitória do holandês. Uma manobra estúpida e sem sentido, mas o pior estava por vir. Confrontado por Verstappen depois da corrida, Ocon deixou-se agredir e ao abrir os braços, se fez de vítima quando claramente foi o vilão de uma disputa inútil. Rápido e talentoso, Ocon não tem lugar no grid em 2019 muito mais pelas circunstâncias do que pelo o seu potencial, mas sua postura dentro e fora da pista (não pediu sequer desculpas...) fez de Esteban Ocon um piloto muito menor agora do que entrou.
domingo, 11 de novembro de 2018
E vamos quebrar tudo...
Para quem viveu sua juventude no começo desse milênio e não tinha muito o que fazer na semana à noite, um dos programas que passava na TV era o 'Programa do Ratinho'. Extremamente sensacionalista e com toques de pastelão, o ápice do programado que era transmitido no SBT era o 'Teste de DNA', quando uma 'moça' exigia que um cidadão assumisse que era o 'pai' do seu filho e por isso, era pedido o famoso exame de DNA para tirar a dúvida. Só que até que o resultado saísse, o pau quebrava no palco do Ratinho, que muitas vezes atiçava a confusão, enquanto uma musiquinha rolava ao fundo: "Vamos quebrar tudo, vamos, vamos..." Hoje, essa musiquinha poderia ter rolado no pós-corrida em Interlagos. Max Verstappen já é um personagem que mesmo sendo ainda coadjuvante, consegue atrair toda a atenção para si por motivos que sempre lhe envolvem durante as corridas. Além de extremamente rápido e talentoso, Verstappen também é um piloto de personalidade forte e muitas vezes é tão agressivo fora como é dentro da pista. Só que até a corrida de hoje, a agressividade de Max fora das pistas só era vista com palavras, mas hoje vimos algumas ações bastante agressivas do holandês.
A corrida desse domingo em Interlagos foi uma das melhores do ano, com muitas disputas entre os seis pilotos de ponta da temporada, mesmo que a esperada chuva não desse as caras. Mercedes, Ferrari e Red Bull estavam bem parelhas, mas o diferencial foi mesmo Max Verstappen. Casando muito bem com a pista em que sempre andou muito bem, o piloto da Red Bull foi ganhando posições na pista, ultrapassando simplesmente todos os demais pilotos de ponta, com exceção de Daniel Ricciardo, que largou mais atrás por causa de punição e também fez uma bela corrida. Verstappen ultrapassou as duplas de Ferrari e Mercedes na pista com ultrapassagens decididas sempre na freada do 'S' do Senna. Após ultrapassar um fragilizado Lewis Hamilton, que sofreu muito com os pneus hoje, Max Verstappen controlava a corrida e partia para uma vitória enfática e até mesmo não esperada, vide que o enorme setor de aceleração de Interlagos entre a Junção e a freada do 'S' do Senna não ajuda muito a Red Bull. Max vinha fazendo sua melhor corrida. Isso, até encontrar o figurão da corrida de hoje.
Esteban Ocon não vinha tendo um final de semana feliz com a Force India e tinha tomado uma volta, enquanto ocupava a modesta 14º posição, porém o francês estava com pneus supermacios novos e estava rápido. Por motivos que somente Deus e Ocon vão saber, o piloto da Force India resolveu que podia tirar uma volta ultrapassando o líder Verstappen, que vinha administrando a prova. Na freada do 'S' do Senna, lugar onde Verstappen tinha conseguido suas manobras de ultrapassagem, o holandês foi surpreendido por Ocon, o deixando lado a lado com o retardatário na segunda perna da esse. Mesmo por dentro, o lógico era Ocon recuar, pois estava ao lado do líder, mas o francês insistiu na manobra e acertou Max no meio, decidindo a corrida de forma estúpida e inacreditável!
Verstappen só foi ultrapassado por Hamilton, mas o estrago no seu assoalho era muito grande. Mesmo com Lewis sofrendo com bolhas nos pneus nas últimas voltas, já que tinha parado muito cedo, Verstappen foi incapaz de alcançar o inglês e cruzou a linha de chegada apenas 1.4s atrás do vencedor Hamilton. No rádio, Verstappen avisou: se o encontrar, vou tirar satisfação com ele (Ocon). A cara de Max no pódio indicava que ele iria procurar brigar, como realmente procurou. Numa imagem da TV francesa, Verstappen foi para cima de Ocon e deu vários empurrões no francês, que ficou com cara de Poliana, como se não acreditasse no que estava ocorrendo. Mesmo punido por um stop and go de 10s, o que Ocon fez foi imperdoável e sua reação depois da corrida pode ter queimado-o ainda mais, lembrando que o francês está praticamente fora do grid em 2019. Ao ser empurrado diversas vezes, Ocon não esboçou nenhuma reação, abrindo os braços como se quisesse posar de vítima. O francês errou bisonhamente três vezes. O primeiro dentro da pista, ao acertar o líder da corrida como retardatário. O segundo foi não aceitar que errou. E finalmente o terceiro, ter ficado impassível enquanto era empurrado por Verstappen, demonstrando uma fraqueza de caráter muito grande. Já Verstappen mostrou ser um piloto à antiga. A maioria dos pilotos em sua situação, com certeza iria lamentar numa entrevista escolhendo bem as palavras para depois desabafar no Instagram. Max teve uma atitude personalista. Saiu do pódio sem estourar o champanhe e tomou satisfação com o seu antigo rival de F3. Do mesmo modo como um Alan Jones ou Keke Rosberg fariam. Max pode não ter ganhado a corrida (e olha que ele merecia demais vencer hoje), mas ganhou muitos fãs com sua atitude, ao contrário acontecendo com Ocon.
No meio de uma cena que não víamos já fazia mais de vinte anos (Michael Schumacher invadindo o boxe da McLaren para tirar satisfação com David Coulthard em Spa/1998), a corrida ficou totalmente de lado. O que foi injusto, pois foi mais uma bela prova em Interlagos. Hamilton ganhou a corrida com a sorte de pentacampeão, ao ver Ocon tendo a diarreia mental bem à sua frente e tirando do caminho justamente o seu rival que estava nitidamente mais rápido. Sofrendo com os pneus, Lewis segurou o rojão nas últimas voltas com o dianteiro direito cheio de bolhas para vencer mais uma vez na temporada. Raikkonen fez uma corrida sólida, onde com uma estratégia parecida com a de Hamilton, teve mais pneus no final, mas teve que segurar Ricciardo, que fez uma bela corrida de recuperação para terminar próximo do pódio após largar em 11º. A Ferrari alegou problemas em Vettel e por isso sua corrida tão pobre, quando tinha pinta que era o favorito a vencer a prova de hoje por a Ferrari ter largado com pneus macios, enquanto Mercedes e Red Bull largaram com supermacios. Com certeza 2018 não será um ano que Vettel guardará com carinho em sua mente, pois dá para dizer que hoje foi outra vitória desperdiçada, mas se serve de consolo, pelo menos não foi culpa do alemão. À frente de Vettel chegou Bottas, já podendo ser considerado o pior dos seis pilotos de ponta da atualidade. O finlandês foi ultrapassado diversas vezes e teve que parar duas vezes, enquanto seu companheiro de equipe vencia com uma tática diferente. Apesar de ser comparado com Hamilton ser uma missão difícil, é nítido que outros pilotos poderiam fazer um trabalho melhor do que Bottas na Mercedes. Até mesmo Ocon, que dizem, substituíra Bottas no final do ano que vem.
O melhor do resto ficou em mãos merecidas. Charles Leclerc já tinha feito uma classificação maravilhosa ao melhorar seu tempo no Q2 com a pista escorregadia e hoje fez uma prova sólida, terminando em sétimo, não muito longe de Bottas e Vettel. Antes das paradas, o monegasco estava apenas 3s da briga que tinha Bottas como 'freio de mão'. Leclerc deverá ser um bom rival para Verstappen no futuro. Ericsson conseguiu sua melhor posição de largada na carreira, mas só caiu até abandonar. Se o sueco esperava mostrar a Sauber que havia sido um erro lhe dispensar, hoje a equipe suíça tem a certeza que fez o certo. A Haas deu pinta que seria a melhor do resto, mas a sua dupla foi superada pelo talento de Leclerc, contudo os americanos puderam vibrar com outro final de semana ruim da Renault, que não pontuou. Sérgio Pérez salvou um pouco a honra da Force India com a décima posição, enquanto a Toro Rosso ficou perto de pontuar, mas com Hartley, enquanto Gasly ficou para trás. Fernando Alonso andou por um bom tempo em último, mas conseguiu ultrapassar Stroll, porém, seu final de carreira não está sendo dos mais felizes, o mesmo acontecendo com a McLaren, que vem sendo alcançada pela cambaleante Williams no posto de pior equipe da F1 atual. Alonso já anunciou que voltará às 500 Milhas em 2019 junto com a McLaren. Talvez tenham melhores resultados.
Numa corrida das mais animadas, o que chamou atenção não foi mais uma vitória de Hamilton ou o quinto título consecutivo do Mundial de Construtores da Mercedes, confirmado nesse final de semana. Já houveram várias brigas na F1, mas a maioria não foi vista. Piquet x Salazar e Schumacher x Coulthard foram os últimos que foram flagrados pelas câmeras. Verstappen mostrou na pista que é mesmo um piloto de ponta, mas mostrou sua personalidade fora das pistas ao não levar desaforo para casa. Inversamente proporcional aconteceu com Ocon, que diminuiu dentro e, principalmente, fora da pista. Pela asneira feita, os empurrões tomados ficaram baratos!
sábado, 10 de novembro de 2018
Verdes mangas
A F1 vive um dos seus pontos mais baixos em sua cobertura pela imprensa brasileira por causa da falta de sucesso dos pilotos brasileiro e depois da falta dos próprios pilotos brasileiros no grid. Na semana em que dois brasileiros (Sergio Sette Câmara e Pietro Fittipaldi) são contratados por equipes de F1 para ficarem na retaguarda em 2019, pelo menos no Grande Prêmio do Brasil temos uma chance de ver a categoria em voga.
A classificação para a corrida havia sido abolida da grade de transmissão global já faz algum tempo, mas como a corrida é Interlagos, pelo menos uma vez veríamos o treino classificatório pela Globo. Veríamos. Isso mesmo. Para você que faz parte das outros 25 estados e Distrito Federal, viram um treino tenso e que Hamilton derrotou Vettel por muito pouco. Aqui no Ceará tivemos que nos conformar com o Cadeirão do Hulk para que a TV Verdes Mares passasse o jogo que poderá dar o título da série B para o Fortaleza.
Título com méritos, pois o time soube aproveitar a série B mais fraca dos últimos tempos. Porém, o que a mídia cearense vem fazendo nas últimas semanas em torno do feito tricolorido é de fazer vergonha. O Sistema Verdes Mares e o O Povo sempre preferiram o Fortaleza, talvez por ser menor do que o Ceará. E isso é histórico, seja em número de torcida e títulos. Ano passado, quando o Ceará também conseguiu o acesso à Série A, não houve esse alvoroço, o que está irritando o torcedor da maior do estado e que culminou com a vexatória não-transmissão do treino do Grande Prêmio do Brasil hoje.
A Verdes Mangas, como gostamos de chamar a Verdes Mares, conseguiu desagradar torcedores do Ceará e os amantes da F1 aqui nas terras alencarinas, já que o Sportv não transmitiu ao vivo o treino. Ou seja, me atingiu duplamente.
Como coloquei no Facebook: Foda-se Verdes Mares!