Trinta anos atrás Luciano do Valle berrou a frase do título acima. Emerson Fittipaldi estava tendo um mês de maio mágico em Indianápolis e caminhava lépido para a sua primeira vitória nas 500 Milhas, além de ser o primeiro brasileiro a vencer no solo sagrado de Indiana. Emerson sempre esteve acostumado em ser o primeiro brasileiro no automobilismo, mas Pat Patrick quase estragou tudo. O chefe de equipe de Emerson mandou que completassem o tanque do Penske PC18 de Emerson em sua última parada e com o carro pesado, Fittipaldi perdeu terreno para Al Unser Jr, que o ultrapassou de forma tranquila nas últimas voltas. Parecia o fim do sonho de Emerson Fittipaldi, mas na reta oposta um grupo de retardatários fez Emerson tentar um ataque final. Ajudado pelo vácuo, Emerson colocou por dentro de Al Unser Jr na entrada da curva 3. Little Al também corria atrás de sua primeira vitória em Indianápolis e não aliviou. O toque foi inevitável. Os dois ficaram de lado, mas enquanto Al Unser bateu para alegria de Luciano do Valle, Emerson conseguiu segurar seu Penske de forma miraculosa rumo a bandeirada em Indianápolis. Novamente Emerson entrava para a história.
terça-feira, 28 de maio de 2019
segunda-feira, 27 de maio de 2019
Figura(MON): Lewis Hamilton
Após superar por menos de um décimo Valtteri Bottas no final da classificação no sábado, bastava a Lewis Hamilton largar bem no domingo para dar um passo enorme rumo à vitória no principado de Mônaco. O script foi seguido à risca no apagar das cinco luzes vermelhas. Hamilton largou bem e ao manter a ponta na frente do seu companheiro de equipe, parecia que partiria para um passeio no parque, passando pelo Cassino e o Hotel Paris. Contudo, a magia das corridas é que intempéries acontecem e são nesses momentos que um grande piloto se sobressai. Um safety-car no começo da corrida instigou às equipes a trazerem seus pilotos aos boxes, mas a Mercedes resolveu colocar os pneus médios no carro de Hamilton, enquanto Red Bull e Ferrari montaram pneus duros nos seus carros. Ainda faltavam mais de sessenta voltas e era claro que os rivais de Hamilton não parariam mais. E se Lewis parasse, a vitória estava perdida. Mesmo contrariado com a escolha errônea de sua equipe, Hamilton se reinventou durante a corrida. Ao invés de imprimir um ritmo forte para sobrepujar seus adversários, o inglês da Mercedes diminuiu drasticamente seu ritmo para levar seus pneus até o fim. Mesmo que eles estivessem em frangalhos, o que foi o caso no final da prova. Mostrando uma grande concentração, Hamilton manteve Verstappen a maior parte do tempo sob controle e soube rechaçar o único ataque do holandês no finalzinho da corrida. Hamilton escolhia os locais onde acelerava, para não poder dar chances à Max, enquanto diminuía claramente para poder poupar seus pneus e sabendo que não seria atacado. Hamilton fez isso por várias voltas até receber a bandeirada em primeiro, conseguindo a sua terceira vitória no principado. Com certeza, a mais impressionante de Lewis Hamilton em Mônaco.
Figurão(MON): Ferrari
Praticamente todos os posteres em Monte Carlo tinha uma foto de Charles Leclerc. O jovem piloto da Ferrari era a grande estrela do final de semana monegasco e na curva um do glamoroso circuito de rua de Monte Carlo, o pequeno Charles pegava o ônibus para ir à escola. E eu que pensava que nem existia ônibus em Mônaco, mas Leclerc provou que existe e ele era a grande esperança do pequeno principado em ver um conterrâneo seu vencer pelas apertadas ruas depois de mais de oitenta anos. Mesmo com a Mercedes dominando a F1 esse ano, havia esperança que Leclerc fizesse um bom papel em casa. Bastava a Ferrari fazer um bom trabalho. Esse foi o grande problema de Charles Leclerc. Sua equipe novamente o deixou na mão de forma vexatória. Durante o Q1, a Ferrari esteve longe de brilhar a ponto de Sebastian Vettel estar de fora dos quinze pilotos mais rápidos rumo ao Q2. O alemão, que havia batido no TL3, saiu nos momentos finais do Q1 para garantir seu tempo. Vettel tanto não teve trabalho como marcou o melhor tempo da sessão. Leclerc não estava muito longe de Vettel, mas a Ferrari julgou que o monegasco tinha feito o suficiente para ir ao Q2, mas esqueceu de combinar com os rivais. Vários pilotos além de Vettel melhoraram seu tempo nos momentos agonizantes do Q1 e enquanto Leclerc assistia embasbacado seu nome cair pela tabela de tempos até sair da zona de classificação, sem poder fazer nada. A bizarra desclassificação de Leclerc do Q1 estragou a corrida do monegasco, que corria em casa e teve que largar no pelotão intermediário, onde fez boas ultrapassagens, mas arriscando muito, Leclerc acabou tendo um pneu furado e teve que abandonar. Esse erro primário da Ferrari é mais uma amostra da enorme diferença de gestão entre os italianos e a Mercedes. Enquanto os alemães tem todas as respostas para qualquer risco, a Ferrari vai se atrapalhando e enterrando o seu campeonato, além de levar seus pilotos à beira da loucura, como demonstrou Leclerc.
domingo, 26 de maio de 2019
Uh lá lá
No final de abril, falava-se abertamente que a Penske poderia cortar um carro para 2020 e que esse piloto seria Simon Pagenaud. Campeão em 2016, o francês vinha fazendo temporadas inconsistentes desde o título e o começo da temporada 2019 não tinha sido nada bom para Pagenaud, enquanto Newgarden e Power, os outros pilotos da Penske, brigavam pelas primeiras posições. Então veio Indianápolis.
O famoso mês de maio em Indianápolis, de uns anos para cá, começa com uma corrida no circuito misto e numa prova com clima instável, Pagenaud deu o bote em cima de Dixon nas últimas voltas para vencer. Porém, o oval é bem diferente e Pagenaud nunca foi um especialista em ovais. Se tinha algo a favor de Simon era estar correndo na Penske, especialista no circuito oval de Indiana. Num Fast-9 incrível, Pagenaud ficou com a pole, mas numa corrida com 800 km de distância, o lugar no grid não faz tanta diferença assim. Contrariando tudo o que foi escrito acima, Pagenaud largou na ponta em Indianápolis, liderou a maior parte da prova e num duelo sensacional nas últimas voltas com o já vencedor da prova Alexander Rossi, Pagenaud parecia um especialista em ovais para vencer pela primeira as 500 Milhas de Indianápolis, se tornando o primeiro francês a ganhar a glamorosa prova desde 1914.
A corrida de hoje não foi das mais emocionantes nos três primeiros quartos. A Penske dominava a corrida junto com Ed Carpenter, demonstrando uma superioridade dos motores Chevrolet, mas logo na primeira parada os pilotos com motores Honda mostraram um consumo de combustível bem melhor. Como normalmente acontece, as primeiras 150 voltas da prova são de estudos e de posicionamento, além de mostrar quem é quem para o fim da corrida. Quarto piloto da Penske em Indianápolis, Helio Castroneves teve sua pior edição na carreira, onde nunca esteve sequer perto dos seus companheiros de equipe que lideraram a corrida, além de se envolver num incidente dentro dos pits que pode se considerar uma barbeiragem. Justamente punido, Helio perdeu duas voltas e não se tornou mais um fator na corrida. Já está na hora de Roger Penske dar o famoso carro amarelo da Pennzoil para um piloto que tenha reais chances de vitória, além de Castroneves perceber que seu tempo na Indy já passou. E faz tempo! Tony Kanaan levou seu carro da Foyt nas costas para um ótimo nono lugar.
Houve um momento perigoso no acidente dentro dos boxes com Jordan King que atropelou um mecânico e este teve a perna quebrada. Will Power errou dentro dos pits, mas conseguiu se recuperar e terminou a prova em quinto. O mesmo não aconteceu com Marcus Ericsson, que rodou na entrada dos pits e perdeu duas voltas. Kyle Kaiser tirou Fernando Alonso da corrida, mas acabou no muro. A corrida teve apenas três bandeiras amarelas até Sebastien Bourdais e Graham Rahal se enroscarem na curva 3 e provocar um pequeno Big-One, ocasionando uma bandeira vermelha quando faltavam 19 voltas. Uma bandeira vermelha desnecessária, pois havia tempo de sobra para limpar a pista. À essa altura, Alexander Rossi já havia entrado na briga pela vitória. O americano da Andretti foi acertando seu carro durante a prova e quando já estava na pelotão da frente, teve um problema no seu pit-stop. Contudo, o ritmo de Rossi era tão bom que logo ele voltou ao pelotão da frente. Na relargada, Pagenaud liderava, seguido por Rossi, Carpenter, Newgarden e Sato. O japonês fazia uma corrida até discreta, mas apareceu muito forte no fim. Sato subiu para terceiro e deu pinta que brigaria pela vitória, o que animaria o final da prova pela conhecida agressividade de Takuma, mas o piloto da Rahal ficou mesmo em terceiro.
A briga pela vitória ficou mesmo entre Pagenaud e Rossi. O piloto da Penske sempre que podia colocava seu carro por dentro no começo das retas, deixando pouco espaço para Rossi, mas isso não impediu que Alexander completasse algumas ultrapassagens por fora. Quando Rossi imitava a tática de Pagenaud, era o francês que conseguia uma ultrapassagem matadora por fora. Pagenaud recebeu a bandeira branca em primeiro e precisou ziguezaguear na reta oposta para não dar o vácuo para Rossi e garantir uma vitória importantíssima para ele. De quase desempregado, Simon Pagenaud venceu as duas corridas em Indianápolis, escreveu seu nome na história do automobilismo francês e até mesmo entra na briga pelo título este ano. Quem poderá pensar em dispensar Pagenaud?
Carreras son carreras
Quando Lewis Hamilton manteve a ponta da corrida após uma largada sem incidentes, com Bottas tendo sorte em se manter em segundo após uma bela largada de Verstappen, parecia que o Grande Prêmio de Mônaco havia terminado na primeira volta. A sexta dobradinha consecutiva da Mercedes parecia questão das 78 voltas no principado acontecerem de forma calma e tranquila. Mas como diria o mestre Juan Manuel Fangio, carreras son carreras. Um safety-car ainda nas primeiras voltas após o furo do pneu de Charles Leclerc mudou toda a cara da corrida e Lewis Hamilton, que correu com um capacete igual ao de Niki Lauda, mudou sua pilotagem para enfrentar uma perseguição implacável de Max Verstappen no que foi o primeiro erro da Mercedes nesse ano. Num final emocionante de corrida, Hamilton segurou o holandês mesmo com os pneus médios em frangalhos, garantindo a vitória de número 77 e viu o hexacampeonato ficar cada dia mais próximo.
Para termos uma corrida emocionante em Monte Carlo, não basta ter ultrapassagens mirabolantes ou mudanças climáticas repentinas. Alguma intempérie acontecendo durante a prova e a tática das equipes ser atrapalhada por algo fora do script normal da corrida já basta para transformar uma corrida onde praticamente ninguém passa ninguém numa prova memorável. A chuva até ameaçou cair nesse domingo, mas o máximo que se viu foram algumas gotas e nada mais. O que mudou a corrida teve como causa-raiz o erro bisonho da Ferrari no sábado, deixando um irritado Charles Leclerc nas últimas posições. Com a faca entre os dentes por estar largando fora de sua posição potencial, Leclerc fez uma ultrapassagem antológica em cima de Grosjean na Rascasse. 'Kamizake', reclamou o francês pelo rádio. Vendo que podia fazer mais, Leclerc tentou a mesma manobra em cima de Hulkenberg, mas o alemão jogou duro e o piloto da Ferrari rodou ligeiramente, mas que custou-lhe um pneu furado. Leclerc teve que ir aos boxes deixando detritos em toda a pista, trazendo o safety-car para a pista e mudando a prova. A corrida se encaminhava em outro passeio no parque da Mercedes, com Hamilton liderando Bottas com facilidade até o final, numa muito provável dobradinha. Porém, o safety-car fez com que as equipes mudassem as estratégias dos seus pilotos e todos os líderes foram aos pits. Hamilton surgiu com os pneus médios, enquanto Vettel e Verstappen saíram com pneus duros, que nem utilizados foram em Monte Carlo. A mensagem era clara: eles não parariam mais.
Contudo, os problemas não terminaram ali. Verstappen foi liberado pela Red Bull em cima da Mercedes de Bottas, causando um toque e o holandês subindo para segundo. Não se sabe se o pneu de Bottas furou ou se a Mercedes percebeu o erro que tinha cometido, mas o nórdico voltou aos pits na volta seguinte para colocar os pneus duros. Também não pararia mais. Hamilton estava calçado com os pneus médios, mas ainda era o início da corrida. Ele conseguiria ir até o final? E a chuva viria ou não? Tudo isso tornou o Grande Prêmio de Mônaco extremamente tenso até a bandeirada. A chuva de forma literal não veio, mas Hamilton teve que se reinventar. Para levar seus pneus até o fim, ele baixou seu ritmo drasticamente, fazendo com que uma fila de carros o perseguisse. Verstappen tinha mais ação, mas lhe faltava tração, enquanto Hamilton só acelerava no túnel e na reta dos boxes. Nos outros pontos do circuito, Lewis praticamente parava o carro, com Verstappen quase batendo na traseira da Mercedes na Lowes. Para aumentar o drama, Verstappen foi punido em 5s por liberação insegura de sua equipe (algo bastante discutível...) e o holandês precisava de espaço para perder o menor tempo possível. Vettel e Bottas eram meros expectadores da disputa de gato e rato entre os dois líderes, enquanto Hamilton chorava as pitangas no rádio, reclamando do único erro da Mercedes até agora: ter colocado pneus médios no comecinho da corrida. Comprovando seu amadurecimento, Verstappen não foi para cima de forma tresloucada. Esperou que os desgastados pneus de Hamilton também o deixasse sem tração e na penúltima volta tentou o ataque na freada da chicane do porto, mas Lewis conseguiu se defender de forma perigosa, pois um pneu traseiro furado não seria impossível para Hamilton, que partiu para a vitória num dia de homenagens à Niki Lauda por todos os lados.
Com a punição de Verstappen, Vettel conseguiu o segundo lugar e Bottas completou o pódio, mas o finlandês já deve saber que as chances de títulos diminuíram consideravelmente com Hamilton tendo vinte pontos de vantagem na ponta do campeonato. Mesmo com sua bela corrida, Verstappen teve que se contentar com o quarto lugar. O ritmo dos líderes era tão lento, que Pierre Gasly resolveu colocar pneus macios nas últimas voltas para marcar a volta mais rápida da prova, chegando a ficar 28s atrás de Bottas. Na bandeirada, ele estava apenas 4s atrás da segunda Mercedes. Leclerc teve que abandonar com o assoalho quebrado e o coração partido ao ser o único abandono do dia na frente dos seus torcedores.
O abismo entre as três equipes grandes e o resto foi escancarado com o quinto colocado Ricciardo ficando mais de 24s em menos de quinze voltas do quarto colocado Vettel. Carlos Sainz ficou como o melhor do resto, quase um minuto atrás de um lento Hamilton. A dupla da Toro Rosso conseguiu uma bela corrida ao ficar com a sétima posição com Kvyat e a oitava com Albon. Quatro motores Honda entre os oito primeiros em Mônaco, enquanto Alonso teve que assistir tudo isso pela TV, antes de tirar uma siesta... Grosjean ficou em nono, mesmo ultrapassado por Leclerc no começo da prova e Ricciardo, que errou ao parar junto com os líderes no safety-car e perder muitas posições, completou a zona de pontuação. Destaque negativo para Lance Stroll, que não consegue andar bem num circuito onde o piloto faz a diferença, e para a Alfa Romeo, que ficaram nas últimas posições. Stroll, Raikkonen e Giovinazzi conseguiram a proeza de serem superados pela Williams de Russell, com Giovinazzi chegando em último e já se tornando uma das decepções da temporada.
Para uma corrida ser emocionante, não significa obrigatoriamente ultrapassagens em todo o lugar ou resultados lotéricos. Mônaco também provou que as corridas não terminam na primeira volta e que muita coisa pode acontecer durante os 305 km de uma corrida de F1. Lewis Hamilton precisou mudar sua pilotagem e contar com uma grande força mental para segurar Verstappen até o fim para vencer pela terceira vez em Monte Carlo. Com as benção de Niki Lauda!
sábado, 25 de maio de 2019
O que eu vou dizer lá em casa, Binotto?
Charles Leclerc está em todos os cartazes em Mônaco. Mesmo com a Mercedes dominando a F1 em 2019, os anfitriões tinham esperanças de que o jovem piloto da Ferrari se tornasse o segundo monegasco a vencer no charmoso principado, igualando um feito de mais de oitenta anos feito por Louis Chiron. Leclerc ainda deu esperanças ao ficar com o melhor tempo no terceiro treino livre. Será que Charles poderia desbancar a Mercedes? As esperanças esvaíram ralo abaixo por culpa... da Ferrari! Num Q1 muito apertado, os italianos não liberaram Leclerc para uma última volta e o monegasco, correndo em casa e recebendo visita do príncipe Albert antes da classificação, foi eliminado no Q1 em outro erro monumental de estratégia da Ferrari.
O domínio da Mercedes em 2019, que mais uma vez ficou com toda a primeira fila no grid esse ano, passa muito pelos erros constantes da Ferrari. Leclerc estava claramente mais preparado para a crucial classificação em Mônaco, já que Vettel bateu no TL3. Preocupados em ver o alemão eliminado no Q1, a Ferrari se concentrou unicamente em tirar Vettel do fundo do poço e Seb conseguiu com facilidade, mas se esqueceram que Leclerc não estava numa situação das mais confortáveis e mesmo tendo tempo no cronômetro, deixou o pobre piloto da casa nos boxes enquanto seu nome ia caindo pela tabela de tempos até aparecer em 16º. A nova gestão da Ferrari vem se mostrando patética e pífia, como diria o poeta futebolístico. Enquanto a Mercedes nada em piscina olímpica, a Ferrari se enfia num mar bravio, onde Mattia Binotto será extremamente cobrado por outra presepada.
Mesmo com a triste morte de Niki Lauda, a Mercedes não parou um minuto sequer na preparação para esse final de semana. Todas as brechas de problemas são cobertas pelos eficientes alemães. Hamilton e Bottas brigaram pela pole, mas um erro do finlandês na última volta entregou a 85º pole de Hamilton, que vibrou muito num final de semana em que Bottas parecia mais forte. Hamilton estava claramente emocionado. Lauda fez de tudo para que Hamilton se mudasse para a Mercedes num movimento que parecia temerário na época, mas a lenda austríaca fez com que Hamilton estivesse numa situação privilegiada, onde recordes são batidos de forma impressionante. Se o número de poles de Senna parecia imbatível quinze anos atrás, Hamilton já tem vinte poles de vantagem! Max Verstappen chegou a pensar que poderia se igualar às Mercedes, mas o holandês não tem o famoso modo fiesta no motor Honda e teve que se conformar com a terceira colocação.
O motor nipônico colocou seus quatro carros no Q3. Enquanto correu com motor Honda, Alonso fez de tudo para que a McLaren chutasse os japoneses da equipe. Em 2019 a Honda terá quatro pilotos entre os dez primeiros em Mônaco, enquanto o espanhol assistirá o final de semana mais premium do automobilismo no ano pela TV... Vettel esteve completamente errático hoje, com dois toques na classificação e tomando mais de meio segundo para as Mercedes. Se 95% da corrida defini-se no sábado, a dobradinha da Mercedes é apenas uma questão de tempo e clima bom em Mônaco. Algo que não deve estar tendo nesse momento na Ferrari e seu novo chefe, Mattia Binotto.
sexta-feira, 24 de maio de 2019
Férias inesquecíveis
Essa sexta-feira é tecnicamente meu último dia das férias em 2019. Um período de trinta dias que entraram para a minha história. Não pela nona cirurgia da 'carreira' ou por ter se envolvido num acidente de trânsito pela primeira vez.
Desde 2007 mantenho esse blog como se fosse um hobby sério. Em termos financeiros, não ganho absolutamente nada para escrever aqui, mas o contato com várias pessoas que tem o gosto pelo esporte a motor igual ao meu já vale a pena estar aqui. O blog foi criado inspirado nas minhas contribuições no GPTotal, melhor e maior site de história do automobilismo, criado em 2001. Me recordo que sempre que terminava uma corrida de F1, corria para o computador escrever alguma coisa no fórum do site. Três anos e meio atrás fui convidado pelo Lucas Giavoni para ser colunista do site. Quanta honra!
Por causa desse convite, passei a conviver com pessoas que nem conhecia pessoalmente, mas que me sentia bem em estar próximo delas, mesmo que pelo Whatts. Edu, Lucas, Salu, Flaviz, Chiesa, Rafael, Marcio, Mauro, Marcel, Paulo, Agresti, Marcelo, Cássio, Cleiton, Vinicius...
Todos os dias trocamos algumas palavras, discutimos de forma amigável, mandamos fotos e nos divertimos bastante em dia de Grande Prêmio. No começo do ano o Marcio Madeira sugeriu que nós fizéssemos uma homenagem ao Emerson Fittipaldi por duas datas especialíssimas em 2019: 30 anos da vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis e 50 anos do início da carreira internacional do nosso mito. As conversas via Whatts foram evoluindo e decidimos que haveria um encontro e faríamos uma homenagem ao Emerson in-loco. Da nossa turma, a viagem mais longa seria a minha, mas me comprometi em estar presente nesse encontro. Em meados de março, Márcio conseguiu uma janela da agitada agenda de Emerson Fittipaldi para o final de abril. Imediatamente marquei minhas férias para essa época do ano, inclusive postergando minha cirurgia.
Seria uma emoção dupla. Claro, nem precisa dizer que conhecer uma lenda viva é algo único em nossa vida. Porém, conhecer a turma do GPTotal seria tão emocionante quanto. Foi minha primeira vez em São Paulo e junto com minha namorada, fui ao encontro da turma em frente ao escritório do Emerson Fittipaldi. Logo de cara, conheci pessoalmente o Márcio, Salu e o Cleiton. Ao adentrar o escritório, lá estava Alex Dias Ribeiro. Não vou mentir que nessa hora tremi! Veria um piloto de F1 pessoalmente pela primeira vez na vida! Também encontrei o Chiesa e o Marcelo, mas encontrar o Lucas, que me convidou para estar no meio dessa turma, seria especial. Assim que o Lucas chegou com a homenagem ao Emerson, o abracei!
Ainda faltava chegar o homenageado. Emerson Fittipaldi. Bicampeão mundial de F1, duas vezes vencedor em Indianápolis. Lenda. E seríamos recebidos por ele em seu escritório. Evitava falar para muita gente que iria me encontrar com ele, pois como toda estrela, ele poderia desmarcar o encontro, mas o grande dia havia chegado. Conversamos por meia hora até a chegada do Emerson. Fiquei um pouco paralisado. O cara que eu só via pela TV e que meu pai contava histórias estava ali presente. Emerson misturou passado e presente em uma uma hora e meia de muitas histórias. Algumas eu já sabia, outros ele nos contou ali, numa conversa bem informal. Numa dessas coincidências, ele falou em Niki Lauda, menos de um mês antes de sua morte.
Após as fotos e ter a minha camisa do Ceará devidamente autografada, ideia da minha namorada, o encontro não tinha terminado ainda. Um almoço nos esperava na casa do Mario Salustiano. Porém, Alex Dias Ribeiro aceitou o nosso convite e por três horas nos contou deliciosas histórias de sua carreira e do Patinho Feio. Infelizmente, Alex teve que se retirar. Ficamos eu, Salu, Lucas, Marcelo, Cleiton e Marcio conversando sobre outros assunto fora automobilismo. Como se fôssemos amigos por correspondência, estávamos nos conhecendo ali, contando passagens de nossas vidas. Chiesa já havia saído, Marcelo e Cleiton teriam que viajar de volta às suas cidades. Edu iria aparecer a qualquer momento, mas eu tinha um compromisso e não pude esperar.
Assim que sentei no Uber, disse à Diana que a viagem já tinha valido à pena. Na verdade, essas férias entraram para a minha história. Mas não apenas a viagem tinha valido à pena. Valeu à pena as leituras na Internet, as horas perdidas procurando informações e as saídas canceladas para assistir uma corrida. Valeu à pena ter começado esse blog e ter a oportunidade de ter contato com tantas pessoas especiais, que me proporcionaram um momento único na minha vida. Ainda falta conhecer pessoalmente alguns colunistas do GPTotal (Edu, Marcel, Flaviz, Mauro), mas esse encontro abriu a porta para outros oportunidades e termos uma reunião como a que tivemos no final de abril com Emerson Fittipaldi, que entrou na história de cada uma que lá esteve.
quinta-feira, 23 de maio de 2019
História: 15 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 2004
Assim como acontece agora, havia um domínio avassalador na F1 em 2004. A Ferrari estava matando a pau seus concorrentes liderada por Michael Schumacher, que após passar um susto em 2003 ao confirmar o campeonato apenas na última corrida, em 2004 parecia ainda mais forte e motivado. A prova de que a Ferrari não dominava como havia feito em 2002 era que Rubens Barrichello não conseguia andar no mesmo ritmo do alemão, muitas vezes sofrendo com táticas erradas da Ferrari e as esperadas dobradinhas não vinham. Apenas Schumacher que vencia com tranquilidade. A McLaren estava completamente perdida, enquanto a Williams e sua asa dianteira de gosto duvidosíssimo não estava ao nível de 2003, quando Montoya brigou pelo título. Se aproveitando da fraqueza das tradicionais Williams e McLaren, Renault e BAR entraram no bolo para ficar como o melhor do resto, com ambas as equipes conseguindo pódios e andando constantemente entre os cinco primeiros. Em Monte Carlo, a notória dificuldade de se ultrapassar deixava a classificação de sábado praticamente como um enorme passo dado rumo a vitória no domingo.
Em tempos que não deixaram muitas saudades onde o grid era formado com uma única volta e com os carros carregando o combustível que iriam largar no domingo, a estratégia era fundamental e não raro, pilotos sem condições de brigar na frente largavam em posições acima do seu potencial simplesmente por estarem com pouco combustível, muitas vezes sacrificando a corrida. Porém, a Ferrari pareceu ter subestimado Mônaco. Numa pista onde a posição de largada é fundamental, nenhum carro vermelho estava na primeira fila, com Schumacher em quarto e Barrichello apenas em sexto. Trulli foi o único a baixar da casa de 1:14s e conseguiu sua primeira pole na carreira, seguido pela BAR de Jenson Button, já que Ralf Schumacher teve que largar em 12º por causa de uma troca de motor e perder dez posições no grid.
Grid:
1) Trulli (Renault) - 1:13.985
2) Button (BAR) - 1:14.396
3) Alonso (Renault) - 1:14.408
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:14.516
5) Raikkonen (McLaren) - 1:14.592
6) Barrichello (Ferrari) - 1:14.716
7) Sato (BAR) - 1:14.827
8) Coulthard (McLaren) - 1:14.951
9) Montoya (Williams) - 1:15.039
10) Fisichella (Sauber) - 1:15.352
O dia 23 de maio de 2004 estava quente e ensolarado na beira do Mediterrâneo, criando um belo cenário para a corrida mais glamorosa da F1. Porém, muitas vezes corridas com tempo bom em Mônaco significa também corridas sacais, onde um trenzinho é formado e ninguém passa ninguém. Porém, carreras son carreras. A largada seria crucial para a prova e Sato sabia muito bem disso. Após uma largada banzai, o japonês conseguiu pular de oitavo para quarto de forma estupenda, enquanto Alonso se aproveitava da melhor eletrônica da Renault para tomar a segunda posição de Button, ficando logo atrás do seu companheiro de equipe, que confirmava a pole em Mônaco. Ponto muito à favor para Trulli na corrida.
Contudo, o motor de Takuma Sato soltava muita fumaça ainda na primeira volta e não demorou muito para o motor Honda abrir o bico. A grande nuvem de fumaça cegou por alguns momentos o meio do pelotão e Fisichella acabou batendo em Coulthard. O italiano da Sauber capotou, numa cena preocupante, mas ninguém estava ferido e o safety-car ficou na pista por cinco voltas, até sair da frente de Trulli na passagem de número oito, reiniciando a prova. Alonso tentou um ataque em cima de Trulli, mas como é bem comum em Mônaco, o italiano se defendeu facilmente, o mesmo não acontecendo com Barrichello, que foi ultrapassado por Montoya na relargada e caía para sétimo. Não demorou muito para as estratégias ficarem claras e os porquês das posições de alguns pilotos. A dupla da Renault e Button estavam mais leves do que a Ferrari e McLaren. Após a primeira rodada de paradas, a dupla da Renault permanecia na ponta, mas quem já vinham em terceiro, de forma ameaçadora, era a Ferrari de Michael Schumacher. Button caiu para sexto, mas logo recuperaria uma posição quando Raikkonen abandonou na volta 28. A McLaren além de ter um carro lento, era bastante inconfiável e o tradicional time batia recordes negativos em 2004. Mal sabiam eles...
A corrida ficava estática, com Mônaco mostrando suas eternas dificuldades de ultrapassagem. Porém, a corrida ganharia um colorido especial em sua metade. Mesmo com um carro rápido, Ralf Schumacher não conseguiu evoluir na corrida e estava para tomar uma volta dos líderes. Após abrir para Trulli, o alemão da Williams escolheu o túnel para deixar Alonso passar, mas um toque entre os dois fez o espanhol rodar e bater, abandonando a corrida no local. Alonso ficou furioso! Enquanto rodava, mostrou o dedo do meio para Ralf e quando foi entrevistado, xingou a falecida matriarca da família Schumacher. A maioria dos pilotos procuraram os pits para uma segunda rodada de paradas, menos Michael Schumacher e Juan Pablo Montoya, que assumiam as duas primeiras posições. Então, o escurinho do túnel de Monte Carlo aprontou mais uma. Schumacher tentava esquentar pneus e freios, fazendo rápidos zingue-zagues e aproveitando qualquer trecho rápido para apertar o acelerador e depois frear forte. Quando a câmera da TV mostrava a saída do túnel, a Ferrari de Schumacher apareceu com apenas três rodas e a dianteira destruída. O alemão resolveu aquecer seus freios dentro do túnel, mas não combinou com Montoya. Schumacher acabou se enroscando com Montoya no processo e bateu forte no guard-rail, provocando seu abandono e o fim da esperança de um início perfeito de temporada. Até aquele momento, Schumacher estava com 100% de aproveitamento.
Muitas coisas aconteceram durante um curto espaço de tempo e se faltou emoção das ultrapassagens, a curtição da corrida de quinze anos atrás aconteceu pelos erros dos pilotos. Até mesmo os infalíveis! Com o toque entre Schumacher e Montoya, Trulli reassumia a liderança da prova para não mais perdê-la, conseguindo o que seria sua única vitória na F1. Button ainda tentou um ataque final nas últimas voltas, mas o inglês foi incapaz de ultrapassar e teve que se conformar com a segunda posição. Com tantos abandonos, Rubens Barrichello se viu em terceiro, foi aos pits para uma terceira parada e ainda conseguiu permanecer na posição de pódio, sendo o último a completar a mesma volta dos líderes. Mesmo com o incidente com Schumacher, Montoya salvou um quarto lugar, com Massa e Da Matta completando os seis primeiros numa corrida onde apenas nove carros receberam a bandeirada. Trulli estreou na F1 com jeito de que poderia ser um piloto de ponta, mas sua velocidade normalmente só aparecia nos treinos, com o ritmo de corrida do italiano caindo bastante. Numa prova bastante acidentada, Trulli soube aproveitar o posicionamento que conquistou na classificação para vencer sua única corrida na F1.
Chegada:
1) Trulli
2) Button
3) Barrichello
4) Montoya
5) Massa
6) Da Matta
7) Heidfeld
8) Panis
segunda-feira, 20 de maio de 2019
Que pena...
Certos personagens são tão gigantescos, que parecem imortais. Niki Lauda tem uma trajetória cercada reviravoltas, força de vontade e até mesmo heroísmo. Sua história é tão grandiosa que parece vir de um livro de super-heróis (tanto que virou filme), daqueles que são contados e decantadas ao longo dos tempos. Andreas Nikolau Lauda dedicou sua vida para as corridas e mesmo quase morrendo numa pista, não hesitou em retornar 42 dias depois de ser dado como morto num hospital na Alemanha. Não era o mesmo piloto de antes de Nürburgring, mas se reinventou para continuar competitivo. Venceu ainda dois títulos, mesmo com marcas evidentes de tudo que passou naquele agosto de 1976. Seu primeiro título já era quase um milagre, pois Lauda teve que enfrentar sua família e pegar empréstimos pesados para poder estar na F1. Lauda transcendeu as corridas para se transformar num gigante do esporte. Uma verdadeira lenda. Como dirigente Lauda continuou tendo sucesso na F1 e foi dirigindo a dominante Mercedes que teremos sua última imagem. Após uma longa convalescença, Niki Lauda nos deixou essa noite aos 70 anos. Um gigante que se foi. Uma lenda que ficará para sempre em nossas memórias.
Parceria que não deu certo
O esporte a motor é marcado por várias parcerias piloto/montadora que se tornaram icônicas e entraram para a história. Michael Schumacher e Ferrari. Sebastien Loeb e Citröen. Valentino Rossi e Yamaha. Bernd Schneider e Mercedes. Tom Kristensen e Audi. Rick Mears e Penske. São vários exemplos de pilotos que levaram suas equipes rumo ao estrelato e se tornaram multi-campeões. Quando Ron Dennis anunciou a contratação de Fernando Alonso no final de 2005 para correr pela McLaren em 2007, parecia que seria uma contratação certeira. Alonso era jovem, talentoso e tinha acabado de interromper o longo domínio da Ferrari, conquistando seu primeiro título aos 24 anos. Para arrematar a grande contratação feita por Dennis, Alonso conquistou o bicampeonato numa disputa direta com a Ferrari de Michael Schumacher em 2006. Nada indicava que a chegada de Alonso à McLaren poderia dar errado.
Anos atrás estava assistindo a um debate de futebol e o repórter Eric Faria falou algo que me marcou: Toda contratação é uma aposta. E ele tem toda razão. Quando um reforço é anunciado, cria-se uma expectativa para o que ele pode fazer e só tempo dirá se as expectativas serão correspondidas, excedidas ou até mesmo ficarão abaixo do esperado, por melhor que a contratação seja. Assim que chegou à McLaren, Alonso deu a equipe alguns décimos de segundo que fez o time prateado voltar a brigar diretamente pelo título. Palavras do próprio espanhol, mas que os resultados na pista davam razão à Fernando. A McLaren brigou o ano inteiro com a Ferrari pelo título, mas o que Alonso não esperava era ter que brigar com a própria equipe por causa da chegada do prodígio Lewis Hamilton. Os bastidores foram tão quentes, com direito a uma espécie de delação premiada por parte de Alonso, que o espanhol só ficou um ano na McLaren e parecia que não voltaria ao reino de Ron Dennis.
Oito anos depois a McLaren iniciava uma promissora parceria com a Honda e os japoneses queria uma estrela para ajudar o desenvolvimento do novo motor híbrido. O escolhido, à peso de ouro, foi Fernando Alonso. O espanhol tinha passado pela Ferrari com a expectativa de emular Schumacher e formar uma parceria vitoriosa com os italianos, mas o temperamento complicado de Alonso fez com que o espanhol saísse da casa de Maranello pelas portas dos fundos e sem títulos. Alonso era uma aposta da Honda para o seu retorno à F1, mas o que se viu foi o início da derrocada da tradicional McLaren. O motor Honda se mostrou bem abaixo das expectativas e Alonso deixava isso bastante claro para quem quiser ouvir. Quem esquecerá o 'GP2 Engine' em plena Suzuka? O clima entre McLaren e Honda se tornou insustentável na medida em que os resultados não vinham e Alonso colocava cada vez mais gasolina na fogueira ardente. A promissora parceria entre McLaren e Honda se desfez à pedido de Alonso, que tomava cada vez mais partido da McLaren, à essa altura sem a autoridade de Ron Dennis.
Novamente a McLaren se tornava uma equipe cliente e sem patrocinadores, se contentava em marcar alguns pontos. As escolhas da McLaren patrocinadas por Alonso se mostraram terrivelmente erradas e a outrora gigante McLaren se tornou uma equipe média do pelotão intermediário. Enquanto sofria para marcar pontos na F1, Alonso começou a olhar para fora da F1 e viu que outros títulos importantes poderiam ser conquistados em outras categorias. Em 2017, com total apoio da McLaren, Alonso estreou em Indianápolis e o sucesso foi imediato, com Fernando chegando a liderar a grandiosa corrida. Alonso prometeu voltar à Indiana, trazendo consigo a McLaren, que apoiava o espanhol em praticamente tudo que ele fazia. Alonso venceu em Le Mans quando praticamente não teve oposição em Sarthe e a vitória em Indianápolis se tornou uma obsessão. Era a tríplice coroa!
Alonso e McLaren resolveram se unir para vencer em Indianápolis, porém, outras escolhas erradas fizeram que essa empreitada se tornasse um vexame histórico. Quando correu em Indianápolis em 2017, a McLaren teve o luxuoso auxílio da equipe família Andretti, que mesmo acometida por uma famosa 'maldição', é bastante experiente na Indy e já venceu em Indianápolis, mesmo com pilotos que não tenham sobrenome Andretti. Na época ainda apoiada pela Honda, a Andretti deu um bom equipamento para Alonso, que mostrou todo o seu talento com uma rápida e incrível adaptação. Após ter ajudado expulsar a Honda da McLaren, Alonso sabia que correria com Chevrolet em 2019. Os custos da Indy são muito inferiores ao da F1 e talvez isso fez com que a cúpula da McLaren a encorajar um projeto solo, onde a equipe se prepararia praticamente sozinha. Para ter um acerto básico, a McLaren procurou ajuda a Travor Carlin, conhecido por suas equipes nas categorias de base inglesa e que faz alguns anos investe na Indy. Equipado com motores Chevrolet e com know-how de estar participando de toda a temporada da Indy, a Carlin parecia uma escolha simples, mas a McLaren não percebeu que os melhores resultados da Carlin são em circuitos mistos. Ao contrário de dois anos atrás, Alonso não recebeu um bom equipamento em mãos e a inexperiente McLaren não soube acertar um carro num circuito manhoso.
Um acidente de Alonso nos treinos não ajudou a causa da McLaren. Com as mesmas cores que compete na F1 e usando o número (66) que Rutherford venceu com a antiga McLaren na década de 1970, logo ficou claro que Alonso teria muitas dificuldades nos treinos. Na classificação desse sábado, Alonso não conseguiu colocar seu carro entre os trinta primeiros, o colocando na tensa situação de ir para o tradicional Bump-Day. Seis carros brigariam por três vagas. Alonso foi o terceiro a ir para a pista e fez uma média bem convencional. O último carro a ir para a pista era da equipe Juncos, que perdeu seus dois patrocinadores na véspera de maio e não participou do treinos de sábado por que Kyler Kaiser bateu forte na sexta-feira. A equipe é tão humilde que não teve como consertar o carro para a classificação no sábado e teve que usar peças emprestadas para tentar se classificar no domingo. Alonso era o último e dependia das voltas de Kaiser para ir ou não para a corrida no próximo domingo. Por apenas 0.013s num percurso de 10 km e percorrido em dois minutos e quarenta segundos, o bicampeão Fernando Alonso foi 'bumpeado' de Indianápolis.
Foi um dos maiores vexames da história centenária de Indianápolis. Alonso rapidamente entrou num carrinho de golf e saiu do ambiente cercado de repórteres ávidos pela história sendo escrita ali. A McLaren claramente subestimou o desafio que tinha em mãos em outra escolha terrivelmente errada por parte da equipe de Alonso. O detalhe é que o motor Honda começa a mostrar sua força na F1, com a Red Bull muito à frente da McLaren, mostrando outro erro estratégico da McLaren, que preferiu ouvir as lamentações do seu principal piloto. Quando Fernando Alonso foi anunciado a mais de treze anos atrás, nunca se imaginou que a gigante McLaren ficaria em tantas situação vexatórias ao longo dos últimos anos. E se há uma referência para esse período negro da tradicional equipe inglesa, foi quando Alonso se juntou à equipe e tudo passou a dar errado para ambos lados. Uma parceria que tinha muito potencial, mas que definitivamente não deu certo.
domingo, 19 de maio de 2019
Estragando a categoria
Já foi muito falado que a Mercedes vem estragando a F1 com o seu domínio, mas da mesma forma não se pode criticar que o mais competente esteja vencendo demais. Vejamos o exemplo da NBA. Com a vitória de ontem sobre o Portland, o Golden State Warriors se encaminha para a quinta final consecutiva. Mesmo não tendo Lebron James, melhor jogador do mundo na atualidade, o Warriors tem as peças certas nos lugares certos e vai dominando a NBA. Na MotoGP Marc Márquez está fazendo algo parecido. O momento da categoria é muito bom, com bom público, várias montadoras importantes investindo e ótimos pilotos na categoria, mas Márquez simplesmente não dá chance aos rivais e vai 'estragando' o espetáculo com um domínio poucas vezes visto. Se vivemos Eras como a de Doohan e Rossi, no momento estamos vendo Marc Márquez fazendo história com um domínio ainda mais avassalador do que as duas lendas citadas.
Há pouco a se dizer do Grande Prêmio da França em Le Mans. Márquez largou na pole, foi pressionado pelas Ducatis, primeiro por Danilo Petrucci e depois por Jack Miller, mas quando ultrapassou o australiano pela última vez, despachou os dois jovens pilotos da Ducati e venceu com um pé nas costas. A Ducati mais forte, de Doviziozo, ainda chegou em segundo ao superar seus companheiros de equipe e diminuindo o prejuízo no campeonato, mas todos sabem que a pouca diferença que Márquez tem no campeonato é extremamente ilusória. Se não fosse a queda em Austin, Márquez estaria liderando com folga e com incríveis 96% de aproveitamento em 2019. Não há muito a dizer sobre Márquez, apenas que somos privilegiados de estar assistindo um piloto histórico, que talvez nem tenha chegada na metade de sua carreira, mas vai destruindo recordes com uma pilotagem agressiva, mas ao mesmo tempo, bastante eficaz.
Porém, há muito a ser dito sobre Jorge Lorenzo e Maverick Viñales. Quando foi anunciado na Honda, era esperado que Lorenzo pudesse ter até problemas de relacionamento com Márquez, vide os entreveros que o espanhol já teve com seus companheiros de equipe anteriores. Contudo, o desempenho de Lorenzo está tão ruim que não nem para se comparar com Márquez e nesse final de semana surgiu boatos de que se Jorge não melhorasse seu desempenho, seu contrato com a Repsol Honda seria apenas de um, ao invés dos dois acordados anteriormente. E em Le Mans, Lorenzo fez outra corrida horrorosa, chegando apenas em 11º. Já Viñales ainda não conseguiu repetir o ritmo de corrida que mostra nos treinos. O espanhol largou no meio do pelotão, saiu mal e estando no bloco intermediário, se colocou em situações como a de hoje, quando foi atropelado por Francesco Bagnaia. Contratado para ser o futuro da Yamaha, até o momento Viñales se mostrou fraco mentalmente, apesar de que seu talento não pode ser negado, principalmente quando tem pista livre. Enquanto isso, Quartararo vai tomando o seu posto de futuro da Yamaha. O jovem francês também largou mal, mas imprimiu um ritmo fortíssimo que lhe deu a melhor volta da corrida e uma honrosa oitava colocação. Mais à frente, Rossi chegou próximo do trio de Ducatis, mas terminou em quinto e com os pontos amealhados, Vale aparece em terceiro no campeonato, ajudado pela final de semana horroroso da Suzuki, que viu Joan Mir cair na terceira curva da volta de apresentação, enquanto Alex Rins só se recuperou até a décima posição.
Em termos de emoção, a MotoGP sobrepujou a F1 faz algum tempo, mas por incrível que pareça as duas categorias sofrem com domínios longos e que parecem não ter fim. Se a Mercedes tem o melhor carro, mas seu domínio é mascarado pelos erros da Ferrari, Márquez vai dominando a MotoGP sem ter o melhor equipamento nas mãos e sem a real diferença que tem para os seus adversários. Enquanto vencia e dava a Honda sua vitória de número 300 no Mundial de Motovelocidade, Márquez tinha que esperar mais de 10s para enxergar a próxima Honda, de Cruthlow, apenas em nono. A diferença simplesmente não é a moto. É o incrível Marc Márquez.
terça-feira, 14 de maio de 2019
Figura(ESP): Mercedes
Cinco corridas em 2019. Cinco dobradinhas. A Mercedes vai escrevendo história na F1.
Figurão(ESP): Williams
Passadas cinco corridas na temporada e a Williams ainda não havia aparecido nessa parte da coluna. Mesmo com outras personagens merecendo estar aqui, a Williams não poderia ficar de fora e esse final de semana foi a oportunidade. Não que a Williams tenha piorado com relação às apresentações anteriores, se isso fosse possível. Continuou a mesma porcaria! Duas últimas posições em todas as provas e sem nenhuma luz no fim do túnel. Porém, a entrada da equipe chefiada por Clarie Williams aqui foi pelo conjunto da obra. Uma obra mal feita e muito mal acabada, que está jogando no lixo o nome de uma das mais tradicionais da F1.
Mar laranja
Após a chata corrida deste domingo em Barcelona, a Liberty não demorou muito a anunciar a volta do Grande Prêmio da Holanda, no tradicional circuito de Zandvoort, e provável substituta da corrida espanhola. Com a chegada de pista como Hanói, não deixa de ser bem-vindo a chegada de uma praça com bastante história de volta à F1 após 35 anos, mas Zandvoort era um circuito de difícil ultrapassagem em corridas de F3. Imagine na F1... Pelo menos a festa estará garantida com a Verstappenmania.
domingo, 12 de maio de 2019
Tchau, Barcelona!
Quando as cinco luzes apagaram nessa manhã em Barcelona, Hamilton tracionou melhor do que Bottas, que largava na pole, porém, Vettel tracionou ainda melhor do que as duas Mercedes. No momento decisivo da corrida, os três primeiros colocados apontaram praticamente alinhados para a primeira curva do Grande Prêmio da Espanha. Quem teria mais huevos? Foi Hamilton. Vettel travou os pneus, quase bateu em Bottas e ao perder momentum para a curva 3, Verstappen pulou para terceiro, deixando o alemão da Ferrari à frente de Leclerc e Gasly. Essas cinco linhas e meia resumiram o chato Grande Prêmio da Espanha, realizado hoje em Barcelona. A largada definiu a corrida dos líderes e tirando uma ou outra mudança devido à estratégia de cada piloto, a corrida transcorreu praticamente sem nenhum intercorrência, numa corrida chata num palco onde as corridas normalmente são previsíveis.
Antes que alguém jogue uma pedra na F1 atual, lembremos que Barcelona já presenciou corridas como a de hoje com motores V10, V8 e V6 Híbrido. Com vitórias de Prost, Schumacher, Raikkonen, Alonso, Vettel e o próprio Hamilton. Com pneus estreitos ou largos, raiados ou totalmente slicks. Ao longo dos últimos anos, Barcelona sempre foi palco de corridas soníferas como a de hoje, não importando a geração de carros ou pilotos. Resumindo, a culpa é da pista estreita e cheia de curvas, onde o conhecimento prévio das equipes sempre nos mostrou corridas previsíveis. Lewis Hamilton não tem nada com isso. Venceu de ponta a ponta com um ritmo avassalador em cima do seu companheiro de equipe, mesmo Hamilton tendo tomado seis décimos no quengo de Bottas na classificação de ontem. Bottas terá que percorrer toda uma floresta amazônica se quiser chegar aos pés de Hamilton, que lhe deu uma resposta incisiva na briga pelo título.
No grupo de Whatts do GPTotal, falou-se que a dominância de uma equipe não agrada ninguém. Fato. Faz mal a qualquer esporte uma equipe vencendo tudo, como a Mercedes vem fazendo em 2019 com cinco dobradinhas consecutivas. Porém, não podemos criticar a competência. Hoje o campeonato inglês foi decidido à favor do Manchester City com o time de Pep Guardiola marcando quase cem pontos, o mesmo fazendo o vice-campeão Liverpool de Jürgen Klopp. Qualquer um poderia ter sido campeão, após temporadas fantásticas e irretocáveis dos dois clubes. Arsenal, Chelsea, Tottenham e Manchester United são grandes times e poderiam ser campeão em qualquer liga importante da Europa, mas o que City e Liverpool fizeram nessa temporada elevou o nível de excelência do futebol como um todo. A Mercedes vem conseguindo algo parecido. Red Bull e Ferrari construíram grandes carros e ninguém duvida da qualidade dos pilotos que lá estão, mas a equipe chefiada por Toto Wolff conseguiu um nível de excelência que aumentou o sarrafo para uma equipe que quer ser campeã, já podendo dizer que superou a Ferrari dos tempos de Schumacher, Todt, Brawn e Byrne. Ao contrário de 2002 e 2004, não se pode afirmar que Red Bull e Ferrari estão fracas, mas a Mercedes é que simplesmente está forte demais, ainda mais com suas rivais passando por momentos de transição.
Red Bull começa uma parceria promissora com a Honda, onde se viu o motor japonês (Kvyat) ultrapassando um carro com motor Ferrari (Grosjean), porém, ainda é muito cedo para Red Bull e Honda encontrarem o entrosamento necessário para realmente brigar pelo título. A troca de comando da Ferrari ainda provoca muita insegurança por parte dos chefes. A demora para a troca de posição entre Vettel e Leclerc nas duas oportunidades mostra a falta de um pulso firme no pit-wall vermelho. Com o tempo e a maior experiência dos chefes da Ferrari, essas situações sejam minimizadas num futuro próximo. A Mercedes não sofre desse mal. Com a mesma equipe desde 2013, o time germânico atingiu um grau de maturidade em que todas as variáveis são cobertas com muita eficiência, praticamente não deixando brechas para as rivais. Com o melhor carro do pelotão, um piloto histórico e outro em ascensão, somado a dois rivais ainda tentando conseguir o ponto ideal, a Mercedes vai fazendo história com a quinta dobradinha consecutiva, fazendo que o título não seja mais questão de 'se', mas de 'quando'. Hamilton demonstrou na freada da primeira curva, momento crucial da corrida, que tem o algo mais para derrotar qualquer rival, mesmo que Bottas esteja passando por sua melhor fase na carreira.
O animado pelotão intermediário só ficou interessante quando o safety-car apareceu nas voltas finais por causa de um acidente entre Lando Norris e Lance Stroll. Apesar do inglês da McLaren ter atingido Stroll por trás, indicando culpa de Norris, também é verdade que Stroll não deixou nenhum espaço para Norris e o acidente foi inevitável. Com os carros agrupados, a luta pela sétima posição foi animada e vencida pela Haas de Kevin Magnussen, que após um chega-pra-lá em Grosjean, não foi mais visto e venceu essa corrida à parte. Já o francês foi sendo ultrapassado, por causa do desgaste de pneus, até cair para décimo, porém, a comparação com Magnussen está ficando desigual demais. Grosjean irá fazer 33 anos e mesmo não sendo a desgraça que Galvão Bueno gosta de nos fazer parecer, o tempo do francês na F1 está se acabando. Kvyat, Sainz (fazendo a alegria do público espanhol) e Grosjean completaram os dez primeiros. A Renault, dona de um dos maior orçamentos da F1 atual, ficou fora dos pontos mesmo com seus dois carros chegando no fim. Uma decepção para um time do qual se esperava muito em 2019, mas está ficando atrás de times B de outras montadoras. Alfa Romeo ficou para trás na Espanha, mas ainda assim, ficaram muito na frente da decadente Williams.
Barcelona pode ter uma belíssima cidade e ter uma história bem legal, mas o circuito construído em Montmeló, dentro do programa das inesquecíveis Olimpíadas de 1992 (lá constroem, não se destroem autódromos para ter uma Olimpíada...) falhou fragorosamente em termos de emoção na pista. Sem um piloto carismático como Alonso, as arquibancadas tinham vários vazios. Com Zandvoort pedindo passagem graças à Verstappenmania, Barcelona poderá sair do calendário da F1. Olhando o histórico de corridas na capital da Catalunha, podemos dizer tchau à Barcelona, agradecer pelos inúmeros testes produtivos lá realizados e sair correndo para a Holanda!
sábado, 11 de maio de 2019
Mostrando serviço
Mesmo tendo se sagrado campeão da Indy em 2016, Simon Pagenaud começava a ser questionado dentro da equipe Penske. Depois do seu título o francês não mais repetiu a bela campanha que o levou ao título três anos atrás e o início de 2019 não havia sido nada auspicioso para Pagenaud. Com o boato de que a Penske diminuirá seu envolvimento para três carros em 2020, Pagenaud era favorito a sobrar na companhia e por isso, Simon precisava com urgência de uma ótima corrida. E Pagenaud a conseguiu no melhor palco possível.
Já faz muito tempo que as 500 Milhas de Indianápolis não ocupa mais o mês inteiro de maio e de uns anos para cá, a programação em Indianápolis começa com uma corrida de Indy no circuito misto. Mesmo não tendo o mesmo charme da famosa corrida no oval, uma vitória em Indianápolis sempre chama atenção e Pagenaud conseguiu uma bela e necessária vitória. O francês largou no meio do pelotão no dia em que as equipes com motores Honda se sobressaíram. A Ganassi ficou com toda a primeira fila e não demorou muito para Scott Dixon conseguir a ponta da corrida, enquanto seus principais rivais na luta pelo título, Josef Newgarden e Alexander Rossi, tinham corridas para esquecer. Newgarden sofreu com o mau acerto da Penske no misto de Indianápolis, enquanto Rossi teve sua corrida estragada ainda antes da bandeira verde, quando foi acertado por Pato O'Ward de forma infantil por parte do novato mexicano e novo piloto da Red Bull.
As coisas só não estavam melhores para Dixon, porque uma garoa teimava em deixar a pista escorregadia e a previsão era que a chuva chegasse com força no final da corrida. À essa altura, Pagenaud já estava entre os primeiros da prova, mas quando a chuva apareceu de verdade, o pelotão se embaralhou com as equipes chamando seus pilotos para colocarem pneus para pista molhada. Dixon permaneceu na ponta, mas atrás do piloto da Ganassi vinha um pelotão de zebras, incluindo Jack Harvey (que andou bem também com piso seco) e o brasileiro Matheus Leist. Pagenaud vinha em quinto na última relargada e se mostrava o melhor naquelas condições, ultrapassando quem via pela frente. Com quatro voltas para o fim Pagenaud encostou em Dixon e numa ultrapassagem audaciosa na penúltima volta, conseguiu a ponta para vencer pela terceira vez em Indianápolis.
Dixon saiu do carro com cara de quem chupou limão e não gostou, mas com os contratempos dos rivais, o neozelandês se solidifica ainda mais no campeonato, enquanto Pagenaud tenta ganhar uma sobrevida na Penske com a vitória de hoje.
Pimentinha
Mesmo a F1 voltando ao lugar onde a Ferrari deu pinta que dominaria essa temporada, a Mercedes ainda superou com sobras os italianos e conseguiu mais uma dobradinha no grid e se tudo der certo amanhã, deverá completar a quinta dobradinha consecutiva, aumentando o seu recorde na F1. O campeonato 2019 só não está completamente perdido pelo fator Bottas. O finlandês está fazendo um ano tão surpreendente até o momento, que o seu candidato natural a substituí-lo no final do ano, Esteban Ocon, nem é mais mostrado pela transmissão da F1. Bottas conseguiu uma pole arrasadora em Barcelona, deixando Hamilton numa distância digna da assinatura do inglês.
A classificação foi bastante convencional em Barcelona, lugar mais previsível do calendário da F1 e talvez por isso estaria com os dias contados na F1. A Renault continua em má fase e Nico Hulkenberg ficou no Q1 e se o alemão conseguisse a classificação, o eliminado seria Ricciardo, que conseguiu uma volta da cartola no Q2 para ir ao Q3. A Racing Point ainda não conseguiu repetir a boa segunda metade de 2018 de sua antecessora Force India. Mesmo com mais grana, a RP tem que aturar Lance Stroll, que vem se mostrando um coveiro de equipes. A McLaren ficou de fora do Q3, aumentando a sensação de que a Haas vem como a quarta força na Espanha, inclusive com seus dois carros ficando muito próximos da Red Bull, cada dia mais longe de Mercedes e Ferrari.
Com a Mercedes mostrando muita força desde os primeiros treinos livres, estava na cara que os prateados conseguiriam a primeira fila, mas o que não era esperado foi a excepcional volta de Bottas, botando mais de meio segundo em cima de Hamilton, que tinha Vettel logo atrás. Com motor novo, a Ferrari consegue acompanhar a Mercedes nos dois primeiros setores da pista, mas no terceiro setor, parte mais lenta do circuito, a Mercedes enfia meio segundo guela abaixo da Ferrari. O título de 2019 está indo para as mãos da Mercedes, mas ao contrário do imaginado, Hamilton não está dominando o campeonato. Bottas vai colocando uma pimentinha nesse campeonato insosso.
domingo, 5 de maio de 2019
Realidade voltando à MotoGP
Se na F1 a Mercedes nada de braçada no campeonato, a realidade precisa ser dita na MotoGP: se não fosse a queda de Márquez em Austin, o espanhol da Honda já estaria numa situação bem parecida. Marc é o típico fenômeno que carrega o equipamento nas costas e faz a diferença. Hoje em Jerez Márquez fez uma corrida solo, onde largou muito bem ao superar a surpreendente jovem dupla da Petronas Yamaha para vencer de ponta a ponta e retornar à liderança do campeonato.
A corrida desse domingo em Jerez praticamente não teve emoção na luta pela primeira posição. Fabio Quartararo, que ontem se tornou o pole mais jovem da história da categoria rainha do Mundial de Motovelocidade, e seu companheiro de equipe Franco Morbidelli não largaram bem, fazendo com que o terceiro colocado Marc Márquez emergisse na ponta da corrida ainda na primeira curva. Doviziozo chegou a largar bem, mas levou um chega pra lá de Morbidelli, que ainda tentou acompanhar Márquez nas primeiras voltas. Contudo, o italiano foi perdendo rendimento até sair de fora da briga até pelo pódio. Já Quartararo parecia ter mais fôlego e andava no mesmo ritmo de Márquez após ultrapassar Morbidelli, mesmo que 2s atrasado, mas acabou tendo um problema mecânico que fez o francês chegar aos boxes em prantos, porém Fabio deu seu recado. Piloto que chegou ao Mundial aos quinze anos muito badalado, Quartararo não se destacou nas categorias de base, mas como Casey Stoner faz um ótimo início na MotoGP.
Com a saída de Quartararo, Márquez teve sua vida ainda mais facilitada. Atrás dele o mais rápido era Alex Rins, mas quando o piloto da Suzuki assumiu a segunda posição já se encontrava 4s atrás da Honda de Márquez. Corrida já estava praticamente ganha e Márquez confirmou a vitória com facilidade, retornando à liderança do campeonato. Mostrando o quão leva seu equipamento nas costas, a segunda melhor Honda na bandeirada foi Cruthlow, apenas em oitavo. Onde estaria Lorenzo? Após prometer melhorar seu desempenho em Jerez, Lorenzo fez outra corrida horrorosa, chegando em 12º após brigar com a frágil KTM de Pol Espargaró. Jorge ficou atrás até mesmo de Stefan Bradl, piloto de testes da Honda e comentarista nas horas vagas! Para quem esperava uma guerra dentro da Honda, Márquez vai dominando a situação contra um Lorenzo abaixo da crítica.
Viñales salvou um pouco a honra da Yamaha de fábrica ao ficar em terceiro, segurando Andrea Doviziozo no final e ajudando Rossi, que vacilou nos treinos e largou apenas em 13º. Novamente mostrando que é um piloto de domingo, o veterano foi escalando o pelotão até a sexta posição, ainda se mantendo na briga pelo campeonato. Com a vitória de hoje, Márquez retomou a primeira posição do certame, tendo Rins e Doviziozo logo atrás. Numericamente um campeonato bem apertado, mas realisticamente Márquez domina a MotoGP rumo ao sexto título.