Lando Norris largou da pole muito bem e se colocou por dentro na primeira curva, mas Max Verstappen foi mais por dentro ainda numa manobra bastante agressiva do neerlandês da Red Bull. A manobra de Max o fez espalhar e levar Norris consigo, ambos indo para fora da pista, mas com Verstappen tendo a vantagem, mesmo que significasse que Leclerc assumisse a ponta da corrida rumo à uma vitória enfática, com Sainz completando a dobradinha da Ferrari. Cinquenta e três voltas depois, Norris vinha com mais ritmo com pneus duros e tendo parado depois de Verstappen. Após tentativas infrutíferas quando teve o DRS à disposição, Lando se colocou por fora e chegou ao grampo da curva 11 na frente, mas Verstappen freou tarde, fazendo com que os dois saíssem da pista. A diferença entre as duas manobras foi que Max saiu ileso da manobra da primeira curva e Norris tomou 5s por ter completado a ultrapassagem por fora, fazendo Lando sair do pódio. Mais uma polêmica entre os dois com a sensação de julgamentos distintos em situação parecidas, num dia dominado pela Ferrari.
O sol apareceu forte em Austin e mesmo a pista texana tendo parte do seu traçado recapeado, se falava abertamente em duas paradas para todo mundo, ainda mais com o aumento de temperatura. A Ferrari tinha mostrado na Sprint de sábado um ritmo fortíssimo de corrida, mas como normalmente acontece na F1 atual, o posicionamento faz toda a diferença e se Max manteve a ponta na largada da Sprint rumo à vitória, Norris tentaria algo semelhante, mesmo a McLaren não sendo tão forte em Austin como fora em outras pistas. Lando largou bem, afastando um poucos alguns fantasmas que lhe atormentavam, mas o dilema do inglês é ter que enfrentar um peso-pesado da história da F1 como Max Verstappen. O piloto da Red Bull efetuou uma manobra agressiva, indo ainda mais por dentro do que Lando, que se aproximava do apex da primeira curva já com seu McLaren bem à esquerda. Pela física, a manobra de Max Verstappen o faria 'embarrigar' a curva e com Lando ao seu lado, o neerlandês levaria o seu rival consigo para fora da pista. Não houve toque, mas com ambos fora da pista, o quarto colocado do grid Charles Leclerc viu uma avenida se abrir à sua frente para assumir a ponta da corrida. Sainz só não seguiu a mesma avenida, pois se viu preso atrás da dupla que lidera o campeonato, mas o espanhol ainda teve como ultrapassar Lando, deixando o inglês que largara na pole em quarto, sendo seguido por Piastri, que a muito custo segurou a quinta posição dos ataques de Pierre Gasly.
O primeiro safety-car na F1 em dez corridas trazido por um irreconhecível Lewis Hamilton não mudou o panorama da prova, mesmo que Leclerc tenha relargado com Verstappen mais próximo do que o desejável pela cúpula ferrarista. Rapidamente Charles abriu uma boa vantagem sobre Max, corroborando com as expectativas de que a Ferrari tinha um ritmo muito forte em Austin. Sainz chegou a relatar problemas e até um cheiro de combustível no cockpit, mas se manteve sempre próximo de Max, enquanto a dupla da McLaren fazia uma corrida para lá de discreta. Enquanto haviam algumas brigas no pelotão intermediário, os primeiros colocados se mantinham estáticos, esperando para a primeira rodada de paradas, onde o undercut em Austin faria muita diferença. Como sempre acontece nesses casos, parar cedo demais poderia ser cobrado um preço mais à frente, mas Sainz parou já nas proximidades da metade da corrida e como o espanhol saiu dos pits com pneus duros, a estratégia para todos era clara: uma única parada.
Traumatizado pelas costumeiras bobagens que a Ferrari fez, Leclerc se preocupou com a sua parada, mas nada pôde impedir a vitória do monegasco, que se igualou à Norris com três vitórias no campeonato e ainda sonha com o vice-campeonato. A parada mais cedo de Sainz valeu a pena, pois com Verstappen mais preocupado em marcar Norris parando mais tarde, o espanhol emergiu confortavelmente na frente de Max e completou uma bela dobradinha da Ferrari na tarde texana. Porém, o último lugar do pódio ainda teria disputa. A dupla da McLaren retardou ao máximo sua parada e quando Norris saiu dos pits 6s atrás de Max, essa vantagem evaporou-se rapidamente. Verstappen não tinha o mesmo desempenho com os pneus duros e a aproximação de Norris indicava para uma ultrapassagem tranquila do inglês. Matematicamente, chegar uma posição atrás de Norris não faria tanta diferença para Verstappen, mas assim como acontecera na Áustria, Max queria marcar território na luta contra Norris e transformou as últimas voltas do Grande Prêmio dos Estados Unidos nas mais tensas das últimas semanas. Inicialmente Norris tentou usar o DRS ao seu favor, mas Verstappen se defendia perfeitamente, colocando seu carro no lugar certo e cortando a frente de Lando em defesas fortes, mas longe de serem desleais. Norris tinha mais carro, mas lhe faltava o 'instinto assassino' de outros grandes campeões, mas a chance veio finalmente na volta 53, quando Lando apontou na reta oposta mais próximo. Se na primeira volta Max não teve pudor em ficar no limite da curva por dentro, Norris preferiu usar a força do motor e do DRS para tomar a posição por fora. Um erro até mesmo juvenil. Verstappen freou tarde e como na primeira curva, 'embarrigou' a curva e ambos saíram da pista. Com mais ação, Norris completou a ultrapassagem, mas ficou a dúvida: Lando deveria ou não devolver a posição? A McLaren resolveu deixar como estava, enquanto a Red Bull contou com uma carta dentro da manga: Norris já tinha excedido os limites mais de três vezes. Antes da bandeirada, sem muito tempo para Norris abrir os 5s suficientes, foi anunciado a punição ao representante da McLaren, que desceu uma posição e perdeu mais alguns pontinhos preciosos no campeonato. Além de criar mais uma polêmica entre Max e Lando. Porém, fica mais um ponto: será que Max não poderia ter recebido o mesmo castigo de Lando pela manobra da primeira volta?
No campeonato, Max Verstappen sorri com a sua vantagem aumentando no momento mais agudo do campeonato e o neerlandês não demorará a fazer contas de quando poderá conquistar o Mundial de Pilotos. A Red Bull melhorou, sim, no final de semana em Austin, mas isso não fez com que Sérgio Pérez evoluísse suas atuações apáticas dos últimos meses, com o mexicano perdendo a sexta posição para Russell na última volta. Com a dobradinha da Ferrari e Oscar Piastri chegando logo atrás de Norris, a Red Bull viu sua desvantagem para a McLaren ficar estável, mas tem a Ferrari meros dez pontos atrás. Com os italianos embalados e uma dupla muito mais homogênea que a Red Bull, literalmente carregada nas costas por Max Verstappen. Russell largou dos boxes pelo acidente na classificação e mesmo recebendo uma punição para lá de questionável, o inglês subiu para sexto, num final de semana muito melhor que o de Hamilton, que esteve simplesmente irreconhecível.
Na famosa luta pelo melhor do resto, Nico Hulkenberg garantiu o oitavo lugar e bons pontos para Haas em casa, na semana em que a Toyota anunciou uma parceria técnica com os americanos. Ainda longe do envolvimento da gigante japonesa no começo desse século, mas não deixa de ser uma volta da Toyota à F1. Depois do veterano alemão, a turma jovem fez a festa. Liam Lawson fez em uma corrida o que Daniel Ricciardo não fez dezoito. Largando em último pela troca de motor, Lawson saiu com pneus duros, escalou o pelotão com galhardia e ultrapassando seu novo desafeto Alonso com maestria e quando colocou pneus médios, voltou à frente de Tsunoda, que ficou incrédulo com o undercut do neozelandês, que em sua primeira corrida em 2024, colocou a Racing Bulls nos pontos, à frente da sensação portenha Franco Colapinto, que ontem já tinha atropelado Alexander Albon na classificação e na corrida mostrou um ritmo bem melhor e com uma estratégia parecida com a de Lawson, garantiu o pontinho derradeiro do dia. O veterano Alonso se viu ultrapassado por dois pilotos com praticamente a metade da sua idade e com a Aston Martin esperando o mago Adrian Newey, se viu completamente perdido em Austin. Com um carro camuflado de McLaren, a Alpine teve esperanças com a boa classificação de Gasly, mas um péssimo pit-stop e a falta de ritmo significou mais uma corrida fora dos pontos. A Sauber... bom, a Sauber fez mais do mesmo, mas a verdade é que Colapinto está fazendo muito para estar nessa vaga, restando à Bortoleto vencer a F2.
Em mais uma corrida com polêmicas fora das pistas, a Ferrari surpreendeu a todos com um ritmo dominador e venceu mais uma em 2024, completando a primeira dobradinha nos Estados Unidos em dezoito anos. Leclerc está mais perto de Norris, do que Lando estar na briga pelo título, ainda mais se a McLaren não se recuperar de um final de semana onde esteve longe da vitória. No campeonato, mesmo não vencendo desde junho, Max Verstappen deu mais um passo decisivo rumo ao tetracampeonato.
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