segunda-feira, 6 de maio de 2024

Figura(MIA): Lando Norris

 Não poderia ser outro! Após uma espera de cento e dez corridas, Lando Norris finalmente sentiu o gosto da vitória e mesmo ajudado pelo Safety-Car, Lando tinha o ritmo mais forte no domingo, merecendo completamente a vitória desse domingo em Miami. O final de semana não começara de forma auspiciosa para o inglês, mesmo com as altas expectativas das melhorias trazidas pela McLaren. Na Sprint, Lando foi atingido na primeira curva e com apenas um treino livre, ele não pôde avaliar a fundo as novidades do seu carro, além de se conformar com a terceira fila na classificação. Ficando em sexto após uma largada confusa, Lando começou a corrida pressionando a Red Bull de Sergio Pérez, demonstrando ter um grande ritmo na prova, só não ultrapassando o apagado mexicano porque ele foi chamado pelos boxes da Red Bull. Com pista livre, Lando se tornou o piloto mais rápido da pista, com voltas mais rápidas seguidas. Além de rápida, a McLaren também se mostrou cuidar bem dos pneus e foram os últimos a parar. Isso acabou sendo decisivo para a vitória de Lando Norris. Quando liderava e estava prestes a parar, um incidente entre Magnussen e Sargeant trouxe o Safety Car para a pista, neutralizando a corrida e ajudando Norris a fazer a parada sem perder a liderança. Porém, Lando teria que encarar uma relargada com Max Verstappen lhe fustigando e o piloto da McLaren se comportou muito bem, segurando o rojão e logo abrindo uma diferença essencial para garantir a vitória. Foi uma vitória bem popular, com o público que lotou as arquibancadas de Miami festejando bastante, além de todo o paddock da F1. Que essa vitória dê a confiança necessária para Lando Norris continuar evoluindo.

Figurão(MIA): Sérgio Pérez

 Um ano atrás Sérgio Pérez chegava à Miami com moral após uma vitória em Baku e se consolidando como um piloto muito forte em circuitos de rua, o que poderia ser confirmado com uma boa corrida na pista urbana da Flórida. O que se viu, no entanto, foi Checo levar uma ultrapassagem desmoralizante de Verstappen e se perder completamente até o final da temporada. Retornando para 2024, Pérez teve outro final de semana esquecível em Miami. Ficar atrás de um inspirado Verstappen está longe de ser algo ruim, mas Checo não precisava de um erro crasso na largada e quase tirar da corrida... Max! Por muito pouco Checo não provocou um acidente sórdido onde os dois carros da Red Bull poderiam ter saída da prova, mas isso só seria o início de uma corrida medíocre do mexicano. Após sair da pista na primeira curva, Pérez caiu para quinto, mas ao invés de atacar as Ferraris à sua frente, Checo foi atacado por um iluminado Lando Norris, que imprimia uma ritmo avassalador e só não ultrapassou Pérez por que Sergio foi chamado aos boxes. Porém, Pérez continuou a corrida mais olhando para o retrovisor do que para frente, sendo atacado pela raquítica Mercedes de Lewis Hamilton nas voltas finais, terminando a prova em quinto, beneficiado pela punição de Carlos Sainz, mas já vê Charles Leclerc apena cinco pontos atrás no Mundial de Pilotos. Com o contrato com a Red Bull a terminar, o vice-campeonato é o mínimo que se pode esperar do segundo piloto da equipe dominante, mas até nisso Pérez está pecando e que essa corrida ruim em Miami não signifique, como ano passado, o início de um calvário que durou a temporada toda.

domingo, 5 de maio de 2024

E chegou a vez de Lando


A reação do público em Miami, nas últimas voltas da corrida desse domingo, demonstraram bem o tamanho da popularidade de Lando Norris atualmente e as cenas depois da bandeirada viram uma F1 genuinamente feliz pela primeira vitória do inglês da McLaren. Foram cento e dez corridas antes de Lando Norris finalmente conseguir sentir o gosto da vitória, numa corrida onde Lando soube aproveitar muito bem o Safety-Car que estragou a corrida de Max Verstappen, mas com um ótimo carro, Norris colocou mais de 7s em cima do neerlandês, derrotando Max na pista.


As últimas corridas em Miami tinham deixado bastante a desejar, mas haviam indícios de que algo poderia tornar a prova de hoje bastante interessante. Mesmo tendo dominado a Sprint Race e ter feito as duas poles no final de semana, Max Verstappen não cansava de reclamar do seu carro, até mesmo se assustando quando marcou a pole da Sprint, surpreso por ter sido o mais rápido após uma volta tão ruim. A Red Bull não tinha o carro dominante visto em outras provas, enquanto a McLaren chegou à Flórida cheia de esperanças com updates no carro, lembrando que ano passado o time chefiado por Zak Brown deu um baita passo à frente quando colocou melhorias no carro. Porém, o final de semana de Lando Norris até esse domingo não tinha sido dos mais fáceis. Tocado na primeira curva da Sprint, Norris não pôde testar adequadamente as melhorias do seu carro e na classificação para a prova de domingo, teve que se contentar com a terceira fila. Na largada, Leclerc largou muito mal, deixando um espaço livre por dentro, que foi visto por Sérgio Pérez como uma oportunidade de ouro, mas que quase se transformou num sórdido acidente, quando por muito pouco o mexicano não acertou o carro de Max em cheio. Depois da corrida, Verstappen ficou estupefato com a manobra do companheiro de equipe e de quão perto sua corrida não terminou ali. Com Pérez passando reto, quem se aproveitou disso foi Piastri, que pulou para terceiro, ensanduichado pela dupla da Ferrari, com Pérez em quinto e Norris em sexto. Verstappen contornou a primeira curva na ponta, mas mostrando que não tinha o mesmo domínio de outras oportunidades, Max só abriu 3s para Piastri, que tinha ultrapassado Leclerc na quinta volta, num cochilo do monegasco. Piastri naquele momento liderava a McLaren contra os ataques da Ferrari, sendo que Sainz insinuou uma troca de pilotos. De saída da equipe, foi completamente ignorado.


Ficou notório que a Red Bull não estava como sempre em 2024 quando Verstappen errou na apertada chicane e trouxe um cone para o meio da pista, provocando o SC virtual. Nesse momento, Norris atacava Pérez e quando o mexicano foi aos boxes, Lando aumentou o ritmo e começou uma sucessão de voltas mais rápidas. O ritmo da McLaren não magoou os pneus a ponto de Piastri e depois Norris assumirem a ponta da corrida quando Max e as Ferraris pararam, mas o momento em que Lando liderava foi essencial. Kevin Magnussen e Logan Sargeant brigavam pela penúltima posição, numa batalha de alto risco, observando o cartel dos dois desastrados. Como não poderia deixar de ser, os dois se tocaram e acabaram fora da pista, com Sargeant no muro e terminando mais uma corrida dando prejuízo à Williams. Com Norris tendo que parar, era óbvio que o inglês teria vantagem, principalmente com Lando mantendo o mesmo ritmo de Max, mesmo o piloto da Red Bull estando com pneus novos. Porém, a direção de prova vacilou e ajudou ainda mais Norris. O SC ficou na frente de Max, atrasando ainda mais o neerlandês, deixando Norris livre para fazer sua única parada tranquilamente e manter a liderança. Porém, havia uma relargada pela frente e Lando não estava acostumado com essa situação, sendo atacado por Verstappen de forma imediata, mas logo Norris se impôs com um ritmo superior da McLaren. Quando escapou da temida linha do DRS (1s), Norris foi embora e surpreendentemente enfiou 7,6s na goela de Max Verstappen para vencer pela primeira vez na F1. E emocionar o paddock. Conhecido por sua extroversão, Lando Norris foi aplaudido efusivamente ainda nas últimas voltas e foi cumprimentado praticamente por todo o grid depois da corrida. Sua comemoração com a McLaren também foi tocante, assim como a lembrança por Gil de Ferran.


Num final de semana onde não tinha um carro tão dominador, Max Verstappen conseguiu controlar bem os danos e se conformou com a segunda posição, perseguido de perto pela dupla da Ferrari, mas se Leclerc fez uma corrida solitária para terminar em terceiro, Carlos Sainz teve que suar sangue para ultrapassar Oscar Piastri na marra, após pedir punição ao australiano várias vezes, mas não sendo atendido. Ao contrário do companheiro de equipe, Piastri não teve uma corrida para lembrar, pois com o toque com o Sainz, teve a asa dianteira quebrada e caiu para as profundezas do pelotão, só se recuperando até a 13º posição, além de ter tirado o pontinho de Norris pela melhor volta. Porém, a McLaren não tem do que reclamar. Com a vitória de Norris, encostou um pouco mais na Ferrari e já soma praticamente o dobro de pontos da Mercedes, que tem o mesmo motor. Hamilton fez uma corrida decente e chegou próximo de uma apagado Pérez para ser sexto, enquanto George Russell ficou num decepcionante oitavo lugar, tendo Tsunoda o separando de Hamilton. O japonês conseguiu mais pontos no campeonato e já aparece em décimo no Mundial de Pilotos, num bom esforço de Yuki, o que só aumenta a decepção com a temporada de Ricciardo, muito longe dos pontos hoje. A Aston Martin sofreu o final de semana inteiro e somente a magia de Alonso para vê-lo chegar em nono, após o espanhol se esforçar bastante para tirar o nono lugar de Esteban Ocon, mas ao menos a Alpine marcou seu primeiro ponto do ano, deixando as decepcionantes Sauber e Williams como as únicas zeradas do campeonato.


Foi uma corrida interessante, com um vencedor diferente do que estamos vendo nos últimos anos, mas a vitória de Lando Norris tem um significado especial por não ter sido um triunfo circunstancial. Por mais que tenha se aproveitado do SC, Norris derrotou Max na pista e teve um grande ritmo durante a prova. A Red Bull mostrou mais uma vez algumas vulnerabilidades e mesmo Max tendo liderado várias voltas, pode-se colocar mais no braço do neerlandês do que no carro. Além do que, uma vitória sempre é um ganho de confiança que pode fazer que Norris e a McLaren melhorem ainda mais durante o ano.

sábado, 4 de maio de 2024

Melhor na imperfeição




 O circuito de rua de Miami vem trazendo algumas sensações estranhas aos pilotos da F1 nesse final de semana. Com curvas das mais variadas, o muro sempre à espreita e muita sujeira no asfalto, praticamente nenhum piloto executou uma volta limpa nesse final de semana, gerando até um comentário curioso de Max Verstappen quando ele ficou com a melhor volta da Sprint: Cadê os outros? Minha volta foi horrível. E novamente na classificação o neerlandês conseguiu uma boa volta, mesmo reclamando do carro, para ficar com a pole para a corrida desse domingo.

Após uma Sprint que teve como um dos destaques o bom desempenho de Ricciardo, o australiano voltou à normalidade do que vem sendo seu ano de 2024, quando Daniel ficou no Q1 mais uma vez, junto aos pilotos da Sauber, já que a Alpine conseguiu uma ligeira evolução e agora pelo menos não fica mais na primeira parte da classificação. Alonso já vinha reclamando do seu carro antes mesmo da Sprint e a classificação foi um indicativo de que a Aston Martin não se encontrou em Miami, com seus dois carros ficando pelo caminho no Q2, com o porém de Stroll ter enfiado dois décimos na goela de Alonso.

O Q3 viu Verstappen marcando uma volta matadora logo de cara, que foi o que lhe deu a pole. A dupla da Ferrari veio logo atrás e na segunda volta do trio, ninguém melhorou, com Leclerc mais uma vez na frente de Sainz. Pérez foi um dos poucos que melhoraram no Q3, mas completará a segunda fila amanhã, seguido pelas duplas de McLaren e Mercedes. Mesmo com o carro não estando no seu gosto, Verstappen vai lá e mata a concorrência com a sétima pole consecutiva. 

domingo, 28 de abril de 2024

Bonança após a tempestade


 Foi uma semana de pesadelo para a Penske. Conhecida por sua excelência nas pistas, o time de Roger Penske viu sua credibilidade abalada com uma punição na prova em St Petersburg por uso indevido do push-to-pass, causando um tremendo rebuliço na Indy, lembrando que Roger é dono da Indy e do IMS. Porém, a Penske mostrou que não precisa de subterfúgios fora do regulamento para vencer uma corrida. Em Barber, Scott McLaughlin e Will Power escaparam das armadilhas estratégicas para conquistar uma dobradinha e fazer Roger esquecer um pouco a semana mais controversa da história de sua equipe.

Largando na pole, McLaughlin só não liderou a grande maioria das voltas por causa das inúmeras bandeiras amarelas na estranha corrida no Alabama. O auge da bizarrice ocorreu quando um manequim caiu ao lado da pista, vindo de uma ponte de acesso. Isso já entrou no folclore do automobilismo mundial. Christian Rasmussen se envolveu em inúmeros toques e protagonizou a última bandeira amarela, numa altura em que McLaughlin e Power já tinham uma boa vantagem sobre os demais. Com tantas interrupções, as equipes se dividiram na estratégia de duas ou três paradas, com suas variantes. A Penske escolheu não economizar com seus pilotos, enquanto a Ganassi com Alex Palou optou por ser manter na pista e economizar o que desse. Vantagem para a turma da Penske, que venceu com a sua dupla oceânica.

Após triunfar de forma categórica semana passada, Scott Dixon cometeu um incaracterístico erro ao tentar uma manobra otimista em cima de Graham Rahal, por sinal, manobra idêntica tentou Pato O'Ward, novo vencedor de St Pete por toda a polêmica da Penske, e o mexicano acabou por tirar Pietro Fittipaldi da pista logo depois. Os dois vencedores de corrida oficiais da Indy até ontem tiveram um domingo esquecível, fazendo com que Power, mesmo perdendo dez pontos por tudo o que aconteceu em St Pete, assumisse a liderança do campeonato. Foi uma semana terrível, onde a Penske teve que se entender com Indy, incluindo pilotos, equipes e fãs, mas dentro da pista, o time mostrou sua força.

Foi para isso que ele veio

 


Ao surgir como grande fenômeno das categorias de base, Marc Márquez foi quase que imediatamente 'adotado' pela Honda, que o colocou na equipe oficial e não se arrependeu com essa escolha, pois logo na estreia da MotoGP Marc conquistou seu primeiro título, que viraria seis em sete anos. Porém, nem tudo é um morango e não apenas Márquez, com seu acidente em 2020, como principalmente a Honda mudou. A outrora poderosa equipe nipônica ficou para trás, atropelada pelas motos europeias, deixando um convalescente Márquez sofrendo ainda mais, pois o espanhol não conseguia ser competitivo na mesma moto que lhe deu tanto e numa marca que o acolheu. Para 2024 Márquez fez a difícil escolha de sair da sua casa na Honda e enfrentar o desafio de ir para uma equipe satélite, mas que usava a melhor moto do pelotão, a Ducati. Uma escolha duvidosa, mas que já começa a se pagar.

Hoje Jerez viu mais uma corrida épica da MotoGP, tendo Marc Márquez como um dos protagonistas. Largando na pole, após uma classificação no molhado, Márquez foi imprensado pelo líder Jorge Martin e logo depois foi ultrapassado lindamente por Pecco Bagnaia, que fez uma manobra de levantar as sobrancelhas ao passar Bezzecchi e Márquez por fora na Dry Sack. Marc ainda foi ultrapassado por Bezzecchi, enquanto Martin e Bagnaia batalhavam pela ponta, com Pecco mostrando ter mais equipamento. Como é comum nesses casos, o piloto que está forçando para se manter no ritmo está mais suscetível à erros e Martin acabou errando sozinho na Dry Sack, entregando a liderança para Bagnaia, que cortou boa parte da diferença que Martin tinha no campeonato. No entanto, Márquez já havia ultrapassado Bezzecchi e ainda restavam onze voltas para o fim. Marc foi tirando a diferença, principalmente no terceiro setor, em curvas de alta, onde a coragem faz a diferença.

Bagnaia e Márquez já brigaram pela ponta outras vezes, como em Aragão em 2021. Os dois se conhecem muito bem e quando Marc tirou toda a diferença, começou uma luta histórica, com Bagnaia querendo se estabelecer como bicampeão e capitalizar o erro de Martin, enquanto Márquez tentaria um retorno rumo a uma vitória que não vê a quase mil dias. Como sempre, Márquez foi agressivo, principalmente na forte freada da curva 10, bem na frente do barranco onde estava boa parte da torcida espanhola. Houve um toque entre os dois, mas Bagnaia foi resiliente o suficiente para se manter na ponta e aproveitando o equipamento superior, soube se impor nas duas últimas voltas para voltar a vencer no campeonato e já se colocar, bem grande, no retrovisor de Martin no campeonato.

Contudo, a notícia do dia foi o retorno de Marc Márquez como um real contender às vitórias. Quando ele trocou a Honda pela Gresini, foi para exibições como a que vimos hoje e a vitória tende a acontecer em breve para o espanhol. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Punição retardada


 A quarta-feira foi bastante movimentada por um motivo ruim e ao mesmo tempo inusitado na Indy. Mais de quarenta dias após a corrida em St Petersburg, tendo realizado duas corridas nesse meio-tempo (só uma valendo pontos), a Indy anunciou que a Penske, que dominara a corrida na Flórida, teve dois carros dos seus carros desclassificados, juntamente quem subiu no pódio naquele dia, o vencedor Newgarden e o terceiro colocado McLaughlin, enquanto o quarto colocado Will Power subiu para segundo, mas perdeu dez pontos no campeonato.

Tudo isso por uma irregularidade no push-to-pass, que é previamente programado a não funcionar durante as relargadas, porém, num erro inacreditavelmente amador para um time como a Penske, a equipe simplesmente se esqueceu de tirar o dispositivo que havia sido testado durante os ensaios com os carros híbridos e estava sem restrição. Foi provado que Newgarden e McLaughlin se beneficiaram do dispositivo que não era para estar no carro, enquanto nada foi provado contra Power. A notícia caiu como uma bomba no universo da Indy, principalmente sabendo da excelência da equipe Penske, além de que Roger é simplesmente o dono da Indy.

As especulações já começaram a surgir, principalmente com uma punição tão dura, mas tão atrasada. No entanto, foi uma mancha significativa na equipe Penske.