terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Figura(CAT): Guanyu Zhou

 Antes que Max Verstappen se torne cadeira cativa dessa parte da coluna, vamos variar um pouco e colocar nomes diferentes. A Sauber vive um claro momento de transição, com a chegada iminente da Audi, mas isso significou um ano de 2024 simplesmente tenebroso para a já tradicional equipe helvética e o time corria sérios riscos de terminar o campeonato zerado. Porém, no circuito de Lusail, a Sauber conseguiu evitar o vexame de ficar no zero e marcou seus primeiros pontos e o responsável foi o chinês Guanyu Zhou. Dispensado da Sauber e tentando uma vaga de piloto reserva em 2025, Zhou fez mais uma corrida correta e com tantos abandonos, o chinês marcou os primeiros pontos da Sauber, além de derrotar com folga seu badalado e igualmente dispensado companheiro de equipe Bottas.

Figurão(CAT): Lewis Hamilton

 Antes que Sergio Pérez se torne cadeira cativa dessa parte da coluna, vamos variar um pouco e colocar nomes diferentes. Que Lewis Hamilton está entre os grandes da história da F1, não restam muitas dúvidas, mas suas últimas corridas pela Mercedes começam a preocupar... a Ferrari! Lewis sempre foi um piloto suscetível a ter problemas quando tudo não está tudo certo com ele e sua saída da Mercedes, algo que todos sabiam desde fevereiro, pode estar fazendo com que a equipe foque mais em George Russell. Algo extremamente normal e até esperado. Porém, isso pode estar afetando a confiança de Hamilton, que não apenas fica tomando tempo do seu companheiro de equipe, como mostra uma apatia fora das pistas assustadora. Totalmente sem sintonia, Lewis conseguiu tomar duas punições na corrida por culpa única e exclusivamente dele, além de incaracterísticos para alguém tão experiente quanto ele. Hamilton queimou a largada e depois ultrapassou o limite de velocidade dentro dos pits, enquanto seguia o safety-car por dentro dos pits. Erros totalmente de novato! As entrevistas de Hamilton são melancólicas, onde apenas reclama do carro e usa a palavra 'lento' o tempo inteiro. Que a fase depressiva de Lewis Hamilton passe o mais rápido possível, para o bem dele, da Ferrari e da própria F1.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Superioridade no deserto

 


Três horas depois da classificação foi anunciado que Max Verstappen perdeu sua pole position, por ter bloqueado George Russell, que acabou sendo o beneficiado, no Q3, mesmo que ambos estivessem numa volta de aquecimento. Logicamente Max não gostou muito da situação, mas publicamente ele não reclamou. Afinal, como bom tetracampeão que é, Verstappen gosta de dar respostas na pista e o neerlandês o fez com uma corrida dominante no Catar, após uma largada incrível, superando tanto Russell como também Lando Norris, que efetuou a melhor largada do dia, ultrapassando Russell. Daí em diante, Max controlou a vantagem sobre Lando, andando no limite do seu Red Bull e quando Norris foi punido, Verstappen levou seu carro para casa e conquistar sua nona vitória em 2024.


A corrida em Lusail teve largos momentos de chateação, numa pista de difícil ultrapassagem, cujo desenho foi feito originalmente para a MotoGP. Contudo, houve também momentos interessantes na prova catari, que dessa vez não teve problemas de pneus e os pilotos não sucumbiram ao calor, duas marcas registradas da corrida do ano passado. Sabendo da dificuldade de se ultrapassar, os pilotos forçaram bastante na largada, ainda mais Max, mordido pela punição discutível que recebera no dia anterior. Observando como fora ruim o ritmo da Red Bull em na Sprint, era esperado que a McLaren fosse para cima de Max, com Lando subido para o segundo lugar logo na largada, mas Verstappen mostrou sua magia novamente ao imprimir um ritmo fortíssimo, igualando ao ritmo superior da McLaren no braço. Max e Lando faziam uma corrida particular, enquanto Russell segurava Piastri, com as duas Ferraris mais atrás e Pérez segurando Hamilton numa corrida melancólica à parte dos dois. Então o espelho retrovisor de Albon se soltou na reta dos boxes, mudando todo o ritmo da corrida. A bandeira amarela apareceu no final da reta e Norris tirou seis décimos no processo, algo que Max percebeu na hora e entrou no rádio reclamando da manobra. O novo diretor de prova Rui Marques preferiu deixar a corrida solta, mas não contava que Valtteri Bottas atropelasse o retrovisor ao ser gentil e deixar os líderes lhe colocarem uma volta. Os cacos de vidro cortaram os pneus de Sainz e Hamilton, trazendo o Safety Car para a pista, bem no momento em que os pilotos se preparavam para entrar e trocar pneus. Russell já havia feito sua parada e mostrava aos demais que retardar a parada seria mais negócio. Com pneus duros e no trânsito, George simplesmente não conseguia evoluir e então os demais pilotos do pelotão da frente, mesmo com pneus médios bem gastos, foram postergando suas paradas até o SC entrar em cena.


Os líderes pararam e na relargada, Norris tentou uma manobra sobre Max, mas por fora, Verstappen nunca levaria uma ultrapassagem por fora, mas o neerlandês foi justo. O terceiro e último SC veio logo em seguida e o motivo foi Pérez. Ah, Pérez... O mexicano até fazia uma corrida nos pontos no Catar, mas ele rodou sozinho durante o período de SC, ficando com seu carro parado. O zero ponto de Pérez praticamente garantiu que a Red Bull, carro do campeão Max Verstappen, ficará em terceiro no Mundial de Construtores e por mais que o carro austríaco tenha involuído ao longo da temporada, isso cairá nas costas de Pérez e somente um milagre o manterá no cargo em 2025. Na relargada, Verstappen brincou de acelerar-frear-acelerar com Norris e conseguiu uma ótima vantagem, que ficaria ainda maior quando Norris foi punido por não ter diminuído o bastante no período em que o espelho de Albon caiu. E Rui Marques não teve muita pena de Lando, lhe aplicando a pena mais severa antes da desclassificação, deixando Norris em último faltando doze voltas. Com Verstappen num ritmo já fortíssimo e com Leclerc superando Piastri nas paradas, o neerlandês controlou o resto da corrida rumo a uma vitória que mostrou a superioridade de Max frente aos demais. E nem vamos comparar com o companheiro de equipe na Red Bull, pois já seria humilhação demais...


O segundo lugar de Leclerc, que lutou forte com Piastri foi duplamente importante. Primeiro que mantém o monegasco com chances, mesmo matemáticas, de tirar o vice-campeonato de Norris. Mais importante foi que a Ferrari se aproximou da McLaren no Mundial de Construtores, com apenas 21 pontos separando as duas tradicionais equipes e essa disputa será o maior atrativo para a última corrida do ano, em Abu Dhabi. Piastri foi apático novamente e Norris ainda conseguiu assegurar alguns pontos, com a décima posição e o ponto da melhor volta. Zak Brown fora ao Catar especialmente para comemorar o título, irá passar a semana coçando a cabeça com a chance real de perder um campeonato onde teve por boa parte o melhor carro. Sainz foi outro que fez uma corrida bem chinfrim, mesmo antes de ter seu pneu cortado pelo espelho de Albon. Essa irregularidade de Sainz que impressiona. Russell reclamou bastante de ter ido aos pits uma segunda vez e ter colocado pneus duros ao invés dos médios, mas ao menos garantiu um quarto lugar, mesmo punido em 5s por infringir os regulamentos do SC. Porém, a atuação de Lewis Hamilton é para deixar preocupado... a Ferrari! O inglês tomou tempo de Russell o final de semana inteiro, queimou a largada e ainda perdeu posições, ficando o primeiro stint atrás de um não menos melancólico Pérez e demonstrou uma apatia nas entrevistas de fazer qualquer um chorar de pena. O que passa com Lewis Hamilton?


Numa prova cheia de incidentes, Pierre Gasly se aproveitou dos infortúnios alheios para conseguir um ótimo quinto lugar, segurando os ataques de Carlos Sainz nas voltas finais para conseguir ótimos pontos para a Alpine na luta pelo sexto lugar no Mundial de Construtores, além do francês ficar apenas um ponto atrás de Nico Hulkenberg, o décimo colocado no campeonato. Por muito pouco Alonso não soltou um 'GP2 Engine', reclamando da falta de velocidade de reta do seu Aston Martin, mas o espanhol ainda salvou um sétimo lugar, pontuando depois de muito tempo, enquanto Lance Stroll bateu em Albon na primeira volta, lhe rendendo uma punição (discutível, em defesa do canadense) e o consequente abandono. Destaque positivo para os primeiros pontos da Sauber no ano e corroborando para a dispensa de Bottas, quem conseguiu a proeza foi Zhou, com um ótimo oitavo lugar. Com Hulkenberg abandonando ao rodar logo após o segundo SC, Magnussen salvou a lavoura da Haas com um nono lugar, além de ter xingado Albon quando devolveu uma ultrapassagem sobre o anglo-tailandês. E falando em Williams, novamente os ingleses terão trabalho de funilaria a fazer, com Colapinto batendo seu carro na primeira curva, mesmo que o argentino não tenha tido culpa, pois acabou atingido por Ocon. Outro novato a decepcionar no final de semana em Lusail foi Lawson, que além de ter ficado atrás o tempo todo de Tsunoda, rodou sozinho quando tentava ultrapassar Bottas e foi punido por isso.

Na penúltima corrida do ano, Max Verstappen ainda estava faminto para provar que o seu tetracampeonato não fora conquistado por acaso. O neerlandês surpreendeu ao ficar com a pole e mesmo perdendo-a, não baixou a cabeça, respondendo na pista, superando no braço o ritmo forte da McLaren de Norris, mostrando toda a superioridade que tem sobre o grid atual. Com o Mundial de pilotos mais do que consolidado, resta o Mundial de Construtores, que ainda está aberto.  

sábado, 30 de novembro de 2024

Carregando nas costas

 


A Sprint Race desse sábado deu alguns recados para a etapa em Lusail. Aparentemente a McLaren tinha o carro mais rápido, vindo de uma dobradinha na corrida mais curta e com Lando Norris se dando o luxo de devolver o favor que Piastri fizera em Interlagos, entregando a vitória na última curva da última volta para o companheiro de equipe, pegando a todos de surpresa, inclusive a própria McLaren. Enquanto isso, Max Verstappen que só conseguira um sexto lugar no grid, largou mal e só conseguiu salvar um oitavo lugar, reclamando muito do comportamento do seu carro. Duas horas depois, Max tirava leite de pedra e conseguia sua nona pole em 2024, desbancando McLaren e a Mercedes de Russell, numa demonstração clara que o tetra não veio por acaso.

A classificação em Lusail foi bem tranquila, mas a saída de Hulkenberg no Q1, após o alemão ter feito uma ótima Sprint, mostrava que as equipes ainda tinham muito espaço de melhorar após apenas um treino livre. Outro ocupante costumaz do Q3 nos últimos tempos, Gasly, perdeu a posição no Q3 por meros doze milésimos, enquanto Alonso retornava ao Q3 depois de muito tempo. Piastri e Norris nem de longe repetiam o controle que tiveram na Sprint. A Mercedes aparecia forte, mas somente com Russell, com um desmotivado Hamilton andando mais para trás. Lutando pelo título de Construtores, a Ferrari fez uma classificação opaca e depois de perder pontos para a McLaren com a dobradinha dos laranjas na Sprint, largará atrás dos dois no domingo.

Verstappen mostrava uma melhorava significativa em comparação à sexta e na Sprint, brigando pelos melhores tempos no Q1 e no Q2. Com a McLaren não aparecendo, quem veio forte foi Russell, com o inglês ficando com o melhor tempo, mas Max tirou o doce da boca de George e ficou com a pole, superando o piloto da Mercedes por meros cinco centésimos, com a dupla da McLaren na segunda fila. A diferença entre Max e Checo, que sempre foi grande, chegou a 1s em Lusail. A Red Bull não tem o melhor carro, mas Verstappen fez toda a diferença. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Na conta da torcida

 


Em 2009 a revista Placar, em seu tradicional Guia do Campeonato Brasileiro, cravou que o Ceará iria brigar para não cair para a série C na Segundona. Resultado? Subimos para a série A! Oito anos depois, o Ceará retornava à série A com uma outra roupagem. Se antes o clube sofria com administrações sofríveis, o Ceará era um clube organizado e se demorou esse tempo todo para subir, pelo menos sempre era respeitado, sempre ficando próximo de subir, com exceção de 2015. Fora um acesso esperado!

Foram cinco anos na série A, onde se pode dizer que apenas dois anos foram considerados bons. A administração exemplar sofria arranhões com Robinson de Castro administrando o clube pensando mais em planilhas do que acontecia no campo. Jogadores de qualidade e índole duvidosa eram contratados e em 2022 fomos rebaixados, enquanto o rival brilhava. Cair fazia parte de um plano de contingência de um clube organizado, mas Robinson não pensou nisso. Deixou o Ceará endividado e algumas situações que pareciam ter ficado num passado distante voltaram com força em 2024, após um 2023 onde o título da Copa do Nordeste foi a única coisa a se comemorar. Jogadores entrando na justiça, dívidas aparecendo a todo momento, Transfer Ban...

Porém, o Ceará tinha a sua torcida ao seu lado. O lema é 'Nunca abandonar'. Mesmo com confusões nos bastidores, uma base forte foi montada para 2024. O criticado presidente João Paulo Silva deixou o futebol com verdadeiros profissionais e competentes. Primeiro veio o inesquecível título cearense desse ano. O Ceará era um dos favoritos a subir nesse ano, mas em 2023 também o era e decepcionou amargamente. O campeonato do Vozão não parecia promissor. Derrotas fora de casa e tropeços eventuais dentro do Castelão deixava o acesso distante. Vagner Mancini saiu, entrando em seu lugar Leo Condé, que levara o Vitória ao título da Série B em 2023. O elenco tinha bons jogadores na frente, com Aylon, Saulo Mineiro e principalmente Erick Pulga transformando o Ceará no melhor ataque do campeonato. Em compensação éramos uma das piores defesas. Condé foi consertando a retaguarda, enquanto a diretoria de futebol blindava o time das notícias ruins nos bastidores. 

Se em 2009 e 2017 o Ceará ficou boa parte do campeonato no G4, nesse ano o Vozão ficou sempre por perto, mas teimava em vacilar quando estava para entrar entre os quatro primeiros. Os vacilos transformavam o acesso em algo difícil, mas não impossível. Era preciso de sete vitórias em dez jogos. Lembram que a torcida prometeu nunca abandonar? Ela não abandonou. Foi ao Castelão mesmo depois de derrotas fora de casa. Recordes eram quebrados. O Ceará foi subindo no momento decisivo, iniciando uma arrancada inesquecível. O último jogo em casa, contra o América, significou o recorde de público da Arena Castelão numa mobilização que parou a cidade. E quem lá esteve diz que tinha muito mais do que os divulgados 63.908 torcedores.

Foi uma última rodada cardíaca, onde o Ceará não fez sua parte, mas Mancini fez. Sim, o antigo técnico do Ceará treinava o Goiás que derrotou o Novorizontino e transformou o empate do Ceará com o lanterna Guarani o suficiente para um inesquecível acesso. O terceiro em quinze anos. Tomara que não precisemos de outro tão cedo. O Ceará é gigante. E sua torcida levou o time para o sonhado acesso!

terça-feira, 26 de novembro de 2024

E teremos GM!

 


O que aconteceu dentro dos luxuosos escritórios da Liberty não será conhecido tão cedo, mas os bastidores para a entrada da GM/Cadillac na F1 merecerá imensos comentários num futuro próximo. Michael Andretti não escondia seu desejo de retornar à F1, agora como chefe de equipe e depois de quase comprar a Sauber, arrumou investidores para se tornar a décima primeira equipe da F1. Porém, Michael não contava com a resistência dos dez atuais donos de equipe da F1. O receio era conhecido. Com a chegada de uma nova equipe, o bolo de premiações terá fatias menores mais na frente e com as equipes solidificadas economicamente, muitos temiam que os times pudessem ter problemas financeiros lá na frente com essa diluição.

Tentando provar que sua equipe agregaria à F1, Andretti conseguiu o importante apoio da GM, com a marca Cadillac, mas nem isso convenceu a Liberty e as equipes permitirem a entrada da equipe. Disse a Liberty que a nova equipe 'não agregaria valor à F1'. O sobrenome Andretti, junto à GM, não agrega valor a uma categoria? A Liberty queria enganar quem?

No entanto, a Andretti continuou trabalhando. Não apenas Michael seguiu contratando pessoas e construindo uma subsede em Silverstone, como Mario foi ter uma conversinha com a Procuradoria do Congresso Americano. Mesmo com a recusa da entrada, com a promessa de uma nova tentativa somente em 2028, seguir trabalhando numa nova equipe parecia estranho. Porém, o mais estranho veio depois, numa sequência de acontecimentos. Primeiro, surgiu a notícia que a investigação do Congresso chegou à conclusão de que os donos de equipe de F1 realizaram um conluio para deter a entrada da Andretti, algo que estouraria em breve. Logo depois, Michael Andretti saiu do lugar de dono da própria equipe e então Greg Maffei, CEO da Liberty, saiu do seu lugar.

Essa sequência toda fez com que a F1 anunciasse que a GM entrará na F1 em 2026 de forma repentina. No anúncio, nada foi falado em Andretti, mas a GM foi logo colocando Mario Andretti como um dos diretores da nova equipe, que se chamará Cadillac.

Uma situação estranha, para dizer o mínimo, mas voltar a ter onze equipes é bastante importante para a F1, além de contar com uma marca gigantesca fazendo parte da categoria.

Figura(LAS): Max Verstappen

 27 anos, tetracampeão mundial. Dizer o que mais de Maximilian Verstappen? Um título conquistado sem ter o melhor equipamento a maior parte do ano e numa corrida controlada. Max já está entre os grandes da F1.