domingo, 30 de junho de 2024

Nada mal


 A corrida desse domingo no Red Bull Ring lembrou aqueles jogos de basquete de meio de temporada, onde praticamente nada acontece e está dando sono de acompanhar a sucessão de cestas sem muito entusiasmo dos jogadores. No entanto, num estalo, o jogo esquenta, os jogadores se motivam e no que parecia ser uma partida modorrenta, se transforma em algo histórico e inesquecível. Max Verstappen partia para uma vitória dominadora, condizente com todo o final de semana do neerlandês na casa de sua equipe. Pole e vitória na Sprint e pole na corrida principal, Verstappen administrava a prova da mesma forma como fez várias vezes em sua carreira e era algo que não acontecia faz algum tempo. No entanto, o estalo veio num raro erro de pit-stop da Red Bull e Norris, que parecia conformado com a segunda posição, partiu para cima de um Max que parecia não entender o que acontecia. De um carro dominante, Verstappen se viu sem aderência e Norris lhe fustigando em praticamente toda a freada. A corrida que fora sonolenta até então, se transformou numa prova memorável e com consequências ainda imprevisíveis. 


Até a segunda rodada de paradas, a corrida na Áustria era uma das piores de 2024. Max Verstappen largou muito bem e se não repetiu a má saída da semana passada, pelo menos Lando Norris permaneceu na segunda posição, mesmo atacado por George Russell na primeira volta. Isso fez com que Verstappen abrisse a procurada diferença superior de 1s que quebrou a distância do famigerado DRS e Norris nada pudesse fazer contra Max. Mais atrás, o único destaque era o toque entre Piastri e Leclerc, que quebrou a asa dianteira do piloto da Ferrari e o jogou nas profundezas do pelotão, além de deixar a Ferrari sem respostas para ajudar o monegasco, que recebeu a bandeirada com uma parada a mais e longe dos pontos. Russell vinha num solitário terceiro lugar, com Sainz e Hamilton brigando pelo quarto lugar, após Lewis ter que ceder a posição para o espanhol, por ter ultrapassado Carlos por fora da pista. Haviam brigas aqui e ali, mas nem de longe a corrida empolgava. Até que Max e Lando foram aos boxes juntos pela segunda vez, separados por 7s e Verstappen dominando a corrida como fizera várias vezes no começo desse ano e praticamente a temporada anterior inteira. Como se os deuses da velocidade quisessem nos pregar uma peça, a impecável Red Bull, dona do melhor pit-stop do ano e basicamente sem erros dos seus mecânicos, viu a roda traseira esquerda de Verstappen não sair rapidamente. E de um pit-stop que deveria durar entre dois ou três segundos se transformou numa parada de 6.5s. Com uma parada convencional, Lando Norris saiu imediatamente atrás de Verstappen e pareceu ganhar vida vendo a sua segunda vitória tão próxima.


Antes da parada Max Verstappen reclamava pelo rádio sobre alguns probleminhas em seu carro, mas como o seu ritmo não diminuía, parecia mais preciosismo do neerlandês, no entanto Max saiu com pneus médios e parecia não ter mais o ritmo de antes e Lando, ao contrário, contemplou a vitória e partiu para cima de Verstappen. Mais uma vez Max e Lando estavam numa disputa pela vitória, sendo que desta vez havia mais de quinze voltas para o fim. Se na Sprint Lando Norris reclamou de si mesmo por ter deixado a porta aberta para Max, na corrida o piloto da McLaren queria provar que ele havia aprendido mais uma lição e ele teria que forçar a barra para derrotar Verstappen. Como a diferença estava dentro do DRS, Norris fustigou Verstappen várias vezes, principalmente no grampo da curva 3 e na freada forte da curva 4. Verstappen já se mostrou um gênio correndo sozinho, administrando a sua corrida e seu equipamento, mas Max ainda tem a mesma gana do começo da carreira nas disputas de posição, lembrando Ayrton Senna e Michael Schumacher na dureza em que se mete em brigas por posição. Lando Norris, amigo de longa data de Max, é o vice-líder do campeonato e é o piloto que está ameaçando as vitórias de Verstappen nos últimos meses. Max não iria aliviar para Lando, que por sua vez precisava dar algumas respostas sobre sua postura contra Verstappen, nas palavras do próprio inglês, 'amadora' no último sábado. Verstappen mudava de trajetória nas freadas, deu o xis por fora da pista, enquanto Norris, já advertido pelos famigerados track limits, parecia não querer ceder, inclusive com mergulhos ao lado de Max. Num desses mergulhos, Verstappen mais uma vez mudou sua trajetória na freada do grampo da curva 3 e o toque foi inevitável. Com os dois com pneu furado, Max ainda deu uma fechada criminosa em Norris na reta antes da curva 4. Os dois foram aos boxes, mas se Verstappen ainda voltou à corrida, a prova de Lando estava terminada, assim como o bom relacionamento que ambos tinham até esse domingo.


Com tudo isso, George Russell acabou sendo o grande favorecido do domingo, com a vitória caindo no seu colo. O inglês fazia uma corrida discreta, correndo sozinho em terceiro e por lá ele esperava terminar, se não fosse todo o melê que aconteceu à sua frente, mesmo que bem distante. Foi a primeira vitória da Mercedes em um ano e meio, mesmo que tenha sido circunstancial, mas não há como negar que o time de Toto Wolff está evoluindo nitidamente. Porém, Russell teve uma pitada extra de sorte em sua vitória. Por causa dos detritos deixados por Lando e Max, o SC Virtual apareceu nas voltas finais. Um pouco antes Piastri tinha ultrapassado Sainz e estava ameaçadores 2,5s atrás de Russell, mas a neutralização da corrida foi bastante prejudicial ao australiano, que ainda vacilou na relargada e mesmo mais rápido, com pneus médios em melhores condições, faltou tempo para Piastri atacar Russell, tendo que se conformar com a segunda posição, enquanto Sainz levou a Ferrari ao pódio, num final de semana onde os italianos eram, sem sombra de dúvidas, a quarta força. Verstappen ainda salvou um quinto lugar e com o abandono de Norris, viu sua vantagem aumentar, porém, a Red Bull tem que se mexer, pois a dominância do começo do ano parece ter ido embora, mesmo com a exibição de Max nos primeiros dois terços de prova. E a Red Bull também tem que observar que Verstappen bateu, se arrastou pela pista, fez um pit-stop, tomou 10s de punição e ainda assim chegou na frente de Sérgio Pérez. Que por sua vez chegou atrás de uma Haas. Está cada dia mais difícil defender Checo...


A Haas foi a melhor equipe do pelotão intermediário, colocando Hulkenberg numa ótima sexta posição, com Magnussen em oitavo, marcando pontos preciosos. Praticamente com seu futuro assegurado fora da Racing Bulls e provavelmente da própria F1, Daniel Ricciardo ainda tenta sobreviver e hoje claramente andou à frente de Tsunoda, marcando dois pontinhos para a equipe, enquanto o nipônico mal apareceu na transmissão. Já a Alpine mais uma vez esteve em evidência por causa dos seus dois pilotos. No momento mais modorrento da prova, Ocon e Gasly brigaram como se não fossem companheiros de equipe, mas felizmente para Briatore e Famin, sem maiores danos, mas com Ocon aumentando a sua fama de péssimo companheiro de equipe. Alonso teve um final de semana para esquecer, onde sempre andou fora da zona de pontuação e ainda bateu em Zhou numa manobra mais característica do seu companheiro de equipe. A Aston Martin vive uma fase para lá de tenebrosa, agora mais próxima de Sauber e Williams, as lanterninhas da F1 2024.


De uma corrida monótona e totalmente sem graça, o Grande Prêmio da Áustria se tornou uma das melhores da temporada 2024, numa luta que promete mais consequências. Verstappen claramente vê Lando Norris como uma ameaça e hoje mostrou que não dará muito espaço ao inglês, que por sua vez, já declarou que 'não respeita mais Max'. Para uma temporada que prometia dominante da Red Bull e de Max Verstappen, em onze corridas temos cinco vencedores diferentes de quatro equipes distintas. Sem contar que podemos ver crescer uma nova rivalidade. Nada mal!

Dominador

 


Atual bicampeão da MotoGP, Francesco Bagnaia teve um início de temporada 2024 claudicante, inclusive com algumas quedas inexplicáveis e pontos perdidos bastante sentidos. No entanto, Pecco sempre teve como característica a forma cerebral não apenas de correr, mas como administrar o campeonato. O italiano da Ducati chegou a ver de binóculos o rival Jorge Martin no campeonato, mas Bagnaia vai aos poucos se recuperando e com uma vitória dominadora em Assen, já se encontra apenas dez pontos atrás do espanhol, que parece sem ter muitas respostas.

O final de semana neerlandês começou com a bomba da Pramac trocando a Ducati pela Yamaha, muito como consequência das inúmeras movimentações que marcaram os últimos dias da MotoGP. Com Márquez desprezando a Pramac e Martin indo para a Aprilia após ser deixado de lado pela terceira vez pela Ducati, a Pramac preferiu trocar a melhor moto do pelotão para apostar na Yamaha, que no momento não consegue sequer um top-10. Por mais que prometa apoio à Pramac, a Ducati já mostrou que prefere a sua equipe oficial, algo que também incomodou bastante a equipe satélite. Bagnaia fez o que quis na Catedral da Motovelocidade. O italiano marcou a pole, venceu a Sprint e liderou todas as voltas da corrida de domingo, sequer incomodado em nenhum momento. Martin tinha sido punido no sábado e caíra de segundo para quinto no grid, mas mordido rapidamente ocupou sua posição de origem ainda na primeira volta, mas simplesmente não teve fôlego para ir para cima de Bagnaia, que conseguiu todos os pontos possíveis do final de semana e já encosta em Martin.

Com os dois primeiros bem à frente, a luta pela terceira posição foi a mais mostrada pela transmissão. Maverick Viñales ainda tentou brigar com Martin, mas acabou atacado por Marc Márquez, que havia caído em todos os dias do final de semana. Rapidamente eles teriam a companhia de Fabio Di Giannantonio, que está em ascensão no campeonato. De forma intrigante, Márquez praticamente mandou Fabio o ultrapassar, mas a razão só apareceria depois da prova. Mais atrás, Enea Bastianini se recuperava de uma classificação ruim e nas voltas finais subiu para terceiro ultrapassando todo mundo com maestria, enquanto Márquez, Viñales e Giannantonio brigavam pelo quarto lugar, em batalha vencida por Márquez. Porém, o espanhol da Gresini havia percebido que estava com a pressão de pneus fora do regulamento e mandou Giannantonio passar tentar baixar a pressão, mas os comissários viram e puniram Márquez, que perdeu várias posições, enquanto Fabio, que fora ultrapassado por Viñales na última chicane, ganhou mais uma posição, pois o piloto da Aprilia foi punido pelos famigerados track limits.

Não foi uma grande corrida em Assen, mesmo com a ameaça de chuva, mas fica bem claro que Bagnaia partirá muito forte nessa segunda metade de campeonato rumo ao tricampeonato.

sábado, 29 de junho de 2024

Voltando aos bons tempos

 


Em meio a um fogo cruzado desnecessário e infantil, Max Verstappen provou que nem mesmo a inútil briga entre seu pai e seu chefe o impedem de ser um piloto totalmente diferenciado. Correndo na casa da Red Bull, Max dominou amplamente a classificação, depois de ter vencido, de forma um pouco mais dramática, a Sprint Race mais cedo. A forma como se impôs aos concorrentes fez lembrar Max Verstappen dos bons tempos, no começo do ano, mas até onde essa performance vem do carro ou do piloto?

A Sprint Race foi mais animada do que o normal, muito pelo ótimo desempenho da McLaren. A dupla Norris e Piastri partiu para cima de Verstappen, que teve bastante trabalho para permanecer na ponta nas primeiras voltas, além de dar outra lição em cima de Lando. O inglês da McLaren chegou a ficar ligeiramente na frente de Max, mas o piloto da Red Bull viu a porta aberta deixado por Norris e se enfiou por dentro. Pego de surpresa, Norris não apenas foi ultrapassado por Verstappen, como também pelo seu companheiro de equipe, que via tudo de perto. Ali foi praticamente o fim da disputa, com Norris ficando preso atrás de Piastri, enquanto Verstappen abria vantagem o suficiente para receber a bandeirada de forma tranquila. Depois da corrida, o próprio Norris admitiu ter 'deixado a porta aberta como um amador'. Mais uma lição aprendida por Lando.

Com a Sprint tão animada, era esperada uma classificação mais apertada, mas o que se viu foi Max Verstappen praticamente numa liga própria. O neerlandês ignorou a concorrência e dominou a classificação como bem quis, conquistando sua quadragésima pole na F1, mesmo com seu Jos e Christian Horner trocando farpas via imprensa, aumentando a especulação sobre o destino de Verstappen num futuro próximo. Correndo em casa, a Red Bull não trouxe atualizações, mas a diferença que Pérez tomou de Max é um indicativo de que Max, novamente, fez toda a diferença nesse sábado.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Figura(ESP): Max Verstappen

 O Red Bull RB20 claramente não tem mais a dominância que exibia nas primeiras corridas de 2024, mas ainda assim Max Verstappen continua vencendo. A razão disso é que o neerlandês mostra uma superioridade alarmante sobre os demais pilotos, mesmo Lando Norris, hoje o piloto mais próximo dele, fazendo corridas de alto nível, principalmente após sua primeira vitória na F1. No entanto, Max ainda faz muita diferença e em Barcelona, Verstappen controlou a corrida com bastante competência, superando Lando mesmo com a McLaren mais forte. Max foi incisivo na ultrapassagem sobre Russell que fez muita diferença no final da corrida e administrou bem seus pneus, mantendo-se rápido, mas salvando a borracha. A Red Bull não tem mais carro dominante e o projetista de tantos títulos, mas mantém Max Verstappen. E isso está fazendo toda a diferença.

Figurão(ESP): Sergio Pérez

 Ao final do GP da Espanha, a Red Bull tinha menos de cem pontos de vantagem sobre a terceira colocada McLaren no Mundial de Construtores, com a Ferrari ainda mais próxima em segundo lugar. Mesmo com a Red Bull tendo vencido 70% das corridas em 2024. A razão disso tudo é que Ferrari e McLaren pontuam com seus dois pilotos, enquanto a Red Bull sobrevive apenas com Max Verstappen. Nesse final de semana Pérez ainda marcou quatro pontos com um sofrido oitavo lugar, tendo ultrapassado a Alpine, que no início do ano mal ia ao Q2, de Pierre Gasly na última volta. Se a Red Bull perder o Mundial de Construtores desse ano, será muito difícil para Christian Horner justificar a renovação de contra de Checo por dois anos.

domingo, 23 de junho de 2024

Vitória de quem mereceu

 


Numa das mais icônicas pistas da Indy, Alex Palou parece sempre se inspirar no seu xará italiano, inclusive com uma bela ultrapassagem no Saca-Rolha nesse ano, local onde Alex Zanardi se consagrou no automobilismo americano vinte e oito anos atrás. Palou foi praticamente perfeito nesse domingo em Laguna Seca, conquistando todos os pontos possíveis e com isso, assumindo a liderança do campeonato.

Largando da pole, Palou foi surpreendido pelo seu companheiro de primeira fila Kyle Kirkwood, que efetuou uma bela manobra na primeira curva, assumindo a ponta, mas sem ritmo, segurando bastante Palou no primeiro stint de corrida. Isso ficou claro quando começou a primeira rodada de paradas e Alexander Rossi, que vinha em quarto e parou antes que os três primeiros, emergindo na ponta quando todo mundo parou. Palou sofreu com os pneus frios quando saiu dos pits e acabou ultrapassado pela dupla da Andretti, Kirkwood e Colton Herta. No entanto, a primeira bandeira amarela mudou o andamento da prova e Palou não parou, ao contrário da maioria dos pilotos de ponta, tentando abrir vantagem com a cara no vento.

Com o carro mais rápido do dia, Palou ganhou bastante terreno e mesmo numa janela diferente de estratégia, era o favorito a vitória, mesmo com uma enorme polêmica. A Penske vinha fazendo uma corrida pobre, mas Josef Newgarden se aproveitou das bandeiras amarelas para entrar no top-10. A turma que parou na primeira amarela tinha economizar combustível, permitindo à Palou assumir a ponta, inclusive com Alex ultrapassando Herta no Saca-Rolha. Nostalgia pura. Num perigoso acidente onde Marcus Armstrong atravessou a pista descontrolado na frente de dois carros, a bandeira amarela era óbvia, mas a direção de prova demorou a mostrar o pano amarelo. Arriscando na estratégia, Newgarden liderava a corrida e com Armstrong perigosamente parado no meio da pista, fez sua parada final e retornou à pista em segundo, que foi quando a bandeira amarela foi finalmente mostrada, para indignação de praticamente todo o grid. Porém, essa manobra, proposital ou não, foi o início do pesadelo da Penske. Primeiro que McLaughin bateu em Power e quebrou a barra de direção do seu carro, além de fazer Power, líder do campeonato, perder posições. Mais tarde, Newgarden sairia da pistas duas vezes e de segundo caiu para décimo nono. Carma?

De um jeito ou de outro, Alex Palou se manteve impávido na ponta, mesmo com uma sequência quase interminável de bandeiras amarelas nas voltas finais, causando tensão pelas relargadas, com Colton Herta sempre à espreita. No fim, Palou manteve a ponta até a bandeirada, conseguindo sua vitória de número onze na Indy, a segunda valendo pontos em 2024 e rumando para o tricampeonato.

Administração


 Desde os treinos livres estava claro que o desgaste de pneus seria um fator importante na corrida em Barcelona e sua pista de ultrapassagens complicadas. Quem administrasse melhor a borracha e fizesse uma melhor tática, teria bastante vantagem na corrida. Contudo, a Red Bull conta com outro fator que faz muita diferença: Max Verstappen. O neerlandês foi cirúrgico quando ultrapassou George Russell na volta três e pôde controlar a corrida, mesmo que Lando Norris demonstrasse mais uma vez a grande evolução da McLaren, assim como a de sua confiança, terminando em segundo lugar, no mesmo take de Max, depois de uma perseguição implacável no último stint.


A corrida no circuito de Montmeló foi mais tática do que emocionante, com um momento fundamental para a prova espanhola sendo decidida na largada. Separados por dois centésimos na classificação, Lando Norris e Max Verstappen largaram muito bem no apagar das luzes vermelhas, mas tendo o carro por dentro, Max deu um estilingada e estava claramente na frente do inglês, que imediatamente convergiu para cima da Red Bull, chegando a fazer Verstappen ir pela grama, fazendo 'um pouco de rali na reta', como Max disse depois da corrida. Isso fez com que ambos se aproximassem da primeira curva lado a lado, mas com Verstappen em clara vantagem. O que nenhum dos dois percebeu no momento foi que George Russel executava a melhor largada do ano até o momento. O piloto da Mercedes imediatamente ultrapassou Hamilton e pegou o vácuo de Max e Lando, com ambos bem à direita na reta, o que fez Russell ir para a esquerda, no traçado convencional da curva um. Com uma freada no limite, Russell ultrapassou aos dois ponteiros numa bela manobra, com Lando Norris tendo juízo o suficiente para tirar o pé e evitar um acidente com três carros praticamente lado a lado na primeira curva. Mesmo com Max não assumindo a liderança da prova, ficou claro que o grande derrotado do dia já estava definido: Lando Norris.


Assim como aconteceu no ano passado, a McLaren deu um passo gigantesco no desenvolvimento do seu carro, num grande mérito do time comandado por Andrea Stella. Mesmo com Oscar Piastri tendo feito uma corrida medíocre (novamente...), o time papaia inegavelmente é hoje a segunda força da F1 e ao contrário da Aston Martin em 2023, a McLaren incomoda bastante a Red Bull, fazendo o time austríaco suar bastante para manter Verstappen na ponta. Tendo deixado Norris para trás, a ordem para a Red Bull era clara para Max: ultrapassar o mais rapidamente possível George Russell. Bastou que o famigerado DRS estivesse à disposição de Max para ele ultrapassar George no final da reta dos boxes, numa manobra agressiva, mas cirúrgica, principalmente para a estratégia da corrida. Correndo com cara para o vento, Max não se preocuparia com o superaquecimento dos pneus ao ficar preso atrás de alguém, enquanto Lando Norris não teve a mesma facilidade quando se encontrou poucas voltas mais tarde com o compatriota, pois a borracha de Lando não estava na mesma temperatura com que Verstappen encontrou Russell na volta três. Norris e a McLaren teriam que usar a estratégia para deixar Russell para trás. Mesmo Barcelona sendo uma pista de ultrapassagens difíceis, a McLaren arriscou numa tática diferente do grupo que tinha a dupla da Mercedes e também da Ferrari, que brigaram entre si, com vantagem para Sainz após um toque com Leclerc. Enquanto essa turma e Max pararam cedo, indicando uma estratégia de duas paradas, Lando e Leclerc postergaram ao máximo suas paradas, até mesmo imaginando uma tática de uma única parada, mas a realidade era que Norris queria ter pneus em condições bem melhores do que os rivais para efetuar as ultrapassagens necessárias. Mesmo perdendo tempo num primeiro momento, caindo para trás de Hamilton e Sainz, o ritmo de Lando Norris era muito superior e ultrapassou os dois sem maiores problemas.

Porém, George ofereceu bastante resistência ao compatriota, no melhor momento da corrida, quando Russell e Norris percorreram metade de volta trocando posições, até Lando se impor e imediatamente abrir a segura vantagem de 1s para não ser mais atacado por George. Nesse momento, a vantagem de Max era de 9s, a maior que o neerlandês obteve. Mais uma vez Norris mostrou o crescimento da McLaren, tirando a vantagem de Verstappen de forma contínua. Na segunda rodada de paradas, Norris ficou duas voltas a mais do que Max, no que pôde ter sido decisivo no final, pois com pneus macios novos, Max abriu novamente 8s quando Lando parou, desta vez com o inglês em segundo, saindo dos boxes milimetricamente na frente de Russell. As últimas voltas viram uma briga de alto nível, com Norris tirando tudo do seu carro e dos seus pneus, enquanto Max Verstappen administrava sua vantagem com uma pilotagem cerebral, onde não destruiu os pneus e se mantendo rápido. No fim, Max recebeu a bandeirada com pouco mais de 2s de vantagem sobre Lando Norris, numa briga que deverá se repetir outras vezes. Para a nossa alegria. As duas voltas a mais na pista fizeram a diferença a favor de Max? Se Lando tivesse mantido a ponta na largada, a vitória seria sua? Demonstrando o nível que está no momento, Norris saiu do carro chateado, pois ele sabe que poderia ter marcado mais uma vitória, mas o inglês já está num merecido segundo lugar no Mundial de Pilotos.


Mais atrás, Lewis Hamilton conseguia o primeiro pódio da temporada, concluindo uma sequência incrível de dezoito temporadas seguidas subindo pelo menos uma vez no pódio na F1. Lewis teve seu melhor final de semana de longe em 2024, indicando também o crescimento da Mercedes, mas também escancarando uma divisão no time comandado por Toto Wolff. Nessa semana a Mercedes recebeu e-mails dizendo que Hamilton está sendo boicotado, mas hoje quem pode reclamar é Russell. Tendo sido um dos primeiros a parar, após ter forçado bastante para se manter na frente de Norris, George viu Hamilton encostar após sua bela batalha com Lando. Algumas voltas antes, Hamilton estava se defendendo de Norris, mas sem poder contar o DRS por estar a mais de 1s de Russell, virou presa fácil para a McLaren. Custava George ter tirado o pé e ter dado DRS para Hamilton se defender por mais tempo de Norris? Quando as duas Mercedes iniciavam uma briga, o time chamou Russell aos pits, colocando pneus duros no carro de George. A escolha parecia lógica, pois seria um stint longe, se Russell não quisesse parar. Porém, o jovem inglês teve dificuldades com os pneus e como resultado, se viu alcançado por Hamilton, que usou pneus macios usados no último stint. Com um ritmo bem melhor, era lógico a Mercedes pedir a George passar, mas Russell lutou com o compatriota, que efetuou a manobra na curva um, fechando com gosto George, além de tirar o companheiro de equipe da posição de pódio que esteve por dois terços de prova. A Ferrari também viu uma briga próxima entre seus dois pilotos, com um leve toque entre Sainz e Leclerc no começo da corrida, mas com táticas diferentes, a Ferrari escolheu a mesma tática de Russell para Sainz, deixando o espanhol sem ter o que fazer se não deixar Leclerc passar, na frente de sua torcida. 


Na última briga da corrida, Leclerc se aproximou bastante de Russell, mas a corrida acabou antes de um ataque mais incisivo do monegasco, mas fica claro que a Ferrari já está não apenas atrás da McLaren, como vê a Mercedes encostar de forma decisiva nas últimas semanas. Red Bull, Ferrari e McLaren estão separadas por menos de cem pontos no Mundial de Construtores e a razão é que a Red Bull está pontuando basicamente com apenas um piloto, enquanto Ferrari e McLaren tem dois pilotos marcando pontos, mesmo com Piastri tendo feito uma corrida bem mequetrefe nesse domingo. Tão mequetrefe quando Sergio Pérez, que fez uma corrida opaca, sendo até mesmo ultrapassado por Nico Hulkenberg no primeiro stint, fazendo a Red Bull o colocar numa rara estratégia de três paradas, onde Checo teve bastante trabalho antes de ultrapassar a dupla da Alpine, sendo que Gasly só foi deixado para trás na última volta. Muito, muito pouco para um piloto que tem o melhor carro do pelotão, mesmo que não sendo mais tão dominante como no início do ano. Será difícil para Horner justificar a renovação de Pérez, caso a Red Bull perca o Mundial de Construtores esse ano.


Coincidência ou não, a Alpine voltou a marcar pontos com seus dois pilotos no primeiro final de semana com Flavio Briatore como um dos chefes do confuso time gaulês. A Alpine se aproveitou de outro final de semana horroroso da Aston Martin, que deu uma verdadeira marcha ré em comparação ao ano passado e de equipe que pensava em vitória, o time comandado por papa Stroll agora luta para retomar a quinta posição no Power Ranking da F1/2024. Tudo isso, na frente da torcida de Alonso, que não deve estar nada feliz com tamanha queda. Hulkenberg andou bastante tempo na décima posição, mas acabou saindo da zona de pontuação, mas o fato foi que o alemão deu um banho em Magnussen, provavelmente sabendo que está de aviso prévio. Racing Bulls e Williams também caíram bastante em comparação às últimas corridas, fazendo-os entrar na briga com a Sauber para se livrar das últimas posições, numa corrida onde os vinte carros que largaram viram a bandeirada.


Num circuito que sempre favoreceu aos carros projetados por Adrian Newey, mais uma vez o inglês viu uma obra sua vencendo em Barcelona, porém, não se pode negar que o time austríaco já não tem a vantagem de antes, com a chegada de outros times, a McLaren em particular, alavancada pela super confiança que Lando Norris ganhou com a primeira vitória na F1. Porém, a Red Bull ainda pode contar com Max Verstappen para potencializar ainda mais seu conjunto e mesmo sem dominar como antes, Max pode caminhar a passos largos rumo ao tetracampeonato.   

sábado, 22 de junho de 2024

Sinais

 


Entrevistado recentemente, Helmut Marko opinou sobre a recente oscilação da Red Bull, com o time austríaco não mostrando o mesmo desempenho dominante do começo da temporada. Sempre muito pedante, Marko culpou as características dos circuitos onde Max venceu com dificuldades ou nem isso. Mas chegando em Barcelona, falou a veterano dirigente, a Red Bull voltaria ao desempenho anterior. Pois chegamos em Barcelona e Marko pode colocar as barbas de molho. Verstappen se mostrou competitivo, talvez a sua versão mais competitiva das últimas semanas, mas ainda assim Max viu seus rivais mais de perto do que o esperado e de forma surpreendente, Lando Norris conseguiu tirar a pole de Verstappen por meros dois centésimos, mostrando que, sim, a Red Bull tem companhia no momento.

A classificação ocorreu sem maiores surpresas, ao contrário das últimas corridas. A Williams vinha com atualizações que deixou o carro mais 'magro', mas a perda de peso deixou seus dois pilotos na última fila, com Sargeant muito atrás de Albon. A Racing Bulls também veio com algumas novidades, mas o time acabou de fora do Q2 com seus dois carros, demonstrando que as novidades não foram tão boas assim. E falando em novidades, a Alpine foi ao Q3 com seus dois carros no final de semana em que anunciou a volta de Flavio Briatore ao time. Levando-se em conta os antepassados da Alpine, seria uma terceira volta de Briatore à estrutura e não devemos esquecer que, não importando a forma, o italiano conquistou dois títulos em cada uma de suas passagens no time baseado em Enstone, totalizando quatro títulos de pilotos. Será o suficiente para a Alpine parar de passar vergonha?

O Q3 mostrou um Max Verstappen muito forte, parecendo imbatível, mas atrás dele vinha McLaren, Ferrari e Mercedes muito forte. Pérez fez uma classificação opaca, talvez com o mexicano mais preocupado em preparar o carro para corrida, sabendo ele de sua punição de três posições no grid por causa do seu retorno à pista em Montreal. Piastri errou quando fazia um ótimo tempo, mas Norris compensou com uma volta espetacular, tirando o doce da boca de Max com o cronômetro zerado. A pole de Lando, mais a proximidade das demais equipes emitiu sinais claros. A Red Bull tem como grande diferencial no momento o talento de Max Verstappen, que enfiou três décimos para as duplas de Mercedes e Ferrari, que ficaram muito próximas na classificação, enquanto Lando, cada vez mais confiante, fez o suficiente para tirar a pole de Max. O neerlandês ainda é o piloto mais forte e com um ritmo de corrida fortíssimo, poderá muito bem vencer amanhã em Barcelona, mas numa pista que tem como característica ver os carros projetados por Adrian Newey muito fortes, há sinais claros que a dominância da Red Bull pode estar perto do fim. 

domingo, 16 de junho de 2024

Bi da Ferrari

 


Não foi tão disputado e aberto como no ano passado, mas não podemos dizer que faltou emoção em Le Mans em 2024. Ferrari e Toyota lutaram palmo a palmo pela vitória numa corrida marcada pela chuva e intermináveis horas atrás do Safety-Car. No fim, o carro de número 50 de Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen derrotaram o Toyota de José María López, Kamui Kobayashi e Nyck de Vries, tendo que enfrentar um pit-stop fora de hora por causa de uma porta e uma economia de combustível extrema para chegar até a bandeirada, superando os nipônicos por meros 14s após 24 horas. Após quase sessenta anos fora de Le Mans e de forma oficial do Endurance, a Ferrari voltou com força e conquistou o bicampeonato em Sarthe.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Figura(CAN): Max Verstappen

 Mais uma vez Max Verstappen não teve o melhor carro destacado. E mais uma vez ele fez a diferença! O neerlandês tirou leite de pedra para marcar o mesmo tempo de George Russell na classificação, marcando um raro empate na pole-position, mesmo que Max tivesse que sair em segundo. Na corrida, com uma clima inconstante, Verstappen soube controlar a força da McLaren de Lando Norris e praticamente não errou para conseguir mais uma vitória na base do seu talento, chegando à sexagésima vitória na carreira. 

Figurão(CAN): Ferrari

 Esse lugar poderia ser de Sérgio Pérez, mas para não ser repetitivo, iremos colocar um outro personagem, que assim como o mexicano da Red Bull, mereceu demais estar nessa parte da coluna. Duas semanas depois de vencer em Monte Carlo e dar uma vitória emocional ao piloto local Charles Leclerc, todos apontavam a Ferrari como favorita em Montreal, pelas características do circuito canadense, mesmo que o clima fosse um fator preponderante em todo o final de semana. Apesar da chuva forte, a Ferrari andou bem na sexta-feira, num dia em que pouco poderia saber de como seria o restante do final de semana. O que ninguém poderia imaginar foi que a Ferrari tivesse uma classificação pífia, onde Leclerc e Sainz brigaram pela última posição para ir ao Q3 e acabaram sendo eliminados por Albon. Parecia um acidente de percurso e era esperado uma corrida de recuperação... que nunca veio. Leclerc teve um estranho problema de motor logo no início da corrida, enquanto Sainz nem isso tinha como desculpa por permanecer empacado no pelotão intermediário. Mesmo com problemas, diga-se de passagem, Charles ficou a maior parte do tempo na frente de Sainz e somente quando a pista secou mais, potencializando os problemas de motor de Leclerc, foi que o monegasco foi perdendo mais e mais rendimento, acabando por abandonar. Sainz permaneceu na corrida, mas cometeu um erro nas voltas finais quando a pista secava, levando consigo Albon, destruindo a ótima corrida do piloto da Williams. Um zero ponto inesperado e merecedor para a Ferrari em Montreal. 

domingo, 9 de junho de 2024

Caos canadense

 


Montreal é uma das pistas mais icônicas do calendário da F1 e mesmo a Liberty Media teimando em inchar o já apertado cronograma da F1, o circuito Gilles Villeneuve permanece muito pelas incríveis corridas que por lá acontecem, além do ótimo ambiente na cidade canadense. Mais uma vez tivemos a satisfação de ver uma corrida daquelas de ficar de olhos bem abertos em todo o momento, pelo volume de alternativas que aconteceram na prova canadense desse domingo. Mesmo com mais uma vitória de Max Verstappen, a sexagésima de sua já incrível carreira, a corrida desse domingo esteve bem longe do script de outras vitórias do piloto da Red Bull, numa luta apertada contra McLaren e Mercedes, em meio a um clima incerto durante quase duas horas, num pódio completado por Norris e o pole Russell.


De antemão se sabia que o clima seria um fator preponderante no final de semana canadense, com a chuva aparecendo com força na sexta, nem tanto no sábado e reaparecendo no domingo. Mesmo não chovendo na hora largada, a pista estava encharcada, fazendo com que a dupla da Haas arriscasse os pneus de chuva extrema, algo bastante raro nos últimos anos. Com a largada acontecendo normalmente com pista molhada, nos livrando da constrangedora situação de vermos uma largada atrás do Safety-Car, os pilotos largaram com bastante cautela, com praticamente nenhuma mudança nas primeiras posições. Russell liderava à frente de Max, Norris e Piastri. Num primeiro momento a aposta da Haas se pagou com Magnussen e Hulkenberg escalando o pelotão e o danês chegando a se aproximar de um impressionante top-5, mas um sol tímido mostrava que não demoraria que a carruagem se transformasse em abóbora. E a corrida pegasse no tranco de vez. Quando a pista ainda estava bastante molhada, os carros estavam mais espaçados, mas na medida em que a pista foi secando, Max foi encostando em Russell. Com o trilho se formando, ultrapassar se tornou algo bem desafiador, mesmo quando o DRS foi liberado. Russell forçava bastante seus pneus intermediários e sem chance de ultrapassar, Verstappen ficou travado atrás da Mercedes, vendo Lando Norris crescer em seus retrovisores. Cuidando mais dos pneus e com um ritmo melhor, Lando viu o trilho aumentar e proporcionar duas ultrapassagens sobre Max e George, assumindo a liderança. E abrir!


Parecia que aconteceria algo parecido com Miami, quando Lando Norris disparou com vento no rosto, mas um Safety-Car causado pelo horroroso Logan Sargeant mudaria a face da corrida. Voltando à corrida na Flórida, quando um SC ajudou sobremaneira Norris, no Canadá aconteceu o contrário. A McLaren perdeu a entrada dos pits e quem se aproveitou foi o trio Max, Russell e Piastri, que foram aos pits na hora certa e quando Lando fez sua parada uma volta depois, ele perdeu terreno, caindo para terceiro. Apesar da pista praticamente seca, todo mundo colocou pneus intermediários, pois o radar mostrava que a chuva estaria de volta em minutos e ninguém, com exceção de Leclerc, cuja corrida tinha ido para as cucuias, arriscou os slicks. Mesmo tendo apenas 26 anos, Verstappen usou sua já vasta experiência em relargadas para deixar Russell para trás e assumir a liderança, mas sem disparar. E a chuva realmente veio, mesmo que de leve e de forma rápida. A briga pelo segundo lugar era apertada entre Russell, Norris e Piastri, enquanto Gasly ia aos pits colocar pneus slicks, sendo o boi de piranha para as demais equipes. Todos acompanhavam o ritmo do piloto da Alpine e quando ficou claro que Pierre se tornava um dos pilotos mais rápidos da pista, começou uma nova romaria rumo aos boxes para colocar pneus slicks.


Norris arriscou esticar sua parada e numa atuação forte, ele chegou a sair do pit-lane na frente de Verstappen, mas com pneus gelados, Lando quase rodou antes de ceder a posição definitivamente sua posição para Max. No entanto, a corrida do neerlandês não ficaria sossegada. Faltando pouco menos de quinze voltas, Carlos Sainz coroava um final de semana horripilante da Ferrari ao rodar e atingir Alexander Albon, trazendo o segundo Safety-Car do dia. A Mercedes tentou dar o pulo do gato ao colocar pneus novos nos carros dos seus pilotos e Russell foi para cima da dupla da McLaren, com o inglês quase batendo em Piastri na curva 13 e perdendo posição para Hamilton na sequência. No entanto, George se recuperou, ultrapassou o australiano e deu o troco em Lewis numa ultrapassagem no limite nas voltas finais. Porém, Russell lamentou bastante o erro que lhe custou a segunda posição para Norris, que foi sincero em dizer que se foi ajudado pelo SC em Miami, foi atrapalhado em Montreal. Sorte de Max Verstappen. O neerlandês fez uma corrida correta em mais um final de semana onde a Red Bull não dominou e tirando uma ligeira escapada de pista na curva um, Max não errou e disparou novamente no campeonato, com o zero ponto de Leclerc.


Após largar da pole, George Russell completou o pódio, mas novamente a Mercedes irá ouvir de Hamilton, pois na última parada o time de Toto Wolff colocou pneus duros no carro de Lewis, enquanto George foi com os mais corretos médios. Hamilton ficou o primeiro terço da prova atrás de Alonso, só o superando por um pit-stop mais rápido da Mercedes. Lewis andou próximo de Russell, jogou duro com o companheiro de equipe quando disputaram o último lugar do pódio e no final, parecia não muito feliz com as opções da equipe. No entanto, é muito bom para o campeonato esse súbito crescimento da Mercedes, com mais um player na luta pelas vitórias. A Aston Martin fez uma corrida discreta, com Alonso se esmerando, como sempre, em segurar Hamilton, mas quando foi superado, nada mais fez em ficar num tranquilo sexto lugar. Correndo em casa, Lance Stroll ficou a corrida toda no meio de um pelotão animado que ia do oitavo lugar até o décimo quinto e no final o canadense acabou liderando esses carros, terminando num honroso sétimo lugar. Após ser criticado de forma ácida (e merecida) por Jacques Villeneuve, Daniel Ricciardo deu uma pequena resposta ao ficar em oitavo, numa corrida sólida, mas em que sempre andou atrás do seu companheiro de equipe Yuki Tsunoda. Nas últimas voltas o japonês deu uma rodada perigosa, onde quase foi atingido por uma Haas, mas felizmente tudo não passou de um enorme susto. Depois de todo o entrevero em Monte Carlo, a Alpine marcou pontos com seus dois carros, algo que não deverá ser muito comum, mas que mostra a evolução da equipe.


Se o título de Max Verstappen é uma questão de tempo, não se pode afirmar nesse momento que há uma dominação no campeonato 2024. Nas últimas corridas vimos um crescimento de McLaren, Ferrari (mesmo que nesse final de semana estivessem irreconhecíveis) e Mercedes, enquanto a Red Bull ainda se acha em meio ao caótico bastidor da equipe. Se havia o temor de que aconteceria um passeio nas 24 corridas do ano, estamos vendo provas bem mais animadas do que o esperado, mesmo que Max Verstappen permaneça vencendo.

sábado, 8 de junho de 2024

Empate!


 Empates na pole são extremamente raros na F1, ainda mais com todas as casas decimais zeradas. De cara lembramos da épica classificação da não menos histórica decisão do campeonato de 1997, onde Villeneuve, Schumacher e Frentzen empataram em 1:21.072, com Damon Hill dois centésimos atrás em Jerez. Passados quase 27 anos, Montreal viu algo parecido, mas com um algo a mais. George Russell conseguiu a marca de 1:12.000 no Q3, um número já raro de se ver, mas momentos depois Verstappen foi lá e fez... 1:12.000! Um raro empate marcou esse estranho treino de classificação em Montreal.

Os treinos de sexta-feira foram bastante prejudicados pela chuva e ninguém sabia ao certo quem estava bem para o resto do final de semana, mas com o tempo ligeiramente mais firme no sábado, logo se percebeu que a ótima fase da Ferrari nas últimas corridas não se repetiria no circuito Gilles Villeneuve, com ambos os carros fora do Q3, para profundo desgosto de Charles Leclerc. Pior foi Sergio Pérez. De contrato renovado, o mexicano ficou no Q1 pela segunda corrida consecutiva, aumentando ainda mais a pressão do verdadeiro motivo da Red Bull ter renovado com o mexicano, o mesmo fazendo com Tsunoda, que momentos antes da classificação teve sua permanência na Racing Bulls confirmada para 2025. Porém, Yuki já tem mais participações no Q3 do que Checo em 2024. Já nos treinos livres estava clara as dificuldades da Red Bull, mas com o braço de Verstappen melhorando a situação, mas a equipe mais rápida era a... Mercedes!

O time comandado por Toto Wolff está em sérias dificuldades desde o advento dos novos regulamentos com o efeito-solo e mesmo com melhorias aqui e ali, via-se um carro bastante abaixo do potencial de uma equipe que dominou a F1 a poucos anos. No entanto, sem maiores novidades anunciadas, a Mercedes veio forte no Canadá, sendo o mais rápido com Russell no TL3 e se desenvolvendo bem durante a classificação. A McLaren também veio forte com a sua dupla ficando com a segunda fila, mas foi Max quem mais ameaçou o time prateado, com o neerlandês simplesmente empatando o tempo de Russell, lhe garantindo um lugar na primeira fila, mas já olhando pro campeonato, bem na frente de Leclerc, apenas 11º no grid de amanhã. Para esse domingo é esperado mais chuva, porém, não se pode negar que as atividades de pista no sábado não foram afetadas pela chuva. A Mercedes terá ritmo de corrida para segurar Verstappen? Amanhã saberemos!

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Mercado quente

 Tanto na F1, como na MotoGP essa semana foi recheada de novidades. Ou não. Mesmo continuando a fazer um trabalho abaixo do esperado, Sergio Pérez teve seu contrato renovado por dois anos com a Red Bull, mesmo que houvessem indícios de que a equipe só quisesse um ano e foi o mexicano que forçou para serem dois. Imaginem se Checo estivesse fazendo um ótimo trabalho...

A renovação de Checo mostra que a Red Bull tem ao mesmo tempo um assento valioso e amedrontador pelo contexto de uma equipe que funciona em torno de Max Verstappen, que vai se tornando um piloto dos gigantes da história da F1, iniciando um círculo virtuoso para o neerlandês, mas vicioso para quem quer que esteja ao seu lado. Não custa lembrar à Red Bull que os times, aos poucos, se aproximam dos austríacos e a Ferrari, com uma dupla equilibrada, só está 24 pontos atrás da Red Bull no Mundial de Construtores, com Checo apenas em quinto lugar no Mundial de Pilotos. Mesmo que o piloto campeão chame atenção, é no certame de construtores que as equipes ganham dinheiro.

Já na MotoGP a movimentação foi mais intensa. Antes do final de semana de Mugello, falava-se claramente que Jorge Martin seria companheiro de equipe de Bagnaia em 2025 na equipe oficial da Ducati, numa transação esperada, ainda mais com Martin liderando o campeonato, mesmo com toda a sua banca. O que a Ducati não esperava era que Marc Márquez recusasse a vaga de Martin na Pramac, deixando os dirigentes italianos em pânico, com a possibilidade real de perder Márquez. Então a Ducati mudou de ideia e contratou Marc, deixando Martin no vácuo pela terceira vez e irritado, o espanhol se mandou para a Aprilia, com a aposentadoria de Aleix Espargaró.

Com Jorge Martin liderando o campeonato numa equipe satélite, será que a Ducati irá apoiar de forma irrestrita o espanhol? Fala-se muito que a Pramac, cujo contrato com a Ducati termina no final desse ano, não ficou nada feliz com a movimentação feita pelos italianos e teria na mesa uma fortuna para se juntar à Yamaha. E como será a relação entre Bagnaia e Márquez, dois galos no mesmo galinheiro? 

Muitas perguntas para uma semana quente no mercado da F1 e da MotoGP.

terça-feira, 4 de junho de 2024

Que pena...

 


O automobilismo americano está de luto com a morte de Parnelli Jones. Como era comum nas décadas de 1950 e 1960, Jones foi um piloto versátil, participando de vários tipos de corridas, como Indy e Stock Cars, com destaque para as suas participações nas 500 Milhas de Indianápolis, com uma polêmica vitória em 1963 com um Lotus, um ano após ser o primeiro a quebrar a barreira das 150 mph (241 km/h) de média na classificação. Parnelli Jones também foi um prolífico chefe de equipe na Indy, além de uma rápida passagem na F1. Nos últimos anos Jones lutava contra o Mal Parkinson e aos 90 anos era o vencedor de Indianápolis mais velho ainda vivo. 

domingo, 2 de junho de 2024

Dixon atravessa Destroit

 


Mesmo Detroit retornando ao 'downtown' para realizar a sua já tradicional corrida de rua, o antigo circuito que recebeu por anos a F1 e a Indy por três temporadas não tem nada a ver com o ondulado e sem graça circuito que hoje a Indy corre na Capital do Automóvel americano. No entanto, isso não impediu uma corrida insana no estado do Michigan e nessas condições de adversidade, quem se sobressaiu foi a experiência de Scott Dixon.

Narrar a corrida em Detroit em poucos parágrafos chega a ser um desafio, pois de tudo aconteceu, mas Colton Herta liderou com facilidade as primeiras voltas, mesmo que os pneus macios tenham tido um desgaste gigantesco, fazendo pilotos como Alex Palou tivesse problemas no primeiro stint. Nuvens ameaçadoras estavam ao largo de Detroit, inclusive com pingos sendo vistos nas câmeras de TV e quando o segundo colocado Scott McLaughlin bateu no muro, estava claro que a pista estava cada vez mais molhada. Ao contrário da F1, a Indy não tem os chamados pneus intermediários, fazendo com que os pilotos tivessem um desafio e tanto numa pista estreita e escorregadia. A maioria do grid optou por colocar os pneus para chuva, o que alguns, como Dixon, preferiam ficar na pista com pneus slicks. A chuva foi tão rápida, que a sucessão de bandeiras amarelas fez com que a pista secasse e os pilotos que trocaram pneus retornassem aos pits para colocar pneus slicks novamente sem perder tanto terreno.

Há uma frase nas categorias americanas de que 'bandeira amarela chama bandeira amarela'. E assim foi, com uma incontável sequência de bandeiras amarelas e vários pilotos se envolvendo em toques, particularmente no hairpin ao final da reta oposta. Pilotos como Christian Lundgaard se jogavam na freada e esperavam se segurar... batendo nos outros carros! Foi uma sessão de derby de destruição, transformando o GP de Detroit em 'Destroit'. Colton Herta, piloto dominador na primeira parte, teve uma pane mental e saiu reto numa curva, totalmente sem tomada, fazendo-o lembrar o motivo das equipes de F1 terem perdido interesse nele. Will Power se envolveu em vários toques, chegou a cair para as últimas posições após ser punido e ainda assim chegou no top-10. Vencedor da 500 Milhas semana passada, Josef Newgarden teve uma corrida para esquecer, ao ser protagonista numa das várias bandeiras amarelas, envolvendo o ex-líder do campeonato Alex Palou, errar um pit-stop e machucar um mecânico da Rahal e finalmente bater seu Penske no muro, quebrando a suspensão traseira esquerda.

Enquanto a loucura se dava na pista de Michigan, Scott Dixon fazia o que ele faz de melhor: achar uma estratégia para poupar combustível rumo a vitória. O neozelandês transformou um stint máximo de trinta e três voltas em mais de quarenta voltas, economizando combustível nas amarelas e até mesmo correndo na verde. Tendo como escudeiro o companheiro de equipe e compatriota Marcus Armstrong, manteve um ritmo decente para terminar em primeiro, com Marcus Ericsson, que ultrapassou Armstrong na penúltima volta, em segundo. Com a mesma estratégia de Dixon, mas sem a mesma manha, Armstrong recebeu a bandeirada e logo depois parou sem combustível. Com esse resultado, Dixon reassume a liderança do campeonato e se torna o único piloto até o momento com duas vitórias em corridas oficiais da Indy em 2024. Estão deixando Scott sonhar!

Auto controle


 Já no ano passado ficou claro que na disputa entre Pecco Bagnaia e Jorge Martin, o espanhol é claramente mais talentoso, mas o italiano é mais completo e foi assim que Bagnaia se sagrou bicampeão da MotoGP em cima de Martin. Num momento decisivo da temporada 2024 e também 2025, com as possíveis mudanças no time oficial Ducati, mais uma vez Bagnaia mostrou sua pilotagem cerebral durante a corrida, além de uma agressividade cirúrgica na largada, quando pulou de quinto para primeiro e dominar a prova em Mugello.

Se fora da pista a temperatura estava alta, dentro não foi tão assim. O traçado cheio de 'esses' de Mugello e a alta velocidade da pista da Ferrari não nos deu uma corrida de alta tração, como é comum na MotoGP. Talvez sabedor dessa situação, Bagnaia efetuou uma belíssima largada, após ser punido por bloquear Alex Márquez nos treinos, caindo de segundo para quinto no grid. Pecco saiu forte e se colocou por fora na temida freada da San Donato. Mais embalado, deixou Viñales para trás e já se encontrava ao lado dos líderes Martin e Bastianini. Numa manobra forte, na segunda grande freada Bagnaia se pôs por dentro e assumiu a liderança. Para não mais perdê-la. A diferença para Martin não superou 1s em nenhum momento, mas não se pode dizer que Bagnaia era ameaçado pelo espanhol, com Pecco tendo auto controle de apenas administrar a sua vantagem até a bandeirada.

Atrás de Pecco, havia uma briga interessante, mas sem maiores faíscas pela segunda posição. Pressionado e com sua vaga em xeque na equipe oficial Ducati, Bastianini deu uma bela resposta para os seus críticos, derrotando justamente quem o ameaça. Inicialmente Enea travou uma batalha a corrida inteira com Marc Márquez, que sofria de falta de potência da Ducati 2023, mas conseguiu uma agressiva manobra na San Donato, se colocando em terceiro a maior parte da corrida. Bastianini pressionou o tempo inteiro, mas se todos esperavam um ataque na enorme reta dos boxes, Enea respondeu com um ataque não menos agressivo no miolo da pista, local onde Márquez dominava. De forma inesperada, Bastianini tirou toda a diferença para Martin e na última volta, tomou a segunda posição do espanhol na última curva, com Jorge Martin claramente não querendo muita briga. Uma bela exibição de Enea Bastianini, mas que pode ter sido tarde demais, pois o anúncio da Ducati para 2025 é iminente e segundo consta, Jorge Martin irá substitui-lo.

Lá na frente Bagnaia pôde comemorar uma vitória relativamente tranquila, onde controlou bem a prova rumo a quarta vitória em 2024, recortando pela metade a desvantagem que ainda tem para Jorge Martin. Se hoje Pecco tem em Bastianini um ótimo coadjuvante e que hoje lhe ajudou bastante, para 2025 a história tende a ser bem diferente e Bagnaia tem que aproveitar o máximo o momento atual.