Antes que Max Verstappen se torne cadeira cativa dessa parte da coluna, vamos variar um pouco e colocar nomes diferentes. A Sauber vive um claro momento de transição, com a chegada iminente da Audi, mas isso significou um ano de 2024 simplesmente tenebroso para a já tradicional equipe helvética e o time corria sérios riscos de terminar o campeonato zerado. Porém, no circuito de Lusail, a Sauber conseguiu evitar o vexame de ficar no zero e marcou seus primeiros pontos e o responsável foi o chinês Guanyu Zhou. Dispensado da Sauber e tentando uma vaga de piloto reserva em 2025, Zhou fez mais uma corrida correta e com tantos abandonos, o chinês marcou os primeiros pontos da Sauber, além de derrotar com folga seu badalado e igualmente dispensado companheiro de equipe Bottas.
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
Figurão(CAT): Lewis Hamilton
Antes que Sergio Pérez se torne cadeira cativa dessa parte da coluna, vamos variar um pouco e colocar nomes diferentes. Que Lewis Hamilton está entre os grandes da história da F1, não restam muitas dúvidas, mas suas últimas corridas pela Mercedes começam a preocupar... a Ferrari! Lewis sempre foi um piloto suscetível a ter problemas quando tudo não está tudo certo com ele e sua saída da Mercedes, algo que todos sabiam desde fevereiro, pode estar fazendo com que a equipe foque mais em George Russell. Algo extremamente normal e até esperado. Porém, isso pode estar afetando a confiança de Hamilton, que não apenas fica tomando tempo do seu companheiro de equipe, como mostra uma apatia fora das pistas assustadora. Totalmente sem sintonia, Lewis conseguiu tomar duas punições na corrida por culpa única e exclusivamente dele, além de incaracterísticos para alguém tão experiente quanto ele. Hamilton queimou a largada e depois ultrapassou o limite de velocidade dentro dos pits, enquanto seguia o safety-car por dentro dos pits. Erros totalmente de novato! As entrevistas de Hamilton são melancólicas, onde apenas reclama do carro e usa a palavra 'lento' o tempo inteiro. Que a fase depressiva de Lewis Hamilton passe o mais rápido possível, para o bem dele, da Ferrari e da própria F1.
domingo, 1 de dezembro de 2024
Superioridade no deserto
Na penúltima corrida do ano, Max Verstappen ainda estava faminto para provar que o seu tetracampeonato não fora conquistado por acaso. O neerlandês surpreendeu ao ficar com a pole e mesmo perdendo-a, não baixou a cabeça, respondendo na pista, superando no braço o ritmo forte da McLaren de Norris, mostrando toda a superioridade que tem sobre o grid atual. Com o Mundial de pilotos mais do que consolidado, resta o Mundial de Construtores, que ainda está aberto.
sábado, 30 de novembro de 2024
Carregando nas costas
A classificação em Lusail foi bem tranquila, mas a saída de Hulkenberg no Q1, após o alemão ter feito uma ótima Sprint, mostrava que as equipes ainda tinham muito espaço de melhorar após apenas um treino livre. Outro ocupante costumaz do Q3 nos últimos tempos, Gasly, perdeu a posição no Q3 por meros doze milésimos, enquanto Alonso retornava ao Q3 depois de muito tempo. Piastri e Norris nem de longe repetiam o controle que tiveram na Sprint. A Mercedes aparecia forte, mas somente com Russell, com um desmotivado Hamilton andando mais para trás. Lutando pelo título de Construtores, a Ferrari fez uma classificação opaca e depois de perder pontos para a McLaren com a dobradinha dos laranjas na Sprint, largará atrás dos dois no domingo.
Verstappen mostrava uma melhorava significativa em comparação à sexta e na Sprint, brigando pelos melhores tempos no Q1 e no Q2. Com a McLaren não aparecendo, quem veio forte foi Russell, com o inglês ficando com o melhor tempo, mas Max tirou o doce da boca de George e ficou com a pole, superando o piloto da Mercedes por meros cinco centésimos, com a dupla da McLaren na segunda fila. A diferença entre Max e Checo, que sempre foi grande, chegou a 1s em Lusail. A Red Bull não tem o melhor carro, mas Verstappen fez toda a diferença.
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Na conta da torcida
Foram cinco anos na série A, onde se pode dizer que apenas dois anos foram considerados bons. A administração exemplar sofria arranhões com Robinson de Castro administrando o clube pensando mais em planilhas do que acontecia no campo. Jogadores de qualidade e índole duvidosa eram contratados e em 2022 fomos rebaixados, enquanto o rival brilhava. Cair fazia parte de um plano de contingência de um clube organizado, mas Robinson não pensou nisso. Deixou o Ceará endividado e algumas situações que pareciam ter ficado num passado distante voltaram com força em 2024, após um 2023 onde o título da Copa do Nordeste foi a única coisa a se comemorar. Jogadores entrando na justiça, dívidas aparecendo a todo momento, Transfer Ban...
Porém, o Ceará tinha a sua torcida ao seu lado. O lema é 'Nunca abandonar'. Mesmo com confusões nos bastidores, uma base forte foi montada para 2024. O criticado presidente João Paulo Silva deixou o futebol com verdadeiros profissionais e competentes. Primeiro veio o inesquecível título cearense desse ano. O Ceará era um dos favoritos a subir nesse ano, mas em 2023 também o era e decepcionou amargamente. O campeonato do Vozão não parecia promissor. Derrotas fora de casa e tropeços eventuais dentro do Castelão deixava o acesso distante. Vagner Mancini saiu, entrando em seu lugar Leo Condé, que levara o Vitória ao título da Série B em 2023. O elenco tinha bons jogadores na frente, com Aylon, Saulo Mineiro e principalmente Erick Pulga transformando o Ceará no melhor ataque do campeonato. Em compensação éramos uma das piores defesas. Condé foi consertando a retaguarda, enquanto a diretoria de futebol blindava o time das notícias ruins nos bastidores.
Se em 2009 e 2017 o Ceará ficou boa parte do campeonato no G4, nesse ano o Vozão ficou sempre por perto, mas teimava em vacilar quando estava para entrar entre os quatro primeiros. Os vacilos transformavam o acesso em algo difícil, mas não impossível. Era preciso de sete vitórias em dez jogos. Lembram que a torcida prometeu nunca abandonar? Ela não abandonou. Foi ao Castelão mesmo depois de derrotas fora de casa. Recordes eram quebrados. O Ceará foi subindo no momento decisivo, iniciando uma arrancada inesquecível. O último jogo em casa, contra o América, significou o recorde de público da Arena Castelão numa mobilização que parou a cidade. E quem lá esteve diz que tinha muito mais do que os divulgados 63.908 torcedores.
Foi uma última rodada cardíaca, onde o Ceará não fez sua parte, mas Mancini fez. Sim, o antigo técnico do Ceará treinava o Goiás que derrotou o Novorizontino e transformou o empate do Ceará com o lanterna Guarani o suficiente para um inesquecível acesso. O terceiro em quinze anos. Tomara que não precisemos de outro tão cedo. O Ceará é gigante. E sua torcida levou o time para o sonhado acesso!
terça-feira, 26 de novembro de 2024
E teremos GM!
Tentando provar que sua equipe agregaria à F1, Andretti conseguiu o importante apoio da GM, com a marca Cadillac, mas nem isso convenceu a Liberty e as equipes permitirem a entrada da equipe. Disse a Liberty que a nova equipe 'não agregaria valor à F1'. O sobrenome Andretti, junto à GM, não agrega valor a uma categoria? A Liberty queria enganar quem?
No entanto, a Andretti continuou trabalhando. Não apenas Michael seguiu contratando pessoas e construindo uma subsede em Silverstone, como Mario foi ter uma conversinha com a Procuradoria do Congresso Americano. Mesmo com a recusa da entrada, com a promessa de uma nova tentativa somente em 2028, seguir trabalhando numa nova equipe parecia estranho. Porém, o mais estranho veio depois, numa sequência de acontecimentos. Primeiro, surgiu a notícia que a investigação do Congresso chegou à conclusão de que os donos de equipe de F1 realizaram um conluio para deter a entrada da Andretti, algo que estouraria em breve. Logo depois, Michael Andretti saiu do lugar de dono da própria equipe e então Greg Maffei, CEO da Liberty, saiu do seu lugar.
Essa sequência toda fez com que a F1 anunciasse que a GM entrará na F1 em 2026 de forma repentina. No anúncio, nada foi falado em Andretti, mas a GM foi logo colocando Mario Andretti como um dos diretores da nova equipe, que se chamará Cadillac.
Uma situação estranha, para dizer o mínimo, mas voltar a ter onze equipes é bastante importante para a F1, além de contar com uma marca gigantesca fazendo parte da categoria.
Figura(LAS): Max Verstappen
27 anos, tetracampeão mundial. Dizer o que mais de Maximilian Verstappen? Um título conquistado sem ter o melhor equipamento a maior parte do ano e numa corrida controlada. Max já está entre os grandes da F1.
Figurão(LAS): Alpine
O duplo pódio em Interlagos e a consequente subida no Mundial de Construtores parecia significar um marco importante para a Alpine, mesmo já estando no final da temporada. Os franceses sabiam que o atípico resultado em São Paulo foi muito mais pelo clima instável do que um significativo avanço da Alpine, mas um ótimo resultado como aquele poderia significar o boost necessário para iniciar 2025 de uma maneira totalmente diferente do que foi o errático 2024 da Alpine. E logo na classificação em Las Vegas, um terceiro lugar de Pierre Gasly parecia corroborar com isso. No entanto, a carruagem gaulesa se transformou em abóbora na noite de sábado na fria Las Vegas. Gasly perder rendimento e ser ultrapassado por Mercedes, Ferrari e Verstappen era até esperado, mas ter o motor Renault estourado quando perseguia a Racing Bulls de Yuki Tsunoda foi um pouquinho demais e a possibilidade de pontos voou literalmente pelos ares. Enquanto isso, a corrida de Ocon era estragada por um pit-stop ou a falta dele, quando Esteban entrou nos pits e deu cara com o pit da Alpine vazio, num ruído inacreditável de comunicação. O zero ponto em Nevada complicou a situação da Alpine na luta pelo sexto lugar no Mundial de Construtores, além de reafirmar que o ocorrido em Interlagos foi algo totalmente fora da curva. Flavio Briatore terá bastante trabalho...
domingo, 24 de novembro de 2024
M4x
domingo, 17 de novembro de 2024
Super Jorge
O título de Jorge Martin foi conquistado de forma tranquila numa corrida que pode ser adjetivada como monótona em Barcelona, que substituiu o circuito Ricardo Tormo, por causa da tragédia climática que atingiu Valencia poucas semanas atrás. Com o terceiro lugar na Sprint de sábado, Martin precisava apenas de um nono lugar para se sagrar campeão em 2024. Largando em quarto, Jorge saiu muito bem e rapidamente pulou para segundo, logo atrás do seu rival Bagnaia. Atacado por Marc Márquez ainda na primeira volta, Martin não se animou a brigar com o piloto que lhe tirou a vaga na equipe oficial da Ducati de fábrica e deixou Marc se entender lá na frente com seu futuro companheiro de equipe na Ducati. Sem ter muito o que fazer, Bagnaia atacou desde o início e sempre teve a incômoda presença de Márquez lhe fustigando, mas o espanhol talvez não quisesse uma briga mais forte com Bagnaia, onde somente a vitória lhe interessava, além de ajudar seu compatriota Martin, que ficou confortavelmente em terceiro a corrida inteira. Logicamente que há a tensão de uma decisão de título, onde um erro pode ser fatal, mas nada demais ocorreu na prova barcelonesa.
E Martin pôde comemorar seu título sem maiores arroubos nesse domingo. Foi uma conquista baseado, como dito acima, na consistência, mas principalmente, pelos pontos conquistados por Jorge nas Sprints. Invenção da Dorna, as Sprints se tornaram decisivas na medida em que, mesmo os pilotos marcando a metade dos pontos, Martin soube como ninguém aproveitar os constantes erros de Bagnaia nas mini-corridas durante o ano e foi amealhando pontos, enquanto venceu apenas três vezes no domingo. Bagnaia e Martin fizeram um campeonato à parte, onde estiveram sempre na briga pelas vitórias durante toda a temporada, mas os constantes erros e a falta de carisma de ambos deu a sensação de que o campeonato foi marcado pelo nível baixo, o que não é verdade. Martin foi metódico o campeonato inteiro, mostrando sua velocidade quando necessário, principalmente nos sábados, seja na classificação, seja nas Sprints. E Jorge ainda teve a decepção de ter sido dispensado pela Ducati de fábrica pela terceira vez, fazendo o espanhol se mudar para a Aprilia, no lugar do seu amigo e protetor Aleix Espargaró. Para desespero da Ducati, Martin levará o #1 para a Aprilia em 2025, num ano novamente amplamente dominado pela equipe de Borgo Panigale, que só perdeu uma única corrida e dominou tanto o Mundial de Construtores, como as quatro primeiras posições.
O título de Martin passa também pelos erros de Bagnaia. O italiano da Ducati era o grande favorito ao tricampeonato, mas pecou justamente no seu ponto forte: a consistência. No ano passado Bagnaia derrotou Martin com sua força mental e por estar sempre marcando pontos. Nesse ano, Bagnaia venceu onze vezes, se igualando à lendas como Rossi, Agostini, Doohan e Stoner, mas suas quedas e erros, principalmente nas Sprints, machucou demais o campeonato de Pecco, o deixando com o título fora de suas mãos ainda na perna asiática, quando Martin mais administrou o campeonato. Bagnaia terá que melhorar bastante e tratar de errar menos, para não ficar com a pecha de um multi-campeão menor na MotoGP, além de que em 2025, receberá Marc Márquez na equipe. O espanhol lhe deu uma chance arriscada ao deixar a Honda e ir para a menor equipe das satélites da Ducati. Logo Márquez mostrou seu incrível talento na melhor moto do pelotão, lhe rendendo três vitórias no campeonato e o terceiro lugar no campeonato. Tudo indicava que Marc iria para a Pramac e Martin subiria à equipe oficial, mas a recusa de Márquez em mudar-se para outra equipe satélite pegou a Ducati de surpresa e como resultado, causou todo um rebuliço no mercado de pilotos, fazendo com que Márquez ultrapassasse Martin na luta por uma vaga na Ducati Lenovo, numa manobra bem discutível.
Márquez mostrou que já entrará na Ducati como um dos favoritos. Seu talento ainda está lá, mesmo que após tantos machucados, não esteja como nos velhos tempos. Marc lutará com Bagnaia, com quem já bateu no começo do campeonato, o que pode envenenar o ambiente da Ducati de fábrica. Enea Bastianini não teve a desculpa das contusões para mais um campeonato irregular na equipe oficial da Ducati e sem espaço com os italianos, se mudou para a KTM, juntamente com Maverick Viñales, outro piloto que se mostrou on-off. O espanhol foi o único piloto não-Ducati a vencer em 2024, mas foi capaz também de atuações horrorosas, como a de hoje. Por esse motivo, a Aprilia não o quis como segundo piloto, preferindo trazer Marco Bezzecchi, ao lado de Martin em 2025. A KTM teve um ano decepcionante, mas pelo menos revelou Pedro Acosta, mais um piloto espanhol brilhante, que muitas vezes liderou a KTM, mas perdeu o posto de melhor piloto da equipe austríaca para Brad Binder na última corrida. A KTM se livrou de Jack Miller e terá uma equipe forte para o próximo ano, mas necessita melhorar a moto. O australiano conseguiu abrigo na Pramac, onde já correu. Porém, a Pramac não correrá mais com a Ducati, também decepcionada pela escolha por Márquez e assinou com a Yamaha, que assim como a Honda, tentará uma ressurreição após uma temporada tenebrosa das montadoras japonesas.
A MotoGP finalizou seu campeonato com um campeão digno das belas corridas que nos mostrou ao longo de 2024, porém, ficam algumas dúvidas para o futuro da categoria. A entrada da Liberty Media, que comprou a Dorna, pode dar uma guinada na categoria. A F1 viu sua popularidade crescer bastante com a Liberty, mesmo que desagradando muitos puristas. A MotoGP teve boas corridas, como sempre, mas seus dois protagonistas nem de longe tem o carisma de outros campeões que a categoria já teve. Mesmo em disputa renhida, Bagnaia e Martin trocavam elogios, frustrando quem esperava uma briga franca dentro e fora das pistas. A Liberty já deu o recado que não quererá a 'espanholização' trazida pela Dorna e por Carmelo Ezpeleta, que pode estar de saída. Faltou uma maior exploração das belas corridas e do campeonato apertado que tivemos. Isso é fato. Talvez a Liberty corrija isso, mas tomara também que não mexa em certos valores que a MotoGP tem e terão que ser mantidos. Para o bem de todos.
domingo, 10 de novembro de 2024
Logano é tri!
Byron contou com a ajuda do seu companheiro de Hendrick Kyle Larson, mas a dupla da Penske se mostrou fortíssima no final. Com a queda de rendimento de Christopher Bell, que mesmo não estando entre os quatro contendores liderou boa parte da prova, Logano emergiu na frente na última relargada e de lá não saiu mais. Blaney teve que superar Larson e Byron para uma tentativa desesperada de manter o título, mas Logano sua experiência para conter o companheiro de equipe nas voltas finais e conquistar seu terceiro título na Nascar Cup, se colocando entre os grandes da categoria. Considerado um prodígio nas categorias de baixo, Logano só desabrochou quando mudou da Gibbs para a Penske em 2013, quando muitos imaginavam que Joey seria uma eterna promessa.
Logano era perseguido por alguns pilotos mais durões por ser protegido, mas o americano não baixava sua guarda e aos poucos, conquistou o respeito dos demais sendo bastante agressivo nas pistas, tornando Logano um dos pilotos mais odiados da Nascar. Porém, após conquistar o título em 2018 e 2022, Logano bateu Blaney e com apenas 35 anos de idade, um menino para os padrões da Nascar, Joey poderá aumentar ainda mais sua estatística, mesmo que isso não lhe traga mais popularidade.
Que pena...
Você tem um sonho?
Desde que me entendo por gente acompanho a F1 e me via em algum momento sentindo a emoção de ver tantos os carros como os pilotos de perto. Haviam alguns empecilhos, pois vivo no Ceará e o Grande Prêmio do Brasil se realiza bastante longe de onde moro. Outro era o preço, proibitivo enquanto você ainda somente estuda. Como falei, nós batalhamos para realizar alguns dos nossos sonhos. Nos últimos anos comecei a me programar para ver a F1 na pista, só não contava com a dificuldade que era conseguir um ingresso, mesmo tão caro. Quando ouvia falar do início da venda de ingressos para o GP Brasil do ano seguinte, rapidamente se esgotavam. Em certo momento já me conformava em ver, como sempre faço desde o final da década de 1980, as corridas em Interlagos da mesma forma como as demais etapas do calendário da F1: pela TV. No entanto, uma combinação de situações me pôs em contato com uma excursão de Pernambuco e em 2024 finalmente pude colocar meus pés no templo sagrado de Interlagos.
Já havia assistido corridas de forma presencial no surrado e resiliente circuito do Eusébio (outro autódromo correndo risco de desaparecer), tendo visto corridas de F3 e da Truck. Como me falou Márcio Madeira, para quem curte automobilismo, vale a pena ver uma corrida no autódromo pelo menos uma vez na vida para sentir toda a emoção do automobilismo. Porém, a F1 é muito diferente de tudo que já havia presenciado. O ronco do motor de um F1 está longe de arrebatar corações, mas quando me aproximava do portão do setor A de Interlagos e a primeira sessão de treinos livres já havia iniciado, escutei um carro passar. Senti o primeiro arrepio do final de semana. Quando finalmente entrei, quase quebrei uma regra, pois como criança, queria correr para ver a pista, não me importando muito se havia um procedimento para uma pessoa iria ingerir bebidas alcoólicas ou não. Então, vi uma Mercedes passando na minha frente. A sensação de velocidade era absurda, saindo do Café em direção a reta dos boxes. Parei e apenas curti. Como já havia experimentado em outros tipos de corridas, há uma mistura de sentidos quando um carro de competição passa na sua frente. Há a sensação de velocidade, há o som do carro e também o cheiro de gasolina de competição no ar. Mas com todo respeito aos F3 que havia assistido muitos anos atrás, não dá para comparar com um F1. Fiquei esperando passar cada carro de cada equipe, identificando um a um. Sim, tudo que havia visto pela TV estava passando na minha frente. O colorido dos carros e os capacetes, mesmo escondidos pelo Halo, eu também pude identificar. Para a minha sorte, as equipes não mudaram muito as cores dos carros, então vi o vermelho Ferrari, o preto/prata da Mercedes e por aí vai.
Fiz um cálculo de cabeça e provavelmente os carros passavam a mais de 300 km/h por ali. Fui explorar outros setores. Aproveitei minha altura e enxerguei outras partes da pista. A velocidade em que os carros fazem o Laranjinha é impressionante, com os bólidos no limite da aderência. Um fato que me chamou atenção foi a entrada dos boxes. Algo que pela TV é banal, ao vivo é algo que você respeita o que esses caras fazem. Os carros entram muito rápido e então freiam forte e vocês escuta as marchas baixando. Os estalos do motor. Então os carros fazem o Esse de alta antes de adentrar os pits. Acabou o treino. Adrenalina ainda a mil. Tirei algumas fotos, peguei algumas dicas de quem já havia vindo à Interlagos outras vezes. Uma delas falava do clima maluco que faz ali. Para quem vem do Ceará, frio não é algo comum, ainda mais com o sol forte que fazia no momento em que chegamos, mas já sabia que havia previsão de chuva para os três dias. Estava despreparado para o que viria. Na sexta à tarde, o tempo mudou radicalmente. Se não choveu, começou a ventar e esfriou repentinamente a ponto do cearense da gema aqui ficar com os braços cruzados. Fiquei mais próximo da pista, a velocidade dos carros é incrível.
Depois da Sprint, o sol foi se escondendo aos poucos, mas nada dizia que uma tempestade de avizinhava. Na corrida da Porsche, que por sinal tem um ronco mais bonito que o da F1, o céu escureceu de uma vez e uma tromba d'água se abateu sobre Interlagos. Só depois soube que São Paulo havia parado. De longe dava para ver que a Curva do Lago fazia jus ao seu nome. Vai ter treino? Não vai? O chefe da excursão preferiu não arriscar e chamou todo mundo de volta. Sábia escolha.
Quando Max tomou a liderança, ele começou a marcar volta mais rápida em cima de volta mais rápida. No começo, ninguém se impressionou muito, mas na medida em que ele passava e o telão mostrava outra volta mais rápida, começaram a surgir os 'oh'. Eu mesmo exclamei: ele agora tá só brincando! Os apupos se transformaram em aplausos de respeito quando Max Verstappen cruzou na nossa frente pela última vez. Fora uma exibição de gala. E eu estava lá!
No entanto, o último arrepio que senti e esse foi o mais forte, foi quando saía de Interlagos depois da corrida (Não arrisquei invadir a pista...). Eu tinha conseguido realizar meu sonho. Aqueles carros e pilotos que via apenas pela TV, tinha visto com meus próprios olhos. Senti o que era a velocidade de um carro de F1 e até senti seu cheiro. Pelo investimento feito, talvez o perrengue era grande demais, mas isso não importava muito. Indico demais para todo fã de F1 que, se puder, vá pelo menos uma vez à Interlagos.
Vale a pena!
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
Teremos Brasil
A chegada de jovens pilotos impressionando em suas corridas iniciais na F1 certamente ajudou a causa de Bortoleto. Bearman, Lawson e Colapinto impressionaram em suas estreias na F1, indicando que a categoria passa por uma benvinda renovação e que mesmos pilotos que não foram multi-campeões nas categorias de base podem fazer a diferença. Já Bortoleto é um piloto consagrado nas categorias de baixo. Campeão em sua estreia na F3, Gabriel começou sua carreira na F2 impressionando a todos, incluindo uma vitória histórica em Monza, largando de último rumo à primeira posição. Contratado pela McLaren, Gabriel sabia que dificilmente encontraria lugar na equipe de Zak Brown, mesmo tendo uma carreira que lembra bastante Oscar Piastri, dito e havido como o próximo talento geracional da F1.
Mesmo apadrinhado por Alonso, Bortoleto sabia que a vaga de Aston Martin nunca seria sua, por causa do encosto chamado Lance Stroll. Restou ao brasileiro olhar para as demais equipes e rapidamente surgiu o cockpit da Sauber. Pelo terceiro ano contando com os insossos Valtteri Bottas e Guanyu Zhou, o time que foi comprado pela Audi passa por um momento complicado, apenas um ano antes da equipe mudar de nome definitivamente para a montadora alemã. Já tendo contratado o experiente Nico Hulkenberg, era evidente que o outro piloto dos alemães seria um jovem, mas o surgimento de Colapinto, além da eterna (e será assim, pelo jeito) Mick Schumacher colocavam dúvidas para quem acompanhava a negociação entre Sauber e Bortoleto, sem contar o vínculo com a McLaren.
Sem querer atrapalhar o pupilo, a McLaren liberou Bortoleto para assinar com a Sauber, algo anunciado nessa manhã. Certamente uma vitória para o automobilismo brasileiro e para Gabriel, que felizmente não passará pelo suplício de Felipe Drugovich, campeão de F2 e sem chances na F1. Porém, a torcida brasileira terá que ter bastante paciência com o primeiro ano de Bortoleto. A Sauber não dará um pulo de uma hora para outra e provavelmente ficará no pelotão intermediário em 25. Não poderá faltar apoio para Bortoleto, mesmo com resultados tímidos no início, mas também Gabriel precisará de resultados acima do normal, como fizeram os jovens que estrearam mais cedo, para impressionar e solidificar sua chegada à F1. E que sua estadia seja bem longa na F1!
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
Figura(BRA): Max Verstappen
O que dizer de um piloto que largou em 17º e venceu com 20s para o segundo colocado? Ah, Max teve sorte com a bandeira vermelha. Sim, a sorte dos campeões! Verstappen quebrou uma seca de dez corridas para vencer numa exibição histórica em Interlagos, onde não colocou a roda fora do lugar em nenhum momento das 69 voltas da corrida, imprimindo um ritmo inacreditável, colocando o neerlandês não apenas no caminho do tetracampeonato, como colocando Max Emilian Verstappen em outro patamar dentre os gigantes da história da F1.
Figurão(BRA): Lance Stroll
Mesmo Lando Norris merecesse estar por aqui por causa da rateada na corrida, que lhe custou o campeonato e muito provavelmente sua grande chance de ser campeão, Lance Stroll conseguiu ser ainda mais presepeiro em Interlagos. O canadense destruir carros para que seu pai conserte já é algo normal na F1 atual, mas em Interlagos Lance se superou numa pane mental histórica, que já lhe jogou no folclore do Grande Prêmio do Brasil. Depois de ter batido seu Aston Martin na caótica classificação realizada no domingo, Stroll saiu com seu carro consertado para a volta de apresentação e na freada para a curva do Lago, perdeu o controle do seu carro. Isso por si, já seria mais do que suficiente para deixar Stroll aqui, mas o que veio a seguir foi o motivo dele estar por aqui. Tentando colocar seu carro na pista, Lance resolveu passar por cima de uma caixa de brita. Mesmo molhada, uma caixa de brita é mais do que suficiente para atolar o carro. Algo óbvio e banal. Não para Stroll, que atolou seu carro de forma ridícula na frente da torcida, que não perdoou a presepada e gritou 'Drugo', enquanto Lance olhava todo o trabalho dos seus mecânicos ir embora por um erro inacreditável. Por mais que sejam bem pagos, os mecânicos da Aston Martin tem a certeza de algo que muitos já sabem: Lance Stroll não pertence à F1.
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
Figura(MEX): Carlos Sainz
Nas últimas semanas Carlos Sainz declarou que ainda queria uma vitória pela Ferrari nessas últimas provas com o time italiano. Além de querer sair por cima, Sainz sabe muito bem que dificilmente terá chances de vitória em condições normais nos próximos dois anos, com a Williams. E o espanhol cumpriu o prometido com categoria! Sainz esteve sempre entre os mais rápidos nos treinos e conseguiu uma pole enfática no sábado. Uma má largada, somada a agressividade desmedida de Max Verstappen deixou Sainz em segundo, mas numa manobra audaciosa, o espanhol ultrapassou Max e rumou para uma vitória enfática. Pela primeira vez na carreira Carlos Sainz venceu mais de uma corrida de F1 numa mesma temporada, indicando que merecia algo melhor do que um lugar na Williams em 2025.
Figurão(MEX): Sergio Pérez
Está difícil tirar Checo dessa parte da coluna... Correndo em casa, Sérgio Pérez teria sua enésima chance de convencer a cúpula da Red Bull e cumprir o contrato com ele para o próximo ano, no mínimo, mas Checo teve outro final de semana calamitoso e nem mesmo o apoio da torcida e do seu principal mecenas, Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, adiantou. Logo de cara Pérez caiu no Q1 na classificação, fazendo-o largar das últimas filas, aumentando de antemão seu trabalho no domingo, só que Pérez piorou sua situação ainda mais ao estacionar seu carro fora do colchete no grid de largada, lhe rendendo de cara uma punição de 5s. Para completar, Pérez se envolveu num incidente polêmico com Liam Lawson, seu pretenso sucessor no cockpit da Red Bull, demonstrando até mesmo um certo desespero quando se viu em disputa com o neozelandês. Pérez forçou uma ultrapassagem para lá de otimista e tudo que conseguiu foi toques com Lawson e danificar seu carro, fazendo com que Pérez terminasse sua prova caseira em último. Depois da corrida, Christian Horner admitiu o óbvio, de que a 'F1 é baseado em desempenho e que medidas duras teriam que ser tomadas'. Recado mais claro que esse, impossível.
domingo, 27 de outubro de 2024
Cumprindo promessas
Algumas verdades
Na molhada pista de Buriram, Francesco Bagnaia mostrou toda a força da Ducati, talvez uma das melhores motos da história da categoria rainha do Mundial de Motovelocidade. Bagnaia venceu pela nona vez em 2024, mais do que em seus dois títulos na MotoGP, mas ainda mantém uma desvantagem de dezessete pontos no campeonato. A verdade foi que Pecco se escorou na potência da Ducati e a força da equipe oficial para se manter na briga pelo título. O italiano cometeu erros demais para um bicampeão da MotoGP e piloto oficial da montadora dona da melhor moto do pelotão. Bagnaia poderá entrar para a história como um dos multi-campeões menos respeitados do Mundial de Motovelocidade.
Jorge Martin se aproveitou dessa situação otimizando sua pilotagem bem mais exuberante que Bagnaia. O espanhol foi bem mais cerebral do que ano passado, quando perdeu o foco quando era claramente o piloto mais rápido do pelotão. Martin chegou em segundo lugar após perder a ponta por causa de um erro e teve paciência em ficar pressionando Márquez até o compatriota cair. Martin poderá ser campeão com uma equipe satélite pela primeira vez desde 2001 com Valentino Rossi. No entanto o não-passo para a Ducati oficial ocasionou uma série de fatos que poderá atrapalhar todo esse feito. Ao ser preterido por Márquez, Martin assinou com a Aprilia, que não vem em boa fase e a Pramac saiu da Ducati para a Yamaha, que ainda tenta lembrar dos bons tempos. O ano seguinte dos campeões, caso Martin não pise no tomate nas provas finais, tende a ser muito complicado.
E por último, Marc Márquez, mesmo caindo pela enésima vez na temporada, mostra que é o favorito ao título de 2025. Quando estiver de vermelho da equipe oficial, Márquez terá todo o apoio da Ducati e pelo que vem mostrando com a Gresini e a moto do ano anterior, Marc terá todas as condições de bater Bagnaia na outra Ducati oficial, além de sobrepujar um fragilizado Jorge Martin. Marc é diferenciado, o mesmo valendo para Pedro Acosta, terceiro colocado hoje e melhor piloto da KTM, derrotando os dois pilotos oficial da montadora nas voltas finais. Essas verdades já podem ser confirmadas na próxima etapa, quando Martin poderá se sagrar campeão antecipado em Sepang.
sábado, 26 de outubro de 2024
Ferrari cresce com o piloto errado
A classificação no Circuito Hermanos Rodríguez teve início com muita festa para Sergio Pérez, mas dezoito minutos depois o mexicano já estava fora do carro, lamentando outro resultado horroroso. Mesmo com seus mecenas anunciando que Checo estará com a Red Bull em 2025, a situação do mexicano se complica mais e mais. Esse revés na frente de sua torcida é apenas mais um capítulo da carreira de Sergio Pérez se desmilinguindo na frente de todos. Menos mal para Checo é que ele teve companhia ilustre, com a desclassificação de Oscar Piastri, depois do australiano ter liderado o TL3, mas um erro de Oscar o fez amargar outra eliminação no Q1. Max Verstappen teve uma sexta-feira para esquecer, com problemas no motor e no freio do seu Red Bull, mas o neerlandês ia se mantendo na luta pela volta mais rápida, que tinha a Ferrari muito bem, mas com Sainz mais rápido do que Leclerc.
O Q3 viu uma briga equilibrada entre Ferrari, Verstappen e Norris, com Max tendo o dissabor de ter sua primeira volta no Q3 deletada pelos track limits. Leclerc não conseguia acompanhar Sainz, que melhorou ainda mais seu tempo para uma pole forte, enquanto Max tirava tempo não se sabe de onde para ficar com a primeira fila, superando mais uma vez Lando, apenas terceiro. A longa reta antes da freada da primeira curva pode deixar a luta pelo melhor posicionamento no primeiro stint bem imprevisível, mesmo com a Ferrari crescendo nesse último terço de campeonato.
segunda-feira, 21 de outubro de 2024
Figura(EUA): Liam Lawson
O neozelandês já havia mandado seu recado quando substituiu Daniel Ricciardo por algumas corridas no ano passado, mas de forma inacreditável, a cúpula da Red Bull decidiu manter Liam Lawson na reserva de Ricciardo na nova Racing Bulls. A esperança de Horner era que o australiano performasse a ponto de convencer o resto da cúpula da Red Bull a trazer Ricciardo para o lugar de Pérez na equipe principal da Red Bull, mas a realidade é que se Checo não está fazendo por onde estar na Red Bull, Ricciardo foi ainda pior e apenas perambulava no meio do pelotão, dando a pinta de ser um 'ex-piloto em atividade'. A demissão de Ricciardo até demorou, principalmente com o que Lawson fez em Austin. O jovem oceânico marcou o terceiro melhor tempo do Q1 e tendo que largar em último por troca de motor, Lawson fez uma corrida de recuperação de manual, escalando o pelotão com pneus duros e fazendo um enorme undercut que surpreendeu até mesmo seu companheiro de equipe Tsunoda, fazendo com que Liam retornasse à F1 na zona de pontuação e mostrando que a Racing Bulls perdeu bastante tempo fazendo aposta no café requentado que foi Ricciardo.
Figurão(EUA): FIA
Novamente a dona FIA aparece nessa parte da coluna por aqui. E novamente pela falta de critério em distribuir penalizações aos pilotos, além de modificar o resultado da pista e como consequência, mudar o panorama do campeonato. O pior dessas situações é que na maioria das vezes as situações são semelhantes, mas os resultados são tão díspares, que fazem todos os envolvidos na F1 clamar por algum critério nas punições (ou não-punições) aos pilotos ao longo das corridas, mas se há um critério entre os comissários de pista da FIA é... não ter critério!
domingo, 20 de outubro de 2024
Dois pesos, duas medidas
O primeiro safety-car na F1 em dez corridas trazido por um irreconhecível Lewis Hamilton não mudou o panorama da prova, mesmo que Leclerc tenha relargado com Verstappen mais próximo do que o desejável pela cúpula ferrarista. Rapidamente Charles abriu uma boa vantagem sobre Max, corroborando com as expectativas de que a Ferrari tinha um ritmo muito forte em Austin. Sainz chegou a relatar problemas e até um cheiro de combustível no cockpit, mas se manteve sempre próximo de Max, enquanto a dupla da McLaren fazia uma corrida para lá de discreta. Enquanto haviam algumas brigas no pelotão intermediário, os primeiros colocados se mantinham estáticos, esperando para a primeira rodada de paradas, onde o undercut em Austin faria muita diferença. Como sempre acontece nesses casos, parar cedo demais poderia ser cobrado um preço mais à frente, mas Sainz parou já nas proximidades da metade da corrida e como o espanhol saiu dos pits com pneus duros, a estratégia para todos era clara: uma única parada.