domingo, 28 de julho de 2024

Medalha cassada

 


O circuito de Spa-Francorchamps teve parte do seu asfalto recapeado, fazendo com que as equipes só tivessem algo com que se preocupar após os treinos livres de sexta-feira: o desgaste de pneus. Mesmo que a chuva tenha aparecido no sábado, todos os pilotos falavam apenas de pneus para a corrida e havia uma certeza: todos fariam a estratégia de duas paradas. Porém, quem pensou fora da caixa conseguiu o grande prêmio e essa pessoa foi George Russell e a equipe Mercedes. O inglês fez sua primeira parada igual a todo o primeiro pelotão, mas ao contrário dos seus rivais, Russell não foi mais aos pits e com uma pilotagem brilhante, George conseguiu a segunda vitória em 2024, superando por muito pouco Lewis Hamilton, numa dobradinha da Mercedes, com Oscar Piastri fechando o pódio logo atrás. 


Nem sempre circuitos tradicionais são palcos de grandes corridas, mas em 2024 Spa viu uma das melhores corridas dos últimos anos, nessa surpreendente temporada de 2024, donde se esperava corridas enfadonhas em mais um domínio da Red Bull e na verdade estamos vendo corridas disputadas. Na Bélgica, as quatro principais equipes estiveram em claro equilíbrio, mesmo que a Ferrari esteja um degrau abaixo, mas ainda o suficiente para fazer com que Leclerc fizesse uma bela corrida. Todos esperavam que Max Verstappen, que massacrou a concorrência nos treinos, escalasse o pelotão como havia feito nos dois anos anteriores, quando a Red Bull aproveitou as características de Spa para trocar o motor e mesmo punido, que favorecesse o seu piloto para uma corrida de recuperação. Haviam até apostas de quando Max chegaria à liderança, mas o próprio neerlandês havia alertado que ao contrário de 2022 e 2023, a Red Bull não tem o mesmo domínio. A largada foi bem convencional e logo de cara Lewis Hamilton mostrou a que veio, superando Sergio Pérez de cara, numa manobra no limite para subir para segundo. Já Lando Norris continuava a sua triste tradição de largar mal, pegar cascalho na saída da Surcis e de quarto, parar em sétimo, chegando a atrasar ligeiramente Verstappen. Saindo de décimo primeiro, rapidamente Max pulou para oitavo, superando os pilotos do pelotão intermediário, mas quando viu a traseira de Lando Norris, Max viu sua escalada terminar aí. Ainda na segunda volta, Hamilton pegou o vácuo de Leclerc na saída da Radillon e assumiu a ponta da corrida. Com os pilotos bastante preocupados com o desgaste de pneus, o pelotão estava compacto, sem maiores trocas de posições.


Enquanto o pessoal do pelotão intermediário, liderados por Alonso, procurou os pits bem cedo, os oito primeiros colocados andavam próximos, mas sem maiores brigas, numa corrida de espera. Verstappen pensou em fazer o chamado undercut e ultrapassar todo o pelotão à sua frente, mas o que a Red Bull não esperava era ver George Russell fazer o mesmo, se mantendo confortavelmente na frente de Verstappen. Isso inaugurou a primeira rodada de paradas dos líderes, com Sainz e Norris ficando mais tempo na pista, ensaiando algo que ninguém havia pensado: parar apenas uma vez. Com os pilotos parando em voltas diferentes, vimos Piastri superando Pérez, que começava a perder rendimento aos poucos, enquanto Lando demorou a fazer sua parada e quando o fez, sem surpresas, voltou à pista 6s atrás de Verstappen, mas com pneus melhores, se aproximou do piloto da Red Bull. E por lá ficar. Sainz foi até onde deu, mas perdeu muito tempo e a corrida do espanhol tinha ido para o espaço. A corrida se mantinha próxima, com Hamilton, Leclerc e Piastri andando próximos, com um ligeiro espaço para Russell, Pérez, Verstappen e Norris. A corrida era tensa, pois fazer uma parada mais cedo poderia fazer toda a diferença. Leclerc abriu os trabalhos, com Hamilton, a dupla da Red Bull e Norris fazendo o mesmo. Surpreendentemente Sainz fez um stint bem curto e parou pela segunda vez. Com pista livre, Piastri fazia tempos parecidos de Hamilton e Leclerc, enquanto a corrida de Pérez piorava e teve que ceder a posição para Verstappen, que com pneus médios, deixou Checo para trás, mas tinha a presença incômoda de Norris enchendo seus retrovisores. 


Nesse momento, Russell teve a ideia: penso que podemos ficar até o final. Parecia arriscado e praticamente ninguém pensou nisso, mas a equipe Mercedes comprou a ideia. Piastri poderia ter feito o mesmo, mas a McLaren foi conservadora e trouxe o australiano aos pits, que errou o lugar do pit-stop, perdendo um tempo precioso, que lhe faria muita falta no final. A corrida ficava mais empolgante. Piastri voltou muito rápido, partiu para cima de Leclerc e ganhou a terceira posição do ferrarista, enquanto Hamilton se aproximava cada vez mais de Russell. Mais atrás, Pérez era ultrapassado por Sainz para ficar em oitavo na corrida e no campeonato, muito provavelmente selando seu futuro. A dupla da Mercedes se aproximava, enquanto Piastri era o mais rápido da pista e Leclerc segurava Verstappen e Norris. Era uma corrida daquelas para se lembrar. Quando Hamilton finalmente chegou no alcance do DRS, parecia que a ultrapassagem seria consumada até mesmo com facilidade, mas mostrando que estava num dia abençoado, Russell praticamente não deu chances ao seu companheiro de equipe e segurar a vitória. Hamilton viu Piastri se aproximar e os três primeiros colocados receberam a bandeirada juntos. Cinco segundos depois, o trio Leclerc, Verstappen e Norris chegaram igualmente colados para receber a bandeirada. Seis primeiros colocados, de quatro equipes diferentes, chegaram separados por meros 10s. Uma bela corrida.


A Mercedes mostrou que após dois anos que parecia estar em lugar algum, finalmente encontrou o caminho certo no desenvolvimento do carro, levando a pensar se Hamilton fez mesmo a coisa certa em assinar com a Ferrari, hoje a quarta força da F1. A McLaren conseguiu bons pontos, se aproximou ainda mais da Red Bull no Mundial de Construtores, mas novamente pisou na bola na estratégia, quando era nítido que manter Piastri na pista, com o mesmo ritmo de Hamilton e Leclerc que tinham acabado de fazer suas paradas, era o correto. Se a primeira vitória encheu de confiança Norris em Miami, o mesmo parece ter acontecido com Piastri após seu primeiro triunfo na Hungria, com o australiano fazendo uma corrida muito boa, superando novamente Norris. Depois das brigas com Verstappen na Áustria, muito se esperava que Norris poderia ser um rival para o neerlandês no Mundial de Pilotos, mas o inglês fraquejou novamente em Spa. Mesmo com mais carro, em nenhum momento Norris tentou um ataque mais incisivo em cima de Max, que mesmo com todas as dificuldades, ainda aumentou sua margem no campeonato. Hoje a Red Bull pode estar como a terceira força do campeonato e mesmo demitindo Sergio Pérez nesse recesso de férias, a verdade é que o time perdeu bastante terreno, principalmente para McLaren e Mercedes. Se no Mundial de Construtores os quatro primeiros estão separados por meros 120 pontos (muito pouco, com metade do campeonato por vir), o Mundial de Pilotos parece ainda bem tranquilo para Verstappen, pois Lando Norris não nos anima e já vê Piastri meros 23 pontos atrás.


Revelando o abismo entre as quatro grandes e o resto, Alonso liderou soberano o pelotão intermediário e recebeu a bandeirada 50s atrás dos líderes. Os dois pontos do nono lugar é o máximo que Alonso pode esperar numa corrida sem abandonos ou problemas para os pilotos de Red Bull, McLaren, Mercedes e Ferrari. Porém, a briga pelo último pontinho foi boa e durou até o final, ganha por Esteban Ocon, que desde que foi anunciado a sua partida da Alpine, começou a encaçapar Pierre Gasly de forma sistemática. Daniel Ricciardo foi ultrapassado no final, dificultando ainda mais a vida da Red Bull para escolher quem ficará na equipe em 2025 ou até mesmo após as férias. Albon largou entre os dez primeiros, mas não teve ritmo, com a Sauber permanecendo sendo a única a não pontuar e viu o único abandono do dia, com Zhou. Porém, assim, como lá na frente, o pelotão intermediário viu equilíbrio entre si, com apenas 20s separando Alonso (9º) e Bottas (16º).


A corrida em Spa mostrou que a F1 vive um ótimo momento, com quatro equipes brigando pela vitória de forma apertada. A esperada convergência de regulamento veio e de equipe dominante, a Red Bull agora luta para chegar  junto com as duas equipes principais da Mercedes, mesmo a McLaren jogando pontos fora de forma sistemática, terminando com as chances de termos uma briga pelo Mundial de Pilotos, ainda mais com a fase menos boa de Lando Norris. Max Verstappen não fez a corrida de recuperação esperada, muito pela limitação do seu carro, mas ainda lidera soberano a corrida, mesmo vindo de quatro corridas sem vitórias. Contudo, tudo isso foi para o vinagre com a desclassificação de George Russell. De nada adiantou sua baita estratégia e sua brilhante pilotagem, pois o seu Mercedes estava 1,5kg abaixo do peso mínimo.

sábado, 27 de julho de 2024

Zebra chuvosa


 Se há algumas certezas na vida, é que o tempo estará complicado em Spa e em 2024 não foi exceção. Após uma sexta-feira até mesmo tranquila e com tempo firme, a chuva veio com força no sábado e com ela, vieram algumas surpresas na classificação da F1 e até atrasou a largada da F2, mas felizmente a chuva não estava tão forte no início da classificação. Querendo dar respostas após a corrida tumultuada na Hungria, Max Verstappen dominou a classificação em casa, lembrando que o representante da Red Bull nasceu na Bélgica. Porém, como Max terá dez posições de punição por ter trocado o motor pela quinta vez, Verstappen largaria no máximo em décimo primeiro, algo que conseguiu. No entanto, a segunda posição, que se tornou o pole de domingo, ficou com Charles Leclerc, levando nas costas uma Ferrari que é hoje a quarta força da F1.

Após uma tempestade castigar a floresta das Ardenas, a chuva cessou minutos antes da classificação, possibilitando que os carros fossem à pista, ao contrário da turma da F2, que viu a largada ser adiada, no entanto, a pista em nenhum momento secou e os pilotos usaram o tempo todo pneus intermediários. A única surpresa do Q1 acabou sendo Yuki Tsunoda, que vinha de boas exibições e ficou na primeira parte da classificação. O pressionado Sergio Pérez suou frio quando conseguiu passar ao Q3 por muito pouco, mesmo com vários pilotos melhorando seus tempos e o mexicano foi décimo, apenas três milésimos na frente de Albon. Stroll, que bateu no TL3 e quase não foi para a classificação, tomou muito tempo de Alonso e Gasly ficou no Q2, enquanto o demissionário Ocon foi ao Q3, fazendo a alegria da Haas, que anunciou sua contratação para 2025. Boa sorte Bearman...

Em todo momento Max Verstappen dominou em Spa, algumas vezes com vantagens superiores a 1s. No Q3, com o risco da chuva ficar mais forte, Max continuou sua superioridade, mesmo sabendo que não largará amanhã na pole. Verstappen ficou com o melhor tempo, mas a badalada McLaren não capitalizou. Com Piastri andando mais forte do que Norris em pista molhada, os laranjas não brigaram pelo segundo lugar e quem esteve na posição por algum tempo foi o surpreendente Pérez, finalmente fazendo o que dele se espera. Porém, Leclerc tirou uma super volta com o cronômetro zerado e tirou o doce de Checo, garantindo a pole amanhã, numa autêntica zebra, mesmo Charles tendo uma Ferrari nas mãos. Para amanhã, a expectativa é que tempo firme, o que favoreceria a McLaren, que sairá na segunda fila, mas pelo o que mostrou na chuva, ninguém pode descartar Verstappen.

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Figura(HUN): Oscar Piastri

 O australiano não mereceu todo o constrangimento que a McLaren o fez passar, mas Oscar Piastri mereceu demais vencer sua primeira corrida na F1. Correndo ao lado de um dos melhores pilotos da atualidade, Piastri só foi derrotado por Lando Norris por meros quatro centésimos de segundo. Oscar conseguiu uma ótima largada, não se intimidando com a fechada recebida por Lando e se sobressaiu após a primeira curva, liderando a corrida inteira, com exceção das voltas em que foi aos boxes e no erro estratégico da McLaren, que causou um undercut involuntário e um grande constrangimento. Piastri não merecia ter passado por isso, mas a vitória após apenas dezoito meses mostra que a McLaren fez em ter lutado tanto para ter o australiano na equipe.

Figurão(HUN): Alpine

 O início de temporada tenebroso da Alpine parecia ter ficado para trás. Os franceses não apenas iam ao Q2, como beliscavam o Q3 e marcavam pontos com relativa regularidade, iniciando até mesmo uma situação em que a Alpine poderia brigar com a Aston Martin para ser a quinta força da F1 em 2024. No entanto, tudo veio abaixo na Hungria. Num circuito de altíssimo downforce junto ao forte calor, fez com que o carro gaulês derretesse no escaldante asfalto magiar. Ocon e Gasly tiveram sérios problemas de equilíbrio em todo final de semana, culminando numa classificação em que a Alpine ocupou a última fila, relembrando tempos nada bons, quando os franceses lutavam arduamente para sair das últimas posições. Provando que não se tratava de algo pontual, a dupla da Alpine passou longe de lutar pelos pontos no domingo e Gasly foi o único abandono, com Ocon superando por pouco Zhou para não ser o último colocado. A peculiar pista de Hungaroring pode ser uma desculpa para os gauleses, mas a Alpine precisa lutar para não voltar a ter um dos piores carros da F1 em 2024.

domingo, 21 de julho de 2024

Dobradinha constrangedora

 


Conseguir uma dobradinha numa corrida de F1 sempre é um momento especial para uma equipe, ainda mais quando você o consegue por seus méritos e quando ninguém esperava, olhando o início do ano. Porém, a ascendente McLaren conseguiu criar um problema no seu melhor dia de 2024, até o momento. Com um ritmo fortíssimo, o time comandado por Zak Brown dominou o escaldante Grande Prêmio da Hungria e se conseguiu a primeira fila no sábado, repetiu as mesmas posições no domingo, conquistando a primeira dobradinha em quase três anos, sendo que em Monza/21, foi numa situação bem pontual. No entanto, a falta de coordenação estratégica quase estragou por completo um final de semana perfeito para a McLaren, com Lando Norris sendo beneficiado pelos táticos da McLaren frente ao seu companheiro de equipe, mas o inglês teve que ceder a liderança totalmente à contragosto para Oscar Piastri, que venceu pela primeira vez na F1 e se tornou o sétimo piloto diferente a vencer em 2024.


Se a corrida ocorresse vinte anos atrás, não teria metade da animação que tivemos hoje e o motivo é muito simples. Pelos idos de 2004, não tínhamos acesso aos rádios entre as equipes e os pilotos durante a corrida. Sendo assim, não teríamos escutado as discursões infantis entre Max Verstappen e seus estrategistas, além das tensas conversas entre Lando Norris e seu engenheiro nas últimas voltas. Seguindo a tradição magiar, não tivemos uma corrida lotada de ultrapassagens e a luta pela liderança foi decidida na largada. Para se tornar um piloto completo, Lando Norris precisa aprender que ele não pode deixar nenhuma brecha para os adversários e largar bem é conseguir um bom posicionamento que pode ser decisivo para o resto da corrida. Largando da pole, novamente Norris foi superado pelo companheiro de primeira fila, que hoje também era ser colega de box, Oscar Piastri. Lando ainda tentou espremer o australiano, abrindo a porta lindamente para Max Verstappen ficar por fora na primeira curva. Na freada para a primeira curva, havia um 'three wide', com Piastri por dentro, tendo a vantagem. Isso fez com que Norris alargasse a primeira curva e não sobrasse muito espaço para Verstappen, que acelerou na área de escape e tomou a segunda posição de Norris, que ainda foi ultrapassado por Hamilton, mas o piloto da Mercedes se animou demais num ataque em cima de Verstappen e acabou tomando o troco do compatriota logo em seguida. Piastri emergia na frente, com Max tirando vantagem e Lando, reclamando da manobra de Max, num longínquo terceiro lugar. Foi o início das até mesmo cômicas intervenções radiofônicas entre Max e seu staff nos boxes. Era bem claro que Verstappen precisava devolver a posição para Norris, mas Max teimou com a equipe, só o fazendo quando estava mais de 3s na frente de Lando, ou seja, Piastri tinha bons 4s de vantagem na ponta. 


Como esperado, fez um calor quixadaense em Budapeste e o desgaste de pneus seria um fator para toda a corrida. Largando fora de posição (ou não, no caso de Checo), George Russell e Sérgio Pérez largaram com pneus duros, enquanto a grande maioria escolheu a borracha média. Piastri liderava com boa vantagem, enquanto Norris abria do trio Verstappen, Hamilton e Leclerc, que largara muito bem, enquanto Sainz teve que ultrapassar Alonso e ficar num isolado sexto lugar. Quando começaram as paradas para os líderes, a McLaren se viu numa situação onde o principal era proteger a posição de Lando Norris e continuar a dobradinha, fazendo o inglês parar antes de Piastri, conseguindo nesse primeiro momento o seu objetivo, que era o 1-2 da McLaren. O problema é que com pneus novos por algumas voltas, Norris tirou boa parte da vantagem de Piastri, que ainda cometeu um ligeiro erro e viu Norris ficar no limiar de usar o DRS. Enquanto isso, Verstappen trocava patadas com seu engenheiro, Giampiero Lambiase, pelo rádio, principalmente quando Max esticou seu primeiro stint e como consequência, perdeu a posição para Hamilton. Max foi para cima, atacou o inglês como pôde, permitindo a aproximação de Leclerc para a briga pelo último lugar no pódio. A cena se repetiu na segunda rodada de paradas, com Hamilton e Leclerc parando juntos, enquanto Max ficou mais tempo na pista e quando colocou seu jogo de pneus médios novinho em folha, estava 8s atrás de...Leclerc! Max Verstappen parecia que rasgaria as vestes de revolta, soltando cobras e lagartos para os táticos que lhe garantiram tantas vitórias. Max remou, ultrapassou Leclerc, mas talvez frustrado pela tática escolhida, tentou numa manobra 'banzai' em cima de Hamilton e os dois se tocaram. Verstappen alçou voo, dando até a sensação que abandonaria, mas provando que os carros atuais além de grandes são fortes como tanques, Max continuou na corrida, porém, separando a dupla da Ferrari, num obscuro quinto lugar.


Com tudo isso, a vida da McLaren estava ganha, certo? De forma inacreditável, a McLaren novamente chamou Norris para o segundo pit na frente do líder Piastri. Em outros tempos, o piloto que lidera sempre tem a preferência de fazer o pit-stop antes, mas no caso da McLaren isso resultou num erro de cálculo e um imenso constrangimento. Piastri parou duas voltas depois de Norris e sem maiores surpresas, Lando emergiu na frente de Oscar e foi abrindo vantagem. Percebendo o erro, a McLaren avisou à Norris que deveria ceder sua posição ao companheiro de equipe, que cobrava a manobra. Obviamente Lando questionou a situação, chegando a abrir 6s para Oscar. O engenheiro de Norris usou até mesmo a frase 'preciso protege-lo' (do que?) e que 'para ser campeão do mundo, precisamos da equipe e de Oscar' para tentar persuadir Norris a cumprir uma embaraçosa troca de posições já nas voltas finais para garantir a primeira vitória de Oscar Piastri na F1. Com certeza, merecida, mas Piastri não precisava passar por esse constrangimento. A falta de coordenação da McLaren faz com que a equipe, que faz um trabalho brilhante de engenharia na concepção do carro e seu desenvolvimento, tropece em situações de estratégia. Apesar de cumprimentar Piastri, Lando Norris não escondeu seu descontentamento por perder mais uma vitória e lembrando que ainda faltando praticamente metade do campeonato, esses sete pontos podem fazer falta no final do ano.


Se não brigou pela vitória, o terceiro lugar de Lewis Hamilton confirmou o crescimento da Mercedes, mesmo que a Red Bull estivesse numa situação melhor no final de semana húngaro. Verstappen chegou em quinto, mas mostrou vulnerabilidades psicológicas, em discussões bestas via rádio e uma tentativa de ultrapassagem em cima de Hamilton que mais pareceu em birra do que algo estratégico de um multi-campeão de F1. E se ontem, após mais um erro de Sergio Pérez, Christian Horner falou que a Red Bull corria com uma perna só, hoje esteve correndo com meia perna. Até porque, largando do fundo do pelotão, Pérez fez uma corrida decente, a primeira em muitas semanas, e chegou apenas duas posições atrás de Verstappen, em sétimo. O momento é da McLaren, com Mercedes e até mesmo Ferrari se metendo entre os 'laranjas' e Max Verstappen e a turbulenta Red Bull. O campeonato ainda está muito nas mãos de Verstappen, mas o neerlandês precisa acordar e trazer consigo a equipe, mesmo com todos os problemas e a clara divisão interna. Leclerc chegou a estar na briga pelo pódio, mas só garantiu o quarto lugar por causa da presepada de Verstappen, com Sainz garantindo um obscuro sexto lugar. Russell seguiu Pérez e foi oitavo, garantindo que as quatro equipes top da F1/2024 ficassem com as oito primeiras posições da corrida de hoje.


O melhor do resto foi Tsunoda, que foi o único a fazer uma parada nos boxes e garantiu a 'pole' do pelotão intermediário, deixando a Red Bull com mais pulgas atrás da orelha, na hora de escolher alguém para substituir Pérez, seja na volta das férias da F1 ou em 2025. Ricciardo simplesmente não convence ninguém. E Tsunoda é um piloto Honda, que debandará para a Aston Martin em 2026. Quem fechou a zona de pontos foi Lance Stroll, que no final da corrida superou Alonso, mostrando que a Aston Martin luta, no máximo, para ser a quinta força da F1 atual. E nem sempre ganha, para tristeza de Alonso e até mesmo de Adrian Newey, alvo principal de Lawrence Stroll. Numa corrida onde apenas Gasly abandonou, houve equilíbrio no pelotão de trás, mas a Alpine, depois de uma fase boa, pontuando com regularidade, voltou aos seus piores dias num circuito de alto downforce.


Numa corrida onde muito se falou via rádio, a McLaren quase estraga seu dia, mas ainda podemos ter mais consequências de toda a confusão que o próprio time laranja causou. Lando deve estar cobrando a equipe pela troca de posição, enquanto Piastri também tem todo o direito de reclamar da estratégia da equipe. Enquanto isso, Max Verstappen viu que todo o domínio que a Red Bull tinha no começo do campeonato foi embora e de agora em diante, após sua terceira corrida consecutiva sem vitória, o neerlandês tentará administrar um campeonato que parecia ser seu ainda nas primeiras voltas da temporada 2024, mas que faltando pouco menos da metade do certame terminar, muita água ainda irá rolar.    

sábado, 20 de julho de 2024

Dobradinha McLaren

 


A Red Bull chegou à Hungria exalando confiança com as suas novas atualizações, tentando impedir o forte crescimento de Mercedes e, principalmente, McLaren. Pilotos e dirigentes se mostravam confiantes, mas como diz o velho ditado 'esqueceram de combinar com os russos'. Ou com a McLaren. Numa classificação complicada, com chuva leve indo e vindo para atrapalhar os pilotos, a McLaren conseguiu sua primeira dobradinha em muitos anos, com Norris na frente de Piastri, enquanto Verstappen chegou a socar o volante quando percebeu que seu ligeiro erro na última curva o deixou apenas em terceiro.

Falando em Red Bull, a situação de Sergio Pérez passou de estupefação para pena. O mexicano simplesmente parece destruído mentalmente nesses anos todos de Red Bull e sem nenhum sinal aparente de reação. Mais uma vez Checo bateu sozinho durante o Q1, destruindo seu carro, sua classificação e até mesmo suas chances de continuar com a Red Bull em 2025 ou até mesmo, como se fala, ao final do período de férias da F1, que se inicia semana que vem, quando o Grande Prêmio da Bélgica terminar. A fase de Pérez beira o inacreditável e a Red Bull tem um verdadeiro abacaxi nas mãos, pois mesmo o mexicano fazendo uma temporada abaixo da crítica, achar um substituto para as próximas corridas ou para o próximo ano está se mostrando algo bem complicado. Ricciardo fez uma boa classificação, chegando a liderar o Q1, mas o australiano não convence. Tsunoda chegou a cobrar um lugar na equipe principal, mas seu acidente no Q3 e o fato de ser um piloto Honda, que irá para a Aston Martin em 2026, depõe contra o pequeno japonês. O certo é que a situação de Sergio Pérez vai passando de insustentável para calamitosa e a solução não parece nada fácil para a cúpula da Red Bull.

Mesmo com respingos, a pista não chegou a molhar e ninguém arriscou usar os pneus intermediários, mas não deixaram de ter surpresas. Duas semanas depois de marcar uma bela pole em Silverstone, George Russell ficou de fora do Q2 por um erro absurdo da Mercedes, que o deixou sem combustível para uma tentativa final e George acabou ficando no Q1, enquanto Hamilton por muito pouco não ficou no Q2, mas em nenhum momento Lewis se mostrou forte o suficiente para entrar na briga pela pole. A evolução da Mercedes parece ter dado uma parada.

O Q3 foi atrapalhado pela chuva fina e o forte acidente de Tsunoda. Lando fez um tempo excepcional logo em sua primeira tentativa. Max tinha feito um bom tempo, mas ao ser superado, tentou de tudo em sua segunda tentativa, mas um ligeiro erro o deixou em terceiro, já que Piastri se recuperou de uma primeira tentativa pobre para ficar em segundo e completar a dobradinha da McLaren. Num circuito notoriamente complicado de se ultrapassar, ficar com a primeira fila é um ótimo começo para a McLaren, mas o time não pode cometer os erros estratégicos das últimas corridas, que custaram vitórias. E amanhã a tendência é de muito calor, fazendo que duas paradas possam ser necessárias.  

domingo, 14 de julho de 2024

Os outros da Penske

 


Josef Newgarden é considerado o melhor piloto em ovais da Indy, aumentando a pressão sobre os seus companheiros de equipes na Penske, já que os oceânicos Scott McLaughlin e Will Power, mesmo andando tão bem quando Newgarden, não são considerados experts nos circuitos ovais. Porém, a rodada dupla em Iowa mudou isso, com vitória de McLaughlin e Power.

No sábado, McLaughlin mostrou que tinha o carro mais rápido ao fazer a volta mais rápida do minúsculo circuito na cidade de Newton, mas ao contrário da ideia de que é fácil ultrapassar nos circuitos ovais, em Iowa ultrapassar é quase que uma atividade hercúlea e o neozelandês teve que usar a força da Penske nos pit-stops para superar Colton Herta e ficar com a vitória, a sua primeira em ovais. 

Já no domingo Alex Palou dominou boa parte da corrida, esquecendo um pouco a corrida terrível de domingo, quando deixou o carro morrer num dos pit-stops e depois rodando sozinho, dando boas chances aos adversários no campeonato. Power tinha errado na classificação e largava bem atrás no domingo e não vinha de um bom sábado, quando errou bisonhamente na última bandeira amarela e bateu na traseira de Pietro Fittipaldi. No entanto uma bandeira amarela no meio da corrida deste domingo colocou Power em segundo e num pit-stop muito rápido, além de ter parado depois de Palou, garantiu à Power a primeira posição, garantindo sua primeira vitória em ovais depois de cinco anos.

Na última volta do domingo, um susto fez com que o carro de Sting Ray Robb alçasse voo após bater num lento Alexander Rossi, fazendo com que o americano da Foyt saísse do circuito de ambulância, mesmo tendo acenado que estava bem num acidente que também envolveu Ed Carpenter e Kyle Kirkwood. Por sinal, o pneu traseiro de Carpenter só não atingiu o capacete de Kirkwood graças ao aeroscreen. Ponto para o aparato de segurança.

Esse final de semana mostrou que Roger Penske pode contar com os outros pilotos da Penske, afora Newgarden, em circuitos ovais.

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Figura(ING): Lewis Hamilton

 Não poderia ser outro! O crescimento da Mercedes nas últimas corridas é nítido, mas a vitória de George Russell na Áustria foi muito mais circunstancial, cortesia da refrega entre Verstappen e Norris no final da prova. Em Silverstone, Hamilton conseguiu a vitória de forma bem diferente. O veterano ganhou a corrida na pista, com um ritmo forte e acertos estratégicos numa corrida complicada, com o asfalto mudando do seco para úmido e depois para seco, onde uma opção errada poderia definir a prova. Hamilton foi perfeito a corrida inteira, imprimindo um ritmo forte o tempo inteiro, não importando a condição de pista e com os vários tipos de pneus usados, sempre escolhendo a borracha correta para a situação. Lewis venceu e emocionou a todos. Mesmo em sua 104º vitória, Hamilton chorou e deu um belo espetáculo na frente de uma torcida que vibrou com seus pilotos, mas quando Lewis assumiu a ponta pela primeira vez, explodiu e Hamilton os agraciou com uma volta com a bandeira da Grã-Bretanha, se aproximou ao máximo, deu amor aos seus pais e à sua equipe, com quem esteve nos últimos anos, mas em 2025 estará na Ferrari. Enfim, foi uma vitória famosa de Lewis Hamilton, demonstrando que nas condições certas, o inglês ainda pode guiar em altíssimo nível.  

Figurão(ING): Sergio Pérez

 E voltamos ao personagem de sempre. A Red Bull parece já estar cansado das atuações abaixo da crítica de Sérgio Pérez. Silverstone é a sexta corrida consecutiva onde Pérez tem um final de semana ruim e dos 111 pontos amealhados pela Red Bull nesse período, Checo conseguiu apenas quinze pontos. Muito, muito pouco para um piloto que tem em mãos um carro que lidera os dois campeonatos em disputa em 2024, mesmo que a Red Bull não seja mais o carro dominador de antes. Pérez já vinha andando bem atrás de Verstappen até a classificação em Silverstone, mas numa situação de clima misto no sábado, Sergio rodou ainda no Q1 e ficou de fora do resto da sessão. Tendo que largar dos boxes, Sergio Pérez viu mais um final de semana estragado ainda antes da largada, mesmo que o mexicano possa acusar a Red Bull de ter errado em sua estratégia, pois o time austríaco colocou pneus intermediários cedo demais. Checo terminou em penúltimo, tendo sido ultrapassado por Ocon nas últimas voltas e só ficando perto de Verstappen quando estava tomando volta. Com sua renovação sendo posta em xeque, Pérez parece sem forças para dar a volta por cima e seus anos na F1 parecem cada dia mais contados.

domingo, 7 de julho de 2024

Início de uma nova era

 


Depois de muitas idas e vindas, testes realizados ao longo de vários meses, atrasos, receios de fiascos e decisões polêmicas. Nesse final de semana a Indy inaugural uma nova era de sua história, com a chegada do novo motor híbrido, com uma parte elétrica junto ao motor de combustão, fazendo com que os pilotos ganhassem potência, enquanto as baterias se regeneravam. Felizmente o som do motor não mudou muito, ao contrário da F1 e seu motor de som chocho. O receio era que um fracasso ocorresse devido aos primeiros testes, com várias quebras, tanto que do início da temporada 2024, os novos motores só entraram no último terço de campeonato, quando havia uma confiabilidade mínima para os pilotos.

Ver Scott Dixon parado durante a volta de apresentação por problemas nos capacitores da parte elétrica, quase interrompendo uma sequência de mais de trezentas largadas consecutivas do neozelandês da Ganassi não foi um bom agouro. No entanto, a corrida em Mid-Ohio não teve maiores problemas de confiabilidade e os tempos não mudaram muito, mesmo com mais potência, apesar de maior peso. Os pneus sofreram um pouco, mas nada que mudasse a dinâmica da corrida no tradicional circuito da Indy. Numa corrida sem bandeiras amarelas, a prova de hoje foi basicamente decidida nos boxes. O pole Alex Palou dominou o primeiro stint, ficando bem à frente de Pato O'Ward. Na primeira parada, o mexicano colocou pneus macios e encostou no espanhol, mas num circuito de ultrapassagens muito difíceis, Pato esperou a segunda parada para ter uma chance. Num raro erro do espanhol, Palou quase deixou o motor morrer e perdeu um tempo precioso, fazendo com que Pato, que tinha parado uma volta antes, emergisse na frente.

No terceiro e decisivo stint, Palou sentiu a mesma dificuldade que O'Ward sofrera na perna anterior. Com os dois com pneus duros, o espanhol partiu para cima, mas O'Ward soube controlar as estocadas de Palou para ser o primeiro vencedor da nova era híbrida. O forte ritmo dos dois ficou claro com o terceiro colocado Scott McLaughlin mais de 17s atrás. Mesmo com uma chegada apertada, a corrida deixou bem a desejar, com a maior parte do tempo sendo bem morna, mas é uma amostra pequena para o que vem por aí na Indy. 

O que eu vou dizer lá em casa, Martin?

 


Jorge Martin nunca escondeu seu descontentamento por ter sido preterido pela Ducati. E pela terceira vez! Antes que alguém pedisse para o espanhol escolher música no Fantástico, Martin se mandou para a promissora Aprilia. Como se trata do líder do campeonato com uma equipe satélite, claro que a escolha da Ducati de fábrica foi bastante questionada, mas são corridas como a de hoje que fazem a opção por Marc Márquez em 2025 ao lado de Francesco Bagnaia um porto seguro, ao invés do arrogante espanhol. Ninguém pode questionar a velocidade de Martin, mas sua inconstância o faz perder uma corrida onde liderou 27 de 29 voltas, mas cair na abertura da penúltima volta do Grande Prêmio da Alemanha.

A corrida em Sachsenring da MotoGP foi bem animada do terceiro lugar para trás. Jorge Martin confirmou a pole na primeira volta, enquanto Francesco Bagnaia, surpreendentemente superado pela dupla da Track House na classificação, rapidamente ultrapassou a dupla da Aprilia satélite e foi para cima de Martin. Bagnaia chegou a ultrapassar o espanhol, mas acabou tomando o troco logo em seguida. Precisando de resultados para ontem, o companheiro de equipe de Martin, Franco Morbidelli, foi para cima do compatriota e formou uma dobradinha da Pramac. Mais atrás, Marc Márquez fazia outra bela corrida de recuperação após uma queda no treino livre lhe custar uma fratura no medido mindinho da mão esquerda e ficar apenas em 13º no grid. Provando que o vice-campeonato em 2020 foi quase que uma obra do acaso, Morbidelli errou e fez com que Bagnaia o ultrapassasse e fosse pra cima de Martin. Com Morbidelli perdendo rendimento, os dois líderes corriam sozinhos, separados por menos de 1s, mas parecia que Martin tinha a corrida sob controle, onde venceria com facilidade e abriria uma boa vantagem no campeonato. Então, na abertura da penúltima volta, quando Bagnaia nem o pressionava muito, Martin caiu sozinho na curva um, entregando a vitória e a liderança do campeonato à Pecco.

Depois de ter trombado com Morbidelli, Marc Márquez foi para cima do italiano e do irmão para subir ao pódio em segundo, pela primeira vez dividindo o pódio com o irmão mais novo, que foi terceiro e garantiu a festa da equipe Gresini na Alemanha. A MotoGP sai de férias com Bagnaia em primeiro no campeonato e com moral, frente a outra queda inexplicável de Martin, que vai corroborando a escolha da Ducati em 2025.

God saves Lewis

 


Ah Silverstone... A tradicional base aérea nos proporcionou uma das mais emocionantes corridas de F1 dos últimos anos, com várias pitadas de técnica, estratégia e o famoso chove-para britânico. Mais do que isso, Silverstone coroou Lewis Hamilton pela nona vez, tirando o seu piloto mais laureado de um jejum de mais de 900 dias sem vitória. Mesmo conseguindo a incrível marca de 104 vitórias na F1, Lewis Hamilton foi capaz de se emocionar bastante após a bandeirada, depois de uma corrida apertada contra Russell, Norris, Piastri e Verstappen, que transformaram o Grande Prêmio da Grã-Bretanha numa prova daquelas para não se esquecer tão cedo.


O final de semana inteiro em Silverstone foi baseado no clima inconstante, com as equipes tendo que se equilibrar entre pista seca e molhada o tempo todo, inclusive, quase cancelando a corrida de F3 no sábado, tamanha era a chuva. No momento da largada, a pistava completamente seca, mas o horizonte inglês indicava chuva a qualquer momento e os rádios das equipes enchiam os ouvidos dos pilotos de previsões. Como a corrida não seria decidida na largada, como tantas e tantas vezes ocorreu num passado recente, os pilotos largaram de forma bastante convencional, com apenas Verstappen ultrapassando Norris, quando o piloto da McLaren saiu ligeiramente da pista numa disputa com Hamilton na curva 3. As primeiras voltas foram de espera, com a dupla da Mercedes se mantendo na ponta, liderado por Russell, seguidos por Verstappen e a dupla da McLaren, com Norris à frente de Piastri. Todos esperavam pela chuva, que veio um pouco antes da volta 20, mas seria uma garoa. Só que o suficiente para bagunçar o primeiro pelotão. Norris tinha acabado de ultrapassar Verstappen quando a chuva deu uma apertada e Hamilton encostou em Russell, trazendo consigo Norris. Verstappen parecia sem ritmo e após ser ultrapassado por Piastri, se viu acossado por Sainz. O trio inglês passou a trocar de posição de forma insana, numa pista apenas úmida. As equipes avisavam que seria uma rápida garoa, mas o açodamento fez com que Leclerc e Pérez fossem aos pits colocarem pneus intermediários, destruindo a corrida de ambos.


Quando o chuvisco terminou, Norris era líder, seguido de perto de Piastri, que deixou a dupla da Mercedes para trás, enquanto Hamilton finalmente se sobressaía sobre Russell. Porém, as equipes já tinham avisado que essa garoa seria rápida, antes da chuva mais forte. E a precipitação veio exatamente no meio da corrida, trazendo mais emoção à corrida, além de mostrar que as equipes grandes devem ser completas, ou seja, além de construir ótimos carros e desenvolve-los, é preciso ser assertivo na estratégia. Nesse item, a McLaren errou feio com Piastri, o deixando na pista com pneus slicks com a pista claramente molhada. Porém, a Red Bull mostrou sua maturidade e entrosamento com Verstappen, que parou uma volta antes e emergiu na pista à frente de Russell, em terceiro, com Norris permanecendo em primeiro e Hamilton em segundo. Piastri caiu para sexto, bem longe de todo mundo, mas o australiano seria um dos pilotos mais rápidos daí em diante. A chuva veio forte, mas não foi duradoura. Os pneus intermediários se desgastavam rapidamente e quando Max era pressionado por Russell, a Mercedes do inglês o traiu com um problema de pressão de água e George teve que abandonar após sua emocionante pole. Na medida em que a corrida chegava ao fim, a pista secava e o sol aparecia forte como não tinha aparecido nesse domingo. Novamente as equipes teriam que parar na hora certa. E a McLaren falhou novamente. Verstappen já era o mais rápido dos três primeiros e quando os primeiros carros foram aos pits colocar pneus slicks, Max chamou seu pit. A Mercedes não quis perder tempo e fez o mesmo com Hamilton, enquanto a McLaren, repetindo Montreal, ficou na pista com Norris. Para completar, Lando errou o local do pit-stop, perdendo 2s cruciais, pois Hamilton assumia pela primeira vez na corrida a ponta da prova e liderava a sua primeira volta em 2024. Para não mais perdê-la.


Inicialmente a escolha de pneus duros para Max Verstappen poderia ser um erro, mas o sol abriu tão forte em Silverstone, que os pneus macios escolhidos por Hamilton e Norris não teriam sua capacidade máxima por muito tempo. Verstappen e a Red Bull tinham dado um novo pulo do gato. Os três primeiros estavam separados por 6s nas últimas dez voltas, mas os pneus Max eram melhores e o neerlandês não demorou a tirar a diferença para os dois ingleses na frente, para apreensão da torcida que lotava Silverstone e vibrou bastante a cada passagem na liderança de George, Lando e principalmente Lewis. Ainda com toda a confusão vista no Red Bull Ring semana passada em mente, um novo encontro entre Norris e Verstappen era aguardado, mas com Max com pneus bem melhores, Lando mal se defendeu do carro da Red Bull. Max teria tempo de atacar Lewis? Foram cinco voltas dramáticas, onde Lewis teve que ultrapassar alguns retardatários, mas o inglês da Mercedes controlou a vantagem sobre Verstappen e venceu pela primeira vez em 2024 e depois de quase três anos, quando Hamilton venceu na Arábia Saudita em 2021, numa F1 ainda saindo do rescaldo da pandemia. O público em Silverstone explodiu! E Hamilton também. Com 39 anos de idade e mais de 300 largadas, Lewis Hamilton se emocionou bastante após a bandeirada e criou várias cenas marcantes, como o seu passeio na volta de desaceleração com o pavilhão britânico, o abraços aos pais, a saudação à torcida e a emocionante entrevista de sua 104º vitória. Além do cumprimento frio com o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem. 2021 pode estar ficando distante, mas ainda é uma cicatriz aberta para Hamilton.


Para os demais participantes do pódio, haviam sentimentos mistos. Max Verstappen tinha o conjunto mais rápido nas últimas voltas, mas o segundo lugar esteve longe de deixar o neerlandês triste. As primeiras voltas da corrida inglesa mostrava uma Red Bull como até mesmo a terceira força e um pálido quinto lugar não seria impossível para Verstappen, mas escolhas táticas certeiras fizeram com que Max aumentasse sua vantagem no campeonato para Norris, que por outro lado subiu ao pódio com cara de poucos amigos. Mostrando sua evolução dentro da hierarquia da F1, Lando lamentou bastante esse pódio, quando em outros momentos ele vibraria com a terceira posição na sua corrida caseira. Norris sabe que em condições normais tinha o melhor carro, mas erros táticos da equipe e dele próprio, quando parou o carro no lugar errado no último pit-stop, lhe custou a vitória novamente. Outro que não deve ter ficado muito contente foi Oscar Piastri. Muito rápido a corrida toda, o australiano viu a McLaren estragar sua corrida na chamada para o primeiro pit-stop, totalmente na hora errada. Calçado com pneus médios no último stint, Piastri estaria na briga pela vitória se a McLaren não tivesse errado a estratégia. A Ferrari errou de forma clamorosa na tática de Leclerc, colocando pneus intermediários muito antes do necessário, fazendo o monegasco perder uma volta e quando a chuva veio, seus pneus intermediários estavam tão estragados... que ele teve que parar de novo! Novamente a Ferrari erra em suas táticas, deixando Leclerc ainda mais longe de Norris na briga pelo vice-campeonato, enquanto Sainz fez uma corrida bem convencional, na medida do possível, terminando num esperado quinto lugar, encostando em Leclerc no Mundial de Pilotos. Já no campeonato de construtores, a Red Bull vai sobrevivendo com os pontos de Max, enquanto a McLaren encostou de vez na Ferrari. Pérez caiu para sexto e já tem a dupla da Mercedes bem grandes nos seus retrovisores. Enquanto isso, seu contrato de renovação com a Red Bull deve estar a ponto de ser rasgado, porém, seu pretenso substituto, Daniel Ricciardo, fez outra corrida sofrível e tomou 15s de Tsunoda, ficando fora dos pontos. Marko e Horner terão trabalho para escolher o segundo piloto em 2025...


Criticado muitas vezes pela falta de pódios numa carreira tão longa, Nico Hulkenberg fez outra corrida gigante e pela segunda semana seguida, o alemão da Haas garantiu um sexto lugar, superando com folga da dupla da Aston Martin, que vieram logo a seguir. Albon retornou aos pontos com um nono lugar e Tsunoda fechou a zona de pontuação. A Sauber permaneceu no zero numa corrida sofrível de Zhou, que demonstra estar fazendo hora extra na F1, enquanto a Alpine voltou aos seus piores dias, com Gasly, que começou o final de semana com uma inacreditável punição de 50 posição por ter feito várias trocas no seu propulsor, não completou sequer a volta de apresentação, com problemas de câmbio e Ocon não fez melhor, ficando bem longe da zona de pontuação.


Foi outra grande corrida em 2024. Chegamos a metade da temporada com seis pilotos diferentes vencendo depois de doze corridas, mas o grande diferencial foi que o único a repetir vitórias foi Verstappen, que já contabiliza cinco triunfos em 2024. Max já não tem mais o melhor carro da temporada, mas segue se colocando na briga por vitórias e amealhando pontos importantes, que lhe darão o tetracampeonato, mas isso não impede de termos grandes disputas e imagens, como hoje. Quando Hamilton venceu pela última vez a Grã-Bretanha ainda era regida pela rainha Elizabeth e hoje, o hino era em honra ao rei Charles. Deus salve o Rei. Deus salve Lewis!

sábado, 6 de julho de 2024

F1 comes home

 


Em meio à Eurocopa, onde os torcedores ingleses gostam de dizer que, sendo campeões, o futebol estaria retornando para casa, a F1 deu uma lição aos amantes ingleses de futebol. O começo de ano não era dos mais auspiciosos para a turma dos súditos do rei Charles, mas com a Red Bull tendo seus problemas internos e o seu domínio evapora. Lando Norris já tinha mostrado sua grande evolução, principalmente após sua vitória em Miami, mas a Mercedes, com sua dupla britânica, vai mostrando também um grande salto e na casa do automobilismo inglês, Norris, Lewis Hamilton e George Russell fizeram a festa em Silverstone, garantindo pela primeira vez na história da F1 os três primeiros colocados ingleses no GP da Grã-Bretanha.

O exemplo claro que a fase da Red Bull não é das melhores é a situação até mesmo vexatória de Sergio Pérez. As atuações de Checo estão tão ruins, que seu esperado contrato de dois anos de renovação está sendo seriamente questionado e a atuação de Pérez hoje não o ajudou muito. Numa classificação que começou com piso úmido, mas que secava claramente, Checo rodou sozinho na Copse quando colocou pneus slicks, atolando seu Red Bull e tendo que largar numa péssima 19º posição. O problema é que o seu pretenso substituto, Daniel Ricciardo, tomou sonoros sete décimos para Tsunoda no Q2. A situação da cúpula da Red Bull está bastante complicada e nem mesmo o talento assombroso de Max Verstappen irá fazer milagre toda vida. O neerlandês errou no Q1, danificando o assoalho do seu carro e em nenhum momento Max esteve perto dos líderes, numa situação inusitada para um time que parecia determinado a dominar a F1 em 2024.

O trio inglês, em qualquer tipo de asfalto, dominou toda a classificação e no final, George Russell ficou com a pole, corroborando sua ótima fase pós-vitória na Áustria. Numa equipe que ainda tenta reviver outros tempos, a Mercedes ainda viu Hamilton completar a primeira fila, com Norris em terceiro. Com a Ferrari cada vez mais consolidada como quarta força, a Mercedes vai se aproximando dos líderes, que nesse momento é a McLaren, não mais a Red Bull.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Figura(AUT): George Russell

 Ok, a vitória caiu no colo do inglês da Mercedes, mas George Russell estava no lugar certo e na hora certa para capitalizar o toque entre Verstappen e Norris. Porém, essa vitória também será importante para que a Mercedes continue sua evolução no campeonato. No início da temporada a Mercedes brigava com a Aston Martin para ser a quarta força no campeonato, mas o time de Toto Wolff trouxe atualizações que não apenas se distanciou do time esmeraldino (e bote distância nisso!), como agora está como terceira força no campeonato atual, na frente da Ferrari. Russell lidera a equipe com a má fase momentânea de Lewis Hamilton e George poderia ter vencido em Montreal depois de ter feito a pole e por muito pouco não foi ao pódio em Barcelona. Com um Max Verstappen destruidor na classificação na Áustria, Russell se colocou logo atrás do piloto da Red Bull e de Lando Norris, sendo o terceiro colocado no grid e em praticamente toda a corrida, onde correu isolado e parecia conformado com a posição de pódio, mas com o melê ocorrido entre os líderes, Russell aproveitou para conseguir sua segunda vitória na F1. O triunfo pode motivar ainda mais a Mercedes a continuar crescendo durante o ano, além de tornar Russell num líder na equipe, com tantas conversas de chegadas de Verstappen e Andrea Kimi Antonelli em 2025, mas Toto tem um grande piloto para o próximo ano. 

Figurão(AUT): Charles Leclerc

 A vitória em casa parece não ter feito muito bem à Charles Leclerc. Após o emocionante triunfo do monegasco, onde emocionou a todo o principado, a temporada de Leclerc está indo por água abaixo desde então e de um vice-líder relativamente próximo de Verstappen, Charles entrou em parafuso junto com a Ferrari e se viu não apenas ultrapassado por Lando Norris no Mundial de Pilotos, como o time italiano caiu claramente para a quarta força da F1 atual. No entanto, Leclerc teve um final de semana particularmente atrapalhado. Na sexta-feira, durante a classificação da Sprint, Charles viu seu carro entrar no modo de 'anti-stall' na saída do pit-lane e ao perder tanto tempo, o piloto da Ferrari se viu sem tempo no Q3 e relegado ao décimo lugar. Já no sábado, quem pareceu entrar em anti-stall foi Leclerc. Em sua última tentativa num Q3 bem apertado do segundo lugar para baixo, Leclerc errou totalmente as duas últimas curvas e terminou apenas em sexto, quando havia potencial de ganhar mais terreno. Isso deve ter influenciado para péssimo domingo de Leclerc. Largando entre Piastri e Pérez, Leclerc se viu espremido pelos dois na curva um e teve a asa dianteira quebrada. Lentamente indo aos boxes, Leclerc caiu para último e com a Ferrari totalmente perdida em seus planos, o monegasco em nenhum momento flertou com a zona de pontuação, zerando novamente. Um final de semana para esquecer para Charles Leclerc, que vibrou muito em Monte Carlo, mas deve voltar logo ao normal.