Vinte anos atrás, ainda com a F1 traumatizada pelas mortes e acidentes que marcaram 1994 e fazendo com que uma chicane improvisada de pneus fosse colocada no meio do circuito de Barcelona, Michael Schumacher fazia uma corrida histórica e muito incrivelmente pouco divulgada.
Vindo de quatro vitórias seguidas naquela atípica temporada, Schumacher tinha tudo para conseguir o seu quinto triunfo seguido em Barcelona quando um problema no câmbio se abate na Benetton do alemão. As marchas vão se perdendo uma a uma até Schumacher ter apenas a quinta marcha disponível. Notaram as semelhanças? Porém, Schumacher foi ainda mais incrível e gênio do que Senna em Interlagos/1991, pois se o brasileiro ficou com o câmbio travado na sexta marcha quando faltavam umas cinco voltas, Schumacher ainda tinha... quarenta e cinco voltas para o fim da corrida! E com dois pit-stops programados!
Claro que Schumacher teve seu ritmo afetado, mas imagino como deveria ser um drama para o alemão fazer seus pit-stops, pois ele tinha que manter o giro do motor alto para se manter na prova enquanto estivesse parado e depois colocar uma inacreditável quinta marcha para sair do lugar. Coisas de gênio! E mais impressionante ainda foi Schumacher ter permanecido ainda na liderança por vinte voltas e segurar o segundo lugar até a bandeirada. A vitória ficou com Damon Hill, que também foi histórica pelo fato de ser a primeira vitória da Williams desde a morte de Senna, fazendo que vários membros da equipe chorassem copiosamente ainda no pit-wall.
Porém, a façanha de Schumacher foi impressionante e pouco falada. Todos preferem lembrar da sofrida vitória de Senna em Interlagos vinte e três anos atrás, mas nesse dia Schumacher superou Senna no quesito genialidade e superação. Da mesma forma como tem mais títulos, vitórias e recordes em comparação a Senna e normalmente é colocado um patamar abaixo do brasileiro, essa obra-prima de Schumacher sempre é colocada em segundo plano, mesmo sendo claramente maior do que o feito de Senna.
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