domingo, 16 de novembro de 2025

História sendo feita!

 


E Diogo Moreira fez história! Numa corrida tensa, mas sem maiores sobressaltos em Valencia, Diogo Moreira largou com o regulamento debaixo do braço para garantir o primeiro título de um brasileiro no Mundial de Motovelocidade. Com ampla vantagem ao chegar em Valencia, Moreira controlou-se em todo o final de semana, também apegado pela fase ruim de Manu González, que em nenhum momento flertou com o mínimo necessário para impedir o título de Diogo: vencer. O espanhol da Intact teve outro final de semana para esquecer em Valencia e Diogo Moreira apenas passeou para se sagrar campeão da Moto2.

A temporada 2025 de Diogo Moreira lembrou o que eles fez ano passado, quando começou devagar na temporada, mas 'pegou no tranco' na segunda metade para garantir o título de novato do ano e o primeiro pódio na última etapa, em Barcelona, numa bela ultrapassagem sobre o campeão Ai Ogura. Na mesma equipe Italtrans, Diogo fez uma primeira metade de temporada bem regular, se mantendo entre os cinco primeiros num campeonato que se encaminhava para as mãos de Manu González, que chegou a ter sessenta pontos de vantagem sobre o brasileiro. Como na F1, González deu uma de Oscar Piastri e começou a desandar a errar, incluindo uma desclassificação decisiva na Indonésia, enquanto Diogo crescia e conseguia suas primeiras vitórias. A virada veio na Austrália e em Portugal, uma vitória categórica deixou Moreira com a mão na taça.

Talvez tranquilo em demasia, Diogo não começou o final de semana muito bem e teve que passar pelo Q1, mas felizmente a má fase de Manu González o deixava longe dos ponteiros. Moreira se recuperou na classificação, conseguindo a nona posição no grid, apenas quatro postos abaixo de González. Diogo controlou a corrida inteira, enquanto González, que declarou que Diogo Moreira só conseguiu seu lugar na MotoGP por causa da nacionalidade, em nenhum momento brigou pela vitória. Pelo contrário. No último terço de prova González derreteu como fez na temporada e a ultrapassagem que tomou de Diogo o deixou desnorteado, indo aos pits e provavelmente nada tinha na moto. Apenas em sua cabeça. O título estava garantido, tornando a manhã desse domingo bastante feliz para os brasileiro.

Diogo Moreira ascenderá à MotoGP pela Honda, que mostrou sua evolução ao conseguir os pontos necessários para subir de patamar entre as montadoras e perder concessões. Algo que a cúpula da Honda queria e para 2026, Moreira será parte essencial no ressurgimento da gigante japonesa.

Minutos após a alegria pelo título de Diogo Moreira, a MotoGP fechou seu ano com vitória de Marco Bezzecchi, que terminou o ano em terceiro lugar no campeonato e com o mesmo número de vitórias de Alex Márquez, que venceu na Sprint no sábado, mas foi bem mal no domingo, terminando em sexto, ultrapassado nas últimas curvas pelo jovem companheiro de equipe Fermin Aldeguer. Mesmo sem contar com Jorge Martin, que abandonou a prova de hoje por motivos físicos, a Aprilia se consolidou como a segunda melhor moto do pelotão e em franca ascensão, com Raul Fernández terminando em segundo hoje.

A Ducati ainda tem a melhor moto, mas corre o risco de repetir o erro da Honda e focar demais em Marc Márquez. Recuperando de sua clavícula fraturada, Marc apenas assistiu as últimas provas, com apenas uma vitória de Alex e Di Giannantonio salvando a sequência de pódios consecutivos da Ducati, ultrapassando Pedro Acosta já nas voltas finais. Bagnaia abandonou na primeira volta, atingido por um errático Johan Zarco, coroando um ano inacreditavelmente ruim do bicampeão da MotoGP. Dois pilotos se destacaram em 2025 por estarem claramente acima do seu equipamento: Pedro Acosta e Fabio Quartararo.

Com a KTM entrando em falência e mais preocupada em sobreviver, os austríacos não entregaram uma moto vencedora para seus bons quatro pilotos, mas Pedro Acosta foi o que mais se destacou, andando acima do potencial da moto em sua desesperada procura pela primeira vitória. Mais um espanhol com talento acima da média, Acosta viu dois compatriotas de sua geração (Aldeguer e Fernández) vencerem pela primeira vez na MotoGP esse ano, sendo que é unânime que Pedro é mais piloto que ambos, porém, Acosta tem um equipamento inferior. Mesmo caso para Fabio Quartararo, que leva a sua Yamaha nas costas todo final de semana, conseguindo algumas poles miraculosas e perdendo uma vitória redentora em Silverstone. Tirando tudo de sua Yamaha, Fabio caiu muitas vezes simplesmente por estar acima do limite. Com o crescimento da Honda, a Yamaha tem a pior moto do grid e para tentar reverter a situação, abandonou o tradicional motor de quatro cilindros em linha pelo V4, usado pelo resto das montadoras. Mais uma tentativa da Yamaha para tentar manter Quartararo na equipe, mesmo o francês se mostrando cada vez mais impaciente, o mesmo acontecendo com Acosta. Uma moto italiana para Fabio e Pedro, e poderíamos vê-los na luta por mais vitórias.

Marc Márquez dominou em 2025, mas fica a dúvida por mais um acidente tê-lo tirado de combate. Como ele retornará? A Ducati manterá sua hegemonia? São perguntas que começarão a ser respondidas a partir dessa terça-feira, quando os primeiros testes visando 2026 ocorrerão em Valencia. Já com a presença do campeão da Moto2, Diogo Moreira. 

domingo, 9 de novembro de 2025

Figura(BRA): Max Verstappen

 Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Max Verstappen provou que sim! Após uma classificação horrenda, onde o neerlandês ficou no Q1 pela primeira vez em muitos anos, poucos acreditariam que Verstappen poderia fazer algo de bom no domingo. Inclusive o próprio Max, que declarou que até desistia do título. Saindo do pit-lane em Interlagos nesse domingo, Max Verstappen iniciou outra obra-prima e se não venceu como no ano passado, sua exibição de hoje foi tão impressionante quanto. O piloto da Red Bull subverteu a lógica da F1 nesse ano. Para Verstappen, não importava se o piloto à sua frente estava  com pneus macios, pneus médios, pneus novos, pneus usados ou no meio de um trem de DRS. Max simplesmente passava por cima! Rapidamente Max Verstappen entrou na briga pelo pódio e só não garantiu a segunda posição por causa de um inspirado Andrea Kimi Antonelli. O título pode ter se complicado, mas ninguém tem dúvidas que Max Verstappen, que ainda sofreu um furo de pneu no começo da prova, é o melhor piloto da atualidade.

Figurão(BRA): Gabriel Bortoleto

 Até Interlagos, Gabriel Bortoleto vinha fazendo uma temporada de estreia na F1 sem maiores problemas, sendo merecidamente elogiado pela sua velocidade, maturidade e ética de trabalho com a Sauber, equipe que ano passado foi última colocada no Mundial de Construtores. Porém, Bortoleto pareceu ter se empolgado com a atenção que recebeu da mídia local por ser o primeiro brasileiro em Interlagos para uma corrida de F1 desde 2017 e o piloto da Sauber saiu do prumo. O grave acidente na Sprint Race foi um sinal de que algo não estava muito bem com Bortoleto. Sempre centrado e raramente envolvido em problemas, Gabriel tentou uma manobra banzai sobre Albon na abertura da última volta, fazendo com que o paulista perdesse o controle do carro na pista úmida e sofresse a maior pancada do ano, destruindo seu carro e o tirando da classificação, apesar de todo o esforço da Sauber. Largando nas últimas posições, Gabriel parecia tenso antes da largada e da mesma forma como no dia anterior, ansioso para mostrar serviço. Bortoleto até ganhou duas posições na primeira volta, mas ao ficar por fora no Bico do Pato ao lado de Lance Stroll, Gabriel acabou freando na grama e batendo seu carro, acabando com sua corrida pouco mais de dois quilômetros após a largada. Um final de semana tenebroso para Gabriel Bortoleto, mas que sirva de lição para o jovem brasileiro e que na próxima visita à Interlagos, foque mais na pista e menos nas distrações ao redor.   

E Interlagos entregou

 


Não foi preciso chuva ou uma overdose de Safety-Car para que Interlagos entregasse uma boa corrida. Houve entretenimento, ótimas atuações individuais e alguns erros aqui e acolá para vermos uma grande corrida de F1 na tradicional pista paulistana. Por mais que se fale de um moderno autódromo no estado do Rio de Janeiro, Interlagos tem que ficar no calendário da F1 como se por decreto. Hoje foi mais uma prova disso. Mesmo que Lando Norris não tenha dado qualquer chance aos seus adversários em uma atuação sem retoques do jovem inglês, não faltou emoção atrás da McLaren de número 4, além de outra exibição de gala de Max Verstappen, que vai construindo uma ligação incrível com o circuito de Interlagos, mesmo o neerlandês não sendo capaz de ultrapassar um incrível Andrea Kimi Antonelli nas voltas finais.


A esperada tempestade no final de semana em Interlagos não veio, mas isso não significou apreensão com a estratégia correta a escolher, além dos pneus a serem utilizados. Num final de semana de Sprint, as equipes não tiveram muitas oportunidades de aprender o desgaste de pneus, mesmo que os pneus duros não estivessem muito adequados para Interlagos. Depois de oito anos sem um piloto brasileiro em Interlagos, a simples presença de Gabriel Bortoleto no grid fez com que a torcida tupiniquim se animasse com o novato, que vinha fazendo uma temporada de estreia até o momento sem maiores senões. Contudo, Gabriel pareceu ter saído um pouco do prumo com toda essa atenção e o acidente grave que sofreu na última volta da Sprint não parecia um bom sinal. Largando na última fila por não ter participado da classificação, Bortoleto entrou na corrida talvez apreensivo demais em mostrar serviço e isso acabou sendo decisivo para o pior final de semana, disparado, de Gabriel em sua estreia na F1. Ficar lado a lado com Lance Stroll nunca foi um bom negócio e Bortoleto experimentou isso da pior forma ao ficar por fora no Bico do Pato. Freando na grama, a rodada foi inevitável e Gabriel acabou no muro, terminando sua primeira corrida caseira depois de pouco mais de 2 km. Uma estreia decepcionante e lembrando o quão mal fez à Antonelli seu 'dia de recreio' em Ímola, que Gabriel Bortoleto, que sempre pareceu ter uma maturidade maior do que sua idade, se concentre mais na pista do que fora dela em sua próxima apresentação em Interlagos.


O incidente de Bortoleto trouxe o único Safety-Car do dia e na relargada, Lando Norris mostrou a que veio com uma relargada esperta, deixando o novato Andrea Kimi Antonelli numa situação complicada, onde viu pressionado por Leclerc por fora e Piastri por dentro. Precisando mostrar serviço após uma sequência ruim no campeonato, Piastri executou uma manobra audaciosa por dentro, praticamente fazendo uma ultrapassagem dupla, mas Kimi fechou por dentro, com Piastri comprometido freando na zebra. O toque foi inevitável e quem acabou pagando o pato foi Leclerc, que acabou acertado por Antonelli e quebrou a sua suspensão dianteira. O piloto da Mercedes incrivelmente permaneceu na pista e perdendo apenas a sua posição para Piastri. Por mais que fosse claro que Antonelli tenha feito a curva de forma como se Piastri não estivesse ali, os comissários puniram o australiano da McLaren em 10s, destruindo tanto a corrida como muito provavelmente também o campeonato de Oscar. Já com o mental fragilizado, Piastri sequer andou próximo de Norris, numa tentativa de fazer o australiano recuperar terreno. Lando Norris esteve simplesmente imparável nesse final de semana. O inglês liderou todas as sessões do final de semana e numa corrida sem erros, Norris venceu pela sétima vez em 2025 e pela primeira vez 'varrendo' o final de semana, com os pontos da vitória na Sprint. Ninguém tem dúvida da capacidade de Lando Norris em ser rápido, mas fica a pergunta: porque não fez isso antes?


Com Piastri ficando 10s parado no seu pit-stop, a briga pela segunda posição parecia que seria animada entre a dupla da Mercedes, mas lá de trás, saindo do pit-lane, o 'craque' do jogo fazia outra corrida monumental. O ritmo de classificação da Red Bull tinha sido tão ruim que o próprio Max Verstappen falou que o título já tinha ido embora, todavia, Max ganhou forças com a chegada de domingo e se a vitória não veio como no ano passado, a exibição de hoje foi tão impressionante como a de 2024. E o início de Max não foi dos melhores, pois ele teve um pneu furado nas primeiras voltas e com isso ele caiu para último novamente após o fim do SC Virtual. Foi o início de uma saga onde Max Verstappen  tinha um racecraft parecido apenas com o do líder inconteste Lando Norris. Max foi ultrapassando quem via pela frente, não importando se o piloto à frente estava com pneus macios, pneus médios, pneus novos, pneus usados ou no meio de um trem de DRS. Verstappen subverteu a lógica com uma pilotagem sublime e rapidamente já se encontrava na luta pelo pódio, principalmente quando ficou claro que a ordem do dia seria a estratégia de duas paradas. Com a eliminação no Q1 no sábado, Max tinha mais pneus novos à disposição e quando todos pararam à sua frente, o neerlandês, que chegou a liderar poucas voltas saindo do pit-lane, tinha pneus macios novinhos para atacar a dupla da Mercedes. Max não tomou conhecimento de Russell, mas encontrou uma oposição ferrenha de Andrea Kimi Antonelli, um dos grandes destaques do final de semana.


O italiano teve uma oscilação em seu ano de estreia, principalmente após o 'recreio' em Ímola, mas Kimi voltou a performar nas últimas etapas e em Interlagos, em particular, Antonelli teve seu primeiro final de semana onde superou com clareza Russell, inclusive com um segundo lugar na Sprint. Porém, Antonelli teria pela frente um Max Verstappen cheio de confiança em seu cangote nas voltas derradeiras e o piloto da Mercedes se comportou de forma magnífica, resistindo aos ataques de Verstappen com pouquíssimos erros, no que pode ter sido seu batismo de fogo na F1. O terceiro lugar não apagou a corrida estupenda de Max Verstappen, mas sua situação no campeonato ficou bastante complicada, agora 49 pontos atrás de um Lando Norris mais confiante e 'dono' da McLaren, ainda o melhor carro da F1 atual. Após a punição Piastri não fez mais nada e afora uma pressão sobre Russell nas duas voltas finais, o australiano pouco fez, terminando em quinto lugar e vendo a diferença que o separa para o companheiro de equipe subir de um para vinte e quatro pontos. Como Max ainda é uma ameaça, não seria surpresa a McLaren pedir a Piastri exercer a função de segundo piloto, algo que Verstappen não usufrui. Tsunoda vai enterrando sua carreira dentro da Red Bull com outra corrida desastrada, onde bateu em Stroll de forma bisonha, falhou em cumprir a consequente punição e terminou em último, quase um minuto atrás de Verstappen.


A Ferrari teve um dia para esquecer, com Leclerc sendo vítima do toque entre Piastri e Antonelli e Hamilton fazendo outra corrida horrorosa, onde largou mal e acabou tocado, resultando no inglês nas últimas posições. Na tentativa de se recuperar rapidamente, Lewis bateu na traseira de Colapinto de forma não condizente para um piloto com experiência dele. Com o carro todo remendado, Hamilton recolheu e a Ferrari zerou em sua passagem pela América do Sul, complicando-se na briga pelo vice-campeonato no Mundial de Construtores. Se serve de consolo, a Ferrari vê seu piloto Oliver Bearman fazendo provas cada vez mais consistentes pela Haas e se consolidando como um dos destaques da turma dos novatos. Após o quarto lugar no México, Bearman foi sexto em São Paulo, mais uma vez sendo o melhor das equipes intermediárias, contudo, o jovem inglês chegou 23s à frente do próximo carro, de Liam Lawson, sem contar que foi muito mais veloz que o seu já experiente companheiro de equipe, Esteban Ocon, que não pontuou. 

A Racing Bulls fez uma corrida consistente, com ambos os pilotos nos pontos e Lawson segurando uma fila de carros atrás de si e o time satélite da Red Bull marcando pontos importantes. Se Bortoleto teve um final de semana problemático, Hulkenberg navegou em mares tranquilos e pela primeira vez avançou ao Q3, terminando a corrida nos pontos, superando o surpreendente Pierre Gasly, que foi capaz de levar a decadente Alpine aos pontos pela segunda vez no final de semana. Mesmo com uma pintura bonita, a Williams mal apareceu e a Aston Martin foi muito bem na Sprint, mas como normalmente acontece nos finais de semana, o time esmeraldino vai perdendo ritmo no sábado e ainda mais no domingo.


Foi uma bela corrida em Interlagos, como normalmente acontece e se não teve o caos do ano passado, não se pode negar que não faltou entretenimento. E ótimas exibições. Lando Norris deu um belo passo rumo ao seu primeiro título e as defesas de Antonelli podem ter sido decisivos, pois Norris pode tirar Max Verstappen da contenda já na próxima corrida, em Las Vegas. Piastri está no meio do caminho, mas somente uma remontada histórica do australiano o salva nesse campeonato. Mesmo com o campeonato ficando cada vez mais difícil, Max Verstappen mostrou novamente que é o melhor piloto do pelotão atual. E com sobras!

Está chegando a hora

 


A saída prematura de Marc Márquez da temporada 2025 da MotoGP fez com que a categoria entrasse numa espécie de 'fim de feira', com corridas como a de hoje em Portimão, onde Marco Bezzecchi largou da pole e dominou a prova com facilidade. Ninguém parece animado em mostrar algo mais na categoria principal. Já na Moto2 a situação é bem diferente. Única categoria com o título ainda pendente, a Moto2 está vendo o crescimento de Diogo Moreira no momento certo e sua chegada confirmada na MotoGP ano que vem deixou o brasileiro ainda mais relaxado. Largando da pole, Diogo controlou bem os ataques do surpreendente Colin Veijer nas primeiras voltas, mas depois acabou ultrapassado pelo neerlandês. Conhecendo seu equipamento muito bem, Diogo esperou as últimas voltas para dar o bote em Veijer e mesmo tendo a incômoda presença de David Alonso, Moreira partiu para mais uma vitória em 2025 e praticamente colocar uma mão e meia na taça. Manu González teve azar no sábado quando teve seu melhor tempo deletado e saindo apenas em oitavo, evoluiu apenas duas posições para deixar Diogo Moreira com 24 pontos de vantagem em 25 possíveis. O espanhol claramente está afetado psicologicamente, enquanto Diogo Moreira precisa apenas de uma 14º posição para se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial de motovelocidade.

sábado, 8 de novembro de 2025

Clima bom

 


A expectativa em São Paulo é sempre de sessões caóticas na F1, muito pelo tempo imprevisível na cidade paulistana. Mesmo com um aviso de tempestade em vigor, a chuva mal deu às caras em Interlagos, mas não deixou de haver caos e surpresas até o momento no final de semana do GP de São Paulo. E um vencedor. Até agora dominante no final de semana, Lando Norris não teve rival em Interlagos e ainda viu seus principais adversários pelo título vacilarem.

Na Sprint Race Oscar Piastri deu outra mostra que sua imagem de piloto frio derrete à olhos vistos. Depois de perder a primeira fila na classificação da minicorrida, Piastri era um discreto terceiro colocado quando pegou uma poça d'água na curva do Sol e bateu seu McLaren, levando consigo Hulkenberg e Colapinto. O australiano saiu do seu carro com cara de pouquíssimos amigos, ainda mais com Lando Norris não tendo maiores problemas para vencer a Sprint e abrir mais oito pontos de vantagem no campeonato. A classificação horas mais tarde não foi muito diferente, com Piastri não andando no mesmo nível de Norris e se contentando com uma apagada quarta colocação.

E foi na classificação que a Red Bull deu uma fraquejada quando menos poderia. Max Verstappen ainda camuflou as deficiências do carro em Interlagos, como normalmente faz, na Sprint mas após ajustes no seu Red Bull para a classificação, o carro piorou ainda mais e pela primeira vez em anos o neerlandês simplesmente não conseguiu passar ao Q2, fazendo companhia ao seu companheiro de equipe Tsunoda, costumaz habitante dos desclassificados no Q1. Um baque e tanto para a Red Bull, que vinha em plena evolução e fez Verstappen voltar a sonhar fortemente pelo título, mas que terá bastante trabalho no domingo. Se em 2024 Max largou em 17º pelas circunstâncias de uma classificação caótica, nesse ano a 16º posição foi reflexo do carro mal acertado em Interlagos, não fazendo com que Helmut Marko e seus blue caps sonhem muito.

Outro que teve uma classificação bem decepcionante foi Gabriel Bortoleto. O brasileiro da Sauber sofreu um gravíssimo acidente na volta final da Sprint e com o carro destruído, sequer marcou tempo.

Enquanto isso, Lando Norris ainda rateou ao errar na primeira volta do Q3, mas confirmou o favoritismo com mais uma pole, a sexta em 2025, livrando boa vantagem sobre Antonelli, que repetiu o bom desempenho de sexta e no domingo largará na primeira fila. Com Piastri sem confiança e Verstappen sofrendo com seu carro, tudo que Lando precisa é de tempo firme e seco em Interlagos nesse domingo.

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Precisamos falar dos play-offs

 


Neste domingo a Nascar decidiu seus três campeonatos em Phoenix, mas focarei na categoria principal, a Cup. Desde o título de Matt Kenseth em 2003, onde venceu apenas uma corrida para ser campeão, a Nascar resolveu trocar o clássico 'pontos corridos' pelo 'Play-Off', com vários nomes diferentes em mais de vinte anos. Kenseth venceu sua única corrida na já distante temporada 2003 logo na terceira corrida e depois administrou o campeonato, colecionando vários top10, numa configuração que distribuía farta pontuação. Para piorar, Kenseth ainda foi campeão com antecedência, tirando ainda mais a 'emoção' da disputa.

Incomodada com a situação, a Nascar introduziu os Play-Offs em 2004 e Kurt Busch foi o primeiro campeão, mas não demoraram a surgir problemas e vários formatos foram testados até chegar o atual, onde quatro pilotos vão para a corrida final e quem chegar na frente, leva o título. Denny Hamlin está na Nascar desde 2005 e já obteve várias marcas que o colocam entre os destaques da história da Nascar, mas com um senão. Hamlin não tem um título. Parecia que 2025 seria diferente. Correndo com a Joe Gibbs desde o início da carreira, Hamlin venceu seis provas ao longo do ano e dominava a corrida derradeira. Seus adversários pelo título, William Byron, Kyle Larson e Chase Briscoe não tiveram chance contra o ótimo desempenho de Hamlin no oval do Arizona.

Em Phoenix, como sempre realizada debaixo de muito calor, os pneus da Goodyear sofreram e vários pilotos tiveram problemas com furos, incluindo os quatro postulantes ao título. Na penúltima volta, Byron foi a vítima derradeira da várzea dos pneus em Phoenix e trouxe a bandeira amarela. Parar ou não parar? Quatro ou dois pneus? Hamlin foi na opção segura, colocando quatro pneus, mas Larson arriscou nos dois pneus. Na relargada, Hamlin não teve qualquer chance de atacar Larson, que ficou com o título mesmo terminando a prova em terceiro. Piloto com duas passagens em Indianápolis pela Indy, Larson talvez seja um dos pilotos mais talentosos do grid atual da Nascar, passando por cima da polêmica de 2020, acusado de racismo e bastante criticado por isso.

E Hamlin? Depois de dominar o campeonato e a corrida final, viu seu sonho pelo título ir pelo ralo por um pneu furado de outro piloto, que até lhe pediu desculpa depois da corrida. Já há várias vozes dentro da Nascar apontando para a deslealdade que é os Play-Offs e se no Brasil muita gente ainda sonha com a volta dos 'mata-mata' no Campeonato Brasileiro, na Nascar pensa-se exatamente o contrário. Enquanto aqui se sonha com a regressão, na Nascar, uma categoria que não precisa de nenhum artifício para ser emocionante, precisa evoluir para premiar o melhor piloto do ano no seu campeonato principal.