domingo, 6 de abril de 2025

Max gigantesco

 


O que dizer a mais sobre Max Verstappen? Após conquistar uma pole histórica em Suzuka nesse sábado, o neerlandês dominou a corrida em Suzuka, tendo a dupla da McLaren em seu encalço nas 53 voltas de uma corrida que prometia muito, mas a chuva veio cedo demais, a grama não pegou fogo e o resultado foi uma prova praticamente sem emoção nenhuma, onde os seis primeiros que largaram mantiveram suas posições na bandeirada. Suzuka é uma pista de pilotos, mas faz tempo que não produz corridas boas em condições normais.


Como ocorre em Mônaco, a corrida em Suzuka desse domingo foi decidida basicamente na classificação. A volta sensacional de Max Verstappen o deixou na situação de se largasse bem, a corrida certamente seria sua, mesmo com o notório ritmo superior da McLaren. Com ar limpo, Max poderia administrar melhor os pneus e se defender dos ataques certeiros que viriam da dupla da McLaren. A esperada chuva veio cedo demais e os pilotos não titubearam em largar com pneus slicks, mesmo com alguns pontos úmidos. Na largada, foi interessante ver como Max e Lando posicionaram seus carros apontando um para o outro, o que prometia uma largada agressiva, mas assim como a chuva, isso não apareceu e Max não teve muito trabalho para se manter na ponta, seguido por Norris e Piastri. Russell tentou ataques em cima de Leclerc, mas o representante da Ferrari se defendeu muito bem e não deu chances para o britânico, enquanto Antonelli e Hadjar não se intimidaram com Hamilton, com idade para ser pai deles (principalmente do italiano), atrás e mantiveram suas posições na frente do inglês da Ferrari. Largando com pneus duros ao lado de pilotos com compostos mais macios, Bortoleto foi quem mais perdeu posições, caindo para último. E foi assim que se iniciou a procissão nipônica.

Conseguindo seu objetivo inicial de ter o ar limpo como aliado, Max Verstappen tratou de conseguir mais uma pequena vitória contra as McLarens, que era abrir mais de 1s, não dando chance à Norris usar o DRS, pouco efetivo em Suzuka, mas de grande valia. Ainda na segunda volta o piloto da Red Bull amealhou mais essa vitória e não deu mais chances a Norris. Foi uma corrida estática, mas houveram momentos de tensão entre os líderes. Se a diferença não baixou de 1s, também não foi superior a 2s, tornando essa vitória de Max ainda mais especial, pois nunca é fácil ter um piloto com um carro superior lhe fustigando a corrida inteira. Verstappen não poderia errar. E ele não errou! Na única rodada de pit-stops, Norris se aproximou perigosamente e um parada não perfeita da Red Bull expos mais uma vez a inocência de Lando Norris. Os dois líderes saíram lado a lado da saída dos boxes e Max simplesmente deixou seu carro na linha normal. Em nenhum lugar da face da Terra Max daria espaço, que por sinal não existia, para um rival direto, mas Lando Norris se manteve lado a lado e quando a pista acabou, o inglês passeou na grama, perdendo um tempo precioso. Lando esperneou pelo rádio, mas Max não fez nada demais, tanto que a FIA concordou e o baile seguiu. Bastava Norris tirar ligeiramente o pé, ficar colado em Verstappen na saída dos pits e usar o ritmo superior da McLaren para fazer completar uma possível ultrapassagem, pois com pneus duros, a McLaren tinha um ritmo melhor do que a Red Bull. Mas Lando Norris declarou novamente que quer ser campeão sem ser um babaca. Essa atitude pode não o fazer um babaca, mas poderá não o tornar campeão. 

O aniversariante Piastri via tudo isso placidamente, mas no segundo stint parecia ser o mais rápido dos três, chegando a esboçar ataques em cima do seu companheiro de equipe. O australiano chegou a vocalizar isso via rádio, esperando um presente de aniversário da equipe com uma troca de posições, mas as contas da McLaren eram simples. Com Norris em segundo, ele mantinha a liderança do campeonato por apenas um ponto à frente de Verstappen. Como não havia garantias de uma ultrapassagem de Piastri sobre um inspirado Verstappen, Andrea Stella e seus papaias caps preferiram manter a coisa como estava até a bandeirada. Mesmo que na última volta Lando quase entregava o presente a Oscar ao sair da pista na chicane. Vitória categórica de Max Verstappen, daquelas conquistadas no braço numa pista que nitidamente evidencia quem pode fazer a diferença. Como falou Alonso após a volta da pole de Max, somente o neerlandês parece ser capaz de fazer voltas como a de sábado hoje em dia. Tsunoda teve uma estreia discreta na Red Bull, limitado pela má volta no Q2 e ficando de fora dos pontos, mas a torcida japonesa não quis nem saber e votou Yuki como o piloto do dia. Essa votação está mais avacalhada que algumas eleições por aí.


A McLaren saiu com um sabor amargo de uma derrota para um piloto que, mesmo excepcional, tinha claramente um carro pior. Norris e Piastri saíram dos seus carros com caras de poucos amigos, pois sabem que não poderá vacilar no resto da temporada, pois Max estará prontinho para capitalizar o menor dos erros dos papaias. E Piastri sabe que errou na classificação de sábado. Leclerc terminou num distante quarto lugar, onde seu único trabalho foi controlar Russell, que terminou num decepcionante quinto lugar, abaixo da expectativa pelo o que George vinha fazendo nos treinos livres. Antonelli fez uma bela corrida, liderou pela primeira vez uma prova de F1, se tornando o mais jovem na história de 75 anos da categoria, e com pneus duros no segundo stint, era o piloto mais rápido da pista, chegando a encostar em Russell no final. O italiano se mostra um enorme potencial, farejado por Toto Wolff. Hamilton se livrou facilmente do seu fã Hadjar ainda no começo da corrida, mas depois disso o inglês pouco fez, terminando a prova num obscuro sétimo lugar, só ficando à frente de Tsunoda entre as quatro equipes grandes da atualidade. Um início nada auspicioso para Hamilton.


Numa prova sem abandonos e apenas Tsunoda tendo problemas das equipes grandes, restaram apenas três posições de pontos. Sem maiores dramas estratégicos, Hadjar levou seu Racing Bulls facilmente aos pontos, mostrando que o francês tem velocidade e pode ser uma das surpresas do ano. O retorno forçado de Lawson à equipe deixou bastante a desejar. O neozelandês foi rapidamente ultrapassado por Tsunoda e viu não apenas que o nipônico fez um trabalho melhor do que o seu com o carro da Red Bull, como também Liam ficou abaixo de Yuki na comparação com o carro da Racing Bulls. Lawson ficou longe do novato Hadjar e também dos pontos. O rebaixamento pode ter causado um estrago definitivo na confiança de Lawson. Albon continua sua temporada sólida com a Williams, mesmo com várias reclamações via rádio, marcando mais pontos e superando com folga seu badalado companheiro de equipe. Sainz esteve bem mal na corrida, saindo várias vezes da pista na chicane e ficando bem longe dos pontos. Por fim, Bearman garantiu o último ponto para a Haas, fazendo uma boa corrida depois da largada decente que fez, além de superar com alguma folga o experiente Ocon, metido em brigas nas últimas posições.


Alonso ficou a prova inteira na P11, segurando os ataques de Gasly no primeiro stint e de Tsunoda no segundo, mas ficando longe de Bearman, fazendo com que o espanhol continuasse zerado no campeonato. Numa pista onde o piloto faz muita diferença, não foi surpresa Stroll ficar em último e sendo o único a tomar volta, numa prova sem nenhuma intempérie. Gasly tentou um ataque duro em Alonso na primeira volta, mas foi rechaçado e depois de um pit-stop ruim, acabou superado por Tsunoda e teve ajuda de Doohan para manter a frente dos demais do pelotão intermediário. A Sauber tinha o pior ritmo da corrida, mas bastante próxima dos rivais. Hulkenberg e Bortoleto andaram no bolo do pelotão intermediário, contudo, numa corrida sem intervenções externas, nem puderam sonhar com os pontos.


Não foi uma corrida emocionante e se não fosse a tensão das últimas voltas, com os três primeiros colocados andando juntos, o Grande Prêmio do Japão de 2025 seria um belo sonífero nessa madrugada. Para quem aprecia uma bela pilotagem, foi bonito de ver Max Verstappen vencer uma prova no braço, não tendo o melhor carro e se defendendo da superior McLaren usando um ritmo fortíssimo e sem direito a errar. A McLaren pode ter o melhor carro, mas Suzuka provou que é impossível descartar Max Verstappen no rol dos favoritos ao título da temporada 2025.

sábado, 5 de abril de 2025

Volta gigante


 Suzuka é um circuito para pilotos e já faz muito tempo que não temos boas corridas no espetacular circuito nipônico, mas os pilotos adoram correr lá e um dos motivos é que eles ainda fazem muita diferença em Suzuka, pista da Honda. E correndo com as cores originais da Honda, Max Verstappen fez toda a diferença com uma pilotagem impressionante que terminou com todo o favoritismo da McLaren e o neerlandês conseguiu uma surpreendente pole, numa volta que poderia ser assinada facilmente por qualquer lenda da história da F1.

A Classificação em Suzuka foi no seco e com os pilotos sofrendo com o vento e com a grama. Não que os pilotos estavam saindo da pista, mas que em várias ocasiões durante o final de semana a grama pegou fogo, por causa das faíscas do fundo dos carros. Uma cena nada usual. Jack Doohan bateu forte no TL2 e a Alpine não teve pudor em apontar o dedo para o australiano, num erro banal de não desativar o DRS na rápida curva um. Bastante pressionado, isso foi mais um golpe na confiança de Doohan, que fez uma classificação claramente ultra-conservadora e ficou na última fila, ao lado do errático Lance Stroll, esse mantendo sua escrita. Numa pista onde o piloto aparece, vemos o que Stroll (não) pode fazer. Bortoleto esteve na briga para passar ao Q2, mas acabou superado por muito pouco por Hadjar e ainda ficou atrás de Hulkenberg.

Falando em Hadjar e seus problemas no cinto de segurança, Lawson re-estreou de forma bem chinfrim na Racing Bulls, sempre atrás do novato, mas com um sorriso no rosto, o neozelandês largará na frente de Tsunoda, que o substituiu na Red Bull. Contudo, Yuki fez um trabalho melhor do que Lawson durante o final de semana. Correndo em casa e exibindo muita autoconfiança, Tsunoda andou sempre próximo de Verstappen nos treinos livres e até mesmo no Q1, mas ainda se acostumando com o novo carro, Tsunoda errou no aquecimento dos pneus no Q2 e ficou apenas na P15. Na Williams, novamente Albon colocou Sainz no bolso, que ainda foi punido, perdendo três posições no grid.

Tudo levava a crer numa pole da McLaren. Piastri e Norris dominaram os treinos livres e as duas primeiras partes da classificação, mas ninguém contava com um inspirado Max Verstappen. Vindo de três poles consecutivas em Suzuka, Max conseguiu uma volta no Q3 simplesmente antológica, derrotando a lógica e ficando com uma pole assombrosa. Norris e Piastri ficaram logo atrás, muito próximos, mas com cara de derrotados. Russell andou forte em todos os treinos livres, dando a impressão que seria o grande rival da dupla da McLaren, mas na hora que mais importava, ficou bem atrás, largando em quinto, ao lado do companheiro de equipe Antonelli, em sua melhor classificação até agora. Leclerc fez o papel que lhe cabia na Ferrari e se meteu entre McLarens e Mercedes, enquanto Hamilton novamente decepcionou, tomando bastante tempo do companheiro de equipe.

Essa pole conquistada por Max Verstappen é daquelas de dar um gás na confiança de qualquer piloto e a previsão é de chuva no domingo, podendo ser mais um fator de motivação para o neerlandês. 

domingo, 30 de março de 2025

Lá se foi o 100%

 


Grande dominador do circuito de Austin, vindo de pole e vitória na Sprint, tudo levava a crer que a MotoGP veria outro triunfo de Marc Márquez nesse domingo, mas os deuses da velocidade capricharam no Texas e o que parecia uma vitória fácil se transformou numa queda, deixando o até então deprimido Pecco Bagnaia no rumo de sua primeira vitória em 2025.

A chuva veio ainda na Moto2 e na categoria menor já havia tido problemas nas escolhas de pneus, com poucos pilotos optando pelos pneus slicks, já que a chuva não fora tão forte assim. Pelo menos na Moto2, quem arriscou slicks acabou perdendo a aposta, tomando até mesmo volta do vencedor Jake Dixon. A pista ainda estava escorregadia para a largada da MotoGP, mas o asfalto secava a olhos vistos. A situação ficou ainda mais confusa quando Quartararo caiu na volta de alinhamento, deixando os pilotos ainda mais receosos em escolher os slicks. Quando faltavam segundos para a volta de apresentação, Marc Márquez pulou de sua moto e correu para os pits para pegar uma moto acertada para piso seco. Mas o espanhol não foi o único e o caos se estabeleceu, acabando por trazer uma bandeira vermelha e uma situação embaraçosa para a MotoGP, pois a sensação que se passou é que ali mais parecia uma corrida amadora e não uma prova de elite.

Com tudo isso, na segunda largada todos optaram pelos pneus slicks e a corrida parecia nas mãos de Marc Márquez. Com uma largada segura, o espanhol da Ducati rapidamente se estabeleceu na ponta. Saindo apenas da sexta posição do grid, Bagnaia já tinha mostrado na Sprint que poderia aprontar na largada e se não assumiu a liderança, pelo menos estava em terceiro, atrás de Alex Márquez, que se esforçou ao máximo para manter o segundo lugar, indicando claramente que Alex tem uma missão em 2025: proteger seu irmão Marc. Contudo, não demorou para Bagnaia reagrupar forças e pela primeira vez no ano ultrapassar definitivamente Alex Márquez, ficando em segundo, mas Pecco não parecia ter forçar para atacar o líder Marc Márquez. No entanto, meio que um castigo por ter começado toda a confusão antes da largada, Marc passou por uma zebra molhada ainda no primeiro terço de corrida e caiu. O espanhol ainda tentou voltar, mas com várias avarias em sua Ducati, Marc abandonou.

Bagnaia partiu impávido rumo à bandeirada, vencendo pela primeira vez no ano, sem mais ser ameaçado por Alex Márquez, que pela terceira vez consecutiva chegou em segundo e incrivelmente lidera o campeonato. Mesmo ainda estando abaixo de Marc Márquez, essa vitória pode dar um pouco mais de confiança para Bagnaia enfrentar seu companheiro de equipe, que parecia imbatível nesse início de campeonato, mas acabou cometendo um erro que o deixou zerado em Austin. A Ducati ainda tem a melhor moto disparada e se não fossem as quedas de Márquez e Fermin Aldeguer, este já no final da prova, as seis motos Ducati ficariam com as seis primeiras posições, com Di Giannantonio e Morbidelli completando o quarteto da Ducati. Jack Miller conseguiu a façanha de ser a melhor não-Ducati do dia, segurando vários ataques e levando a sua Yamaha ao quinto lugar. Tendo derrotado a Ducati ano passado em Austin, a Aprilia decepcionou, enquanto a KTM viu seus principais pilotos ficarem pelo caminho.

O campeonato ficou bem interessante, mesmo que a liderança de Alex Márquez seja bastante circunstancial, o espanhol vem fazendo um certame bem sólido, mas abaixo da dupla da Ducati oficial. Bagnaia venceu, mas ainda não derrotou Marc Márquez, que irá mordido para a próxima etapa no Catar. Um circuito no qual Marc não gosta.

terça-feira, 25 de março de 2025

Figura(CHN): Oscar Piastri

 Uma semana depois do mal resultado na corrida de estreia da temporada 2025, em sua casa, Oscar Piastri deu uma bela resposta ao dominar o final de semana chinês, conseguindo a pole e liderando a corrida praticamente de ponta a ponta. Piastri viu seu companheiro de equipe Norris vencer em Melbourne, enquanto ele conseguira apenas um nono lugar, após errar quando a chuva voltou a aparecer na prova australiana. Mordido, Piastri não esmoreceu e menos de uma semana depois respondeu à Norris com a primeira pole da carreira e uma corrida dominadora, não dando qualquer chance à Lando Norris, mesmo com os problemas que o inglês teve nos freios nas últimas voltas. Uma boa volta por cima de Piastri, que parece ter começado o campeonato 2025 agora. E da melhor forma possível!

Figurão(CHN): Liam Lawson

 Estar no segundo carro da Red Bull sempre foi uma missão difícil, tendo passado por ali vários pilotos com diferentes experiências. Contudo, ninguém poderia imaginar que Liam Lawson, jovem neozelandês que fez boas corridas na Racing Bulls, fosse performar tão mal como ele vem fazendo. Em sua segunda corrida pela Red Bull, Lawson teve sérios problemas em conduzir o Red Bull RB21. Fazer qualquer tipo de comparação com Max Verstappen chegaria a ser covardia, mas alguns fatos mostram o péssimo trabalho de Lawson na China. Na classificação da Sprint, Liam ficou ainda no SQ1. Se já fosse ruim o suficiente, Lawson foi último (!) colocado na classificação da corrida principal. Não houve problemas com o carro ou algum piloto tendo bloqueado o piloto da Red Bull. No rendimento puro e simples, Lawson foi vigésimo colocado no grid para a corrida chinesa, que mostrou tão ruim quanto, com Liam muito longe de escalar o pelotão e ficando léguas de distância para marcar um mísero ponto qualquer. Um desempenho lastimável e no final do dia, já se fala que Liam Lawson poderia ser sacado após apenas duas corridas, com o neozelandês entrando para a lista nada digna de mais um moído pelo programa de jovens pilotos da Red Bull, liderado por Helmut Marko. Porém, Lawson vem fazendo até aqui o pior trabalho já visto no segundo carro da Red Bull.

domingo, 23 de março de 2025

O Max da Indy


 No outro lado do Pacífico, a McLaren tinha tudo para repetir o sucesso conseguido em Xangai, dessa vez na Indy. Pato O'Ward e Christian Lundgaard largavam na primeira fila em Thermal Club e lideraram boa parte da corrida, podendo completar a segunda dobradinha da McLaren no dia. Na China, o único que poderia travar a dupla da McLaren usando unicamente o talento era Max Verstappen, mas sem ritmo em seu Red Bull, o neerlandês nada pôde fazer. Já na California, Alex Palou fez o que se esperava de Max. Com carros iguais e tendo a diferença o acerto de equipe para equipe, além do talento, o espanhol conseguiu fazer a diferença rumo a uma belíssima vitória.

Antes de tudo, apesar do circuito ser bem seletivo, correr em Thermal Club é um exemplo claro de como a Indy cuida mal de si. O autódromo localizado na California na verdade é um circuito particular dentro de um clube para milionários, que dão voltas pela pista com seus supercarros quando tem vontade. Um clube exclusivo, com casas espetaculares, mas basicamente sem fãs. Apenas um pequena arquibancada de cinco mil expectadores com ingressos vendidos a preços absurdos transformaram o ambiente na corrida ainda mais desértico, com pouca ou quase nenhuma pessoa realmente apaixonada por automobilismo estivesse vendo a corrida in loco. Para a TV, a sensação que passou é que não havia ninguém na pista, apenas alguns parcos convidados, além dos moradores milionários. Uma bola fora da Indy.

A corrida transcorreu sem bandeiras amarelas e havia a preocupação com o desgaste de pneus, mas os pneus macios se comportaram muito bem e foram bem decisivos para a vitória de Palou. Os primeiros dois terços de prova foram dominados pela dupla da McLaren, tendo O'Ward na ponta. Antes da segunda e última parada, Palou diminuiu a diferença para Lundgaard, que economizava combustível após uma parada mais cedo. O espanhol atacou muito, mas o dinamarquês segurou Palou. Então o piloto da Ganassi colocou pneus macios para o último stint, enquanto a dupla da McLaren foi para as últimas voltas com os duros. Foi o pulo do gato. Voltando à pista logo atrás de Lundgaard, Palou rapidamente ultrapassou o danês da McLaren e estava 10s atrás de Pato. O mexicano foi atrapalhado por alguns retardatários, ajudando Palou a desintegrar a desvantagem e numa manobra certeira, ultrapassar o piloto da McLaren.

A esperança de Pato era que os pneus macios Palou se acabassem nas voltas finais, mas além disso não acontecer, o ritmo de Pato foi bem abaixo, causando até desconfianças de um problema de consumo de combustível. Mesmo gripado, Palou recebeu a bandeirada com tranquilidade e venceu pela segunda vez consecutiva, algo que não acontecia na Indy fazia bastante tempo e o espanhol da Ganassi já parte para um incrível tetracampeonato, igualando à Max Verstappen, que assim como Palou, faz toda a diferença em sua categoria. 

Dias de glória

 


Correndo em casa, Oscar Piastri obteve um resultado decepcionante ao sair da pista no momento em que a pista molhou em Melbourne e jogar fora uma dobradinha certa da McLaren, corroborando com a falta de sorte do australianos em seu próprio solo. Uma semana depois, Piastri se recuperou magistralmente nesse enfadonho Grande Prêmio da China, com uma vitória dominante vindo da pole, não dando chances a ninguém, nem mesmo seu companheiro de equipe Lando Norris, que levou um susto no final da prova, quando enfrentou problemas nos freios. Seguindo sua toada, George Russell subiu mais uma vez ao pódio, à frente de Verstappen e das desclassificadas Ferraris.


O alta desgaste de pneus na Sprint Race ligou o sinal amarelo das equipes, fazendo com que todos esperassem uma corrida mais tática do que emocionante, sendo que ao final das cinquenta e seis voltas, outro adjetivo pôde ser usado para a prova chinesa: chata. Claro que Oscar Piatri não tem nada a ver com isso. O australiano usou o exemplo de Hamilton no dia anterior e convergiu seu carro para dentro no apagar das cinco luzes vermelhas, acabando com qualquer chance de Russell efetuar algum ataque na primeira curva. Para melhorar a situação da equipe comandada por Zak Brown, Lando Norris fez algo não muito usual para o inglês, que é ganhar alguma posição na largada, ultrapassando seu conterrâneo ainda no complexo primeiro setor da pista. Um pouco mais atrás, era Max Verstappen que fazia algo não muito comum nos últimos tempos, que foi uma má largada, quando se posicionou mal por fora e acabou superado pela dupla da Ferrari, mas com Lewis e Charles se tocando, resultando num dano na asa dianteira de Leclerc. Fora a rodada de Bortoleto, a primeira volta foi bem tranquila, iniciando uma corrida que foi morna o tempo todo, com os pilotos com receio de forçar os pneus e que no fim, se mostrou infundado quando foram calçados os pneus duros na primeira rodada de paradas, o que se provou ser a única para boa parte do pelotão.


Piastri e Norris não desapareceram no horizonte, claramente controlando o ritmo, enquanto Russell segurava bem um inicialmente motivado Hamilton. Mesmo com a asa dianteira sem o direcionador esquerdo, Leclerc mantinha um bom ritmo, para desespero de Verstappen, que era um conformado sexto colocado. Com os pilotos quase todos utilizando os pneus médios, ninguém atacava, todos presos no famoso 'trem do DRS'. Quando as paradas começaram, ainda antes do primeiro terço de prova, havia uma clara sensação de que as equipes usariam a tática de duas paradas, mas ao calçar os pneus duros, George Russell foi o primeiro a vocalizar que seria bastante possível ir até o final da prova com aquele set de pneus. E assim foi com praticamente todo o grid. Mesmo com alguns undercuts ocorrendo, como Tsunoda ultrapassando um apagado Antonelli e Russell surgindo ligeiramente à frente de Norris, que logo deu o troco, a corrida se manteve estática e sem emoções. Leclerc fazia uma corrida surpreendente e logo encostou em Hamilton, pedindo passagem via rádio. Relutantemente Lewis cedeu passagem ao companheiro de equipe, que inicialmente foi para cima de Russell, mas logo perdeu rendimento, enquanto Hamilton ficou ainda mais para trás, porém, ainda com vantagem sobre um solitário Verstappen. À essa altura Piastri já estava com o braço para o lado de fora e ouvindo FM de forma sossegada lá na frente. Quando percebeu-se que uma segunda parada não seria necessária, Piastri controlou totalmente a corrida rumo a uma tranquila bandeirada, vencendo pela terceira vez na carreira e iniciando de verdade o campeonato. Já Norris não teve uma corrida tão serena. Sem condições de atacar Piastri, teve que ultrapassar Russell após sua única parada e praticamente mandou Oscar aumentar o ritmo para não ficar no 'ar sujo' do australiano e prejudicar seus pneus. Algo que Piastri fez sem maiores problemas. Contudo, o pior para Lando estava reservado para o final.


Nas últimas voltas Norris relatou problemas nos freios, uma complicação que só piorou na medida em que as voltas foram passando, causando um verdadeiro drama para o inglês, que claramente freava bem antes das curvas, deixando o carro rolar para usar menos os freios. Na última volta, Norris cruzou a bandeirada apenas 1,3s à frente de Russell, indicando que mais uma volta significaria uma posição (ou mais) a menos. Aliviado, Lando Norris completou a dobradinha da McLaren, mas viu que Oscar Piastri está de volta e pode ser um fator importante na briga pelo título, no que pode ser um assunto interno da McLaren. Russell fez uma prova sólida, que é sua principal característica, vencendo a dupla da Ferrari e quase capitalizando o problema de Norris. Liderando a Mercedes agora, George vem reagindo bem a responsabilidade, enquanto Antonelli fez uma corrida medíocre nessa sua primeira prova em pista seca. Após impressionar no piso úmido de Melbourne, Andrea foi muito mal e chegou a ser ultrapassado pela Haas de Ocon, algo não esperado por alguém que tem em mãos uma Mercedes, porém, Kimi acabou marcando bons pontos depois da corrida.


Hamilton foi dos poucos a fazer duas paradas, quando se viu pressionado por Verstappen, mas isso não lhe rendeu muitos frutos, pois Lewis acabou por não alcançar o neerlandês. O dano da asa dianteira de Leclerc deve ter feito efeito quando os pneus duros desgastados diminuíram o ritmo da Ferrari e ao invés de atacar Russell, Charles acabou sendo atacado por Verstappen, que efetuou a mais bela manobra do dia para ganhar a quarta posição do monegasco nas últimas voltas. Depois de vencer a Sprint pela primeira vez, quinto e sexto lugares não era algo que a Ferrari esperava na corrida, principalmente com o ritmo do primeiro stint, mas tudo pioraria horas mais tarde, quando pela primeira vez em 75 anos de F1, a dupla da Ferrari seria desclassificada. E por motivos diferentes. Enquanto Leclerc foi eliminado por estar com o carro abaixo do peso, Hamilton acabou desclassificado por causa da prancha debaixo do carro estar com desgaste acima do limite tolerado. Zero ponto para a Ferrari após o GP da China e um início nada promissor para os italianos, mesmo com a primeira vitória na Sprint. Já na Red Bull a saga do segundo carro segue. Se Max Verstappen continua levando o carro nas costas e ainda se mantém na vice-liderança do campeonato, Liam Lawson teve uma corrida abaixo da crítica. Depois de conseguir o último tempo na classificação e largar dos boxes, o neozelandês em nenhum momento sequer esboçou uma corrida de recuperação, ficando sempre entre os últimos colocados. Pelo menos Sérgio Pérez evoluía... Já se fala abertamente em trocar Lawson e que isso poderia ocorrer já na próxima corrida, em Suzuka. Porém, fica a pergunta: Tsunoda conseguirá acabar com a maldição que parece pairar sobre o segundo carro da Red Bull?


Após ter sido o carro mais lento em Melbourne, o Haas deu a volta por cima em Xangai. Depois de uma classificação positiva, o time comandado por Ayao Komatsu viu seus dois pilotos efetuarem boas largadas e rapidamente se colocarem entre os dez primeiros. Com uma estratégia diferente, onde esticaram o primeiro stint, Ocon e Bearman foram destaques nas voltas após suas paradas, efetuando boas ultrapassagens, com destaque pela agressividade de Esteban ao ultrapassar a Mercedes de Antonelli e as tiradas que Bearman fez ao ultrapassar vários carros no Hairpin no final da reta oposta. Ciao, era o que dizia o inglês. Com as desclassificações das Ferraris, Ocon subiu para um impressionante quinto lugar e Bearman ficou em oitavo, garantindo bons pontos à Haas. Continuando a boa forma mostrada na Austrália, Albon novamente colocou Sainz no bolso e liderou a Williams numa prova sem sustos, enquanto Sainz se aproveitou das desclassificações à sua frente para marcar seu primeiro ponto em 2025, mas o espanhol vem sendo uma das decepções da atual temporada. 


Stroll foi outro que esticou seu primeiro stint e chegou a andar no top5 antes de parar, mas quando o canadense fez sua única parada, o piloto da Aston Martin não evoluiu mais e só marcou pontos pelas desclassificações. Alonso foi o único abandono do dia logo nas primeiras voltas, ficando zerado no campeonato e surpreendentemente não levando a Aston Martin nas costas. A Racing Bulls andou praticamente a corrida inteira na zona de pontuação, inclusive com Tsunoda ficando na frente de Antonelli e Ocon, enquanto Hadjar fazia uma prova segura rumo aos pontos, mas o time B da Red Bull escolheu fazer uma segunda parada em seus carros. Foi o fim das chances de pontos para ambos, no que ficou ainda pior quando a asa dianteira de Tsunoda colapsou na reta dos boxes, jogando o nipônico para a última posição. A Racing Bulls é a única equipe sem pontos no momento, mas o ritmo certamente está lá. A Sauber foi o carro mais lento do pelotão, com Hulkenberg largando muito mal e Bortoleto rodando na primeira volta, no primeiro erro do novato, mas Gabriel fez uma boa corrida de recuperação e ainda teve chance de ultrapassar Hulk. Além da Ferrari, Pierre Gasly também foi desclassificado, pelo mesmo motivo de Leclerc, mas o gaulês não estava nos pontos no momento, o que não fez tanta diferença. Jack Doohan parece inquieto com a sombra permanente de Colapinto e por isso faz corridas bem agressivas. Punido na Sprint, o australiano voltou a ser punido na corrida, ao jogar Hadjar para fora da pista numa disputa de posição. Pressionado, Doohan começa a espanar, para alegria de Franco.


Depois de um resultado ruim na estreia do campeonato, Oscar Piastri demorou apenas uma semana para dar a resposta, com uma vitória categórica, só não garantindo o 100% de pontos no final de semana por não ter sido capaz de alcançar Hamilton na Sprint Race. A McLaren segue muito forte, mas a diferença não parece ser tão grande assim, principalmente em volta única. George Russell e Max Verstappen seguem capitalizando qualquer vacilo dos pilotos da McLaren, enquanto a Ferrari se perde com toques entre seus pilotos e problemas técnicos. Lando Norris teve sorte em manter a segunda posição, mas sabe que Piastri pode ter despertado para a temporada 2025. E não terá Papaya Rules que segure o australiano.