domingo, 19 de outubro de 2025

Figura(EUA): Red Bull

 A fase da Red Bull era tão ruim, que mesmo Max Verstappen tendo contrato até 2028, muitos apostavam que o neerlandês abandonaria a Red Bull rumo à Mercedes ainda em 2026. O carro estava muito abaixo da McLaren e os bastidores da equipe era um verdadeiro caos, com Christian Horner ameaçado por várias denúncias. Mesmo sendo um dos dirigentes mais premiados do século 21 da F1, Horner foi dispensado e no seu lugar entre Laurent Mekies, vindo da Racing Bulls. Engenheiro de formação, Mekies passou a se concentrar em desenvolver o carro e de forma inimaginável um punhado de meses atrás, a Red Bull subiu de produção a ponto de Max Verstappen enfileirar vitórias que o fazem entrar na luta pelo pentacampeonato. Com o Mundial de Construtores perdido para a McLaren, a Red Bull se concentra unicamente em dar o Mundial de Pilotos para Max Verstappen, pouco se importando com o segundo piloto. Em Austin, Max Verstappen lembrou os bons tempos (para ele) de 2023, quando dominava o final de semana de ponta a ponta. Max varreu o final de semana e o sonho do pentacampeonato vai se tornando cada vez maior, no vácuo da evolução quase miraculosa da Red Bull. 

Figurão(EUA): Oscar Piastri

 No meio da temporada, muitas pessoas apontavam que Oscar Piastri era o grande favorito ao título de 2025. A McLaren tinha o melhor carro do pelotão e Piastri via de camarote seu companheiro de equipe Lando Norris e presumido maior rival ao título vacilando em vários momentos decisivos do campeonato. Porém, num campeonato tão longo como o atual, as coisas mudam rapidamente e assim como a McLaren se tornou o carro a ser batido em 2024, a Red Bull conseguiu uma virada que ninguém poderia imaginar em 2025. Contudo, antes disso Piastri dava sinais de deslizes enquanto o campeonato afunilava. Os erros contínuos em Baku era uma amostra de um piloto que sentia a pressão aumentar, mas a forma atual de Max Verstappen pareceu mexer ainda mais em Piastri, que agora mal consegue alcançar o ritmo de Norris. Em Austin, Piastri esteve irreconhecível o final de semana inteiro. Mais lento do que Norris, Oscar se envolveu num sórdido acidente na primeira curva da Sprint Race que significou um duplo abandono para a McLaren. No domingo o australiano da McLaren conseguiu ganhar uma posição na primeira volta e simplesmente desapareceu. A quinta posição que cruzou na primeira volta foi a mesma que recebeu a bandeirada, em nenhum momento o australiano mostrou ritmo para almejar algo a mais. Esses pontos desperdiçados faz com que a liderança de Piastri ficasse por um fio. O problema nem é Lando Norris, apenas catorze pontos atrás, mas um ameaçador Max Verstappen se aproxima de forma impávida e Oscar Piastri parece impotente frente a foça de Max e sua Red Bull. Se ainda quiser se campeão em 2025, Oscar Piastri precisa sair da pasmaceira e dar uma resposta.

Passeio no COTA

 


E de repente a F1 voltou a 2023, quando Max Verstappen passeava pelos circuitos que compõe o calendário do campeonato mundial. Em Austin o neerlandês da Red Bull dominou a corrida texana ao seu bel-prazer, não dando chances aos seus adversários e colocando ainda mais pressão numa McLaren que parece completamente impotente frente ao crescimento da Red Bull nesse terço final do campeonato, liderada pela exuberância de Max Verstappen junto com o pragmatismo de Laurent Meckies, que desde que substituiu Christian Horner, a Red Bull deu uma guinada que poucos imaginariam, assim como poucos suporiam no pentacampeonato de Max Verstappen poucos meses atrás e que agora parece algo bem possível.


A corrida em Austin deste domingo esteve longe de empolgar. Com Max Verstappen novamente em sintonia com seu Red Bull, o neerlandês fica praticamente imbatível e ele fez o que dele se esperava: massacrou a concorrência. Com a desastrada largada da Sprint na mente e com carros consideravelmente mais pesados, os pilotos tiveram mais cuidado na entrada da curva um e nada demais aconteceu na elevada primeira curva da corrida principal em Austin. Max largou limpamente e se colocou por dentro assim que possível, não dando qualquer chance para Lando Norris, que viu Charles Leclerc emular a tática de Verstappen em Singapura, só que para o ferrarista, a aposta deu certo. Saindo com pneus macios, Leclerc esperava ter mais tração na largada e se não deu o pulo esperado, Charles se aproveitou da maior aderência dos pneus na saída da curva um, quando se colocou ao lado de Norris e saiu mais forte, tomando a segunda posição do piloto da McLaren. Enquanto isso, Hamilton executou uma largada horrorosa, mas ao frear forte por fora, diminuiu o prejuízo e pelo menos não foi ultrapassado por ninguém, mas foi decisivo ao atrapalhar seu compatriota Russell e com isso Piastri ganhou uma posição subindo para quinto.

A boa largada de Leclerc era tudo o que Max Verstappen queria. Com o duplo abandono da McLaren na Sprint, não se sabia como era o ritmo de corrida do time inglês, mesmo que todos sabem que um dos pontos forte do modelo MC39 seja o bom desempenho no domingo. Com Leclerc separando Max e Lando, o piloto da Red Bull se aproveitou para disparar na ponta e simplesmente não ser mais visto por seus companheiros de grid. Como no ano em que liquidou seus rivais, Max Verstappen mal apareceu na transmissão da TV e só reapareceu no momento de receber a bandeirada com ampla vantagem sobre o segundo colocado. Ao contrário do esperado, os pneus macios de Leclerc duraram bem mais do que o esperado, praticamente indicando a todo o grid que, mesmo usando pneus médios e macios, a estratégia de uma parada era a melhor a ser feita em Austin. Se fosse feito de 'material' de campeão mundial, Lando Norris não perderia muito tempo atrás de um Leclerc que segurava o ritmo para manter seus pneus macios numa boa condição, algo que o piloto da Ferrari fez de forma magnífica. Porém, Norris demonstrou mais uma vez que o apelido 'Dando Mollis' lhe cai como uma luva em pequenos detalhes que lhe deixaram bem longe da vitória. Quando o Safety-Car virtual apareceu após a privação de sentidos de Carlos Sainz, Lando Norris já pressionava Leclerc e estava a menos de 1s do monegasco. Contudo, quando SCV acabou, Norris deixou Leclerc escapar e chegou a ficar 2,5s atrás da Ferrari, tendo que remar tudo de novo até encostar. Lando fazia exatamente as mesmas manobras, facilmente defendidas por Leclerc e somente quando os pneus Pirelli de Charles já estavam com desgaste aparente, foi que Norris efetuou a ultrapassagem. Exatamente na volta 21, com Max Verstappen 11s na frente. Se fosse o contrário, Max demoraria tanto a ultrapassar? Duvido. Todo esse tempo perdido atrás de Leclerc impossibilitou Norris ter uma disputa mais direta com Verstappen.


Porém, a briga pelo segundo posto não havia terminado. Sendo um dos poucos a largarem com pneus macios, logicamente Leclerc foi um dos primeiros a fazer seu pit-stop, colocando pneus médios e com pouco mais da metade da corrida já tendo sido percorrida, Charles só pararia uma vez e com um ritmo mais rápido, conseguiu o undercut em Lando Norris, que calçou pneus macios no último stint. Novamente Lando remou, hesitou, fez as mesmas manobras que Leclerc deveria estar até rindo debaixo do capacete, reclamou do desgaste de pneus, mas quando os pneus médios de Charles, com quase trinta voltas de idade, começaram a 'gritar', Lando pôde voltar a ultrapassar e reassumir a segunda posição, dessa vez, sem direito a troco. No entanto, a cara da turma da McLaren no pit-wall era quase de velório num final de semana bastante abaixo dos carros papaias. Se Norris ainda subiu ao pódio, Oscar Piastri fez uma corrida sorumbática, onde ficou numa opaca quinta posição que conquistou na primeira volta e por lá ficou a prova inteira, só se aproximando de Hamilton na volta final, quando mais nada poderia ser feito. Um golpe e tanto para o australiano, que dava a pinta que levaria o campeonato em banho-Maria na metade do ano e de repente vê a apenas quatorze pontos de Lando Norris. E perigosíssimos quarenta pontos na frente de um motivado e ascendente como um foguete Max Verstappen. Piastri sentiu os golpes sofrido pelo abandono em Baku, a pataquada da McLaren em Monza e o acidente em Austin na Sprint, quando muitos apontaram o dedo para o australiano. Sem experiência em lutar pelo Mundial de F1, Piastri parece acuado nesse terço final de campeonato, o mesmo acontecendo com a McLaren, que de carro dominante que lhe entregou o Mundial de Construtores com ampla antecedência, agora vê uma Red Bull fortíssima, capitaneada por Laurent Meckies, mais preocupado com os aspectos técnicos e não em estar em evidência, como era o caso de Horner. A situação do campeonato que parecia definida dentro da McLaren começa a se complicar e os pontos perdidos pelos famigerados 'Payaya Rules' podem custar bastante carro num futuro próximo. Andrea Stella e Zak Brown começam a acreditar que a história de igualdade a todo custo entre seus dois pilotos não funciona mais e que em algum momento, e isso deverá ocorrer em breve, deverão apostar suas fichas em Piastri ou Norris. Ambos com seus defeitos e com chances reais de derreterem ao ver um Max Verstappen cada vez mais assustador no retrovisor.


A Ferrari terminou a sexta-feira de forma pessimista, após mal conseguir passar ao SQ3 e ficar entre os dez no grid da corrida Sprint. Um pouco como aconteceu com a Mercedes na quinzena anterior em Singapura, a Ferrari encontrou desempenho onde nem os próprios italianos sabem, significando surpresas como o belo primeiro sprint de Leclerc com pneus macios. O monegasco conseguiu mais um pódio em 2025, ao contrário de Hamilton, que segue em seu jejum particular. Com pneus médios Lewis até acompanhou de perto a luta entre Lando e Charles, mas quando colocou os macios Hamilton simplesmente foi para trás, terminando bem longe do seu companheiro de equipe, tendo que se defender de Piastri na última volta. Após sua bela vitória em Marina Bay, Russell fez uma corrida apagada em Austin, terminando na mesma sexta posição que apontou a primeira curva. Já Antonelli foi vítima de um acidente onde Sainz imitou a presepada de Stroll no sábado e mergulhou por dentro como se estivesse correndo sozinho em Austin, mas acabou por atingir Kimi em cheio. Menos mal que o jovem italiano ainda continuasse correndo, ao contrário do espanhol que encostou seu Williams e se tornou o único abandono do dia. Antonelli teve sua corrida totalmente prejudicada pelo erro de Sainz, zerando mais uma vez, mas não por sua culpa. Tsunoda fez uma corrida limpa e mesmo dando uma fechada criminosa em Bearman, garantiu mais alguns pontinhos para a Red Bull com a sua sétima posição, embolando de vez a luta pelo vice-campeonato Mundial de Construtores, mesmo que nipônico tenha tomada 52s do seu companheiro de equipe. O crescimento da Red Bull nas mãos de Verstappen e a boa corrida da Ferrari deixou as duas equipes, mais a Mercedes, separadas por apenas dez pontos. O trunfo da Red Bull é a constância de um Max Verstappen que irá com tudo rumo ao pentacampeonato, enquanto Ferrari e Mercedes ainda oscilam demais.


Oliver Bearman vinha fazendo uma bela corrida e atacava Tsunoda quando viu o piloto da Red Bull mudar de trajetória durante a freada e para não bater, Bearman rodou, mas isso não maculou sua corrida, marcando bons pontos para a Haas no final de semana caseiro da equipe. Após toda a polêmica no sábado, ao se envolver no toque que tirou a McLaren da Sprint Race, Nico Hulkenberg fez uma prova correta nesse domingo, terminando em oitavo após superar Bearman nas últimas voltas e marcando pontos pela primeira vez após o inesquecível pódio em Silverstone. Alonso seguiu Hulkenberg, se cuidando na largada e fazendo uma boa corrida para fechar a zona de pontos, segurando nas últimas voltas Lawson e Stroll. Ocon não repetiu o bom desempenho do seu companheiro de equipe Bearman e esteve longe de brilhar, enquanto Bortoleto sofreu em se adaptar ao difícil circuito de Austin e somado a mais uma estratégia duvidosa da Sauber, o brasileiro terminou em penúltimo, ultrapassando Gasly na última volta. Mostrando um leve crescimento, Colapinto superou seu companheiro de equipe nas voltas finais, mesmo a Alpine tendo pedido para que o portenho mantivesse as posições. Franco ignorou as ordens, com Bortoleto lhe acossando, quase tocando rodas com Gasly no último lance da corrida.


Max Verstappen coloca cada vez mais pressão na McLaren, que parece perdida com o neerlandês em clara fase de crescimento e gigante no retrovisor do seus frágeis pilotos. Norris demonstra a cada corrida que não tem estofo de campeão, enquanto Piastri murchou como uma rosa no verão quixadaense. Com quatro títulos mundiais e um sólido cartel, Max Verstappen vai para as cinco corridas finais (mais duas Sprints) da temporada 2025 da Formula 1 com pinta de que irá atropelar os débeis Norris e Piastri.

sábado, 18 de outubro de 2025

Sob pressão

 


Agora não há mais desculpas! Depois de duas vitórias dominantes em Monza e Baku, junto com um segundo lugar em Singapura, pista aonde a Red Bull nunca anda bem, Max Verstappen vai retornando à briga pelo título com o final de semana que vai tendo em Austin até o momento, juntamente com o desempenho abaixo da dupla de pilotos da McLaren.

Após marcar a pole para a Sprint Race em Austin com autoridade, Max Verstappen viu seus rivais da McLaren ficarem pelo caminho na complicada curva um do Circuitos das Américas. A FIA deu o veredicto de que o incidente da primeira curva foi coisa de corrida, numa pista muito larga juntamente a uma curva bastante fechada e em subida, mas pode-se apontar alguns culpados pela carambola da primeira volta. Líder do campeonato, Piastri ficou no meio de vários carros na freada e após o melê em Singapura, a McLaren deve ter pedido pelo amor de todos os deuses para que seus pilotos não se tocassem. Com Norris à sua esquerda, Piastri tentou fazer a curva a mais fechada possível, mas o australiano se 'esqueceu' de combinar com Nico Hulkenberg. O experiente piloto da Sauber parecia indeciso onde colocar seu carro no aproche da curva um, se colocando numa situação delicada, ainda mais com Fernando Alonso se metendo por dentro. Quando Piastri fez a curva, Hulkenberg acertou a McLaren em cheio, levantando o carro de Oscar do chão, que aterrissou... em cima do carro de Norris! 


O duplo abandono da McLaren colocava ainda mais pressão em cima dos seus jovens pilotos, com Max Verstappen dominando a corrida Sprint, só se assustando com um 'dive bomb' de George Russell no meio da mini corrida. Verstappen descontou mais oito pontos no campeonato e horas mais tarde essa diferença não diminuiria, mas Max daria um recado claro à McLaren: ele está de volta! Com uma volta soberba, após dominar a classificação inteira, Max Verstappen conquistou mais uma pole, se isolando ainda mais como o maior poleman de 2025. Norris ainda salvou uma primeira fila, enquanto Piastri parece afetado pelo contexto para o último quarto de campeonato. Considerado um piloto frio, Piastri foi errático na classificação, levando um susto no Q1 e em nenhum momento aparecendo forte para brigar pela pole. O sexto lugar é bastante decepcionante e a cara de Norris após a classificação demonstra que a McLaren está sob pressão.  

Outros destaques ficam pelo erro clamoroso de Lance Stroll na Sprint, reforçando que o canadense não tem condições de permanecer no grid da F1. O ganho de desempenho da Ferrari, que após uma sexta-feira horrorosa, conseguiu performance no sábado sabe-se de onde e executou sua melhor classificação em muito tempo, com Leclerc em 3º e Hamilton em 5º, com Russell separando os vermelhos. Após uma fase menos boa com a Williams no começo do ano, Carlos Sainz foi terceiro na Sprint e foi ao Q3 de forma sólida, demonstrando estar em franca ascensão, enquanto Oliver Bearman mostrou que a atual safra de novatos é uma das melhores dos últimos tempos. Fez bastante calor em Austin e isso pode ser decisivo no desgaste de pneus, algo que a McLaren não experimentou com o duplo abandono na Sprint, mas é um dos pontos fortes do carro. Será o suficiente para incomodar Max Verstappen e sua nova fase em 2025?

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Figura(SIN): McLaren

 O momento do time não é dos melhores na temporada 2025, principalmente na delicada gestão de pilotos, mas não se pode negar todo o mérito da McLaren nesse título de Construtores, o décimo na longa história da equipe britânica, se isolando como a segunda equipe com mais títulos na história da F1. Vindo de uma situação de sobrevivência, correndo entre os últimos após a fracassada parceria com a Honda, a McLaren sofreu uma enorme reformulação com a chegada de Zak Brown, que trouxe as peças certas dentro da equipe e a evolução veio, com seus jovens pilotos Lando Norris e Oscar Piastri começando a escalar o pelotão até chegar na briga por vitórias. O primeiro título em mais de vinte anos veio ainda no ano passado e 2025 a McLaren veio ainda mais forte, com Lando e Oscar completando várias dobradinhas. O bicampeonato veio com seis corridas de antecedência e com a McLaren tendo o dobro de pontos da vice colocada, a Mercedes, equipe que fornecer motores ao time, ou seja, a McLaren conseguiu o bicampeonato como equipe cliente e derrotando uma montadora do tamanho da Mercedes. As vitórias começaram a escapar e seus dois jovens pilotos parecem sentir o tamanho da responsabilidade de se tornar campeão mundial nesse momento do campeonato, restando à McLaren o primeiro título no Mundial de Pilotos desde 1999, no século passado. Aos trancos e barrancos, começando com o toque entre seus dois pilotos, McLaren vive novamente seus bons tempos. 

Figurão(SIN): Ferrari

 A chegada de Lewis Hamilton à equipe de Maranello criou altas expectativas para o 2025 da Ferrari, mas com o campeonato chegando ao último quarto do calendário, o time comandado por Fred Vasseur tem muito mais do que lamentar e isso acabou afetando a frágil mentalidade de Hamilton. Singapura viu o puro suco do que foi a temporada 2025 da Ferrari. O time até começou bem nos treinos livres, mas na medida em que as outras equipes top vão aumentando o ritmo, a Ferrari vai ficando para trás, deixando Hamilton e Leclerc frustrados e propensos a erros durante a classificação, deixando fora da briga pelas primeiras posições do grid. Fora das duas primeiras filas, a dupla da Ferrari executou uma corrida medíocre e seus dois pilotos ainda enfrentaram problemas nas voltas finais. Depois de segurar Antonelli por boa parte da prova, Leclerc ficou sem pneus e tomou uma bela ultrapassagem do jovem italiano. Hamilton tentou uma outra via e realizou um segundo pit-stop, se aproximando de forma decisiva de Antonelli e Leclerc, sendo o mais rápido do pelotão naquele momento. Quando Lewis se aproximava de ultrapassar Antonelli, o inglês se viu sem freios e ao invés de atacar, Hamilton precisou fazer das tripas coração para terminar a corrida, tomando até mesmo uma punição nesse meio tempo. No final do dia, a Ferrari esteve longe do pódio e Vasseur lamentava frente à frenética mídia italiana, ávida por explicações após mais um fracasso em 2025.

domingo, 5 de outubro de 2025

Metade da entrega

 


O circuito citadino de Marina Bay, em Singapura, tem como característica o forte calor que castiga bastante os pilotos e a entrada constante do Safety-Car, bagunçando corridas normalmente enfadonhas num traçado que permite raras ultrapassagens. Avisados pela FIA que o dia da corrida seria muito quente, os pilotos tinham até mesmo a opção de correr com coletes de resfriamento debaixo do macacão se assim quisessem e mesmo com uma chuva antes da largada, o forte calor deixou os pilotos extenuados no final da corrida. Porém, Singapura só fez metade da entrega em 2025. Pelo segundo ano consecutivo, Bernd Mayländer foi à Singapura apenas a passeio e o esperado Safety-Car não deu às caras em Marina Bay, fazendo da edição 2025 do Grande Prêmio de Singapura numa das corridas mais soníferas dos últimos tempos. George Russell, contudo, não teve do que reclamar. Largando da pole, o inglês da Mercedes dominou a prova singapurense e venceu pela segunda vez nessa temporada, seguido a uma distância segura de Verstappen e Norris, que superou Piastri à fórceps na primeira volta e pode ter jogado às Papayas Rules pela janela em dia de festa para a McLaren, que comemorou o décimo Mundial de Construtores em sua longa jornada na F1.


A chuva até apareceu em Singapura minutos antes da largada, mas o calor na cidade-estado é tamanho que a pista estava seca no momento da largada. Ainda sonhando com o pentacampeonato, Max Verstappen arriscou na escolha de pneus e optou pelo composto macio para ter uma melhor tração no apagar das cinco luzes vermelhas, enquanto praticamente todos os pilotos ao seu redor saíram com a borracha média, incluindo o pole Russell. Talvez pela chuva tenha limpado ainda mais a pista, o fato foi que Verstappen nem de longe usou o potencial dos pneus macios na largada, com Russell efetuando uma bela saída e se mantendo confortavelmente na ponta. Porém, o drama da corrida ocorria alguns metros atrás. Conhecido pelos vacilos em largadas, Lando Norris subverteu a ordem nesse domingo com uma baita largada, imediatamente ultrapassando Andrea Kimi Antonelli e mergulhando por dentro em cima de Oscar Piastri. Na apertada primeira chicane, a dupla da McLaren se apertou sem toques, mas na forte freada da curva 3, Norris foi agressivo, batendo na traseira de Verstappen e tocando rodas com Piastri, que com muito custo não se estatelou no muro. Piastri ainda manteve a quarta posição, mas o australiano não se furtou a reclamar do comportamento do companheiro de equipe via rádio. Papaya Rules? Aparentemente Lando Norris jogou pela janela, o que pode ser bem para o campeonato.


Vendo que sua tática inicial de atacar George Russell havia fracassado, restou à Max Verstappen tentar fazer com que seus pneus macios durassem o máximo possível e isso foi fundamental para o domínio de Russell. O inglês da Mercedes nem precisou forçar ao extremo para abrir uma distância decisiva em cima de Verstappen, chegando aos 10s na medida em que o primeiro pit-stop se aproximava. Russell parou bem depois de Max e mesmo retornado à pista apenas 5s na frente e Verstappen tendo conseguido abaixar esse déficit para menos de 3s algumas voltas depois, um erro do piloto da Red Bull ajudou ainda mais George a ficar ainda mais tranquilo na frente, se preocupando apenas em não cometer o mesmo erro que o fez bater no final da corrida em Marina Bay em 2023 quando estava em posição de pódio. Russell venceu de forma tranquila, sem maiores problemas, mas após a corrida o inglês sorria ao mesmo tempo em que coçava a cabeça por não saber ao certo como a Mercedes, conhecida por ter sérios problemas em pistas quentes como o de Marina Bay, ter performado tão bem nesse domingo. Vencer é bom, mas a Mercedes claramente não sabe muito bem porque triunfou. Kimi Antonelli largou mal, perdendo duas posições e se afastou decisivamente da luta pelo pódio. Empacado atrás da Ferrari de Leclerc, o jovem italiano demorou dois terços de corrida para ultrapassar o monegasco e garantir pelo menos um quinto lugar, deixando a Mercedes mais destacadamente na segunda posição do Mundial de Construtores.


Se George Russell poderia até mesmo ligar o som do seu Mercedes e curtir uma música enquanto passeava na quente corrida em Marina Bay, Verstappen teve mais trabalho. Parando mais cedo, Max teria que administrar seus pneus até o fim da corrida e via rádio o neerlandês reclamava sistematicamente do equilíbrio do seu Red Bull. O erro quando se aproximava de Russell deixou os retrovisores de Max com o McLaren de Norris ainda maior, mas o inglês da McLaren apenas perseguiu o rival. Mesmo com uma avaria na asa dianteira pelo toque com o próprio Max Verstappen na primeira volta, em nenhum momento Lando Norris parecia sequer próximo de uma ultrapassagem sobre o piloto da Red Bull. Afora uma colocada de lado ao final da reta oposta, Norris nada fez para tomar o segundo lugar de Max Verstappen. Essa falta de decisão de Lando só aumenta a sensação de que lhe falta o 'eye of tiger' que tanto caracteriza os campeões de F1, mesmo Norris tirando três pontos de vantagem sobre Piastri, que fez uma corrida opaca, que ainda foi atrapalhada por outro pit-stop ruim da McLaren, algo que vem se tornando bastante comum para o time de Andrea Stella e seus papaia caps. Por mais que Piastri tenha se aproximado bastante na disputa pelo segundo lugar, já faz um bom tempo que Oscar não tem uma boa corrida para chamar de sua e Norris já começa a ficar grande em seu retrovisor no Mundial de Pilotos. Para a McLaren, essa parada já foi decidida. Com seis corridas de antecedência, o time comandado por Zak Brown conquistou o Mundial de Construtores, mostrando a enorme vantagem que a McLaren tem sobre as rivais em boa parte do campeonato, além da pouca diferença entre seus dois pilotos. Enquanto Max Verstappen subiu ao pódio em segundo lugar, Yuki Tsunoda terminou dez posições e uma volta atrás do companheiro de equipe. Uma diferença grande demais, que faz toda a diferença no Mundial de Construtores.


A Ferrari teve mais um dia para esquecer, onde mal apareceu na transmissão em outra corrida discreta dos seus pilotos. Leclerc ainda largou bem e ficou bastante tempo na frente de Antonelli, num bom dia da Mercedes, mas com todo o pelotão optando pela estratégia de uma parada, Charles ficou sem pneus nas últimas voltas e foi ultrapassado por Antonelli e por Hamilton, que vendo o sétimo colocado muito longe, escolheu colocar pneus macios numa segunda parada e ser o mais rápido da pista nas voltas finais. Lewis engoliu a diferença que tinha para Kimi e Charles, mas quando tentava ultrapassar Antonelli, sua Ferrari o deixou na mão, sem freios. Hamilton fez de tudo para se receber a bandeirada, inclusive cortar curvas e isso não passou barato pelos comissários da FIA e, principalmente, por Fernando Alonso, que ficou possesso com a atitude de Hamilton na sua frente. Lewis acabou punido em 5s e perdeu a sétima posição para Alonso.


Por sinal, Alonso foi escolhido o Piloto do dia provavelmente não pelo o que fez na pista, mas pelo o que disse no rádio. Após ameaçar desligar o rádio e se auto-intitular como herói do dia após ultrapassar Albon, Alonso foi o melhor do resto com direito a mais um pontinho no grito e superando um pit-stop horroroso da Aston Martin. Oliver Bearman foi outro destaque ao colocar sua Haas no Q3 e se manter entre os pontuáveis, mesmo que alguns pilotos estivessem esticando seus stints esperando o Safety-Car que não veio. O nono lugar fez valer a boa corrida de Bearman, enquanto Sainz manteve a boa fase fechando a zona de pontos. A Williams foi desclassificada no sábado por irregularidades no tamanho da abertura do DRS e seus dois pilotos largaram no final do grid. Sainz foi um dos que esticaram o primeiro stint ao máximo, foi o último a parar e ao colocar pneus macios, ultrapassou quem apareceu na sua frente, garantindo o décimo lugar nas voltas finais, ao ultrapassar Isack Hadjar, que sofria com problemas de motor desde o primeiro terço de prova. Alpine e Sauber brigaram entre si quem tinha o pior carro em Singapura e os pilotos do time francês ficaram uma posição à frente dos pilotos da equipe helvética. Bortoleto teve um toque na primeira curva e danificou a asa dianteira, fazendo com que o brasileiro tivesse que antecipar sua parada e ainda trocar a peça quebrada. Tendo que ficar muito tempo com os mesmo pneus, Gabriel foi alvo fácil dos pilotos que pararam mais tarde, terminando a noite em Singapura em 17º, colado o tempo inteiro em... Calapinto. O argentino começa a mostrar uma sobrevida dentro da Alpine, superando mais vezes Gasly, que segurou Hulkenberg na briga pela penúltima posição, após o alemão rodar e ter que fazer uma parada extra, num dia em que a normalmente acidentada corrida em Marina Bay não viu nenhum abandono.


Max Verstappen andou na frente da McLaren num circuito que não favorece o seu carro e onde o neerlandês nunca venceu. Mesmo com a vitória de George Russell, Max sai de Singapura um pouco mais fortalecido na luta pelo pentacampeonato. Ainda é uma luta inglória, mas Max vê bons sinais em seu horizonte. A McLaren pôde ter conquistado o Mundial de Construtores com ampla antecedência, mas no final do ano todos lembram mais do piloto campeão e os dois pilotos da McLaren ainda parecem imaturos e isso pode piorar com a aproximação de Max Verstappen. Mesmo com as notórias dificuldades de se ultrapassar em Marina Bay, Norris mais uma vez se mostrou inofensivo numa luta direta contra Verstappen, enquanto Piastri vem numa fase menos boa, onde não faz uma corrida de destaque já faz algum tempo. Sem contar que hoje os dois pilotos da McLaren se tocaram, podendo afetar a delicada harmonia dentro da equipe. Max Verstappen já fareja sangue papaia na água.