segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Figura(MEX): Max Verstappen

 Na pior corrida de 2022, Max Verstappen transformou o marasmo mexicano numa prova marcante, pois o neerlandês da Red Bull conseguiu a marca de catorze vitórias em 2022, se isolando como o maior vencedor de uma única temporada na história da F1. Foi uma vitória ordinária para Max. Ele afastou o fantasma da Mercedes na classificação, largou muito bem e administrou bem os delicados pneus na escorregadia pista do Hermanos Rodríguez. Uma vitória de manual, mais uma para Verstappen, que parece ir em direção aos recordes não apenas nessa, mas nas próximas temporadas.

Figurão(MEX): Alpine

 Do que adianta ter apoio de uma montadora tradicional da F1 (Renault), ter um piloto genial (e genioso) como Fernando Alonso e construir um carro melhor do que sua rival (McLaren) se o carro simplesmente não consegue terminar a maioria das provas? A Alpine luta com a McLaren pelo quarto posto no Mundial de Construtores, mas já deveria estar na frente dos ingleses a muito tempo, se não fossem os vários problemas que atormentam os franceses, principalmente no carro de Alonso, que já conta com mais sessenta pontos perdidos no campeonato por causa de problemas em seu carro. No México a história se repetiu, com Alonso pronto para ser o melhor do resto com um sétimo lugar, até o seu motor estregar os pontos já no fim da prova. Fernando saiu do carro irritado e não se pode acusar o espanhol de mau perdedor, vide a quantidade de pontos perdidos por ele, sem contar que a McLaren teve um bom final de semana e está apenas sete pontos atrás da Alpine, pronta para capitalizar o menor deslize dos gauleses. E deslizes é o que não falta para a Alpine em 2022.

domingo, 30 de outubro de 2022

Lendária

  A bizarra regra dos Play-Offs da Nascar proporcionou hoje uma manobra que já entra para uma da mais épicas da história do automobilismo. Se quisesse ir para a final em Phoenix, Ross Chastain precisava de um pequeno milagre em Martinsville, afinal, ele estava alguns carros atrás de Denny Hamlin, seu rival pela última posição do Final Four. Sem ter nada a perder e aproveitando-se das características únicas do micro oval de Martinsville, Chastain foi para um literal tudo ou nada e por muito pouco conseguiu superar Hamlin e se classificar para a final. Uma manobra simplesmente lendária!


Sem bloqueios


 Talvez tenha sido a pior corrida dessa temporada, mesmo com a bela festa promovida pelos mexicanos antes e depois da prova. Claro que Max Verstappen não tem nada a ver com isso. O neerlandês se defendeu muito bem da dupla da Mercedes na largada e daí em diante, não teve mais adversários ao cuidar melhor dos seus pneus, enquanto a trupe de Toto Wolff se manteve parada no tempo, pensando que daria o golpe na Red Bull ao parar apenas uma vez, contudo, os austríacos perceberam que a temperatura mais baixa poderia fazer com que Max parasse também apenas uma vez, garantindo uma tranquila vitória. E não uma vitória qualquer. Foi a décima quarta da temporada 2022 de Verstappen, o colocando como o maior vencedor em uma única temporada na história de 73 anos de F1.


Com o Brasil focado em outros assuntos mais importantes, nem a TV Bandeirantes se deu o trabalho de transmitir a corrida, ficando à cargo da sua TV por assinatura. E os executivos da família Saad não devem ter se arrependido da decisão. Foi uma corrida extremamente morna, para usar um adjetivo ameno para uma corrida sonífera. Tempos atrás Max Verstappen disse que não se importaria em conquistar um campeonato dominando, mesmo que isso mexesse no interesse dos fãs. Um ano depois de arrebatar um memorável título na última corrida, Verstappen provou que esse triunfo lhe fez muito bem, tornando-o ainda mais confiante e maduro, não diminuindo em nada a sua velocidade estonteante. O piloto da Red Bull simplesmente passeou por setenta e uma voltas no circuito Hermanos Rodríguez, numa pilotagem sóbria, onde não teve o mínimo trabalho durante a prova. Só não foi uma vitória de ponta a ponta por causa de algumas estratégias diferentes, mas que não mudaram o resultado da primeira volta. A única ação foi mesmo na largada. Com a Mercedes conseguindo um desempenho surpreendente nos treinos, era esperado um ataque dos prateados, pois estava nítido que no México a Mercedes teria sua melhor chance de vitória. Porém, tudo se resolveu na primeira curva.


Verstappen, Russell, Hamilton e Pérez ficaram em fila indiana no aproche da primeira curva. Quem saísse de lado, poderia dar o bote. Sem muita velocidade final, Russell se arrependeu de ter colocado de lado, ficando por fora. Verstappen se manteve confortavelmente em primeiro, enquanto George ficou mal colocado nas curvas seguintes, permitindo a Hamilton e Checo conseguirem as posições de Russell, deixando o inglês em quarto. E... assim terminou a corrida! Claro que havia a expectativa de táticas diferentes, pois a Red Bull largou com pneus macios, enquanto a Mercedes saiu com os compostos médios, mas o tempo nublado na Cidade do México, somado a falta de Safety-Car real durante a prova ajudou sobremaneira a Red Bull. Era esperado que os carros austríacos parassem duas vezes e quando a Mercedes ficou mais tempo na pista e ainda colocou os pneus duros, estava na cara que Hamilton e Russell visitariam os pits apenas uma vez. O que os táticos da Mercedes não esperavam era que o clima mais ameno fizesse com que os dois carros da Red Bull, que colocaram pneus médios, tivessem condições de manter um bom ritmo com esse composto até o fim. Para completar, nem Hamilton, nem Russell se sentiram confiantes com a borracha mais dura, deixando os dois sem condições de ataque. Quando Verstappen tinha 8s de frente para Hamilton, parecia que Lewis poderia sair do zero em 2022, mas logo ficou claro que Max também pararia apenas uma vez, significando que a diferença na pista era a diferença real. A corrida ficou bastante estática, mesmo com os quatro primeiros tentando aproximações e parando em diferentes voltas. Foi um porre! 


Só que Max não tem do que reclamar. Foi sua 14º vitória em 2022, o colocando isoladamente como o maior vencedor numa única temporada. Ah, mas hoje corresse muito mais do que antes. O detalhe é que a média de Verstappen é idêntica à Schumacher e Vettel, quando os dois alemães conseguiram treze vitórias em 2004 e 2013. Se no início do ano parecia que teríamos uma briga de tirar o fôlego entre Red Bull e Ferrari, a realidade nos mostrou uma dominância acachapante de Max Verstappen, que hoje bateu o recorde de pontos num único ano. Falando em Ferrari... por onde estavam os italianos no México? A Ferrari não se encontrou na altitude mexicana, mas parecendo jogador de futebol quando vai jogar em La Paz. Os italianos tiveram uma corrida pífia de tão discreta, onde Sainz e Leclerc ficaram numa distante quinta e sexta posições. Ao perder duas posições na primeira volta, Russell sentiu o golpe e não foi mais um fator na corrida, com Hamilton fazendo as graças da Mercedes com um tranquilo segundo lugar, deixando-o à frente de Sainz e próximo de Russell no campeonato, após um início de ano nada animador do heptacampeão. Pérez garantiu a festa com outro pódio, deixando na imaginação como seria se um dia o mexicano vencesse em casa.


Na briga pelo melhor do resto, pontos importantes para a McLaren, mesmo que com surpreendente Daniel Ricciardo se mostrando muito forte em sua melhor corrida em 2022, apesar de um toque em Tsunoda que fez o japonês literalmente voar numa viajada na maionese do australiano. A Alpine tem um carro melhor do que a McLaren, mas a parca confiabilidade vai debitando pontos importantes aos franceses, que viu Alonso abandonar outra corrida quando o espanhol vinha tranquilamente como o melhor do resto. Norris e Ocon pontuaram, mas a Alpine saiu perdedora do México, com Bottas voltando a pontuar com a Alfa Romeo numa boa corrida da equipe italiana, que em 2026 se tornará Audi. Gasly ficou na bica dos pontos, mas sua ultrapassagem aguerrida sobre Stroll lhe valeu uma punição que lhe tirou da zona de pontuação. Albon ficou também próximo dos pontos, enquanto seu companheiro de equipe foi último, tomando uma volta... de Albon!


Se hoje pouca gente se importou com a corrida mexicana, pelo menos não perderam muita coisa. Foi uma corrida sorumbática, parada e que seria um belo sonífero para quem estiver com insônia, mesmo sendo praticamente impossível dormir pela tensão do final da tarde deste domingo. Verstappen não tem nada com isso. O neerlandês venceu com categoria e bateu mais um recorde na carreira. Max vai cimentando seu caminho entre os grandes da F1, sem encontrar nenhuma barreira em sua estrada.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

E lá se vão 25 anos


 Foi uma das melhores temporadas da história da F1 e particularmente, a melhor que acompanhei de perto. E não estou falando de 2021, onde Sergio Maurício teima em tascar que foi a melhor temporada da história. Estou falando de 1997 e sua inesquecível disputa entre Schumacher e Villeneuve. Dois pilotos díspares e com diferentes motivações, mas que tinham como principal objetivo derrotar um ao outro. As semanas anteriores à prova em Jerez foram tensas, reverberando no que aconteceu domingo, com Schumacher jogando seu carro em cima da Williams de Villeneuve, jogando também mais um pouco de terra em sua reputação. No dia anterior, 25 anos atrás, a história já tinha sido feita. Três carros simplesmente empataram no grid, marcando o tempo de 1:21.072. O detalhe foi que Damon Hill ficou cinco centésimos atrás, no que foi a menor diferença entre os quatro primeiros num grid de F1 com três dígitos. Se no sábado já foi assim, domingo foi ainda melhor!

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Figura(EUA): Red Bull

 Era para ser um final de semana festivo para a Red Bull. Não precisava de muita coisa para o time austríaco acabar com um longo jejum de nove anos sem título no Mundial de Construtores, porém, faltando poucos minutos para o início da classificação, foi anunciado a morte de Dietrich Mateschitz, fundador da marca Red Bull e grande incentivador do esporte, além da própria equipe. Foi um choque enorme, mas talvez como Mateschitz pediria, a equipe seguiu em frente para conquistar seu quinto título de construtores com mais uma vitória de Max Verstappen. Mesmo com os problemas com o teto orçamentário em 2021, a Red Bull realmente mereceu o título e junto com Max Verstappen, faz um conjunto fortíssimo.

Figurão(CAN): Lance Stroll

 O canadense da Aston Martin até vinha fazendo um bom final de semana, andando na frente de Vettel e graças às punições de outros pilotos, Stroll largaria numa boa terceira fila. Falando em terceiro, por causa da confusão na primeira curva, Lance pulou para terceiro colocado e estava na frente de Vettel, fazendo o que poderia ser a melhor corrida da equipe do seu pai. Então veio um Safety-Car, onde Stroll acabou perdendo a posição para seu companheiro de equipe durante as paradas nos boxes, mas ainda estava marcando bons pontos. Atrás de Lance, Fernando Alonso fazia uma belíssima corrida de recuperação após ser punido por trocas em componentes de motor e relargaria atrás do canadense, que será seu companheiro de equipe em 2023. Stroll já está em sua quarta temporada, mas ainda comete erros bobos de um mero novato. Enquanto era atacado por Alonso na reta oposta, Lance mudou a trajetória tardiamente, não dando chances para Alonso fazer uma manobra defensiva. O choque foi inevitável e Alonso chegou a ter duas rodas no ar, enquanto Stroll batia forte no muro na frente de um pelotão de carros a mais de 300 km/h. Felizmente nenhum dos dois fora atingido. Apenas a reputação de Lance Stroll, aumentando cada vez mais a sensação de que Stroll só ainda resiste na F1 pelo bolso fundo do seu papai. 

domingo, 23 de outubro de 2022

Em nome de Mateschitz

 


Num final de semana triste para a Red Bull, pela morte do seu cofundador nesse sábado, o time respondeu da melhor forma possível, com outra vitória de Max Verstappen e a confirmação do título do Mundial de Construtores, acabando com um jejum de quase dez anos da equipe austríaca, que mesmo de luto, comemorou bastante o triunfo, elevando Max ao patamar dos multi-campeões Sebastian Vettel e Michael Schumacher, todos eles com treze vitórias numa temporada, sendo que Verstappen ainda tem três corridas para quebrar esse recorde. Porém, hoje a corrida não foi simplesmente um passeio no parque para o neerlandês.


Austin recebeu um público digno de 500 Milhas de Indianápolis nesse final de semana, assim como um clima quente e com bastante vento, o que dificultou bastante a vida dos pilotos, principalmente no insinuante primeiro setor da pista, com os esses de alta velocidade comendo os pneus. Isso fazia com que as equipes já soubessem de antemão que teriam que visitar os boxes pelo menos duas vezes. A corrida de Verstappen nem parecia que seria tão complicada no início. Mesmo o pole largando no lado limpo da pista, o segundo colocado fica melhor colocado e fica por dentro na primeira curva. Bastou à Verstappen largar melhor do que Sainz para se colocar tranquilamente na ponta na primeira curva, com Sainz fazendo um traçado bem aberto. O que o espanhol não esperava era ter a companhia das duas Mercedes, com Russell freando forte por dentro, atingindo a Ferrari de Sainz, que rodou imediatamente. Parecia apenas mais um contratempo para Carlos, mas no final resultou num furo de radiador no carro do espanhol e foi Game Over para Sainz. Verstappen assumia a ponta da corrida e tinha Hamilton em segundo. Com o mele na primeira curva, alguns pilotos surgiram bem, como foi o caso de Lance Stroll em terceiro e Sebastian Vettel em quinto. O dia parecia glorioso para a Aston Martin. Só parecia...

Enquanto Verstappen reclamava o tempo todo do vento, a corrida se estabelecia com as recuperações de Pérez e Leclerc, punidos por trocas no motor e largando no meio do pelotão. Por sinal, na rodada de Sainz, Leclerc teve que frear para não bater e acabou que perdeu terreno. Pérez já tinha se estranhado com Magnussen na primeira volta, resultando numa asa dianteira avariada, mas a FIA se fez de doida, como se diz aqui no Ceará, e ignorou o problema do mexicano, não repetindo o que em outras corridas com o próprio Magnussen. Russell e Pérez rapidamente atacaram a dupla da Aston Martin, um pouco antes da primeira rodada de paradas. Sabendo que Russell tinha sido punido pelo toque em Sainz, Pérez nem fez muita questão de atacar o inglês, preferindo esperar as paradas para ficar à frente de George. Enquanto isso, Leclerc já se aproximava dos dois carros da Aston Martin, quando começaram os primeiros pits. Tendo ouvido a famosa chamada 'It's Hammer Time', Hamilton inaugurou as paradas dos líderes, porém, Leclerc resolveu ficar mais tempo na pista. Na volta 17, a Ferrari já chegava ao plano E...


Porém, dessa vez Charles teve sorte quando Bottas, que vinha fazendo uma boa corrida, rodou sozinho e seu Alfa Romeo ficou atolado numa das raras caixas de brita de Austin, trazendo o Safety-Car. Leclerc ganhou terreno com o SC, o mesmo acontecendo com Vettel, que emergiu na frente de Stroll, com Alonso se recuperando de punições já entre os dez primeiros. Na relargada aconteceu o susto da corrida. Alonso atacava Stroll e numa manobra atabalhoada do atarantado canadense, os dois colidiram no meio da reta oposta, fazendo o carro de Alonso voar e bater de leve no guard-rail, enquanto Stroll batia mais forte e abandonava em seu melhor final de semana, que acabou terminando como mais um strollada. Por incrível que pareça, a Alpine de Alonso só precisou trocar asa dianteira e pneus para retornar à pista. Um verdadeiro tanque azul! E mais impressionante ainda, mesmo assustado com a presepada de Stroll, como mostrou seu arfante rádio após o acidente, Alonso iniciou uma bela corrida de recuperação, mas o espanhol já teve seu cartão de visitas de Stroll para 2023. Com pneus mais novos, Leclerc partiu para cima de Pérez e numa bela manobra no final da reta dos boxes, confirmava sua boa corrida de recuperação e entrava no pódio. Tudo levava a crer num triunfo tranquilo e fleumático de Max Verstappen, mas talvez a Red Bull tenha resolvido pregar uma peça para o seu piloto e tenha dificultado um pouco as coisas para o neerlandês. Conhecida por raramente errar em seus pit-stops, a Red Bull viu a roda dianteira esquerda de Max ficar presa e o atual campeão mundial ficou longos 11.8s parados nos pits. Enquanto isso, Leclerc fazia sua parada e mesmo estando 4s atrás de Max, com os problemas da Red Bull, Charles saía na frente do seu antigo rival no kart. Porém, as coisas pareciam ainda melhores para Hamilton, que tinha parado uma volta antes e liderava a corrida, no que poderia ser sua primeira vitória em 2022, continuando sua incrível marca de ter pelo menos uma vitória em todos os anos de Lewis na F1.


Só que haviam alguns detalhes que acabaram por atrapalhar as contas de Hamilton e da Mercedes. Mesmo Austin desgastando bastante os pneus, os compostos médios se comportaram melhor do que o esperado, fazendo Ferrari e Red Bull colocarem essa borracha nos carros dos seus pilotos, enquanto a turma de Toto foi mais conservadora e meteu pneus duros no carro de Hamilton. Isso seria decisivo. Após um animada briga com Leclerc, Verstappen rapidamente se aproximou de Hamilton. Seria o replay das disputas do ano passado? Hamilton não entregaria a vitória fácil e estava andando realmente no limite, enquanto Max queria a vitória para homenagear Mateschitz. A velocidade com que Verstappen chegou em Hamilton e com pneus inteiros demonstrou bem o equilíbrio do conjunto da Red Bull. Max tentou uma vez, Hamilton deu o xis. Na segunda tentativa, na reta oposta e o DRS aberto, Verstappen completou a ultrapassagem definitiva faltando cinco voltas para o fim. Andando no limite, Hamilton ficou contando quantas vezes Max saía da pista, mas quando Lewis errou uma freada e ele próprio foi avisado que já estava pendurado no quesito saída de pista, o inglês da Mercedes se aquietou e Verstappen pôde comemorar sua décima terceira vitória no ano, se igualando à Vettel e Schumacher como os maiores vencedores numa mesma temporada.


Hamilton teve que se conformar com o segundo posto, enquanto Leclerc ficou sem pneus e viu a aproximação de Pérez no final, mas o mexicano teve o que comemorar. Com a Ferrari pontuando apenas com um carro em terceiro, mais a vitória e um quarto lugar da Red Bull, o time austríaco comemorou seu quinto Mundial de Construtores. Russell, que colocou pneus macios na penúltima volta para ganhar o ponto da melhor volta, fechou o pelotão das equipes top3. O melhor do resto foi Lando Norris, que mesmo pegando o rescaldo do acidente entre Alonso e Stroll, colocou pneus médios no último terço de prova e com uma ultrapassagem tardia em Alonso, garantiu o sexto lugar. Alonso? Isso mesmo! O espanhol fez uma corrida espantosa após ficar em duas rodas pela imprudência de Stroll, Alonso manteve um ritmo forte e só não foi sexto por não ter os pneus bons o bastante para segurar Norris. Porém, o lugar de melhor do resto poderia ter sido muito bem de Vettel. O alemão fazia uma bela corrida, chegando a acompanhar o ritmo de Russell na última relargada, mas um pit-stop horroroso da Aston Martin jogou Vettel para as últimas posições. Isso, depois de Vettel voltar a liderar uma corrida após um longo e tenebroso inverno. Vettel, porém, colocou a faca entre os dentes e seguiu ultrapassando quem via pela frente, acabando por ultrapassar Magnussen na última volta para garantir um oitavo lugar, além de ser considerado o piloto do dia. A disputa pelos últimos pontos foi bem interessante e acabou ganha por Tsunoda, voltando a pontuar depois de muito tempo, mas por ali estiveram Gasly, Albon e Mick Schumacher, mas todos perderam ritmo no final. Nicholas Latifi fez o que dele sempre se espera. Rodou sozinho, bateu em outros carros enquanto era ultrapassado e terminou em último. Posição essa que era de Ricciardo a poucas voltas do fim. Um final de carreira realmente melancólico para o australiano, que chegou em Austin montado num cavalo e saiu de lá levando um verdadeiro coice.


Foi uma das corridas mais animadas do ano, com muitas brigas em várias partes do pelotão, além de um acidente perigoso causado por Stroll, reforçando a sensação de que o canadense só estar na F1 por causa do bolso fundo do papai. O que não mudou foi o vencedor. Após um primeiro terço de campeonato equilibrado entre Ferrari e Red Bull, Max Verstappen começou a fazer a diferença no resto do campeonato, transformando o que poderia ser um certame emocionante num recital solo do neerlandês, que pode acabar o ano batendo ainda mais recordes. Com a morte de Dietrich Mateschitz deixando o futuro da Red Bull em suspenso à médio prazo, todas essas conquistas desse domingo foram para o austríaco.

Mão na taça


 Foi tenso, não restam dúvidas, mas a Ducati tem tanta superioridade atualmente na MotoGP, que tudo se encaminhou para Pecco Bagnaia garantir seu primeiro título da MotoGP na última etapa em Valencia, quebrando um longo tabu da Ducati na principal categoria do Mundial de Motovelocidade, mesmo com todos os esforços de Quartararo, que correu com um dedo quebrado, subiu ao pódio e evitou que o título fosse decidido na Malásia.

Na classificação Bagnaia e Quartararo tiveram problemas, fazendo-os largarem apenas em nono e décimo segundo, respectivamente, no entanto a situação do francês era mais complicada, pois teve um dedo quebrado numa queda e correria com dor no domingo. Porém, ambos resolveram seus problemas na largada. Tanto Bagnaia como Quartararo executaram largadas grandiosas para aparecerem no primeiro pelotão ainda na primeira curva, com Bagnaia pulando para segundo e Quartararo para sexto. E como Morbidelli, numa rara boa exibição, era quinto, rapidamente Fabio assumiu a posição. Foi então que começou toda a tensão que marcou a corrida malaia nesse domingo. De um lado, a Ducati quer acabar de vez com toda a ansiedade para conquistar seu esperado título o mais rápido possível. Do outro, alguns pilotos da Ducati não parecem muito dispostos a ajudar a causa da montadora. Um deles era o pole e líder da corrida Jorge Martin. Chateado por ter sido preterido por Enea Bastianini na equipe oficial em 2023, Martin parecia que não colaboraria com a causa da Ducati e abria para Bagnaia. Porém, não demorou muitas voltas para a Ducati mostrar ao mundo porque deixou o espanhol de lado, quando Martin errou sozinho e destruiu sua moto.

Bagnaia na ponta. Tudo certo? Não. Mesmo contratado pela Ducati para a próxima temporada, Bastianini demonstrou algumas vezes nesse ano que seus interesses pessoais poderiam sobrepujar o que a Ducati queria, como a chegada em Aragão. Bastianini tinha totais condições para vencer, chegando a ultrapassar Bagnaia, para desespero da cúpula da Ducati, que se reuniu no pit-wall. Enquanto isso, Marco Bezzecchi se livrava de Marc Márquez e se aproximava perigosamente de Quartararo. A conta era simples: se Bezzecchi ultrapassasse Quartararo, Bagnaia era campeão com uma vitória. Porém, Pecco estava em segundo. Claramente correndo abaixo do que pode, Bastianini cedeu sua posição para Bagnaia, enquanto o ataque de Bezzecchi não se confirmou e no momento em que decidiam o que faziam da vida lá na frente, a dupla italiana da Ducati viu Quartararo chegar a ficar perigosos 1.2s atrás deles. Então a corrida se estabilizou, para profundo alívio de Tardozzi, Ciabatti e Dal'Igna. 

Bagnaia conseguiu sua sétima vitória em 2022 e praticamente se garante como campeão dessa temporada da MotoGP. Somente por um ponto o título não foi decidido em Sepang. Lembram da chegada em Aragão, Ducati? Pois é... Contudo a situação de Pecco é extremamente confortável para a última etapa em Valencia, com o italiano precisando apenas de um 14º lugar para ser campeão. A chance de Quartararo é que Valencia é uma pista travada, bem ao gosto de sua Yamaha, mas para Bagnaia basta praticamente não cair para se sagrar campeão. A agonia da Ducati continua, mas somente um cataclisma poderá tirar o título de Bagnaia.  

sábado, 22 de outubro de 2022

Que pena...


 Minutos antes do início da classificação para o Grande Prêmio dos Estados Unidos em Austin, o mundo da F1 ficou abalado com a notícia da morte de Dietrich Mateschitz, um dos fundadores da marca Red Bull e grande incentivador do esporte. O choque da morte do austríaco deixou todos nas equipes Red Bull e Alpha Tauri logicamente tristes e acabou atingido muitas pessoas, inclusive pilotos como Vettel e Ricciardo, que passaram pelo seio da Red Bull.

Dietrich Mateschitz nasceu em 1944 e se enveredou no ramo dos negócios, chegando à Tailândia em 1984 à negócios, onde experimentou uma bebida local. Rapidamente o austríaco viu muito potencial no líquido e juntamente com o tailandês Chaleo Yoovidhya, fundaram a Red Bull em 1987, iniciando um império de bebidas, que rapidamente ramificou-se para os esporte. Amigo do antigo piloto Helmut Marko, Mateschitz começou a investir na F1 ainda na década de 1990, patrocinando Gerhard Berger e depois a equipe Sauber. Junto com Marko, Mateschitz criou um programa de jovens pilotos para a F1, começando com Enrique Bernoldi na Arrows em 2001. Porém, os dois austríacos viam a F1 como um território muito valoroso a ser explorado e de forma surpreendente, Mateschitz comprou os espólios da antiga equipe Jaguar no final de 2004. Não satisfeito, o austríaco comprou a equipe Minardi no ano seguinte, transformando a tradicional escuderia italiana num time júnior da equipe principal. Assim nasceram a Red Bull e a Toro Rosso, hoje conhecida como Alpha Tauri. De equipe simpática e até mesmo inofensiva, a Red Bull foi se estruturando sob o comando de Marko e do jovem chefe de equipe Christian Horner, que conseguiram a contratação do mago da aerodinâmica, Adryan Newey. 

Bastou uma grande mudança de regulamento em 2009 para a Red Bull ascender do pelotão intermediário para as primeiras posições. Um dos frutos da cantera comandada por Marko surgia naquele mesmo ano, quando Sebastian Vettel graduou-se da Toro Rosso após uma inesquecível vitória em Monza para a Red Bull, onde no primeiro ano ficou com o vice-campeonato. E não parou mais! Com Newey fazendo sua mágica, Horner no comando e Vettel em seu ápice, a Red Bull conquistou quatro títulos consecutivos. Quando começou a vencer, a Red Bull deixou de ser a queridinha da F1 e na mudança para os motores híbridos, os lamentos de Horner e Marko deixaram a equipe Red Bull bastante antipatizada, ficando com a fama de maus perdedores. Porém, Marko viu num imberbe Max Verstappen uma das chaves para uma reviravolta e após lutar com a Mercedes pelo passe do neerlandês, a Red Bull colocou Max na F1 com apenas 17 anos e apenas um ano no automobilismo. Verstappen mostrava seu potencial ao mesmo tempo em que evoluía, mas o domínio da Mercedes não dava margens para qualquer outra equipe. A Red Bull apostou alto quando se aliou à Honda, que vinha de um retumbante fracasso com a McLaren e em 2021, numa temporada eletrizante, a Red Bull voltou à vencer na F1 com Verstappen, título bisado em 2022.

Porém, a Red Bull não se focou apenas na F1. Mostrando uma imagem jovem, a Red Bull colou nos esportes radicais, patrocinando não apenas atletas, como também vários campeonatos de skate e surfe. No futebol, a Red Bull comprou um clube na Alemanha, transformando o Red Bull Leipzig numa potência na poderosa Bundesliga, além de comprar clubes na Áustria, Estados Unidos e no Brasil. No esporte a motor, a Red Bull já esteve presente na Indy e na MotoGP como patrocinadora, além de ter tido uma equipe na Nascar. Falava-se a algum tempo que a saúde de Mateschitz não vinha bem, inclusive que a venda (não finalizada) de 50% da equipe Red Bull para a Porsche era o início de uma saída da Red Bull da F1 num futuro próximo. A Red Bull não apenas refutou a compra, como hoje constrói seus motores usando a tecnologia da Honda, que deverá, em breve, retornar à F1 com os austríacos. 

A pole de Sainz e o segundo lugar de um abatido Max Verstappen ficaram totalmente em segundo plano nesse sábado de evidente tristeza no paddock da F1, principalmente para o atuais e antigos componentes da Red Bull/Alpha Tauri. Ainda é cedo para prever como será o futuro do negócio Red Bull na F1, mas foi uma morte marcante e que deverá reverberar. 

domingo, 16 de outubro de 2022

Nas mãos de Pecco

 


Tendo a melhor moto da categoria e com status de primeiro piloto da Ducati, Pecco Bagnaia demorou para engrenar em 2022 por causa de várias quedas, até mesmo inesperadas, vide o temperamento calmo do italiano. Porém, as estrelas começaram a se alinhar para Pecco com a queda da Yamaha, fazendo Quartararo andar tão no limite, que faz o habilidoso francês cometer erros aos montes, como hoje, enquanto Bagnaia, após conquistar quatro vitórias seguidas, se manteve constante e contando com a ajuda da Ducati e seus pilotos, garantiram uma ótima posição para as duas provas seguintes, enquanto Alex Rins vencia num dia emocionante para Marc Márquez.

Após dois anos de fora do calendário por causa da pandemia, a belíssima pista de Phillip Island entregou o mesmo tipo de prova eletrizante de outros anos. Já nas categorias inferiores tivemos pontos altos e baixos. Na Moto3, o jovem Izan Guevara venceu a corrida e o campeonato, surpreendendo os favoritos e experientes Sergio Garcia e Denis Foggia. Já na Moto2, a MotoGP deu uma de FIA. O piloto Jorge Navarro escorregou e caiu, sendo atingido em cheio por Simone Corsi. Navarro ficou na beira da pista evidentemente sentindo muitas dores, mas apenas dois comissários chegaram sem nenhuma maca para retirar o espanhol. Mesmo num ponto de alta velocidade, a direção de prova só aplicou uma bandeira amarela localizada e Navarro, sem capacete, ficou no local por absurdas duas voltas. FIM e Dorna precisam explicar a situação.

Após ter amanhecido com chuva, Phillip Island entardeceu com um tempo magnífico, deixando o visual ainda mais belo para a corrida da MotoGP. Largando na pole, Jorge Martin segurou os ataques de Marc Márquez e se manteve na ponta, enquanto os contendores ao títulos permaneciam no pelotão da frente. Correndo em casa e tendo o famoso hairpin da curva 4 renomeado em sua homenagem, Jack Miller crescia na corrida e mesmo companheiro de equipe de Bagnaia e provavelmente com ordens para ajudar o italiano, Miller partiu para cima de Pecco na luta pela terceira posição. Bagnaia corria sobre muito pressão, pois não apenas Aleix Espargaró o pressionava, como Quartararo vinha próximo. Porém, o francês da Yamaha parecia sem ter a mínima condição de ataque, como ocorreu em Motegi, quando apenas sobreviveu. Tentando andar mais do que a moto, Quartararo acabou errando na curva Miller e caiu para 22º. E as coisas não melhorariam para Fabio. Andando numa moto com nítidos problemas de velocidade, Quartararo não evoluía como esperado, mesmo estando apenas 5s atrás do líder e algumas vezes andando mais rápido do que Bagnaia. Na metade da prova Quartararo cometeu mais um erro solo e acabou no chão, zerando pela segunda corrida consecutiva.

À essa altura Alex Márquez já tinha cometido a barbeiragem da prova ao acertar a traseira de Jack Miller de forma atabalhoada, tirando o australiano da corrida e do campeonato, bem na curva que leva o nome de Jack. Enquanto Espargaró caía pelotão abaixo, deixando Bagnaia ainda mais confortável no campeonato, o italiano da Ducati estava num dilema na corrida. Para capitalizar os problemas dos seus rivais pelo título, Bagnaia poderia vencer a prova e colocar as mãos no campeonato, mas ao mesmo tempo, não poderia emular outro erro como o de Motegi. Para completar, a natureza competitiva das corridas em Phillip Island não deixava Bagnaia disparar na ponta, sempre tendo alguém lhe acossando. Alex Rins surgia muito forte em sua Suzuki e juntamente com Marc Márquez, eram os maiores rivais de Bagnaia pela vitória. Por um tempo, Pecco teve em Marco Bezecchi um bom escudo, mas quando nas voltas finais o novato italiano foi superado pelos espanhóis, eles partiram para cima de Bagnaia. Pensando no campeonato, Bagnaia não se arriscou muito na última volta e levou uma dupla ultrapassagem de Rins e Márquez. Pela primeira vez realmente competitivo em sua volta depois da quarta cirurgia, Márquez tentou até onde pôde, mas não pode evitar a vitória de Rins, provavelmente a última da Suzuki nessa era da MotoGP.

Bagnaia chegou apenas cinco centésimos atrás de Márquez em terceiro, mas não tem do que reclamar, pois Pecco ainda colocou catorze pontos de frente para Quartararo faltando duas provas para o fim do campeonato. Com um nono lugar, Aleix Espargaró ainda está próximo, mas claramente lhe falta gás nesses momentos decisivos. Com cinquenta pontos ainda em disputa, Quartararo teria boas chances de uma nova reviravolta, mas animicamente, Bagnaia é o grande favorito pela moto que tem e pelo apoio que possui, por causa dos demais pilotos da Ducati que o ajudam bastante, algo que Quartararo não pode contar. A próxima corrida em Sepang tem duas enormes retas. Nem precisa dizer que as Ducatis tem o favoritismo por lá. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Que pena...


 De um lado, a Holanda comemorava o bicampeonato de Max Verstappen. Do outro, os Países Baixos via com apreensão o gravíssimo acidente de uma de suas grandes promessas no motociclismo. Victor Steeman era um dos principais pilotos do Campeonato de Supersport, uma das categorias de base do Mundial de Superbike. O neerlandês lutava pelo título contra o espanhol Álvaro Díaz e liderava a corrida em Portimão, quando perdeu o controle de sua Kawasaki e foi colhido pelo também espanhol José Luis Pérez González. Esse é um dos acidentes mais temidos da motovelocidade. Steeman foi levado em estado crítico a um hospital em Faro, mas após três dias de luta, Steeman, de 22 anos, acabou falecendo, mas ainda tendo tempo de ajudar cinco pessoas, ao doar seus órgãos. Ride in peace Victor!

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Figura(JAP): Max Verstappen

 Não havia outra escolha possível! Não bastasse todo o merecimento pelo título numa temporada de altíssimo nível feito por Max Verstappen, onde ninguém foi capaz de chegar ao patamar do piloto da Red Bull, Max teve um final de semana sublime em Suzuka, se mostrando imbatível com piso seco e molhado, derrotando a todos com uma facilidade desconcertante. Com certeza o título de 2022 está nas mãos certas e pelo nível mostrado, ainda tem a vir de Max Emilian Verstappen.

Figurão(JAP): FIA

 Essa parte da coluna poderia valer por duas ou até mesmo por três, pela imensa quantidade de batatadas praticadas pela FIA nesse domingo em Suzuka. Foram fatos tão absurdos, que até mesmo o merecido título de Max Verstappen conquistado no Japão, sede da Honda, como muitos queriam que acontecesse, ficou em segundo plano pelas atrocidades cometidas pela FIA e seus diretores durante as três horas de evento. Começa pelo eterno problema dos pneus de chuva extrema da Pirelli, que ninguém se mexe para consertar, fazendo a F1 passar vergonha toda vez que uma chuvinha fina fica mais forte e todos pensam logo que não haverá corrida, como em Spa ano passado. É o tipo de situação onde a FIA fica empurrando com a barriga e nada decide. Depois, oito anos após o fatídico acidente que matou Jules Bianchi numa pista encharcada em Suzuka, a FIA cometeu o mesmo absurdo erro de mandar um trator entrar na pista, emulando o aconteceu em 2014. Um escárnio! E para piorar, ainda pune Pierre Gasly por velocidade acima do permitido no mesmo momento em que o piloto da Alpha Tauri tirava uma fina de um trator que, em circunstâncias parecidas, matou seu compatriota Bianchi. Para completar, Max Verstappen, sua equipe Red Bull e todo o mundo viu o neerlandês receber a bandeirada sem saber que Max estava prestes a conquistar o campeonato, algo que ficou evidente pelo erro de Leclerc e sua posterior punição. Todo o suspense que poderíamos ter tido nos poucos minutos de corrida ficaram para trás por causa da burrada da FIA, que criou tantos procedimentos que acabou se perdendo neles. Enfim, um dia para esquecer para os dirigentes.

domingo, 9 de outubro de 2022

Zona

 


Mohammed bin Sulayem terá muito trabalho pela frente na presidência da FIA. Não bastasse ter que administrar o ego dos chefes de equipe da F1 e uma provável crise por causa do teto de gastos, ainda terá que dar muitas explicações pelo o que aconteceu nesse domingo em Suzuka. Corridas na chuva sempre ocorreram na F1, com pouca ou muita intensidade, faz parte da natureza. Não faço parte daqueles que romantizam tudo o que acontecia no passado, incluindo na F1. Uma foto com um carro de F1 na beira do precipício e a pessoa coloca 'ah, isso que era F1, isso que era piloto'. Pensar na morte como algo inerente no automobilismo é não ter empatia ao próximo e ligar pouco para a vida, mesmo com algumas décadas de atraso. Porém, é inacreditável a FIA não pressionar equipes e a Pirelli para projetar um pneu de chuva forte decente. É um absurdo que oito anos após a trágica morte de Jules Bianchi aparecer um trator numa pista encharcada em Suzuka. É um desatino que ninguém soubesse que o título estava sendo decidido a ponto de Max Verstappen demorar alguns minutos para saber que tinha sido bicampeão mundial.


Suzuka nos entregou outra corrida caótica por causa da chuva e Max Verstappen conquistou sua décima segunda vitória na temporada com uma pilotagem soberba, muito superior aos demais, explícita pelos mais de 22s de vantagem em pouco menos de quarenta minutos de prova, encurtada por causa do aguaceiro que caiu em Suzuka e pela bandeira vermelha de duas horas que interrompeu o Grande Prêmio do Japão. A F1 é uma pessoa de 72 anos traumatizada, principalmente pelos ocorridos recentes. Ninguém queria uma repetição de Spa no ano passado e mesmo com a pista molhada, a largada aconteceu na hora marcada quando as condições eram similares à situação belga de 2021. Porém, bastou Carlos Sainz aquaplanar e bater para ficar claro que a corrida seria interrompida. Foi então que um grande trauma foi revivido. Em 2014 o Grande Prêmio do Japão era ameaçado por um tufão, mas na época se falava que a F1 tinha que correr de qualquer jeito. 'Ah, antigamente....' Com esse mote, falava-se que deveria-se correr de qualquer forma e mesmo com a pista encharcada, deu-se a largada ao Grande Prêmio do Japão daquele ano e quando Adrian Sutil bateu, um trator foi colocado na pista para tirar o carro do alemão. Foi então que tragicamente Jules Bianchi aquaplanou e entrou direto no trator, custando a vida do jovem francês meses depois após longa agonia. A F1 passou ter muito cuidado com pista molhada, inclusive não deixando largar em Spa ano passado. As críticas foram gigantescas em 2021 com a não-corrida em Spa. Hoje deu-se a largada, Sainz bateu forte após o hairpin e o que apareceu na pista com os carros ainda rodando? Um trator. Talvez do mesmo modelo que matou Bianchi. Pierre Gasly esbravejou pelo rádio com toda a razão. Como a FIA tem vários cuidados para usar procedimentos com pista muito molhada e simplesmente deixa acontecer o mesmo erro de 2014? Logo com os metódicos japoneses? Foi uma cena marcante para essa corrida em Suzuka, mostrando que a FIA está mais perdida que uma freira num baile funk.


Porém, as trapalhadas da FIA ainda não tinha terminado, mas antes falaremos da estrela do dia. Sim, hoje Max Verstappen ratificou sua condição de campeão dominante da temporada 2022 com uma corrida sublime, onde não deu chances a ninguém desde a largada, quando deu uma passadão por fora em cima de Leclerc daquela para se lembrar, só não liderando de ponta a ponta por causa da tentativa de Alonso e Mick Schumacher de tentar fazer diferente no momento em que os carros procuram os pits para colocar pneus intermediários. Na pista molhada Max fez uma corrida sem erros, mas contou com um para garantir o campeonato. Leclerc tinha problemas de pneus e era pressionado por Sergio Pérez nas voltas finais quando saiu da pista na última volta na famosa chicane Causio, cortando caminho e cruzando na frente de Checo. Uma clara violação e Charles foi rapidamente punido pela manobra temerária. Porém, em outra presepada da FIA, todos pensavam que Verstappen iria para Austin com uma vantagem ainda maior para ser campeão nos States, onde não faltaria pirotecnia e chapelões texanos. Porém, ninguém se atentou que por causa da corrida 'Viúva Porcina' em Spa no ano passado, alguns procedimentos foram mudados. Mesmo com a corrida encurtada para não exceder o tempo limite do evento, os pontos seriam dados completos, pois a prova terminaria e os pontos só seriam dados pela metade se a corrida fosse suspensa. Naquele momento, ninguém tinha percebido que a pataquada de Leclerc (mais uma) tinha sido decisiva para o campeonato. Até mesmo Verstappen e a Red Bull não sabiam que o campeonato estava no papo. Outro ponto negativo para a FIA, que muda tanto de regras que acaba se perdendo nelas. Porém, isso não tira o merecimento do título de Max Verstappen. Em toda a temporada o neerlandês se mostrou um degrau acima dos rivais e somado ao carro da Red Bull, esse conjunto se mostrou imbatível. E ainda mostrando um reflexo do que foi 2022, Leclerc errou na hora H para facilitar as coisas para Max.


Hoje não o melhor dos dias para a Ferrari, que viu Verstappen garantir o título por um erro do seu piloto e ainda foi praticamente a única a sair no prejuízo pelo clima inclemente nipônico, com a forte batida de Carlos Sainz. Já pensando em 2023, a Ferrari necessita de uma grande reflexão. Inclusive se Leclerc é mesmo o piloto da Ferrari no futuro. A ultrapassagem que levou de Verstappen na largada foi daquelas de se fazer pensar se o monegasco tem mesmo estofo para bater de frente com o antigo rival no kart nesse momento. Já a Mercedes teve uma corrida medíocre, onde Hamilton tinha mais ritmo do que Ocon, mas simplesmente não conseguiu a ultrapassagem pelo grande arrasto do carro nas retas, impedindo o avanço de Lewis. Já Russell foi atrapalhado no momento do pit-stop, quando praticamente todo o grid foi aos boxes colocar pneus intermediários, em outro antigo drama da F1. Com a restrição de testes por motivos financeiros, a Pirelli fica praticamente de mãos atadas para corrigir um problema crônico: os pneus de chuva extrema. A F1 camufla como pode esse problema, postergando largadas com pista muito molhada para que as equipes coloquem os pneus intermediários, por sinal, o tipo de pneus onde todos largaram quando as cinco luzes vermelhas apagaram, mesmo com a pista encharcada. Porém, a pista não comportava esse tipo de pneus e como os pilotos fogem dos pneus 'extremos' como o diabo foge da cruz, ocorreu um verdadeiro impasse. Hoje, tivemos mais de duas horas de impasse, na bandeira vermelha. A direção de prova obrigou a todos a largarem com pneus de chuva extrema, mas bastou a bandeira verde dar as caras para que todos rapidamente procurassem os pits para colocar os intermediários, que mesmo com a pista nitidamente molhada, eram mais rápidos. A Pirelli já se defendeu dizendo que são as próprias equipes que acham que testar pneus de chuva forte é uma perca de tempo e sem dados, nada pode fazer para melhorar os chamados pneus azuis, que hoje tem a mesma serventia de mostrar a beleza da catedral de Notre Dame a um jumento...


A Alpine se recuperou dos pontos perdidos em Cingapura, usando táticas diferentes para seus dois pilotos. Largando muito bem, Ocon se fixou na quarta posição e segurou o rojão de Hamilton a corrida toda, preferindo uma estratégia mais conservadora, que se mostrou acertada. Não tendo saído tão bem, Alonso foi para táticas mais arriscadas e não podemos dizer que 'El Plan' deu errado. Inicialmente Alonso arriscou ficar mais tempo com os pneus de chuva extrema, na esperança de que uma pancada mais forte de chuva terminasse a corrida a qualquer momento, mas como São Pedro não estava alinhado com os táticos da Alpine, Alonso perdeu tempo e caiu para sétimo, atrás de Vettel, que foi o primeiro a colocar pneus intermediários após rodar na primeira curva e sair de último para sexto. Sem conseguir ultrapassar Vettel, Alonso arriscou novamente ao fazer uma segunda parada. Mesmo com pouco mais de trinta minutos numa pista longe de secar, os pneus intermediários acabaram e alguns pilotos foram aos pits colocar pneus novos, entre eles, Fernando, que perdeu apenas duas posições, ultrapassou Norris, Latifi e Russell, recebendo a bandeirada ao lado de Vettel. Mais especificamente, onze milésimos atrás do alemão da Aston Martin. Como falado, a McLaren perdeu toda a vantagem no Mundial de Construtores que tinha, sofrendo uma nova virada da Alpine, com Norris ainda salvando uns pontinhos e Ricciardo fazendo outra corrida medíocre. Em sua última corrida em Suzuka, sua pista favorita, Vettel terminou num honroso sexto lugar ao arriscar colocar pneus intermediários antes de todo mundo após rodar na primeira curva, aposta que lhe rendeu uma digna despedida de Suzuka. Russell fez belas ultrapassagens quando perdeu tempo em seu pit-stop, mas é inegável que ficou o final de semana inteiro atrás de Hamilton. Latifi conseguiu seus primeiros pontos da temporada ao emular a tática de Vettel, que lhe pagou com um belo nono lugar, mas não apagando sua presepada de sexta-feira, quando simplesmente errou a entrada dos boxes na chuva. Tsunoda foi um dos heróis do final de semana, como todo japonês em Suzuka, mas o nipônico nem de perto lembrou performances como a de Suzuki, Sato ou Kobayashi. A Alfa Romeo ficou outra corrida sem pontos, mas garantiu a melhor volta com Zhou, a primeiro do chinês.


Numa corrida cheia de problemas e erros da FIA, Max Verstappen cumpriu sua meta de assegurar o campeonato no Japão, casa da Honda, que voltou a estampar sua marca no carro da Red Bull dando claros sinais de que irá voltar à F1 em breve, além de mostrar de mostrar a importância da montadora à fase atual da Red Bull e de Verstappen, que se mostrou um piloto grandioso e digno de se igualar à Alberto Ascari, Jim Clark, Emerson Fittipaldi, Mika Hakkinen e Fernando Alonso como bicampeões mundiais. E pela idade e pelo talento, Max pode conquistar ainda mais! 

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Que pena...


 Hoje o Príncipe da Velocidade foi montar sua moto no céu. Phil Read faleceu aos 83 anos de idade, após uma longa luta contra uma doença respiratória. Read participou de uma geração de gigantes, dividindo as pistas com gente do quilate de Mike Hailwood e Giacomo Agostini, conquistando sete campeonatos mundiais em três categorias diferentes (Phil foi o primeiro a fazê-lo), Read também ficou conhecido por desobedecer a Yamaha e derrotar seu companheiro de equipe Billy Ivy, deixando o inglês marginalizado por algum tempo. Contudo o talento de Read era tão grande que logo retornou às equipes de fábrica para vencer dois títulos nas 500cc pela MV Agusta. Desde 2002 considerado uma lenda do Mundial de Motovelocidade, Phil Read nos deixou nessa quinta, mas nunca será esquecido como um dos grandes do esporte a motor.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Figura(CIN): Sérgio Pérez

 Uma atuação impecável a ponto do próprio mexicano dizer que essa foi a melhor corrida de F1 em sua já longa carreira. E realmente Checo esteve inspirado nesse domingo em Cingapura. O piloto da Red Bull largou na primeira fila e mostrando a que veio, ultrapassou Leclerc ainda antes da primeira curva. Lembrando que a pista ainda estava úmida e a corrida em Cingapura é a mais desgastante da temporada. Mesmo tendo Leclerc por perto, Pérez controlou o piloto da Ferrari sem cometer o menor dos erros e quando foi comunicado que teria que pagar uma punição por infração durante o período de Safety-Car, Pérez aumentou seu ritmo e construiu uma vantagem o suficiente para ser punido, mas manter a vitória. Foi um triunfo de ponta a ponta do piloto mexicano, mas fica sempre a dúvida: por que exibições como essas são exceções na carreira de Pérez e não algo comum?

Figurão(CIN): Nicholas Latifi

 De saída da F1, Nicholas Latifi já está em sua terceira temporada na categoria, todas elas pela Williams. O canadense não tem culpa de estar na Williams em seu pior momento e não se pode dizer que Latifi teve uma carreira nas categorias de base ruim. Ele foi segundo colocado na F2, inclusive superando o brasileiro Sergio Sette Câmara como companheiro de equipe, que na época era a grande esperança tupiniquim de chegar à F1. Porém, não é segredo que Latifi só chegou à F1 por causa do profundo bolso do seu pai bilionário. E também que Latifi não fez muita coisa na categoria, ainda mais tendo como referência George Russell, hoje destaque na Mercedes. Porém, a capacidade de Latifi em se meter em confusões já entrou para o folclore da F1 e nesse domingo o piloto da Williams novamente acidentou-se, batendo em Guanyu Zhou. Foi apenas mais um incidente dos vários do canadense, mas o que chamou atenção foi a explicação de Nick do acidente, onde espremeu Zhou contra o muro sem nenhuma razão aparente, pois segundos antes os dois lutavam por posição lado a lado. Latifi falou que simplesmente não viu Zhou, por isso ele entrou na linha do chinês. Vamos lá! Como pode um piloto em sua terceira temporada na F1, que estava brigando com um piloto momentos antes e volta para a linha pois não viu o outro carro? Como assim? Latifi pensou que Zhou tinha sido abduzido? Por essas e outras que, mesmo levando muito dinheiro para a equipe, Latifi está saindo da F1 pelas portas fundos e o chefe da Alfa, Fred Vasseur explicitou o sentimento para com Latifi: Um abandono não é questão de sorte ou azar. Existe problemas de confiabilidade, de motor. E Latifi!

domingo, 2 de outubro de 2022

Onze na cabeça

 


A esperada chuva veio em forma de tempestade ainda antes da largada em Cingapura, o que atrasou-a em uma hora, mas não se pode reclamar da espera. A corrida nas ruas cingapurianas foi cheia de alternativas numa pista úmida a maior parte do tempo e com pilotos reconhecidamente com poucos erros cometendo-os aos montes, restando à Sérgio Pérez fazer o que ele mesmo já falou ter sido sua melhor corrida na F1 para levar seu Red Bull rumo à vitória, mesmo com o suspense de uma investigação por causa de uma infração durante os inúmeros Safety-Cars, que limitaram a corrida em duas horas e não nas 61 voltas.


No sábado já dava para perceber que secar a pista de rua de Cingapura não era algo muito fácil. Mesmo com a chuva forte tenha parado de cair já fazia quase uma hora, o piso ainda estava úmido quando os carros estavam preparados para a largada, com uma hora de atraso. E logo de cara Pérez mostrou a que veio ao tracionar melhor e tomar a ponta do poleman Charles Leclerc ainda antes da primeira curva. Logo atrás dele Hamilton teve um movimento parecido e acabou superado por Sainz, após um toque entre os dois na primeira chicane. Isso deu o tom das primeiras voltas, com Pérez em primeiro tendo Leclerc no seu retrovisor e Sainz tendo Hamilton fungando em seu cangote. Era esperado uma corrida de recuperação avassaladora de Verstappen, como já ocorrera algumas vezes esse ano, mas o neerlandês saiu incrivelmente mal na largada e chegou a cair para 12º, além de se envolver num toque com Kevin Magnussen. Max se livrou do danês, mas se encontrava numa situação bem distinta das recuperações que lhe acarretaram em impressionantes vitórias. Se a pista não estava molhada, também estava longe de estar seca, fazendo com que os pilotos tivessem uma cautela durante a maior parte da prova. Claro, menos para Nicholas Latifi. O canadense aprontou novamente quando acertou Ghanyu Zhou enquanto brigavam pela penúltima posição. Os dois estavam lado a lado, mas Latifi acabou espremendo o chinês do muro, acarretando o abandono de ambos e a primeira entrada do SC do dia. Pior foi Latifi dizer que não tinha visto Zhou, sendo que segundos antes eles estavam lado a lado. Latifi pensou que Zhou tinha sido abduzido? Cinco posições perdidas em Suzuka para Latifi, mas como ele normalmente larga em último mesmo, isso não acarretará grandes mudanças ao canadense da Williams.


Quando Verstappen já se insinuava contra Fernando Alonso, que hoje completou sua 350º largada na F1, se tornando o piloto com mais largadas na F1, o motor do espanhol explodiu. Para quem esperava uma corrida especial, Alonso teve a pior das surpresas. Porém, foi nesse momento que George Russell, que tinha largado dos pits, resolveu tentar dar o pulo do gato e colocou pneus slicks. Se desse certo, seria bestial. Bastou dar a relargada para que Russell ficasse como uma besta no circuito, andando mais de 5s mais lento que os carros que vinham à sua frente. Porém, Russell passou a ser o piloto a ser observado, pois bastava que o inglês melhorasse de ritmo, que todos iriam iniciar uma procissão nos boxes. Sainz fazia uma corrida safada, ficando muito longe do seu companheiro de equipe, mas não se esforçando muito para segurar Hamilton. O piloto da Mercedes já parecia impaciente atrás do espanhol, mas Sainz não fez nada para que Hamilton passasse direto na barreira de pneus e quebrasse o bico, num erro incaracterístico do inglês. Hamilton voltou à pista bem na frente de Verstappen e mesmo com a asa dianteira quebrada, Lewis ficou apurrinhando a paciência de Max, permanecendo uma volta na frente do piloto da Red Bull, que choramingava via rádio. Hamilton trocou seu bico e colocou pneus slicks. Com Russell marcando a volta mais rápida da corrida, era chegada a hora de fazer a troca e todos foram aos pits. Menos a dupla da McLaren, que tentou postergar ao máximo a parada. E deram uma sorte danada!


Tsunoda se animou com pneus slicks e bateu forte no muro de pneus. Não foi a pancadinha do Hamilton e o nipônico, que teve seu contrato com a Alpha Tauri recentemente renovado, abandonou a corrida e trouxe o SC novamente. Com isso, Norris emergiu em quarto e Ricciardo, que fazia uma corrida burocrática como vem sendo sua temporada, em sexto. Porém, Norris tinha Verstappen o pressionando forte atrás na relargada. Talvez forte demais. Max acabou passando reto na freada numa tentativa de ultrapassagem, num erro nada comum para o atual campeão. Com os pneus mais esculhambados do que último debate presencial antes das eleições, Verstappen retornou aos pits e caiu para as últimas posições, mas com pneus macios, era o carro mais rápido da pista. Lá na frente, Leclerc tentava uma estocada final sobre Pérez, principalmente quando o DRS foi liberado. Então, surgiu a informação de que Pérez teria infringido uma regra atrás do SC e que seria punido. A Red Bull avisou Checo, que imediatamente aumentou seu ritmo. Logicamente a Ferrari fez o mesmo, mas Leclerc simplesmente ficou bobocando atrás. Com a confirmação dos 5s de punição, Pérez ainda teve 2.5s de lambuja para garantir seu segundo triunfo em 2022 e o quarto na carreira. Foi uma exibição sublime de Pérez, onde liderou de ponta a ponta, além de encostar em Leclerc na luta pelo vice-campeonato. Porém, é uma pena que exibições como essa sejam exceções para Checo...


Novamente Leclerc marcou a pole, mas não confirmou a primeira posição no domingo e dessa vez não se pode culpar a Ferrari em nada hoje. Charles parece que desencanou e já está com a cabeça em 2023. Já Sainz fez uma corrida extremamente burocrática, mas sem inventar a roda, conseguiu mais um pódio no ano. Lando Norris fez uma prova discreta, mas eficiente para ser quarto e junto com o quinto lugar de Ricciardo, somado ao duplo abandono da Alpine com dois motores quebrados, a McLaren ultrapassou os franceses na luta pelo quarto lugar no Mundial de Construtores. Outra equipe que saiu com bons pontos de Cingapura foi a Aston Martin, com Stroll pulando para sexto após o último SC, com Vettel literalmente lhe protegendo. O alemão, maior vencedor na pista citadina asiática, tornou a vida de Hamilton dura, não permitindo a ultrapassagem do inglês. Só que Verstappen saiu como um foguete das últimas posições e logo começou a pressionar Hamilton, que tendo o seu rival em sua cola, acordou para a vida e passou a pressionar mais forte Vettel. Na luta entre os três campeões, melhor para Verstappen. E pior para Hamilton. Em outro erro não forçado, Hamilton perdeu a trajetória enquanto tentava ultrapassar Vettel e Max deu o bote, logo em seguida fazendo o mesmo com Vettel, mas nem isso foi o suficiente para garantir o título de Verstappen. Como havia dito antes do final de semana de atividade se iniciar, Max preferia garantir o bicampeonato no Japão e não precisará de muito esforço para isso, bastando chegar na frente de Leclerc e Pérez em Suzuka semana que vem. Pelo carro que tinha, uma missão longe de ser impossível.


Um opaco Hamilton terminou em nono num dia ruim da Mercedes, após terminar o sábado falando até mesmo em vitória. Russell foi o boi de piranha do dia e ainda se envolveu num incidente com Mick Schumacher onde normalmente aconteceria uma punição, mas com George, nem investigação rolou, contudo, o inglês amargou a última posição, duas voltas atrás do líder, enquanto Hamilton cometeu dois erros que nem em sua temporada de estreia cometeu. Gasly completou a zona de pontuação onde apenas catorze carros terminaram, sendo doze na mesma volta. Uma corrida com muitos acontecimentos.


Pérez venceu pela segunda vez nesse ano e novamente numa pista de rua que começou com piso molhado, mantendo a incrível sequência de vitórias da Red Bull no ano, além de se aproximar de Leclerc para ser vice-campeão. A dupla da Ferrari teve uma corrida burocrática, onde não erraram, mas não também não forçaram tanto para isso, como aconteceu com Hamilton e Verstappen, que erraram a vontade no dia de hoje. Foi uma corrida longa e dura, com os pilotos saindo do carro cansados. Nem mesmo a super preparação física dos pilotos atuais podem prever a tensão de uma corrida que começou com piso molhado e com muito calor. No dia das eleições mais tensas dos últimos anos no Brasil, a F1 apertou onze e elegeu Pérez como o vencedor da corrida em Cingapura. 

Rei da água

 


Miguel Oliveira não fez a sua melhor temporada em seu último ano na KTM, porém, o lusitano não tem muito o que reclamar de 2022, pois quando houve a oportunidade certa, Miguel a agarrou e se destacou, principalmente debaixo d'água. Num ótimo ritmo em piso molhado, Oliveira superou a turma da Ducati para vencer novamente nesse ano na Tailândia, no que vem sendo uma bela despedida da KTM. Na luta pelo campeonato, Quartararo teve uma corrida simplesmente esquecível, onde conseguiu ser a segunda Yamaha do pelotão e viu o terceiro colocado Pecco Bagnaia encostar de vez.

Como era esperado, a chuva deu às caras na insossa pista de Chang, chegando a interromper a corrida da Moto2 e atrasando a largada da MotoGP. As surpresas começaram com a pole de Marco Bezzecchi, a primeira do novato italiano, mas como ele corre de Ducati, não era exatamente uma grande surpresa. Das oito Ducatis do grid, sete foram ao Q2 e largaram entre os dez primeiros. Quartararo largou numa promissora quarta posição, mas desde a largada o gaulês teve problemas com sua Yamaha em piso molhado. Fabio esteve irreconhecível nesse domingo, largando mal e simplesmente não conseguindo evoluir. Por sinal, aconteceu exatamente o contrário, com o piloto da Yamaha perdendo várias posições durante a corrida, inclusive para os seus companheiros de Yamaha. No fim, Quartararo chegou num amargo 17º lugar e não marcou pontos numa pista que nem era tão desfavorável à Yamaha e com piso molhado, poderia até mesmo lhe ser uma vantagem.

Lá na frente Bezzecchi segurou a ponta, mas rapidamente se viu no meio das duas Ducatis de fábrica, com Bagnaia na frente e Miller, um piloto que anda muito forte no molhado, colocando pressão nos dois. Mesmo com a Ducati imbuída em conquistar o título de pilotos, Miller ultrapassou os dois e ficou na liderança, mas o maior rival do australiano não se vestia de vermelho. Miguel Oliveira tinha feito uma ótima largada junto com seu companheiro de equipe Brad Binder, mas o sul-africano foi acertado de forma atabalhoada por Aleix Espargaró, que foi punido e perdeu preciosos pontos no campeonato ao terminar numa opaca 11º posição. Oliveira partiu para cima do pelotão da Ducati e de Marc Márquez, assumindo a ponta já nas voltas finais após longa briga com Miller. Miguel se segurou muito bem na ponta, mesmo com Miller sempre próximo e recebeu a bandeirada na frente pela segunda vez com piso molhado em 2022, garantindo à RMF Aprilia uma boa aquisição para 2023, principalmente quando chover.

Era esperado que a Ducati invertesse as posições entre seus dois pilotos de fábrica, mas de forma surpreendente isso não aconteceu e mesmo com Quartararo saindo da Tailândia zerado, ainda tem dois pontos de frente para Bagnaia faltando apenas três provas para o campeonato. Miller, que está de saída da KTM, parece que fez as contas e percebeu que ainda tem boas chances de campeonato e a próxima corrida será em sua casa. Resta saber se a Ducati deixará que seus pilotos tirem pontos de si...

sábado, 1 de outubro de 2022

Red Bull em dia de Ferrari


 Charles Leclerc ficou com mais uma pole em 2022, dessa vez em Cingapura, pista de rua que retorna após três anos de for por causa da pandemia. Até aí, nada demais, afinal, foi a nona pole de Charles nessa temporada. Porém, aconteceu muito mais coisas na classificação cingapuriana, inclusive um erro clamoroso da Red Bull que acabou relegando Max Verstappen a um pálido oitavo lugar, quando o neerlandês partia para conseguir uma pole acachapante.

Antigamente quando havia previsão de chuva na F1, todo mundo ficava ouriçado para uma sessão animada e fora da rotina, porém, com a porcaria dos pneus de chuva da Pirelli e um carro com dimensões tão grandes aumentando a área de contato e por consequência o risco de aquaplanagem, hoje a notícia de chuva na F1 causa mais pânico do que regozijo aos fãs. Contudo, a chuva caiu forte em Cingapura apenas no período da tarde, tradicional horário das chuvas naquela região e apenas o terceiro treino livre foi afetado de verdade, mas com uma umidade altíssima, além de vários obstáculos impedindo uma secagem rápida, o treino que definiu o grid teve pista úmida e muita cautela dos pilotos, que preferiram não arriscar e ficaram a maior parte do tempo com pneus intermediários. A primeira grande surpresa foi Ocon ter ficado no Q1, com o ameaçado Mick Schumacher passando por muito pouco ao Q2. Ricciardo não se pode chamar de ameaçado, pois o australiano simplesmente não está fazendo por onde ficar na F1, essa é a triste realidade de Daniel.

Já no Q2 houveram tentativas com pneus slicks por parte da turma da Aston Martin e Zhou, mas mesmo com a pista com mais de 90% seca, as partes molhadas fizeram a diferença e os três ficaram de fora do Q3, porém, ninguém poderia esperar George Russell ficar no Q2. Dessa vez Russell ficou bem abaixo de Hamilton em situações de pista mistas, algo que o jovem inglês tem muito a melhorar. Quando a terceira parte da classificação começou, rapidamente todos foram para os pneus slicks, mesmo com os carros bastante ariscos nas partes lentas e úmidas. É nesse momento que o talento se sobressai e com isso os veteranos Alonso e Hamilton deram um show, marcando os melhores tempos no momento em que os pilotos tateavam na pista. O tempo de Hamilton mais de 2s melhor do que o resto foi assombroso, mas havia muito o que melhorar.

Como é comum nesses casos, ficar na pista pelo maior tempo possível faz a diferença e para isso, tem que ter gasolina para isso. Num erro que poderia muito bem ser da Ferrari, a Red Bull cometeu um erro de cálculo e quando Verstappen vinha para pulverizar o melhor tempo de Leclerc, Max foi chamado aos boxes de última hora. Uma enormidade de palavrões apareceram no rádio, com Verstappen relegado ao oitavo posto numa pista onde ultrapassar é complicado, mesmo já termos visto várias corridas de recuperação do piloto da Red Bull. A turma da Red Bull se enganou no cálculo de combustível e Verstappen teve que ir aos boxes para não ter uma pane seca. A chance de sair de Cingapura como campeão caiu bastante para Verstappen. A briga pela pole foi apertada, com Leclerc conseguindo o primeiro posto, Pérez salvando um pouco a honra da Red Bull e um chateado Hamilton completando o top3. Numa pista que anda bem e marcou uma volta de classificação lendária, Hamilton perdeu a pole por meros cinco centésimos, mostrando o equilíbrio entre eles, mas só estão nessa posição porque o ponto de desequilíbrio foi prejudicado pelo um raro erro da Red Bull. Para amanhã, é esperado também chuva como nesse sábado, resta saber o quão será impactante para a corrida.