quarta-feira, 24 de abril de 2024

Punição retardada


 A quarta-feira foi bastante movimentada por um motivo ruim e ao mesmo tempo inusitado na Indy. Mais de quarenta dias após a corrida em St Petersburg, tendo realizado duas corridas nesse meio-tempo (só uma valendo pontos), a Indy anunciou que a Penske, que dominara a corrida na Flórida, teve dois carros dos seus carros desclassificados, juntamente quem subiu no pódio naquele dia, o vencedor Newgarden e o terceiro colocado McLaughlin, enquanto o quarto colocado Will Power subiu para segundo, mas perdeu dez pontos no campeonato.

Tudo isso por uma irregularidade no push-to-pass, que é previamente programado a não funcionar durante as relargadas, porém, num erro inacreditavelmente amador para um time como a Penske, a equipe simplesmente se esqueceu de tirar o dispositivo que havia sido testado durante os ensaios com os carros híbridos e estava sem restrição. Foi provado que Newgarden e McLaughlin se beneficiaram do dispositivo que não era para estar no carro, enquanto nada foi provado contra Power. A notícia caiu como uma bomba no universo da Indy, principalmente sabendo da excelência da equipe Penske, além de que Roger é simplesmente o dono da Indy.

As especulações já começaram a surgir, principalmente com uma punição tão dura, mas tão atrasada. No entanto, foi uma mancha significativa na equipe Penske.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Figura(CHN): Lando Norris

 A McLaren chegou à Xangai pessimista pelas características da pista chinesa. Andrea Stella falava em contenção de danos. No entanto, faltou 'combinar' com Lando Norris. O inglês da McLaren teve um final de semana sensacional, onde foi pole da Sprint Race com pista molhada, conseguiu ficar na segunda fila no grid para a corrida principal e na prova, fez um trabalho sólido para capitalizar os dois Safety-Cars e conseguir um surpreendente segundo lugar, separando os dois pilotos da Red Bull, no que parecia uma dobradinha certa, superando com relativa facilidade da dupla da Ferrari, que tem no momento o segundo melhor carro do pelotão. Lando Norris entregou mais do que o potencial do seu McLaren e sua vitória já é mais do que merecida. É questão de tempo.

Figurão(CHN): Lewis Hamilton

 Os números não negam que Lewis Hamilton está no olimpo dos grandes da história da F1. São mais de cem vitórias e poles, além de sete títulos mundiais. Por melhor que seja seu carro, ninguém faz isso em vão. Lewis é muito, muito bom. No entanto, na comparação com outras grandes lendas da F1, Hamilton peca num quesito que ficou explícito na corrida dessa domingo: a mentalidade. Senna, Schumacher e o próprio Max Verstappen já se viram em situações desfavoráveis durante a carreira e nem por isso ficaram chorando pelos cantos (ou pelo rádio) para se justificar suas corridas ruins. Eles trabalharam firme com suas equipes para conseguir evoluir e muitas vezes entregaram mais que o potencial que os carros que pilotavam. Mesmo não duvidando que Hamilton esteja trabalhando firme para melhorar seu carro, a forma como o inglês reclama de tudo via rádio irrita, dando a sensação de que bastava Lewis mostrar seu talento para que ele saía das enrascadas que se vê metido pelo terceiro carro errático consecutivo da Mercedes. Hamilton, contudo, canaliza tanto suas frustrações no carro, que ele poderia fazer um trabalho melhor, algo que seu companheiro de equipe vez fazendo. Corridas como a de domingo fazem com que muitos duvidem da qualidade de tudo que Lewis Hamilton conquistou. 

domingo, 21 de abril de 2024

Maquinista do trem


 Ver lendas dos esporte sempre é prazeroso e quem acompanha a Indy tem a sorte de assistir Scott Dixon na pista. O neozelandês da Ganassi já é um dos maiores pilotos da Indy, com inúmeros títulos e vitórias, algumas delas contando com a astúcia de Dixon. Hoje foi o caso. Scott Dixon largou apenas em oitavo, mas sabendo usar da estratégia, o veterano piloto soube se colocar na ponta e segurar um trem de pilotos bem mais rápidos do que ele para faturar a tradicional corrida em Long Beach, garantindo incríveis vinte temporadas consecutivas com pelo menos uma vitória na Indy.

A corrida em Long Beach foi separada em duas, quando o novato Christian Rasmussen encostou no muro após o famoso Hairpin e acabou batendo mais forte algumas curvas depois. A bandeira amarela apareceu na volta 18, bem no meio do primeiro stint, fazendo com que pilotos e equipes tivessem que fazer uma escolha estratégica. Até aquele momento a corrida era dominada por Will Power, que ultrapassou o pole Felix Rosenqvist na primeira volta e liderava com facilidade. No entanto, o australiano da Penske e um punhado de pilotos foram aos pits nesse momento, enquanto praticamente outra metade ficou na pista, liderados por Josef Newgarden.

Mesmo sendo um circuito de rua, essa acabou sendo a única bandeira amarela do dia, o que atrapalhou a turma que parou mais cedo, que incluía Scott Dixon. O piloto da Ganassi era o segundo no grupo que pararam junto com Power e ultrapassou o piloto da Penske logo depois da relargada, passando a ser o primeiro dessa turma. A corrida transcorreu normalmente, o que fazia com que os pilotos que pararam mais cedo tivessem que fazer uma corrida de economia radical de combustível, enquanto a outra turma poderia queimar metal à vontade. Isso, claro, com todo mundo parando duas vezes. No último stint, Dixon emergiu na frente, mas tinha Newgarden sem nenhuma reserva para acelerar e rapidamente o americano, que completou duzentas corridas na Indy hoje, encostou em Scott. E ainda restavam mais de quinze voltas.

Numa das corrida mais tensas e emocionantes dos últimos tempos, Scott Dixon fez sua mágica ao economizar combustível, ao mesmo tempo que administrava muito bem os ataques de Newgarden, que preso atrás de Dixon, viu Herta e Palou encostaram. Logo os quatro primeiros andavam juntos, tendo que serpentear entre retardatários. Numa dessas, Herta bateu na traseira de Newgarden, fazendo o piloto da Penske perder muito tempo na saída do Hairpin e cair para quarto, tendo que enfrentar os ataques de Marcus Ericsson, que entrara na festa. A corrida foi chegando ao fim e somente a classe e o talento de Scott Dixon foi capaz de fazê-lo segurar a ponta até a bandeirada, liderando um trem de quatro carros próximo a ele. São vitórias assim que fazer de Scott Dixon numa lenda do automobilismo.


Passeio chinês


O resultado foi o mesmo de sempre. Vendo o que aconteceu na Sprint, era difícil de imaginar algo diferente do que foi visto no domingo. Max Verstappen massacrando os rivais. Se não fosse o Safety-car, a diferença de pouco mais de 13s para o segundo colocado Norris seria ainda maior. Max e o modelo RB20 simplesmente não tem rivais nesse momento, principalmente numa corrida ocorrida em condições normais.


Porém, não podemos afirmar que a corrida realizada no circuito de Xangai foi chata ou ruim. Provavelmente foi melhor que as demais nesse começo de temporada 2024, pelas alternativas trazidas pelos dois Safety-Cars no meio da corrida, sem contar o alto desgaste de pneus que sempre caracterizou a pista chinesa. Porém, isso não fez com que Verstappen tivesse um trabalho hercúleo para administrar a prova após apontar da curva 2 na frente, quando viu Fernando Alonso fazer magia na largada e chegar a colocar seu Aston Martin de lado na curva 1. Max simplesmente despachou os adversários e só os viu mais de perto durante os períodos de SC. Sua vitória de número 58 só confirma um domínio avassalador na F1 atual, onde o piloto da Red Bull segue impávido rumo ao tetracampeonato. 


Contudo, do segundo lugar para trás a corrida teve muita história para contar. Surpreendido pela largada impressionante de Alonso, Pérez respirou fundo e usando a força do seu carro, ultrapassou o espanhol poucas voltas depois, mas se encontrando 5s atrás de Max, porém, indicando uma corrida solitária do mexicano. Era a mostra de mais uma dobradinha da Red Bull, mas dois SCs estragou definitivamente a tática de Checo. Quando fez sua primeira parada, Pérez estava no meio do pelotão, já que Norris e Leclerc resolveram esticar o primeiro stint. O motor quebrado de Bottas ajudou sobremaneira Norris e Leclerc, que pararam durante a neutralização da corrida e como na relargada houve mais um incidente que trouxe Bernd Maylander de volta à pista, Lando e Charles teriam mais chances de conservar seus pneus nas voltas finais, complicando a vida de Pérez, que forçou seus pneus para ultrapassar Leclerc, mas acabou sem borracha para atacar Norris, que garantiu um excelente segundo lugar, numa pista onde a McLaren esperava reduzir os danos e acabou no pódio. Pérez vem fazendo uma temporada melhor do que a anterior e está confortavelmente na vice-liderança do campeonato, mas quando ele não completa uma dobradinha após uma corrida dominante de Verstappen, sem sombra de dúvidas isso chama a atenção e aumenta a pressão sobre Checo, que não teve seu contrato renovado e vê a Red Bull claramente conversando com outros pilotos.


Já com o contrato renovado com a Aston Martin, Fernando Alonso percebeu que a equipe verde não tem mais um carro tão forte como no ano passado e por isso resolveu se divertir. No sábado, Alonso não ligou para o desgaste de pneus e se defendeu como se não houvesse amanhã dos ataques de Sainz, Pérez e Leclerc, proporcionando uma das melhores corridas Sprint da curta história da experiência. No domingo Alonso efetuou uma largada extraordinária, tentou um ataque à Verstappen, mas sucumbiu à força da Red Bull. Parecia que Alonso teria uma corrida burocrática pela frente, mas um erro estratégico da Aston Martin durante os períodos de SCs fez com que Fernando fizesse uma terceira parada e se tornasse o piloto mais rápido das voltas finais, realizando várias ultrapassagens até ele retornar ao sétimo lugar. Mais pontos para a Aston Martin, que como se tornou usual, não pôde contar com Lance Stroll, que cometeu um erro estúpido na primeira relargada e acertou em cheio a traseira de Ricciardo, que na sequência bateu em Piastri, que teve seu carro danificado, mas permaneceu na pista, enquanto Daniel continuava sua dramática temporada com outro abandono. O mais incrível é que Lance não assume seus erros e a punição de 10s ficou até barata pelo estrago que o canadense fez. Lance vive numa bolha onde ele não erra, em qualquer setor da vida, incluindo a profissão que ele escolheu (ou lhe foi imposta pelo pai?) que é ser piloto de corridas. É cada vez mais flagrante que Lance Stroll não merece estar na F1.


A Ferrari fez uma corrida chinfrim para quem se autointitula como segunda força do campeonato. Logo de cara seus dois pilotos se atrapalharam na largada e com isso perderam duas posições. Leclerc se recuperou mais rapidamente e dessa vez andou na frente de Sainz a corrida inteira. Numa pista de alto desgaste de pneus, a Ferrari parar apenas uma vez demonstra a evolução da equipe nesse quesito, além de Charles ter tido sorte com o SC na hora certo, porém, isso não lhe deu um pódio, relegando-o ao quarto lugar, com Sainz mais de 10s atrás, tendo que enfrentar a pressão de Russell no final. Toto Wolff já revelou que a Mercedes, equipe que parecia infalível nos seus anos, errou mais uma vez no carro em 2024. Liderando a equipe no momento, Russell ainda salvou um sexto lugar, mas longe de brigar por algo melhor, enquanto Hamilton, que errou na classificação e largou na penúltima fila, fez uma corrida de recuperação com pitadas de lágrimas via rádio. Foi irritante a forma como Hamilton se lamentava do seu carro. Essa mentalidade chorosa de Lewis é bem distinta dos grandes pilotos da história. 


Com Stroll sendo Stroll, restou apenas uma vaga na zona de pontuação para as demais equipe e ela acabou ficando com Hulkenberg, que fez uma corrida sólida para ser décimo. Bottas era o favorito a ficar com esse lugar, mas o motor estourado acabou com os sonhos dele e da Sauber. As cenas pós-corrida de Zhou sendo ovacionado pela torcida, não importando sua posição final (14º) foi dos pontos altos do final de semana. A Alpine mostrou uma pequena melhoria e Ocon chegou a sonhar com os pontos, mas acabou atropelado por Alonso para terminar em 11º, logo à frente de Albon. Se Hulk marca pontos, Magnussen marca punições, com outro incidente que lhe fez ser punido, ao tocar em Tsunoda num incidente completamente evitável.


No retorno chinês ao calendário da F1, Max Verstappen venceu pela primeira vez na pista xangaiense e da mesma forma como fez nos últimos dois anos. Dominando, parecendo que estava passeando a 300 km/h. O que Max vez fazendo na F1 atual é algo ao mesmo tempo impressionante e assustador. No suprassumo do automobilismo, Verstappen brinca de vencer. Depois da corrida a Red Bull falou: "Max não é humano". A falta de erros e a vontade de continuar dominando faz parecer que Max Verstappen comprou o game F1 2024 antecipado e está jogando no modo fácil. Realmente parece algo sobre-humano. 

sábado, 20 de abril de 2024

Sábado daqueles

 


Esse sábado será lembrado com algum carinho por Max Verstappen, além de um momento de reflexão. A F1 tem no seu grid os melhores pilotos do mundo, onde muitos deles se sacrificaram bastante, além de suas famílias, para chegar na principal categoria do automobilismo. Não tem bobo na F1, mesmo com Strolls e Sargeants por ali. E você conseguir exercer um grande domínio na F1 é algo muito grande. Max Verstappen conseguiu a pole para a corrida principal e a vitória na Sprint Race com tamanha facilidade que faz o neerlandês num dos grandes, mesmo tendo em mãos mais uma obra-prima de Adrian Newey. Na corrida curta, Max ainda enfrentou um ligeiro problema na bateria antes de atacar quem vinha pela frente e meter mais de 10s no segundo colocado Hamilton, que horas mais tarde amargaria uma decepcionante eliminação no Q1. E vendo a Sprint não se pode dizer que a F1 está excessivamente chata. A disputa pela terceira posição envolvendo Alonso, Sainz, Pérez e Leclerc foi a melhor disputa do ano, mesmo que grande protagonista da contenda, Alonso, tenha sido o principal prejudicado. Todos esses pilotos citados já venceram corridas e alguns campeonatos, mas nada parece parar Verstappen, que teve um sábado daqueles.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Vinte anos da consagração de Rossi


Valentino Rossi confirmava tudo que se esperava dele e conquistara três títulos seguidos na MotoGP, mas havia quem dissesse que o fator que estava fazendo diferença à favor do italiano era a força da Honda, algo que os japoneses não escondiam que concordavam. Isso causava alguns atritos entre Honda e Rossi, que pensou que era ele e não a moto, que estava fazendo a diferença. Por isso que todos ficaram estupefatos quando Valentino anunciou que estava abandonando a Honda para se transferir para a Yamaha, que passara o ano de 2003 em branco e estava em crise técnica. A Honda teve seus brios feridos e contratou Alexandre Barros e Max Biaggi, um dos que mais instigavam que o motivo do domínio de Rossi era pela enorme diferença que a Honda tinha para as demais.

No dia 18 de abril de 2004, no circuito sul-africano de Welkom, um tira-teima de tirar o fôlego aconteceu na abertura da temporada da MotoGP. De um lado Rossi queria provar que ele poderia vencer em qualquer moto. Do outro, a Honda queria provar que qualquer que tivesse uma de suas motos venceria na MotoGP. E se fosse com o inimigo declarado Biaggi, ainda melhor!

A corrida em Welkom foi amplamente dominada por Rossi e Biaggi, que disputaram palmo a palmo a vitória. Nas últimas voltas, Vale fez uma ultrapassagem ousada em cima de Biaggi, que mesmo tentando de tudo, não impediu a vitória de Rossi. Era a primeira vitória da Yamaha desde 2002. Com Biaggi...

Valentino Rossi vibrou como nunca, chegando a sair da moto e beija-la, antes de sentar ao lado do guard-rail, em claro momento de júbilo. Aquela vitória, considerada impossível para muitos, foi apenas o início da belíssima e premiada parceria entre Valentino Rossi e a Yamaha.

domingo, 14 de abril de 2024

Top Gun

 


Numa corrida de tirar o fôlego, Maverick Viñales deu uma volta por cima emocionante nessa tarde em Austin. Após sair da Yamaha pelas portas dos fundos em 2021 e acusado de ter tentado quebrar sua moto de propósito, Viñales achou abrigo na Aprilia, muito influenciado pela sua amizade com Aleix Espargaró. A moto italiana foi das melhores em 2023 e iniciava essa temporada em franca evolução, fazendo com que Maverick crescesse junto, culminando num final de semana próximo da perfeição em Austin, onde foi pole, venceu a Sprint e com a vitória na categoria principal, Maverick Viñales se tornou o primeiro piloto a vencer por três marcas diferentes na era da MotoGP (Suzuki, Yamaha e Aprilia).

A corrida em Austin nem parecia tão boa para Maverick em seu início. O espanhol da Aprilia largou mal e ao ser espremido por Bagnaia na curva um, acabou desabando para nono lugar. Lá na frente a sensação Pedro Acosta liderava pela primeira vez na MotoGP, mas o jovem espanhol e nem ninguém no primeiro pelotão teria sossego numa corrida eletrizante. Acosta tinha a companhia de Jorge Martin e Marc Márquez, com os três trocando de posição de forma insana nas primeiras voltas, enquanto Bagnaia se aproximava da briga. Márquez chegou a encostar em Martin numa tentativa para lá de otimista na última curva, mostrando que em Austin, uma das pistas que mais favorece Marc, ele estava muito forte. Márquez assumiu a ponta, mas sabia que nas freadas Acosta estava muito forte e na entrada da curva 11, acabou perdendo a frente e caindo, para desgosto de todos que acompanhavam a prova, além de sua equipe, que na volta anterior tinha perdido o outro Márquez.

Isso deixava Acosta na ponta, mas a ascensão de Maverick era simplesmente imparável. O espanhol da Aprilia atropelou quem vinha pela frente, começando por Jack Miller e logo depois a dupla da Ducati oficial, com Bastianini já na frente de Bagnaia, que uma corrida bastante apagada na sua metade final. Martin também mostrava dificuldades e praticamente não colocou muita objeção aos ataques de Viñales. Restava Acosta. O piloto da KTM tinha a primeira vitória ao seu alcance, mas Maverick se mostrou forte demais e Viñales assumiu a ponta para não mais perdê-la até a bandeirada, ficando claramente emocionado quando garantiu mais uma vitória, com a terceira moto diferente. Acosta mostrou mais uma vez que poderá se tornar um fenômeno tão incrível como Márquez, terminando em segundo e se garantindo como a melhor KTM do pelotão, mas o mais importante foi a capacidade de Acosta de enfrentar as grandes estrelas da MotoGP de igual para igual. Bastianini ainda teve tempo de tirar Martin do pódio e se garantir na vice-liderança do Mundial, apenas 21 pontos atrás de Martin, que faz campanha descarada para tirar o lugar do próprio Enea na equipe oficial da Ducati. Bela resposta de Bastianini.

Foi uma corrida daquelas na MotoGP, dando um prospecto de uma campeonato sensacional pela frente, com o crescimento da Aprilia, que quebrou uma sequência de onze vitórias consecutivas da Ducati, fazendo aumentar a confiança de Maverick. Quando parar de cair e se acostumar mais à nova moto, Márquez sempre brigará por vitórias, enquanto Acosta já é uma realidade. Uma realidade assustadora para os seus rivais, enquanto a Ducati, que se gaba de ter tantos pilotos na ponta, pode se perder em não apostar as fichas em apenas um deles. Isso, sem contar mais um vexame das motos japonesas, com Quartararo decepcionando em sua primeira corrida após renovar seu contrato com a Yamaha, deixando para lá um convite da Aprilia. Com a demonstração de hoje, Fabio poderá se arrepender amargamente de sua escolha, algo que Maverick Viñales simplesmente não o faz. 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Figura(JAP): Honda

 Alguns anos atrás, a Honda sofreu a humilhação pública de Fernando Alonso quando o espanhol chamou o motor Honda de 'GP2 Engine', num rádio que entrou para a história. Porém, a Honda deu a volta por cima e correndo em casa, se aproveitou da excepcional fase da Red Bull e seu modelo RB20 para conquistar uma fácil dobradinha na edição 2024 do Grande Prêmio do Japão. Para completar, seu piloto protegido, Yuki Tsunoda, fez uma bela corrida para marcar um ponto com a décima posição, derrotando a Aston Martin de Lance Stroll, numa das melhores corridas do japonês, na frente de sua torcida, que vibrou como nunca em cada ultrapassagem de Yuki. Na pista de sua propriedade, a Honda teve um dia inesquecível, bem longe do 'GP2 Engine'.

Figurão(JAP): Alpine

 Oh mon Dieu! A Alpine continua o calvário que está sendo a temporada 2024 da F1, com outra corrida horrorosa do time bancado pela tradicional Renault. Em Suzuka, a Alpine viu seus dois pilotos baterem na largada, um toque de leve, mas que segundo Ocon e Gasly, fizeram com que perdessem downforce e a corrida dos dois gauleses tiveram uma corrida onde foram ultrapassados por quem quer que se aproximasse deles, mostrando também o quão pouco potente é o motor Renault híbrido, que dez anos atrás tantas críticas a Red Bull fez. Passado tanto tempo, aparentemente os motores franceses continuam atrás das concorrentes e com uma equipe à deriva, com seus dois pilotos tomando 30s de Bottas e só não ficaram em último pelo erro do onipresente Sargeant, o grande nome da Renault vai indo para a vala das marcas derrotadas.

domingo, 7 de abril de 2024

Sono, pneus e domínio

 


O circuito de Suzuka está entre os grandes palcos da F1, tanto pelas grandes histórias que a pista nipônica já viu e a grande tradição de decidir títulos, como a pista espetacular, de alta velocidade e extremamente desafiadora. Contudo, Suzuka parece ter envelhecido mal e não podemos simplesmente culpar a atual geração de carros da F1, de dimensões exageradas e 'gordo'. Em pista seca, quantas corridas foram realmente boas em Suzuka nos últimos vinte e cinco anos? Sim, tivemos a épica corrida de 2005, muito afetada pela chuva no sábado em tempos de uma classificação diferente, mas de resto, Suzuka nos trouxe corridas soníferas como a de hoje. Claro, Max Verstappen e a Red Bull não têm nada com isso. O fato de Max estar atuando num nível altíssimo e a Red Bull estar com outro carro dominante na sua história não impede de ter corridas boas. Porém, a corrida nipônica teve como característica o alto desgaste de pneus, mas não impediu outra dobradinha da Red Bull e Carlos Sainz novamente como o melhor do resto.


Como dito anteriormente, a corrida em Suzuka não foi das mais emocionantes e quem passou a madrugada vendo a corrida deve ter dado bons cochilos, ainda mais com uma longa bandeira vermelha logo na primeira volta. Daniel Ricciardo deu mais um bom motivo para ser ejetado da Racing Bulls e da própria F1 com um erro bobo para um piloto tão experiente como ele, ao tocar em Albon e os dois baterem forte, destruindo a barreira de pneus. Mais um enorme prejuízo para a Williams, que vem sofrendo com os acidentes nesse começo de temporada, levando James Vowles a puxar os cabelos com tantas peças sobressalentes destruídas. E Sargeant é outro que pode seguir Ricciardo e não ver 2025 empregado na F1, ao sair sozinho da curva Degner e terminar a corrida num distante último lugar. A estreiteza de Suzuka fez com que a segunda largada fosse ainda mais tranquila do que a primeira e o velho script se repetiu: Max Verstappen sustentando a primeira posição para administrar a corrida até o final. Sim, isso foi bem o resumo da corrida do neerlandês, que mais apareceu na transmissão fazendo propaganda do que propriamente na pista. Sergio Pérez teve ligeiramente mais trabalho quando Lando Norris parou cedo e como os pneus se mostraram um fator nesse domingo, o mexicano acabou retornando do primeiro pit-stop atrás do inglês. Sem maiores problemas para Checo, que depois teve que ultrapassar um Leclerc com estratégia diferente para completar mais uma dobradinha para a Red Bull e consolidar a vice-liderança do campeonato.


No começo da semana se falava em chuva no domingo, mas a precipitação só veio na sexta-feira, deixando as equipes sem maiores testes, principalmente em ritmo de corrida, mas com pneus novos de sobra para uma corrida com muitas alternâncias de estratégia. Ao invés de chuva, o domingo amanheceu com sol e o dia mais quente do final de semana, fazendo com que o desgaste de pneus realmente fizesse a diferença. Norris manteve a terceira posição na largada, seguido de perto por Sainz, enquanto Alonso, um dos poucos que largou com pneus macios, se virava para se manter em sexto sem destruir os pneus e se manter competitivo. E mais uma vez Fernando mostrou que é mesmo um piloto diferenciado para manter a posição, mesmo com Piastri e Leclerc lhe fustigando. Norris foi dos primeiros que pararam e mostrou uma clara diferença entre pneus novos e velhos, com Lando conseguindo fazer um tranquilo undercut em cima de Pérez e até mesmo ficando próximo de Verstappen, mas logo a dupla da Red Bull colocou ordem na casa. Largando apenas em oitavo depois de uma classificação miserável, Leclerc tentou fazer uma tática diferente que acabou se pagando. Charles arriscou parar apenas uma vez e mostrando a evolução da Ferrari no quesito desgaste de pneus, Leclerc fez funcionar essa estratégia, só perdendo o lugar no pódio para Sainz no final da prova, com a Ferrari praticamente pedindo para os dois trocarem de posição. Largando atrás de Norris, era nítido que Sainz tinha mais ritmo e que a Ferrari desgastava menos pneus do que a McLaren. Hoje a Ferrari tem o segundo melhor carro do pelotão e em Suzuka isso ficou claro com os dois carros vindo logo atrás da Red Bull, mas o que a cúpula da Ferrari não esperava era que Sainz estivesse constantemente superando Leclerc, piloto do time até 2028, enquanto Sainz cumpre aviso prévio e sem lugar definido para 2025.


Norris terminou em quinto e ao contrário do ano anterior, Piastri não brilhou. O australiano errou bastante, principalmente na chicane. Mesmo com um carro superior, Piastri não fez nenhum ataque mais forte em cima de Alonso, que segurou a sexta posição sem maiores arroubos, enquanto Piastri, atrapalhado por mais um erro na chicane, ainda perdeu a sétima posição para Russell. A Mercedes teve um final de semana bem safado, onde foi coadjuvante o tempo inteiro, com um carro claramente num ritmo abaixo de Red Bull, Ferrari, McLaren e Alonso. Sim, Alonso. Numa pista onde o piloto faz a diferença, o espanhol deu um verdadeiro banho em cima de Stroll, que terminou em 12º e quase um minuto atrás do companheiro de equipe da Aston Martin. Nada acontecerá com Stroll com esse resultado ruim, afinal, o 'Vojvoda da F1' sabe que nada lhe acontece na equipe do papai, de tão acomodado que está. Ao contrário do companheiro de equipe, Tsunoda fez uma corrida boa na frente de sua torcida e apareceu na transmissão o tempo inteiro. A décima posição lhe valeu mais um ponto, que foi comemorado pela equipe e na casa da Honda, Tsunoda vai se consolidando como o piloto principal da montadora japonesa. Com tanta diferença entre pneus novos e usados, as brigas através do pelotão intermediário teve muito mais a ver com o pneu usado, valendo algumas ultrapassagens bonitas no desafiador primeiro setor, mas ainda assim não foi o suficiente para fazer nos acordar. Haas e Sauber fizeram seus papeis, principalmente com a Sauber não errando nenhum pit-stop. A Alpine viu seus dois pilotos se tocarem na largada, mas isso não fez com que a equipe francesa tivesse outro final de semana horroroso, só não ficando nas duas últimas posições pelo erro de Sargeant. Pior do que a atuação da Alpine, somente da transmissão da Band. Talvez o sono tenha atrapalhado o trio, que não estava no seu melhor dia.


Duas semanas depois de uma corrida atípica, a Red Bull colocou as coisas no lugar, assim como ocorrera em 2023, quando um derrota dolorida foi aplacada com uma vitória dominante em Suzuka. Verstappen colocou 20s em cima de Sainz, mostrando que mesmo crescendo, a Ferrari ainda está bem atrás da Red Bull, que correndo na casa da Honda, conseguiu mais uma vitória dominante. Mesmo com os pneus fazendo a diferença, os austríacos continuaram dominando e o sono imperou no domingo.

sábado, 6 de abril de 2024

Primeira resposta


Para quem vem dominando a F1, a derrota pode ser ainda mais dolorida, ainda mais por um problema aleatório. Max Verstappen está com sangue nos olhos em Suzuka, mesmo palco onde a Red Bull vinha de derrota ano passado. E Max prometeu colocar 20s no segundo colocado e cumpriu. Na classificação a Red Bull nem sofreu ataques da Ferrari, que segundo consta, ficou mais preocupada com o ritmo de corrida e em volta lançada viu Sainz ficar em quarto e Leclerc num opaco oitavo lugar. A dupla da Red Bull dominou a primeira fila, com Verstappen superando Pérez por pouco, enquanto Norris ficava em terceiro já lamentando que pouco possa fazer na corrida. Nas demais posições, destaque para Tsunoda no Q3 em casa e Ricciardo logo atrás, mas a cada tropicão do australiano, as câmeras logo procuram Liam Lawson nos boxes, enquanto Stroll é mesmo o Vojvoda da F1. Ficando apenas no Q1, o canadense sabe que nada lhe acontecerá, acomodado que está na equipe do pai, enquanto Alonso carrega o time nas costas e foi quinto no grid.  

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Mais poder

 


A informação pipocava aqui e ali, principalmente com o conhecimento de que a Dorna estaria à venda. Valendo bilhões de dólares, a Dorna teve alguns interessados, mas quem levou a categoria dona da MotoGP foi a Liberty Media, a mesma empresa que comanda a F1.

Por exatos quatro bilhões de dólares, a Liberty agora tem no seu portifólio a F1 e a MotoGP, simplesmente os dois maiores e melhores campeonatos mundiais do esporte a motor. Não restam dúvidas que a F1 cresceu bastante nos últimos tempos e há a expectativa de que a MotoGP trilhe o mesmo caminho de sua, agora mais do que nunca, sua irmã. Quem sabe uma dobradinha F1/MotoGP não aconteça num futuro próximo? 

sábado, 30 de março de 2024

A Nascar nunca decepciona...

 A Nascar se caracteriza por suas brigas entre pilotos, muito pelos vários toques que há nos ovais. Nesse sábado, Joey Gase passou um pouco dos limites na sua chateação com seu rival...


segunda-feira, 25 de março de 2024

Figura(AUS): Carlos Sainz

 Dezesseis dias atrás, Carlos Sainz dava entrada no Hospital Militar de Jedá para realizar uma cirurgia de retirada de apêndice, após o espanhol passar alguns dias se sentindo mal. Perder o final de semana saudita era apenas mais um revés nesse ano de 2024 para Carlos Sainz. Mesmo tendo chegado à frente de Leclerc no Bahrein, Sainz recebeu a notícia nada agradável de que estava fora dos planos da Ferrari em 2025 antes mesmo da temporada 2024 começar, sendo substituído por Lewis Hamilton na transação mais bombástica dos últimos anos na F1. Sainz foi para Melbourne sem estar 100% fisicamente e seu substituto na Arábia Saudita, o talentoso Oliver Bearman, estava de prontidão no caso de Carlos não puder correr na Austrália. Correndo com uma proteção no lugar da cirurgia, Sainz começou os treinos livres com cautela, mas sentindo a força da Ferrari no final de semana australiano. Após ficar atrás de Leclerc na sexta-feira, Sainz superou o companheiro de equipe na classificação e foi ele quem lutou com Max Verstappen quando os problemas no freio da Red Bull apareceram ainda na segunda volta da corrida, capitalizando o abandono de Max com uma vitória contundente. A terceira vitória de Sainz na F1 foi a mais inesperada pelo contexto do que vinha sendo 2024 para a F1, com a Red Bull iniciando outro domínio e toda a situação contratual do espanhol. Tanto que ao sair do carro para dar a entrevista antes de subir ao pódio, Sainz usou a palavra que resume bem as últimas semanas do espanhol: uma montanha-russa.

Figurão(AUS): Daniel Ricciardo

 Certa vez Nigel Mansell falou que correr em casa lhe garantia mais 1s por volta. Se essa verdade valer para Daniel Ricciardo, o australiano está seriamente encrencado em 2024. Dessa vez correndo em casa, Ricciardo fez outra corrida pífia, ficando bem atrás do seu companheiro de equipe e piorando cada vez mais sua situação dentro do caótico cenário da Red Bull. Trazido de volta para colocar pressão em Sergio Pérez na equipe principal, Ricciardo fez boas corridas em 2023 na então Alpha Tauri e tinha como objetivo claro fazer um bom trabalho em 2024 na equipe Racing Bulls prospectando um lugar na Red Bull em 2025, quando contrato de Checo termina. No entanto, Ricciardo não faz um trabalho bom o suficiente nem para permanecer na equipe atual, que, lembremos, foi criada pela Red Bull para ser uma espécie de criatório de jovens pilotos para abastecer a equipe principal. E os 35 anos de Ricciardo indicam que o australiano está longe de ser um jovem piloto. As três primeiras corridas de Ricciardo foram muito abaixo do esperado e a corrida caseira deixou ainda mais evidente essa decepção, pois Tsunoda foi ao Q3 e garantiu os primeiros pontos da equipe em 2024, enquanto Ricciardo ficou no Q1 no sábado (que tinha um piloto a menos, não devemos nos esquecer) e na corrida em nenhum momento o australiano esteve próximo da zona de pontuação. Ricciardo sabe muito bem que a paciência de Helmut Marko é bem curta e o fato de Liam Lawson ter sido mostrado várias vezes na transmissão da TV é uma mensagem bem subliminar para Ricciardo. Ou melhora, ou a Indy (ou Edurance, ou V8 Supercars) o espera!

domingo, 24 de março de 2024

Troca de guarda


 No esporte é bastante comum observamos o passado e o futuro se encontrando, numa troca de guarda que marcaram vários momentos bonitos nos esportes ao longo dos anos. Na MotoGP podemos ter visto esse momento em Portimão nesse domingo, claro, dependendo de como o futuro irá se desenrolar. Jorge Martin venceu a prova como quis, mas a transmissão da TV estava mais focada no que ocorria mais atrás, com a evolução de Pedro Acosta através do pelotão. O jovem espanhol da KTM ultrapassou seus dois experientes companheiros de equipe até chegar nas estrelas Marc Márquez e Pecco Bagnaia, ambos campeões e estabelecidos na MotoGP.

Com apenas 19 anos, Pedro Acosta ultrapassou a Ducati de Márquez na tinhosa curva um de Portimão, mas quinze dias atrás o mesmo havia acontecido e Acosta foi perdendo rendimento, ele que ainda vai se entendendo com a gestão de pneus. Porém Acosta não apenas se manteve na frente de Márquez, como partiu para cima de Bagnaia, que fazia uma corrida abaixo, após um erro na Sprint de ontem o ter relegado ao quarto lugar, quando Pecco errou enquanto liderava. Bagnaia tinha a poderosa moto oficial da Ducati, a mesma moto que Jorge Martin usava e disparava na frente, controlando toda a corrida dos ataques de Maverick Viñales e Enea Bastianini. Bagnaia vinha em quarto, segurando o quanto podia Acosta, quando o espanhol deu o bote na fechada curva 2, deixando Pecco sem pai, nem mãe. Tamanho passão deixou Bagnaia tão desnorteado, que o italiano passou a ser atacado por Márquez logo em seguida. Conhecido por sua agressividade, Márquez tentou várias manobras fortes, mas Bagnaia ia respondendo a todas elas, até que Márquez se jogou na curva 5 e quando Bagnaia ia dando o troco, os dois se tocaram e caíram. Márquez ainda voltou à corrida, enquanto Bagnaia abandonou a prova e viu Martin tomar sua liderança com certa folga.

Enquanto as duas maiores estrelas da MotoGP atual caíam, Acosta seguia impávido e teria uma surpresa quando Viñales teve problemas em sua Aprilia na entrada da última volta e acabou ejetado de sua moto quando já estava fora da pista. Com isso Acosta entrava no pódio numa corrida madura e muito forte. Pedro se tornou o terceiro mais jovem a subir no pódio na categoria principal logo em sua segunda corrida na MotoGP, mas pelo o que vem mostrado, esse não será o único milestone de Acosta em 2024. 

Pegou fogo


 Quando Max Verstappen apontou a primeira curva na frente, parecia que Melbourne veria outro recital do neerlandês, algo que nos acostumamos a ver nos últimos dois anos nas pistas de F1. No entanto, a magia do esporte a motor é que mesmo num carro que parece indestrutível, algo pode acontecer e o inesperado surgir. O superaquecimento do freio traseiro direito do Red Bull RB20 fez com que Max abandonasse ainda no comecinho da corrida e dezesseis dias depois de ser submetido a uma cirurgia de emergência, Carlos Sainz venceu sua terceira corrida na carreira, dando uma boa resposta à Ferrari, que dispensou o espanhol sem maiores cerimônias, mas foi Sainz quem deu as últimas duas vitórias para a scuderia na F1. 


Mesmo tendo feito a pole, Max Verstappen reclamava do seu carro e havia a expectativa se a Ferrari poderia impor alguma resistência ao espetacular ritmo de corrida da Red Bull. Numa largada sem problemas, Max logo impôs oito décimos em cima de Sainz e parecia que Verstappen daria mais uma volta (literalmente!) no parque. No entanto, de forma surpreendente, Max deu uma ligeira escapada na curva 3 e permitiu à Sainz uma ultrapassagem na longa reta oposta. Cena rara, mas que o ritmo avassalador de corrida da Red Bull resolveria isso rapidamente. Enquanto isso, pelo rádio, Verstappen reclamava do comportamento do seu carro. A resposta para isso não tardaria a aparecer. Uma fumaça branca surgiu na traseira da Red Bull e o que inicialmente poderia ser o motor Red Bull/Honda indo para o espaço, nada mais era que o freio traseiro direito. Quando a fumaça se transformou num incêndio de proporções consideráveis, Max tirou o pé e encostou seu carro nos pits com as chamas já tendo provocado a explosão do pneu do seu Red Bull. Game Over para Max. E o sonho de um campeonato 100% tinha ido embora. Restava ver quem se aproveitaria do infortúnio do neerlandês. Carlos Sainz não participou da corrida passada na Arábia Saudita após ser operado de forma urgente por causa de uma apendicite. Numa recuperação rapidíssima, o espanhol estava pronto para correr na Austrália, mesmo que não 100%, como confidenciou o próprio Sainz antes dos treinos livres. Oliver Bearman estava até de sobreaviso, mas Sainz mostrou em todos os treinos que estava não apenas pronto para correr, como estava num final de semana mágico. Mesmo Leclerc tendo liderado dois treinos livres, Sainz liderou o Q1 e o Q2, sendo superado apenas por um mágico Verstappen no Q3. Carlos largou bem, ultrapassou Verstappen quando este errou e fez uma corrida de almanaque rumo à terceira vitória da carreira, talvez em sua melhor corrida na F1.


Cumprindo aviso prévio, Sainz simplesmente não deu chances à Leclerc, que completou a dobradinha da Ferrari, a primeira em dois anos. Sainz dominou a corrida como quis, não sendo ameaçado em qualquer momento e até deixando a Ferrari numa situação difícil em determinar qualquer ordem de equipe à favor de Leclerc, que teve um final de semana bem opaco, sendo totalmente eclipsado pelo companheiro de equipe que está de saída do time. Afora o VSC causado por Hamilton, onde Leclerc chegou a ficar 1s atrás de Sainz, o monegasco mais se preocupou em deixar as duas McLarens a uma boa distância do que efetivamente atacar Sainz. Leclerc fez a volta mais rápida da corrida para ficar isoladamente na vice-liderança do campeonato, superando a outra grande decepção do dia. Com os problemas de Max ainda no início da prova, é esperado que o segundo piloto da equipe dominadora da temporada capitalize os problemas do líder do campeonato e da equipe. Contudo, Pérez já havia tomado uma punição de três posições no grid por uma fechada em Hulkenberg na classificação, relegando o mexicano à sexta posição, que virou sétimo após a ótima largada de Russell. Pérez ficou várias voltas atrás do inglês, mas só se livrou de George na primeira rodada de paradas. Com pista livre, parecia que Checo iria partir para o pódio, com um ritmo bem forte, mas Pérez acabou perdendo rendimento no último terço de corrida, sendo até mesmo perseguido por Alonso antes de sua segunda parada. A quinta posição a quase um minuto do vencedor deporá bastante contra Pérez, que parecia caminhar para uma renovação tranquila com a Red Bull, mas em seu primeiro grande teste como segundo piloto da equipe, falhou fragorosamente. 


Sem a Red Bull, a McLaren assumiu a tocha de segunda força do campeonato e o time comandado por Zak Brown cumpriu o que dela se esperava nessa situação, ficando em terceiro e quarto, com Norris conseguindo o primeiro pódio da McLaren em 2024. Lando forçou bastante em cima de Leclerc, mas não houve uma verdadeira briga por posições. Norris retornou ao pódio, enquanto o local Piastri fez uma corrida bem sem graça, tendo ainda que ceder sua posição para Norris via ordem de equipe, acabando Piastri em quarto a praticamente 30s atrás do companheiro de equipe. A Mercedes saiu de Melbourne zerada, mas por motivos distintos. No pior início de temporada em sua já longa carreira, Lewis Hamilton abandonou com o motor quebrado ainda no primeiro terço de corrida, com o inglês mal conseguindo pontuar no momento, depois de ficar no Q2 na classificação. Já Russell fazia uma corrida decente, bem superior à de Hamilton e se aproximava de Alonso na briga pela sexta posição. Na última volta Alonso fez o chamado brake test e Russell acabou estampando o muro com força, ficando com o carro quase capotado no meio da pista. implorando por uma bandeira vermelha. Depois da corrida, a FIA impôs uma forte punição à Alonso, que caiu para oitavo após tomar 20s, beneficiando seu companheiro de equipe Stroll e Tsunoda. E falando no nipônico, Daniel Ricciardo fez outra corrida para esquecer, nem vislumbrando a pontuação, enquanto Tsunoda tirou a Racing Bulls do zero em 2024. Nem a amizade com o encrencado Horner, que tem mais com o que se preocupar, parece ajudar Ricciardo, que já viu a transmissão da TV mostrar Liam Lawson nos boxes. Basta ligar os pontos...


Após uma pré-temporada preocupante, a Haas vai sendo uma boa surpresa nesse início de campeonato, fazendo um bom papel dentro do pelotão intermediário e com o acidente de Russell, Hulkenberg e Magnussen marcaram pontos para a equipe, deixando a Haas numa boa situação no Mundial de Construtores. Um dia depois de sacar Sargeant pelo acidente... de Albon, a Williams viu o tailandês ficar perto dos pontos, passando a corrida inteira brigando com a dupla da Haas. A Alpine segue passando vergonha a ponto de Ocon ter comemorado, pelas palavras dele, uma pequena vitória por ter ido ao Q2, enquanto a Sauber tem sérios problemas com seus pit-stops.


Numa temporada que deve ter a Red Bull dominando, ver um pódio sem nenhum piloto da equipe austríaca chama a atenção de todos, mas Melbourne deixou algumas dúvidas. Se Max não tivesse abandonado tão cedo, será que a Red Bull se imporia frente à Ferrari? A boa corrida da Ferrari na Austrália foi mais um ponto fora da curva, pelas características únicas de Albert Park, ou os italianos estão realmente evoluindo? A Ferrari tomou a decisão certa para 2025, olhando os desempenhos de Sainz e Hamilton no momento? O certo foi que o freio traseiro de Verstappen ter pegado fogo deixou a corrida australiana bem mais animada do que o esperado, além de ter levantado e derrubado o moral de muitos pilotos. Que outras corridas sejam atingidas pelo imponderável! 

segunda-feira, 18 de março de 2024

Que pena...

 


O mundo do rali teve duas perdas nessa segunda-feira. Para quem acompanhava o então Rally Paris-Dakar na década de 1990 conheceu o japonês Kenjiro Shinozuka. Ligado a Mitsubishi, Shinozuka foi um piloto de ponta do Dakar por quase vinte anos, após ter disputado o Mundial de Rali e ter vencido duas etapas, ambas na Costa do Marfim. Logo em seu segundo ano no deserto do Saara, Shinozuka chegou em terceiro lugar, iniciando um período onde sempre se manteve entre os mais rápidos, se tornando o primeiro japonês a vencer o Dakar em 1997. Seis anos depois, já correndo com um carro da Nissan, Shinozuka sofreu um sério acidente que o deixou em coma, mas o japonês retornaria anos depois, finalizando sua participação no Dakar em 2006. Sofrendo de câncer, Kenjiro Shinozuka faleceu aos 75 anos. Poucas horas depois veio a notícia da morte de Joaquin Santos, piloto de destaque no rali português, sendo campeão lusitano várias vezes, mas de triste memória pelo envolvimento de 'Quim' na tragédia da etapa da Lagoa Azul do Mundial de Rali, onde Santos perdeu o controle do seu Ford RS200 e atingiu o público, matando três pessoas. Joaquin Santos passou alguns anos nos ralis, mas faleceu hoje aos 71 anos de idade. Que pena...

terça-feira, 12 de março de 2024

Figura(ARS): Oliver Bearman

 Claramente o grande destaque do final de semana! Quando a Ferrari se viu sem Carlos Sainz, acometido de uma apendicite ao final do primeiro dia de treinos, o time italiano não tinha muitas opções e trouxe o seu jovem piloto Oliver Bearman, que acabara de fazer a pole na F2. O inglês de 18 anos tinha feito alguns treinos com F1, não apenas na Ferrari, como na Haas, mas estrear num F1 já tendo perdido duas sessões de treinos livres e num circuito peculiar e perigoso como Corniche poderia ser a chave de um retumbante fracasso. Felizmente não foi o caso. Bearman quase foi ao Q3 (eliminando Hamilton) e na corrida fez tudo certo. Muito provavelmente a Ferrari nem esperasse marcar pontos com seu jovem piloto largando fora do top-10, mas Bearman disputou posições com Hulkenberg (que tem quase o dobro da idade de Ollie) e no final resistiu à pressão de Norris e Hamilton, pilotos bem mais experientes do que ele, mas Bearman simplesmente não errou rumo a um sétimo lugar que lhe valeu como uma vitória e a admiração de todo o paddock. O sucesso de Bearman serve também para mostrar que uma leva de jovens pilotos pede passagem na F1, substituindo alguns pilotos em hora extra.

Figurão(ARS): Lance Stroll

É constrangedor um assento bom na F1 ser tão mal utilizado como o da Aston Martin. A equipe foi adquirida por Lawrence Stroll em 2021 com o intuito claro de colocar seu filho Lance para correr. Até porque ninguém se interessa pelo parco talento do canadense. É louvável o investimento que Lawrence faz na equipe, contratando não apenas pilotos do quilate de Vettel e Alonso, como trazendo ótimos técnicos e engenheiros, além de firmar um acordo com a Honda. O problema é que o objetivo principal da equipe existir simplesmente não desabrocha e nem irá fazê-lo, pois falta à Lance Stroll simplesmente talento para se tornar o piloto principal da Aston Martin. Mesmo já próximo das duzentas corridas na F1, Lance acumula erros infantis e vai tomando tempo de Alonso, como tomou de pilotos que eram nitidamente melhores do que ele. Em Corniche Lance sofreu o único acidente da corrida num erro bobo, típico de um piloto que só está na F1 por um único motivo: o bolso sem fundo do pai. Até mesmo para pagar os prejuízos que Lance dá.

domingo, 10 de março de 2024

Sobrando em dose dupla

 

Carmelo Ezpeleta e Roger Penske são dois CEO's bastante inteligentes e que prezam pelos seus respectivos campeonatos, contudo, os dois pisaram feio na bola ao marcar as estreias da Indy e da MotoGP praticamente no mesmo horário, fazendo com que os fãs da velocidade tivessem que se dividir ou até mesmo fazer uma difícil escolha entre um ou outra. Particularmente, priorizei a Indy.

Se não houve um domínio absurdo como na F1 em duas primeiras etapas, Indy e MotoGP tiveram como coincidência além do horário, também o domínio em suas etapas de abertura. Claro, não um domínio gritante como na F1, mas na MotoGP a Ducati colocou seis motos entre os sete primeiros no Catar, enquanto a Penske colocou três carros entre os quatro primeiros em St Petersburg. Outro fator foi que o vencedor em ambos os lados do Atlântico predominaram na corrida, praticamente vencendo de ponta a ponta.

Após uma corrida obscura na Sprint Race, o atual bicampeão Pecco Bagnaia mostrou mais uma vez que é um piloto de domingo. Mais do que isso. O piloto da Ducati tratou de dar uma carteirada nos rivais e em Jorge Martin, vencedor da Sprint de ontem, em particular. Conhecido pelo estilo cerebral, Bagnaia fez uma grande largada, pulando para terceiro na primeira curva, atacando a KTM de Binder na curva seguinte, numa ultrapassagem bem agressiva. Apenas alguns metros depois, colocou por dentro no pole Martin para assumir a ponta e administrar a corrida a seu bel-prazer. Bagnaia nunca teve uma grande diferença para o segundo colocado Binder, mas não sofreu ataques do sul-africano para vencer mais uma vez e sair líder do Catar. Mais do que isso, Bagnaia sabe que novamente a Ducati tem a melhor moto do pelotão e como atual bicampeão, se impôs sobre seus rivais, em particular Martin, que teve que segurar o terceiro lugar das investidas de Marc Márquez.

Grande destaque do final de semana em sua estreia na Gresini e na moto Ducati após anos de Honda, Márquez fez uma grande corrida, chegando em quarto e demonstrando que quando estiver mais adaptado à nova moto, a luta pelas vitórias não tardará. Outro destaque para o novato sensação Pedro Acosta. Correndo com sua GasGas, o espanhol chegou a ocupar a quarta posição, numa luta de gerações com Márquez, mas perdeu rendimento e finalizou a corrida em nono. Acosta mostrou personalidade com sua moto e se Jack Miller continuar fazendo corridas pífias como a de hoje, muito provavelmente Pedro estará ao lado de Binder na KTM oficial. 

Praticamente no mesmo horário Josef Newgarden largava para a prova de St Petersburgo e só não liderou todas as voltas por uma tática diferente de Christian Lungaard. A sempre competitiva Indy não estava acostumada com um piloto se sobressaindo de tal forma como fez Newgarden, que ainda abriu bons 8s para Pato O'Ward na bandeirada. A corrida em St Pete, muito pela dificuldade de ultrapassagens, foi decidida em boa parte nos boxes e nas relargadas, com três bandeiras amarelas, com destaque para Romain Grosjean continuando a aprontar das suas, ao bater em Linus Lundqvist, jogando o novato no muro. Grosjean foi punido, mas acabou abandonando logo depois com problemas de câmbio.

Mesmo com algumas mudanças, Newgarden se mostrou insuperável na tarde da Flórida. As bandeiras amarelas não atrapalharam em nada o piloto da Penske, que venceu pela trigésima vez e voltou a triunfar em circuitos mistos, após dominar as provas em oval no ano passado. Felix Rosenqvist largou na primeira fila, mas foi perdendo rendimento na medida em que colocou pneus duros e a Meyer & Shank foi se perdendo nos pit-stops, mas o sueco ainda salvou um bom sétimo lugar, ainda mais se lembrarmos que a Meyer & Shank sofreu bastante em 2023 com Helio Castroneves e Simon Pagenaud. Os dois saíram e a equipe evoluiu seus resultados, demonstrando nesse momento que o problema não era no carro, mas os veteranos pilotos.

Pato O'Ward e Colton Herta perseguiram Newgarden de perto em algum momento, mas não foram páreo para Josef, com Herta ainda sendo engolido pelos dois pilotos da Penske que vieram de trás, Scott McLaughlin e Will Power. Scott fez uma ótima largada, demonstrando seu poder de fogo e cresceu bastante no terço final, trazendo consigo Power, que fazia uma prova até discreta, mas no final Will abriu fogo contra o companheiro de equipe, mas os dois permaneceram nas mesmas posições, com McLaughlin completando o pódio e Power em quarto. Após o frustrante processo de negação que sofreu da F1, a Andretti voltou a sofrer na Indy. Herta não manteve o ritmo das voltas inicias, enquanto o estreante Marcus Ericsson teve problemas mecânicos quando vinha no pelotão da frente. O atual campeão Alex Palou fez uma prova de chegada, principalmente quando percebeu que a Ganassi não tinha o melhor carro em St Petersburg. Vindo de uma sequência incrível de chegadas no top-10, o espanhol chegou a flertar com a quebra da sequência, mas fez um belo último stint rumo ao sexto lugar, superando um discreto nono colocado Scott Dixon. Pietro Fittipaldi fez uma prova bastante burocrática, onde muitas vezes figurou nas últimas posições, mas sem se envolver em qualquer problema, Pietro levou seu carro à 15º posição, na frente dos seus dois experientes companheiros de equipe.

Indy e MotoGP entregaram corridas não muito emocionantes, com duas equipes sobrando frente às demais, mas ainda assim com bem mais entretenimento do que a F1. Resta que as duas categorias não repitam o erro desse final de semana em largar no mesmo horário. 

sábado, 9 de março de 2024

Blindados

 


Por mais que os bastidores da Red Bull estejam prestes a explodir, com uma guerra civil nunca antes vistas no outrora simpático time austríaco numa luta por poder entre Horner, Marko e os seus respectivos aliados, o domínio da Red Bull na F1 2024 permanece intacto. Num circuito completamente diferente do que os carros desse ano andaram em 2024, a Red Bull continuou sua predominância de forma inapelável, com Max Verstappen conquistando mais uma vitória e chegando ao centésimo pódio na carreira, com Sérgio Pérez, mesmo punido, completando a dobradinha austríaca.


A corrida no perigoso circuito de Jedá esteve longe de empolgar, mas ainda assim foi melhor do que a modorrenta corrida no Bahrein semana passada. Claro que Max Verstappen não teve o mínimo trabalho para permanecer dominando a F1 e partir para a sua nona vitória consecutiva. A impressão que fica é que se Max contornar a primeira curva em primeiro, a corrida já tem dono, nos fazendo pensar no tamanho histórico do domínio que o neerlandês exerce. Mansell na Williams, Schumacher na Ferrari, Vettel na Red Bull, Hamilton na Mercedes... todas essas lendas dominaram em conjunto com carros incríveis em seus anos, mas ainda assim a impressão é que o gap do conjunto Verstappen/Red Bull para os demais é ainda maior. Com 27 anos de idade, Max faz parecer que suas vitórias sejam simples, até mesmo fáceis, mesmo tendo perdido a invencibilidade das voltas lideradas pela tentativa de Norris fazer algo diferente ao não parar no único Safety-Car do dia. Se já não bastasse ter projetado um super carro (mais um), Adrian Newey ainda desenvolveu o DRS mais eficiente do pelotão, com a Red Bull engolindo os adversários quando está com o DRS aberto, o mesmo não acontecendo com outros carros, como aconteceu com Piastri, que passou mais de vinte voltas tentando ultrapassar Hamilton, sem sucesso. Isso facilita ainda mais a vida dos pilotos da Red Bull numa situação amplamente favorável a eles. Na confusão do primeiro SC, Pérez foi liberado do seu pit claramente de forma insegura e foi punido em 5s. O mexicano ultrapassou Norris sem maiores cerimônias e abriu a diferença necessária para Leclerc para completar a dobradinha, mesmo que no final, tenha ficado confuso a punição dado à Pérez. Para melhorar a situação de Checo, a atuação da dupla da Racing Bulls, teóricos rivais de Pérez para o lugar na Red Bull em 2025, está muito abaixo e nessa balada, Pérez pode muito bem renovar seu contrato sem fazer muita força.


A Ferrari não teve um final de semana dos mais tranquilos, com o problema de saúde de Carlos Sainz na sexta-feira, que o levou a mesa de cirurgia por causa de uma apendicite. O jovem Oliver Bearman entrou no carro da Ferrari com 18 anos e bateu vários recordes de precocidade, mas na corrida o inglês fez bem mais, levando à Ferrari aos pontos, mesmo não tendo muita experiência no carro. O sétimo lugar de Bearman foi congratulado de forma simpática pela dupla da Mercedes e foi bem merecido. Leclerc fez o que dele se esperava, que era ficar na frente do resto do pelotão e na medida em que Pérez precisava abrir alguma diferença para se manter em segundo, Charles fez uma corrida solitária para ser terceiro. Norris e Hamilton tentaram uma tática diferente quando o SC apareceu, ficando na pista com os pneus médios em que largaram. Com um ritmo competitivo, Norris e Hamilton permaneceram muito tempo em quarto e quinto respectivamente, até fazerem seus pit-stops já nas fases finais da corrida, possibilitando pneus macios no último stint. Os dois ingleses brigaram por posição, mas não foram capazes de se aproximar de Bearman, tendo que se consolar com a oitava (Norris) e nona (Hamilton) posições. E falando em ingleses, será que Norris tomaria punição se não fosse súdito do rei em sua queimada escandalosa de largada?


Quando Hamilton finalmente fez sua parada, Piastri pôde consolidar sua boa quarta posição, ficando bem à frente de Norris. Alonso e Russell fizeram corridas anônimas, mesmo que ambos terem andado o tempo todo próximos, mas sem brigar entre si, com Alonso em quinto e Russell em sexto na quadriculada. Como aconteceu em 2023, parece que novamente Alonso levará a Aston Martin nas costas. Lance Stroll é um piloto pífio, ocupando um bom lugar na F1 graças aos esforços do seu pai, que vai construindo uma boa equipe, mas que Lance nunca usufruirá de forma total o crescimento da Aston Martin por falta de talento do canadense, que errou sozinho e espatifou seu carro na barreira de pneus. Independentemente de Felipe Drugovich ser brasileiro, mas é uma pena um assento tão bom na F1 ser tão mal utilizado. Com menos um carro das cinco equipes que estão lá na frente no pelotão, sobrou um lugar na zona de pontuação e esse lugar foi ocupado por Nico Hulkenberg, que se utilizou de uma inteligente jogada da Haas. Kevin Magnussen já estava punido por causa de uma disputa com Tsunoda e o time percebeu que se dinamarquês segurasse o pelotão atrás de si, não importasse como, Hulkenberg, que não parou no SC, teria boas chances de ficar com a décima posição. E Magnussen foi bem eficiente em segurar um animado pelotão atrás de si, tomando mais punições no processo, mas deixando Hulkenberg em posição para marcar um importante ponto para a Haas, nesse momento a sexta colocada no Mundial de Construtores. Como falado anteriormente, a dupla da Racing Bulls decepciona, principalmente Ricciardo, que rodou sozinho nas voltas finais, enquanto a Sauber precisa praticar pit-stops, pois novamente um dos seus carros ficou parado com a roda presa. A Williams fez o que dela se esperava, enquanto a Alpine vê um carro que além de ruim, ainda não é confiável, com Gasly sendo o primeiro abandono do dia.


Os bastidores da Red Bull fervem com notícias chegando a todo momento sobre o que acontece fora das pistas e que, sem sombra de dúvida, acabará respingando no time em algum momento. Antes da largada, Marko estava ao lado de Verstappen, enquanto Horner estava próximo do carro de Pérez. Horas antes Marko teve sua continuidade na equipe confirmada, com consequências ainda imprevisíveis, após Helmut ter sido acusado de ser o mentor dos vazamentos do julgamento de Horner na semana passada. Embaixo do pódio, Horner comemorava ao lado de Newey, enquanto Marko estava no meio...  da equipe Ferrari. Ainda haverão muitos desdobramentos nessa confusão que se tornou os bastidores da Red Bull, mas enquanto isso o desempenho da equipe na pista permanece blindado e extremamente superior aos demais.  

quarta-feira, 6 de março de 2024

Todos contra a Ducati

 


Quem acompanha o Mundial de Motovelocidade nos últimos quarenta anos, as motos japonesas sempre dominaram a categoria principal e estar numa Honda ou Yamaha era sinal de ter uma moto competitiva, ainda mais se o piloto estivesse na desejada equipe de fábrica. Porém, os tempos mudam e numa mentalidade mais agressiva, as montadoras europeias deixaram os nipônicos para trás a ponto de Yamaha e Honda terem ficado em penúltimo e último no Mundial de Construtores do ano passado. Um sinal ainda mais claro foi Marc Márquez sair da equipe oficial da Honda para correr na equipe satélite da Ducati.

Vendo como as montadoras japonesas estão para trás, a Dorna (que estaria prestes a ser comprada pela Liberty Media) modificou suas regras de concessões numa tentativa de resgatar Honda e Yamaha, mas até o momento isso ainda não aconteceu. Grande prejudicada por essas concessões, ficando bem limitada no desenvolvimento ao longo do ano, a Ducati pareceu ter construído uma moto ainda melhor para 2024 e dominou a pré-temporada. O atual bicampeão e de contrato renovado Pecco Bagnaia foi o mais rápido e viu seu companheiro de equipe Bastianini andar tão forte quanto, na tentativa do italiano apagar a péssima temporada que fez como piloto oficial de fábrica ano passado. Bagnaia e Bastianini adoraram a nova moto, que parece ser bem superior a de 2023, que se ajustou muito bem à Jorge Martin, mas o espanhol já reclama da moto 2024. A Pramac venceu o título de equipes, mas perdeu Zarco e trouxe para o seu lugar Franco Morbidelli, que desde o vice-campeonato de 2020 perdeu o encanto e ainda sofreu um forte acidente num teste particular e testou muito pouco com a moto nova.

A equipe de Rossi manteve Marco Bezzecchi, que foi terceiro colocado, mas que tem o mesmo feeling de Martin quanto a nova moto, e trouxe Fabio di Giannantonio, que fez um final de temporada muito bom para se manter na MotoGP em 2024. Porém, a equipe satélite mais visada da Ducati será a Gresini, que terá os irmãos Márquez, mas todos os olhos estarão em Marc, que desistiu da Honda em busca de competitividade com a Ducati. Uma das principais atrações da pré-temporada, Marc mostrou velocidade em alguns momentos, mas a realidade é que o espanhol ainda se adapta à nova moto, depois de onze anos de Honda, contudo, Marc Márquez será uma atração e tanto para 2024.

KTM e Aprilia surgem como grandes rivais para a o esquadrão da Ducati. A equipe oficial austríaca manteve seus pilotos, mesmo com Jack Miller tendo feito uma temporada miserável. Pedro Acosta será o único estreante do ano, mas um dos mais esperados dos últimos tempos. Dito e havido como um talento do nível de Márquez, Acosta venceu dois títulos em três anos no Mundial e chega à MotoGP com status de 'novo gênio', mostrando bastante velocidade na pré-temporada, ainda que pouca consistência. A Aprilia construiu uma nova moto bem aerodinâmica, mas a impressão que fica que falta piloto, na insistência na insossa dupla Aleix Espargaró e Maverick Viñales. A RNF faliu no final do ano passado e no seu lugar entrou a Trackhouse, equipe da Nascar e que comprou todo o espólio da RNF, incluindo mecânicos, engenheiros e os dois pilotos.

E as japonesas? Fabio Quartararo parece a ponto de perder a paciência com a falta de desempenho da Yamaha. Mesmo o time comandado por Lin Jarvis tendo contratado vários engenheiros da Ducati, os resultados poderão demorar a vir e Quartararo poderá se espelhar na ideia de Márquez. Rins será o novo companheiro de equipe de Fabio e tentará ficar longe dos contusões. Por ironia do destino, a Honda trouxe para o lugar de Márquez o irmão do inimigo do espanhol (Valentino Rossi), Luca Marini. O italiano foi sólido na equipe do irmão, mas a impressão que passa é que Marini foi escolhido mais por falta de opção no mercado do que outra coisa, mas Luca liderará a equipe, pois o campeão de 2020 Joan Mir parece não ter mais a confiança da cúpula da Honda. Talvez nem dele mesmo. A Honda terá a experiência de Zarco na LCR para desenvolver a moto.

A MotoGP começa nesse final de semana esperando que todo o domínio da Ducati seja aliviado pelas concessões dadas às demais montadoras, porém a montadora italiana ainda parece ser a mais forte no momento.  

Quem segura Palou?

 


A Indy teve um ano de 2023 um pouco diferente do usual. As corridas continuaram boas e disputadas, mas pela primeira vez em quase vinte anos o campeão da Indy foi conhecido por antecipação. Alex Palou venceu cinco vezes ano passado para conquistar o bicampeonato na penúltima etapa do campeonato, em Portland, se consolidando com o piloto mais forte da Indy no momento, mesmo que falte um pouco ao espanhol uma melhor administração da carreira, resultando em brigas judiciais que se acumularam ao longo dos últimos dois anos pelas decisões de Palou. 

Para 2024 a Indy terá como novidade os novos motores híbridos, desenvolvidos por GM e Honda nos últimos meses, mas que só aparecerá após as 500 Milhas de Indianápolis. Pelo feeling dos pilotos, o novo motor se mostrou bem diferente do anterior e que poderá mudar a forma de administrar a corrida, lembrando que as táticas fazem bastante diferença nas provas da Indy. Falando em motor, a Honda deu uma declaração preocupante quando falou que pode abandonar o projeto da Indy após trinta anos na categoria. Por incrível que pareça, o fato de ter muitos carros e até mesmo mais interessados a entrar na Indy fez com que o projeto de motorização da Honda muito caro, pois são equipes demais a suprir. A falta de uma terceira montadora faz falta não apenas à Honda, mas aos fãs e a Indy precisa se mexer para se tornar interessante para outras montadoras. Isso sem contar que tem basicamente o mesmo carro da Dallara desde 2012.

A Chip Ganassi dominou a Indy ano passado com Palou vencendo cinco vezes e o inevitável Scott Dixon conquistando o vice com três vitórias nas últimas quatro provas da temporada passada. Antes sempre carregada pelo brilhante Dixon, a Ganassi vê em Palou uma chance de se manter fortíssima no futuro, lembrando que Dixon completará 44 anos nesse ano e não precisa ser um matemático para perceber que o neozelandês não durará muitos mais anos na Indy. O time viu a partida do regular Marcus Ericsson e para o seu lugar promoveu Marcus Ericsson como piloto em toda a temporada, além da ascensão dos jovens Kyffin Simpson e Linus Lundqvist, totalizando cinco carros da Ganassi. Para enfrentar todo essa poderio, a Penske manteve seu trio do ano passado, com o atual campeão da Indy500 Josef Newgarden tentando ser mais regular em circuitos mistos, Will Power esperando voltar aos bons tempos que lhe garantiram o título em 2022, além de Scott McLaughlin comprovar toda a sua evolução desde que saiu do turismo australiano.

Vendo sua entrada à F1 recusada, talvez a Andretti foque um pouco mais na Indy, após um ano abaixo do esperado em 2023. Colton Herta segue considerado um piloto super talentoso, mas a verdade é que o jovem americano ainda não explodiu. O jovem Kyle Kirkwood conseguiu as únicas vitórias da Andretti em 2023, mas o americano não mostrou a consistência necessária para se manter na ponta em toda a temporada, enquanto Ericsson chegou para substituir Grosjean, após uma passagem acidentada (literalmente) na Andretti. A McLaren tenta evoluir e transformar o trio de ferro da Indy numa quarteto. Pato O'Ward vive um drama parecido com Herta, onde é claro que o mexicano tem muito talento, mas Pato ainda não deslanchou. O time terá o experiente Alexander Rossi tentando voltar aos tempos em que brigava com Newgarden como o melhor americano da Indy, enquanto David Malukas tentará superar uma queda de bicicleta e só estreará mais tarde, sendo substituído por Calum Illot. A McLaren promoverá Kyle Larson na Indy500, onde o americano fará o famoso 'Double Duty'.

As demais equipes tentarão se meter entre as grandes para brigar por vitórias, algo possível na Indy. A Rahal manteve o ótimo Christian Lundgaard na equipe, mesmo o dinamarquês tendo vencido uma corrida ano passado e ter feito um ótimo trabalho, chamando atenção das grandes. Graham continuará na equipe do pai, que promoverá Pietro Fittipaldi na equipe Rahal, se tornando o único brasileiro full-time na Indy, após vários anos testando na Haas (algo que continuará fazendo) e participando de corridas eventuais em outras categorias. Uma boa chance para Pietro, que já correu na Indy e estará numa equipe estruturada. A Carpenter focará em Rinus Veekay, enquanto o dono da equipe Ed Carpenter correrá apenas em ovais, a Juncos recebeu Grosjean, que substituirá Illot, que surpreendentemente saiu da equipe, enquanto a Dale Coyne só anunciou seus pilotos na semana da estreia da Indy. A Meyer Shank mudou seus dois veteranos pilotos, com Pagenaud ainda se recuperando de sua espetacular capotagem em Mid-Ohio e Helio Castroneves pavimentando sua aposentadoria ao comprar parte da equipe e correr apenas em Indianápolis, lugar onde sempre andou bem.

A Indy iniciará mais temporada com algumas novidades, mas talvez não o suficiente para dar um salto que a categoria merece. Há um certo marasmo na Indy, mas isso não significa corridas chatas ou falta de disputa. Muito pelo contrário! Com uma categoria de alto nível e praticamente monomarca (só se muda os motores e temos só dois), especular um favorito ao campeonato da Indy chega a ser arriscado, mas pelo o que mostrou no ano passado e nos testes, é praticamente impossível não apontar para Palou. Mesmo que meio destrambelhado fora das pistas, Alex Palou faz muita diferença dentro delas.