segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Que pena...

 


A F1 ainda nem era tão conhecida no Brasil, quando um jovem brasileiro de 22 anos foi à Europa após impressionar Juan Manuel Fangio e José Froilan González numa corrida. Fritz D'Orey foi para a F1 praticamente sem muito preparo e para os padrões da época, ainda bastante jovem. Foram apenas três corridas e nenhum ponto em 1959, mas havia esperança que esse jovem tivesse um futuro grande no automobilismo. Então um grave acidente em Le Mans acabou com a carreira de D'Orey que mal havia começado, mas havia toda uma vida pela frente, que terminou no dia de hoje, aos 82 anos.

Figura(BEL): Renault

 Quando surgiu a era híbrida em 2014, a Renault passou a ser criticada pela então parceira Red Bull de ter um motor fraco, onde mesmo tendo um ótimo chassi, a equipe austríaca era atrasada pela Renault. Isso depois de quatro títulos consecutivos da parceria. Uma coexistência tensa de mais quatro anos resultou numa ruptura entre Renault e Red Bull, enquanto a montadora francesa refez sua equipe nos escombros da antiga Lotus, que um dia foi... Renault! Apesar dos resultados da equipe Renault ainda serem abaixo do esperado para uma equipe financiada por uma montadora, Spa mostrou que após muitos anos os franceses finalmente tem um motor à altura dos melhores da F1. Nos setores um e três, onde a potências mais contava em Spa, a Renault chegou a ter o carro mais rápido do pelotão, mostrando que o motor francês agora fala bem alto. Só falta acertar o chassi, que a Renault poderá entrar na briga pelas vitórias.

Figurão(BEL): Ferrari

 Não precisa de muitas palavras para explicar o porquê da Ferrari estar nessa parte da coluna. Em doze anos e meio de blog, talvez nunca tenha sido tão fácil indicar um figurão de uma corrida. O final de semana da Ferrari foi abaixo do pífio, abaixo do patético, abaixo de qualquer crítica. O motor Ferrari de 2020, agora debaixo das regras impostas pela FIA, se tornou disparado o pior da F1, contudo, Kimi Raikkonen ultrapassou Sebastian Vettel no final da reta Kemmel. E o motor de Kimi é Ferrari. Além do propulsor, o chassi também está errado. Logo depois Vettel e Leclerc se tocaram enquanto brigavam pela 'gloriosa' décima segunda posição. Mais uma prova que a gestão dentro da Ferrari não vai nada bem. Apenas três abandonos durante toda a prova e a Ferrari só flertou com os pontos por causa de uma ótima largada de Leclerc, mas não demorou para o monegasco ser engolido por pilotos com outros motores. Renault, Mercedes e Honda. Não importava o motor, pois Leclerc era ultrapassado de forma até mesmo constrangedora pelos outros pilotos. E nas duas próximas semanas, teremos duas corridas na Itália. Sorte da Ferrari que sem torcedores em Monza e alguns poucos em Mugello. Assim a vergonha deverá ser menor.

domingo, 30 de agosto de 2020

Dever de casa feito

 


É comum os pilotos falarem após os treinos que 'irão analisar os dados junto com a equipe essa noite'. Que dados são esses não se sabe ao certo, mas com certeza a Penske aprendeu muitas lições após a péssima corrida de ontem em Gateway, garantindo a vitória para Josef Newgarden, numa disputa com Pato O'Ward e Will Power.

A corrida no oval de Saint Louis foi basicamente decidida na base das estratégias e nos pits. Parar mais cedo ou ter um pit-stop mais rápido fizeram toda a diferença nessa tarde em Gateway. Mesmo sendo um oval, os carros da Indy tem baixo downforce e não permite carros lado a lado, fazendo as ultrapassagens muito difíceis. Não tanto quanto a F1, mas a Indy sofre com a falta de ultrapassagens em ovais. Troca de posição de destaque, na pista, apenas Will Power tomando a segunda posição de Josef Newgarden ainda no começo da prova e como ambos são pilotos da Penske, foi uma ultrapassagem nada forçada ou com um toque a mais de agressividade. 

Em momentos assim a Penske se sobressai. Ontem a bandeira amarela no meio da corrida atrapalhou os planos da trupe de Roger Penske, mas numa prova onde a única amarela surgiu faltando duas voltas, a equipe mais vitoriosa da Indy colocou seus pilotos nos lugares certos e foram certeiros nos pit-stops. Na última parada, Newgarden e O'Ward pararam juntos, com o mexicano liderando a corrida. Quem saiu na frente? Newgarden, que partiu para uma importante vitória, se ainda quiser pensar em campeonato. Mesmo num final de semana aonde não se destaca, Scott Dixon vai lá e consegue um bom quinto lugar, mantendo Newgarden sobre controle.

Destaque nas duas provas em Gateway, Pato O'Ward provou que tem muito futuro na Indy e sua primeira vitória não tardará. Hoje Tony Kanaan pode ter feito sua última corrida na Indy, depois de uma carreira que passou por quatro décadas, com muitas vitórias e carisma. A Penske errou feio na estratégia ontem, mas aprenderam muito bem a lição hoje, colocando dois pilotos no top-3. 

Nem parecia Spa


 Circuito preferido dos pilotos e dos mais aclamados pelo público, o circuito de Spa-Francorchamps é sinônimo de emoção, certo? O ano atípico de 2020 viu uma corrida atipicamente chata no circuito belga, onde praticamente não houve emoção em nenhuma parte do pelotão. Mais uma vez Lewis Hamilton não teve do que reclamar e só não completou o Grand-Chelem pela melhor volta conquistada pelo quarto colocado Daniel Ricciardo na última volta. Mais um passo para o inglês se igualar a Schumacher em número de vitórias e títulos.


Em nenhuma sessão de 2020 a chuva foi um fator preponderante nesse final de semana. Uma garoa aqui, uma ameaça acolá, mas chuva de verdade mesmo, Spa não viu e resultou numa das corridas mais modorrentas dessa temporada. Resumir a corrida de Hamilton é fácil. Ele não largou perfeitamente, mas manteve a primeira posição sem sustos. Controlou a vantagem sobre Bottas a corrida inteira, mesmo quando um problema de potência e os desgaste de pneus apareceram em determinados momentos da prova. Ou seja, para Hamilton só faltou colocar o braço de fora, ficar ouvindo hip-hop no toca-fitas e aproveitar a bela paisagem belga num domingo ensolarado. Com 89 vitórias Hamilton caminha para deixar os recordes de Schumacher no chinelo, o mesmo acontecendo com o número de títulos, que será igualado nessa temporada. Se no começo da semana Bottas sentia o título escapando, hoje o título ficou ainda mais longe do finlandês, que amargou um segundo lugar e ainda ouviu de sua equipe que não poderia atacar Hamilton. Mais segundo piloto do que isso, impossível! Porém, Bottas pode conquistar vitórias aqui e ali, além de curtir um vice-campeonato, o segundo seguido. Nada muito diferente disso.


A única emoção da corrida, além do desgaste de pneus, foi a possibilidade da Red Bull tentar um pulo do gato como em Silverstone. Após a única parada dos seus pilotos no momento do safety-car, a Mercedes marcou Verstappen de perto, na expectativa se o holandês pararia uma segunda vez ou não. Por outro lado, a Red Bull percebeu que se Max parasse de novo, perderia a terceira posição para Daniel Ricciardo e poderia se meter numa briga que, em tese, estragariam seus pneus. Foi então que a Red Bull preferiu que Verstappen ficasse na pista, algo imitado pela Mercedes, deixando a corrida morna nas três primeiras posições em todo momento. A Renault teve seu melhor final de semana desde a nova gestão, com Ricciardo chegando a brigar com Verstappen na primeira volta, porém, o australiano ficou num sólido e solitário quarto lugar a corrida inteira, enquanto Esteban Ocon teve um pouco mais de trabalho com Alexander Albon, que arriscou colocar pneus médios na única parada que fez e acabou ultrapassado por Ocon na última volta. A sombra dos pneus duros estourados nas últimas voltas em Silverstone deixou todas as equipes em alerta e não faltaram rádios de pilotos reclamando de vibrações em seus pneus, mas a borracha da Pirelli resistiu dessa vez.


Um ano depois de estrear pela Red Bull, Albon vê o piloto a quem substituiu ano passado cada vez mais em ascensão. Pierre Gasly executou uma tática diferente dos demais e numa prova consistente e de recuperação, foi oitavo lugar, ainda com fôlego para alcançar a McLaren de Norris, se houvesse tempo. Albon ainda foi sexto, mais atrás das duas Renaults. A paciência de Marko, conhecida por ser bem pequena, não deve estar longe de acabar. Em mais um momento estratégico esquisito da Racing Point nessa temporada, Sergio Pérez ficou na pista com pneus moles quando todos fizeram suas paradas para colocar pneus duros (ou médios, no caso de Albon). Resultado dessa 'brilhante' tática foi Pérez perder rendimento e posições por consequência, cair para último quando fez sua parada e ficar mais uma vez atrás do queridinho da equipe, Lance Stroll. Será que vale a pena ir para uma equipe boa como a Force India, mas que privilegia tanto o filho do dono? McLaren começou a corrida desfalcada de Sainz, que sequer largou com problemas de escapamento.


No entanto chamou atenção a cara de Sainz, que assistia a prova, quando a Ferrari de Vettel foi facilmente ultrapassada na reta Kemmel. A Ferrari já teve corridas ruins ou péssimas por vários motivos, principalmente por causa de problemas técnicos ou até mesmo climáticos, mas em Spa/2020 vimos uma exibição pífia e patética, como diria o poeta, da equipe de Maranello. Com um motor abaixo do aceitável, a Ferrari parecia que estava parada enquanto era atacada por equipes com outros motores. Caberia até para Vettel um 'GP2 Engine'? Ou até mesmo 'F-E Engine!' Porém, além de ter o pior motor da F1 atual, a Ferrari ainda tem um chassi ruim, como prova foi Vettel ser ultrapassado pela Alfa Romeo, com o mesmo motor, de Kimi Raikkonen. Como 2021 não terá tantas mudanças em relação a esse ano, Sainz deveria estar pensando aonde ter amarrado seu burro...


A corrida ainda foi paralisada pelo forte acidente Antonio Giovinazzi e George Russell, que apesar do susto, só antecipou das paradas de praticamente todo o pelotão, onde os pilotos ficaram bem. Hamilton caminha impávido rumo aos recordes, Bottas deverá ser um vice que não engana ninguém e Max Verstappen corre sozinho, pois se não ataca as Mercedes, ninguém o ataca. Numa corrida ensolarada em Spa, a F1 viu sua cara de 2020 escancarada. Apesar de tudo tivemos corridas boas em 2020, mas hoje nem parecia uma corrida em Spa. 

sábado, 29 de agosto de 2020

Número 50

 


Scott Dixon não estava nada contente em perder as 500 Milhas de Indianápolis semana passada, após dominar a corrida inteira e ser derrotado por Takuma Sato no último stint. O que o neozelandês fez para esquecer a derrota? Venceu novamente! E em cima de Sato.

A corrida em Gateway começou com uma carambola na largada, que teve envolvidos três carros da equipe Andretti, incluindo Alexander Rossi, que vem tendo um 2020 para esquecer. Outro envolvido na confusão foi a Penske de Simon Pagenaud, se tornando carta fora do baralho. Outro Penske puxava o pelotão, com o pole Will Power liderando o primeiro stint. Na primeira rodada de paradas Power caiu para terceiro e tanto ele como Josef Newgarden tentaram táticas diferentes, mas nada salvou o dia da Penske. Quem assumiu a ponta foi o jovem piloto da McLaren Pato O'Ward, ponteando a corrida com segurança, não ligando muito para a pressão da lenda viva Scott Dixon.

Uma garoa chegou a interromper a prova, mas nenhuma outra bandeira amarela apareceu, contudo ainda tinha piloto com táticas diferentes e esse era o caso de Takuma Sato, que preferiu esticar suas paradas. O'Ward segurou Dixon na pista, mas nos boxes a experiência da equipe Ganassi falou mais alto e o neozelandês saiu na frente de O'Ward na última parada. Sato liderava com uma volta de vantagem, mas tendo um pit-stop a fazer e o japonês acelerou o que pôde para abrir a diferença necessária para se manter em primeiro. Sato fez sua parte na pista, mas a equipe Rahal vacilou nos boxes, perdendo um tempo precioso e jogando Takuma para terceiro. Faltando poucas voltas e com pneus novos, Sato foi para uma corrida banzai e a forma agressiva que ultrapassou O'Ward mostrava a vontade do japonês, mas Dixon está em outro patamar. Mesmo com Sato claramente mais rápido colado em sua traseira, Dixon segurou a ponta e se vingou, mesmo que de forma bem menor, da derrota da semana passada.

Foi a vitória de número 50 de Dixon na Indy, o colocando ainda mais próximo do incrível hexacampeonato. 

Wakanda para Hamilton

 




Num dia em que o entretenimento lamenta a morte de Chadwick Boseman, intérprete do Pantera Negra e de Jackie Robinson nos cinemas, Lewis Hamilton mostrou sua força em sua 'pantera negra' e despachou Valtteri Botas em Spa, circuito onde os carros importam, mas o talento do piloto faz muita diferença. Se em outros circuitos a diferença entre os dois carros da Mercedes era bem estreita, em Spa Lewis meteu meio segundo goela abaixo de Bottas, mostrando que o plano infalível do finlandês em ser campeão esse ano está mais para os planos do Cebolinha mesmo.

Contudo não foi temporal que Hamilton fez no Q3 que chamou atenção em Spa nesse final de semana. Numa pista onde o equilíbrio do acerto entre ter muito ou pouca pressão aerodinâmica é um fator decisivo, a Ferrari se perdeu completamente na Bélgica e um ano depois de ficar com a pole, Charles Leclerc escapou do vexame de ficar no Q1 por menos de nove centésimos de segundo. As câmeras on-board mostravam os pilotos da Ferrari dando tudo de si, mas simplesmente o tempo não vinha. Claro que os carros vermelhos estiveram longe de avançar para o Q3, porém, há muito a ser consertado pelos lados de Maranello. E como se diz no futebol, Mattia Binotto está prestigiado em seu cargo, ainda mais com duas corridas na Itália nas próximas semanas.

Destaque positivo para a Renault, que arriscou num acerto radical em seus carros, com pouca pressão aerodinâmica e seus carros voando nos trechos rápidos, inclusive com Ricciardo chegando a flertar na briga pelo segundo lugar. Correndo em casa, já que é belga de nascimento, Verstappen ficou muito próximo de Bottas, mas ficou com seu habitual terceiro lugar. E longe, bem longe de Hamilton. Há previsão de chuva (oh! novidade) em Spa amanhã, mas nunca devemos nos esquecer que Hamilton tão bem no molhado quanto no seco.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O mundo não é mais o mesmo

 


A saída da F1 na TV aberta era apenas uma questão de tempo. Poucos sabem, mas somos privilegiados de termos a F1 na Globo, onde em boa parte do mundo a categoria só é transmitida pela TV fechada. A falta de brasileiros correndo já era uma desculpa esperada se a Globo decidisse 'rebaixar' a F1 para o SporTV. Porém, de forma surpreendente, o divórcio foi ainda mais profundo, com a Vênus Platinada anunciando que a partir de 2021 deixará de transmitir a F1 em todas as suas plataformas, apenas cobrindo corridas como faria com a Indy ou a MotoGP atualmente.

Esse anúncio, confirmado hoje, mas falado fortemente desde ontem, pode ser um golpe na F1 no Brasil. Mesmo tendo várias plataformas para se acompanhar o que você quiser, como séries, filmes e por aí vai, a TV aberta ainda faz muita diferença, ainda mais na Globo. Além de dificultar a chegada de novos fãs, até mesmo a atração de novos pilotos para a F1 ficará um pouco mais complicada, pois um menino deslumbrado vendo uma corrida de F1 terá que obrigatoriamente pagar um plano de canais na TV fechada ou ver streaming. 

Os fatores dessa ruptura tão forte ainda serão conhecidos nos detalhes, mas a enorme crise causada pela pandemia com certeza influenciou bastante, tanto que a Globo não renovou com a Conmebol os direitos da Libertadores e com a FIFA. Se a Globo está assim, nem precisa falar que as demais (Record, SBT, Band e RedeTV) devem estar ainda em piores situações. Resta saber como nós, fãs mais apaixonados e contínuos, acompanharão as corridas de F1 em 2021. Hoje foi um marco histórico para quem gosta de F1. E mesmo criticando muito a Globo, podem ter certeza que não foi um marco positivo.    

domingo, 23 de agosto de 2020

Kekkō, Sato-san!

 Os treinos paras as 500 Milhas de Indianápolis muitas vezes enganam as pessoas, pois não raro quem não faz um bom mês de maio acaba de sobressaindo na corrida ou vice-versa. Porém, era claro que os motores Honda tinham uma nítida vantagem sobre os Chevrolet e a corrida confirmou essa tendência com os propulsores nipônicos dominando os dez primeiros colocados na bandeirada. Numa corrida que foi dominada por Scott Dixon, Takuma Sato deu o bote decisivo no último stint e se segurou na ponta até a quadriculada, que nesse ano ocorreu sob bandeira amarela.

Como sempre as 500 Milhas teve um longo caminho até o momento decisivo, que normalmente ocorre nas cinquenta voltas finais. Os primeiros três quartos de corrida foi amplamente dominado por Dixon. O neozelandês pode ser uma lenda da Indy, mas venceu apenas uma vez em Indiana e logo na largada Scott deixou o pole Marco Andretti para trás para pontear o pelotão na maior parte do tempo, só perdendo a liderança pela diferença de estratégia das outras equipes. Não faltaram bandeiras amarelas e acidentes, com destaque para o incomum incidente com James Davison, que viu seu disco de freio dianteiro direito pegar fogo ainda nas voltas iniciais.

A Penske, principal usuário do motor Chevrolet, viu seus pilotos largarem no final do pelotão e com os motores Honda superiores, a equipe de Roger Penske tentou estratégias diferentes, mas nada que colocassem alguns dos seus pilotos na briga pela vitória. A Andretti tinha esperanças que Marco acabasse com a famosa maldição da família, mas tudo que o medíocre piloto fez nesse domingo foi largar na pole, ser engolido nas primeiras voltas e fazer uma corrida apagada. O mesmo aconteceu com Fernando Alonso. Largando dessa vez, Alonso bateu nos treinos e não apareceu em momento algum no pelotão dianteiro na corrida, chegando a perder uma volta. Mesmo usando Chevrolet, seus companheiros de equipe na McLaren fizeram corridas bem melhores, com Pato O'Ward finalizando em sexto e Oliver Askew fazia uma prova decente antes de bater forte na saída da curva 4.

Com Marco fazendo o de sempre, as esperanças da equipe Andretti recaíram sobre Alexander Rossi, o piloto mais forte da equipe e com a experiência de uma vitória em Indianápolis. O americano parecia ter plenas condições de brigar com Dixon numa batalha no final da prova, mas um enrosco nos boxes com Sato fez Rossi ser punido e no ímpeto de fazer uma corrida de recuperação já na metade final das 500 Milhas, Rossi acabou batendo. Colton Herta, numa corrida discreta, salvou um pouco a honra da Andretti ao ficar entre o top-10 no final, mas foi uma corrida bem decepcionante para o time familiar. 

Já que a principal rival com Honda estava tendo problemas, tudo certo para a Ganassi e Dixon, certo? Errado. A equipe Rahal também usa motores Honda e Sato, que vem se mostrando um piloto muito forte em Indianápolis, sempre andou no pelotão da frente. Protegido da Honda, Sato sempre teve os melhores motores da marca da asa dourada e hoje foi o caso. No último stint, Sato tomou a ponta de Dixon e mesmo encontrando alguns retardatários no fim, administrou muito bem a vantagem sobre Dixon. Quando faltavam cinco voltas, um assustador acidente de Spencer Pigot na entrada dos boxes definiu a corrida a favor do seu companheiro de equipe Sato, já que a bandeira verde não aparecia mais. Os brasileiros fizeram corridas de recuperação, mas Tony Kanaan, que chegou a ficar no top-10, perdeu rendimento no final e levou uma volta e Helio Castroneves terminou em 11º, longe de qualquer chance de vitória, numa dia dominado pela Honda. Os dois experientes pilotos mostraram que ainda dão um caldo na Indy, usando toda a manha conseguida em vinte anos na Indy, mas o bonde deles já passou. E faz tempo!

Takuma Sato teve uma carreira bastante acidentada e cheia de altos e baixos. Na F1 se tornou o segundo japonês a subir ao pódio, mas teve que ser dispensado da equipe da Honda, pois já não tinha tamanho para se manter na equipe principal e a Honda teve que criar uma segunda equipe, a inesquecível Super Aguri. Se mudando para a Indy já como veterano, Sato se aproveitou dos seus contatos com a Honda para se manter em boas equipes, que tem como ele bastante paciência com sua atitude 'win or wall'. Porém não dá para negar que Takuma vem se tornando um especialista em Indianápolis. Em 2012 brigava com Dario Franchitti quando bateu na última volta. Em 2017 venceu a corrida, segurando um experiente Helio Castroneves nas voltas derradeiras. Em 2020 não tomou conhecimento da lenda Scott Dixon, que mesmo tendo um canhão nas mãos, foi superado por um incrível Takuma Sato.

Muito bem Sato, ou Kekko Sato-San!

Vitória portuguesa, com certeza

 Certas coisas nas corridas são um pouco injustas, mas fazem parte do jogo. Joan Mir partia para a sua primeira vitória na MotoGP, enquanto dominava a prova no circuito de Red Bull Ring. Porém, o sonho do espanhol da Suzuki terminou quando Maverick Viñales, num final de semana horroroso, soltou sua Yamaha no final da reta dos boxes, provavelmente quando percebeu que sua moto estava sem freios. Com a Yamaha estatelada na barreira inflável e pegando fogo, a bandeira vermelha surgiu, mas nem por isso a corrida de número 900 da classe Premier do Mundial de Motovelocidade deixou de ter um novo vencedor. Miguel Oliveira capitalizou a forte briga entre Jack Miller e Pol Espargaró na última curva da última volta para se tornar o primeiro português a vencer na MotoGP.

Depois da traumatizante corrida da semana passada, quando a MotoGP escapou por muito pouco de uma tragédia, a corrida de hoje no mesmo perigoso circuito foi claramente mais conservadora ao longo da maioria das voltas. Contudo, uma primeira fila diferente e muitos pilotos novatos nas primeiras filas garantiriam emoções até o final, até porque não se sabia como Nakagami, Oliveira e Pol Espargaró, este um piloto já experiente, mas largando pela primeira vez na pole, se comportariam ponteando uma prova na categoria principal. Porém, quem surgiu muito forte já na largada foi Joan Mir. O espanhol da Suzuki despachou seus rivais ainda na primeira volta e controlava a prova sem muitos sustos. Mir tem uma carreira um pouco diferente dos demais, por ter começado relativamente tarde no motociclismo, mas desde sempre percebia-se um enorme talento natural no espanhol, a ponto da Suzuki o contratar tendo feito apenas um ano regular na Moto2. Mir fazia uma corrida de veterano, enquanto Nakagami e Miller brigavam pelo segundo lugar quando Viñales, que voltas antes tinha dado a sensação que iria abandonar, soltou sua moto na freada da curva 1 e a sua Yamaha se espatifou contra a proteção inflável, pegando fogo logo em seguida. Bandeira vermelha.

Isso significava que todo o trabalho de Mir tinha ido por água abaixo e pelo segundo final de semana consecutivo, uma corrida em Red Bull Ring seria interrompida por uma bandeira vermelha. Até o momento o esquadrão da KTM vinha fazendo uma corrida discreta, com o pole Espargaró até mesmo decepcionando ao ficar fora da briga pelo pódio, mas no recomeço tudo mudou. Com pneus novos, Mir não segurou o ímpeto de pilotos mais experientes do que ele e rapidamente a corrida parecia que seria decidida entre Miller e Espargaró. Miguel Oliveira vinha crescendo na corrida e estava na terceira posição, ultrapassando Mir, e bem próximo dos dois líderes. Miller já venceu uma vez na MotoGP, em condições de chuva em Assen, enquanto Espargaró além de não ter vencido na MotoGP, ainda estava mordido por ter visto seu novato companheiro de equipe ter dado a KTM a primazia do primeiro triunfo da marca austríaca, que corria em casa. Os dois fariam de tudo para vencer hoje. Numa prova spint, Miller e Espargaró foram ao extremo na última volta, trocando de posições em freadas no limite. Na última volta, ambos foram para o tudo ou nada. E ambos ficaram com nada.

De forma inteligente e sagaz, Oliveira assistiu a briga de perto e quando Miller e Espargaró escaparam na última curva, o português da KTM tracionou melhor e deu um bote duplo para lhe garantir uma vitória histórica na bandeirada. 

O triunfo de Miguel significou várias coisas. Primeiro, foi o fim da hegemonia da Ducati na pista austríaca. Segundo, que Portugal se junta à África de Sul de Brad Binder, debutando como vencedor na MotoGP. E terceiro, um incrível equilíbrio na MotoGP, com novas marcas e pilotos vencendo. A Yamaha teve um final de semana para esquecer e Fabio Quartararo já coloca as barbas de molho sobre o seu teórico favoritismo em outra corrida opaca, onde marcou poucos pontos. Doviziozo acabou ultrapassado no final por Mir, mas o quinto lugar o coloca muito próximo de Quartararo na liderança do mundial. Com tantos pilotos vencendo corridas, com as marcas da MotoGP se revezando como a melhor moto a cada final de semana, a regularidade de Doviziozo pode ser um diferencial no final do ano, já que Marc Márquez poderá ficar até mesmo três meses de fora. Porém, esse equilíbrio de marcas e pilotos faz com que todos que acompanhem a MotoGP vencedores, afinal, quem pode cravar quem será o próximo vencedor?

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Figura(ESP): Mercedes

 Não levou mais do que uma semana para que a Mercedes entendesse o que deu de errado na tática dos seus pilotos em Silverstone e mesmo num clima ainda mais desafiador em Barcelona, superasse com extrema facilidade as dificuldades e desse a Lewis Hamilton a chance de conseguir uma vitória tranquila nesse final de semana. Os delicados pneus Pirelli causaram vários problemas à Mercedes em Silverstone, deixando claro que a gestão deles fora decisivo para que Max Verstappen, mesmo tomando 1s na classificação, derrotasse as duas Mercedes no forte calor britânico. Em Barcelona, ainda mais quente do que em Silverstone, a Mercedes entendeu que deveria gerir melhor seus pneus e deu a Lewis Hamilton as ferramentas para uma vitória de ponta a ponta. Essa foi mais uma prova do tamanho da organização e da fome de vitória da Mercedes, não se contentando em ter o melhor carro e o melhor piloto, mas também entender o porquê de sua derrota, corrigindo em uma semana o problema da borracha da Pirelli, proporcionando outra triunfo à equipe. E com os pneus totalmente em ordem!

Figurão(ESP): Renault

 Aprendemos que sempre devemos fazer o correto mesmo quando ninguém esteja vendo, mas não há dúvidas de que a presença do chefe nos faz ter mais esmero em nossos serviços. A Renault recebeu nesse final de semana a visita do seu CEO, Luca de Meo. O dirigente talvez estivesse ávido em saber como uma montadora que passou maus bocados durante a pandemia ainda investe tanto dinheiro na F1. Com certeza Jerome Stoll e Cyril Abiteboul mostraram a equipe Renault e rezaram por um bom resultado, como o quarto lugar obtido por Ricciardo no Grande Prêmio da Grã-Bretanha, quinze dias atrás, afinal um bom resultado pegaria muito bem com o chefe. Pois foi justamente na frente de De Meo que a Renault teve seu pior final de semana de 2020, onde a equipe não encontrou ritmo nem nos treinos, muito menos na corrida. Pela primeira vez a equipe não colocou um único carro no Q3 e a corrida esteve longe de melhorar, com Ricciardo e Ocon fora dos pontos e dando pouca impressão que o fariam. Antes que se culpe o motor, a cliente McLaren pontuou com seus dois carros novamente e briga com Racing Point e Ferrari pelo terceiro lugar do Mundial de Construtores. Uma luta onde a equipe oficial da Renault não se encontra no momento. Com certeza Stoll e Abiteboul tiveram muito o que se explicar ao CEO da Renault sobre os péssimos resultados do final de semana espanhol.

domingo, 16 de agosto de 2020

Alta tensão

 

O circuito de Interlagos já é um dos palcos mais tradicionais da F1 e uma pista feita sobre medida para carros. Contudo, a pista paulistana não serve para motos. O motivo é muito simples: os muros em volta em partes de alta velocidade, como a reta dos boxes e a reta oposta, não deixando margens para erros para os motociclistas. O circuito de Spielberg, com suas retas e longos trechos de alta velocidade, trouxe boas corridas de F1 esse ano, porém, não é de hoje a visita da MotoGP é motivo de muita preocupação para os pilotos. Dona da média mais alta de velocidade do calendário (o atual ou o original), Spielberg tem vários locais onde os muros estão bem próximos e qualquer saída de pista pode ocasionar um sério acidente.

Hoje a pista austríaca proporcionou dois graves acidentes, sendo que o último tinha um potencial trágico. Na Moto2 o italiano Enea Bastianini perdeu o controle da sua moto bem no meio do pelotão, numa situação grave, pois foi na saída da curva um, que fica numa subida, ou seja, é cega em sua saída. Hazfin Syarhin não viu a tempo a moto caída de Bastianini e acertou-a em cheio. O malaio foi levado ao hospital com algumas contusões, principalmente no quadril, no que parecia pouco num acidente aterrorizante. Porém, o pior veio na MotoGP. Numa disputa de posição, Zarco bateu em Morbidelli em alta velocidade. Por sorte os dois não foram atingidos pelas motos, que saíram sozinhas e se espatifaram contra os guard-rails. Contudo, as motos por muito pouco não atingiram as Yamahas de Viñales e Rossi. A reação assustada de Rossi quando chegou aos boxes indicava bem o potencial de tragédia que o experiente piloto escapou. Com as motos vindo sem controle a mais de 200 km/h, se fosse atingido, Viñales ou Rossi poderiam se machucar seriamente. Ou até mesmo pior. Rossi nasceu de novo.

Quando a corrida reiniciou, parecia que a KTM venceria novamente com Pol Espagaró, mas a bandeira vermelha diminuiu o número de voltas da corrida e fez com que os pilotos trocassem seus pneus e suas estratégias. Dominadora na Áustria, a Ducati tinha Jack Miller e Andrea Doviziozo na briga com Pol e as Suzukis. Espargaró perdeu posições na relargada e acabou se envolvendo num incidente com a outra KTM de Miguel Oliveira, que chegou aos boxes bastante irritado. Com pneus médios, a dupla da Suzuki parecia ter uma certa vantagem sobre a dupla da Ducati, que escolheram a borracha macia. Contudo, Alex Rins acabou caindo quando tinha pinta que partiria para a ultrapassagem vitoriosa sobre Doviziozo, que administrou sua vantagem sobre Miller, que ainda foi ultrapassado por Joan Mir na penúltima curva da corrida, coroando o primeiro pódio do jovem espanhol. Com Quartataro tendo outra corrida ruim, Doviziozo entra na luta pelo título justamente quando anunciou que não estará com a Ducati em 2021, fazendo do seu futuro o grande mistério desse segundo semestre. Piloto cerebral e muito inteligente, Andrea Doviziozo se encaixaria em qualquer equipe e todas as montadoras sabem disso.

Contudo, não se pode negar que esse domingo foi mais tenso do que o normal no Mundial de Movelocidade, onde dois acidentes poderiam ter consequências trágicas e o pior é que semana que vem teremos uma nova etapa na perigosa pista da Red Bull.

Tudo normal em Barcelona

Passa ano, muda regulamento, muda a geração de pilotos, mas a F1 tem uma certeza: a corrida em Barcelona será um enorme bocejo. Das trinta edições do Grande Prêmio da Espanha realizado no circuito de Barcelona, conta-se nos dedos de uma mão as corridas realmente boas e emocionantes. Uma mistura de pista estreita, conhecida das equipes e com curvas rápidas transformaram a pista localizada em Montmeló em um sonho para as equipes, mas um pesadelo para os fãs da F1, que ficam quase duas horas se apegando em alguma coisa para se manter acordado até a bandeirada. Claro que Lewis Hamilton não teve do que reclamar e de ponta a ponta, venceu a corrida de hoje, espantando qualquer zebra como ocorrida semana passada.

sábado, 15 de agosto de 2020

Contagem regressiva

A diferença brutal da Mercedes para as rivais em ritmo de classificação em 2020 já permite uma contagem interessante para os números da F1: quando Lewis Hamilton alcançará a inacreditável marca das 100 poles. Tendo como adversário unicamente seu companheiro de equipe, Hamilton novamente colocou Bottas no bolso em Barcelona para vencer a disputa particular com o nórdico dentro do seio da Mercedes e conseguir sua pole de número 92. E contando.

Numa classificação extremamente convencional no extremamente convencional circuito de Barcelona, foram poucos os destaques. Kimi Raikkonen conseguiu levar a péssima Alfa Romeo ao Q2 pela primeira vez em 2020, a Williams ficou de fora do Q2, algo que George Russell vinha conseguindo com alguma constância, a Renault decepcionou bem na frente do seu CEO e novamente Vettel ficou de fora do Q2, superado por meros dois milésimos por Lando Norris, que junto à Hamilton, Bottas e Verstappen, são os únicos a participarem de todos os Q3 de 2020. Para mim o maior destaque do treino de hoje foi a estreia de Everaldo Marquez numa transmissão de F1 no Sportv. Narrador consagrado nos esportes americanos, mas muito versátil, Everaldo migrou para o grupo Globo esse ano e claramente atrapalhado pela pandemia, não pôde ainda mostrar todo seu talento. Já tendo narrado F1, mas pelo rádio, era esperado que Marques debutasse na F1 e nesse final de semana onde Sergio Maurício narrará a Copa Truck, Everaldo deu conta do recado com muita informação e descontração. 

A época do ano totalmente singular para o Grande Prêmio da Espanha pode dar um ligeiro tempero na corrida de amanhã, pois o forte calor deu um trabalho fora do normal à Mercedes em Silverstone, onde as temperaturas eram até menores do que hoje. Dessa vez a Red Bull não pensou diferente e Max Verstappen largará com os mesmos pneus da dupla da Mercedes à sua frente. Resta saber como os carros negros se comportarão amanhã, mas o favoritismo é todinho da Mercedes na corrida. 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

História: 25 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1995

A Hungria recebia pela décima vez a F1 sendo um sucesso absoluto de público, mesmo que haviam críticas frequentes ao circuito tortuoso e estreito, dificultando muito as ultrapassagens. Enquanto os carros chegavam à Budapeste com o máximo de downforce possível, os bastidores da F1 pegavam fogo 25 anos atrás. A contratação de Michael Schumacher pela Ferrari era dado como certeza e a presença de Gianni Agnelli na Hungria apenas aumentou a sensação que a divulgação era iminente, mas tudo o que Schumacher anunciou naquele final de semana foi seu casamento. Com a saída de Schumacher, Flavio Briatore investia forte em Jean Alesi, enquanto Gerhard Berger não se manifestava sobre seu futuro, sabendo apenas que não seria na Ferrari em 1996. A Benetton negociava com Rubens Barrichello, enquanto a Williams decidia em renovar com Damon Hill, mesmo o inglês fazendo uma temporada medíocre em 1995, com erros crassos nas duas corridas anteriores. Enquanto testava Jacques Villeneuve, a Williams já pensava em 1997 e sondava Frentzen. Mesmo garantido para 1996, Hill não era o futuro da Williams naquele momento.

Debaixo de forte calor, os treinos foram marcados por um forte acidente de Jean Alesi na sexta-feira, que quase tirou o piloto da Ferrari do final de semana. Mesmo não sendo um carro que historicamente andasse bem em Hungaroring, a Williams dava à Damon Hill sua quarta pole em 1995, três décimos à frente de Coulthard. Schumacher teve problemas com o acerto do seu Benetton e teve que se conformar com a terceira posição, enquanto Berger fechava a segunda fila. Enquanto negociava seu futuro na F1, Rubens Barrichello tomava 1.5s de Irvine na classificação, que ganhava a fama de rápido e atraía a atenção da Ferrari.

Grid:

1) Hill(Williams) - 1:16.982

2) Coulthard (Williams) - 1:17.366

3) Schumacher (Benetton) - 1:17.558

4) Berger (Ferrari) - 1:18.059

5) Hakkinen (McLaren) - 1:18.363

6) Alesi (Ferrari) - 1:18.968

7) Irvine (Jordan) - 1:19.499

8)  Brundle (Ligier) - 1:19.748

9) Herbert (Benetton) - 1:20.072

10) Panis (Ligier) - 1:20.160

O dia 14 de agosto de 1995 amanheceu ensolarado e muito quente em Budapeste, trazendo um desafio extra aos pneus Goodyear, que sugeriu às equipes fazerem três paradas. No warm-up Schumacher ficou com o tempo mais rápido, indicando que poderia estar muito forte na corrida. Na luz verde a dupla da Williams manteve suas posições, enquanto Schumacher largou mal e teve que usar suas criticadas manobras diagonais para manter sua terceira posição à frente de Hakkinen e Berger.

Imediatamente Hill abriu uma boa vantagem para Coulthard, que claramente segurava Schumacher. Como a pista de Hungaroring sempre foi difícil de se ultrapassar, a corrida era normalmente decidida na tática. Schumacher pressionava como podia, mas Coulthard se segurava, enquanto Hakkinen abandonava bem cedo com o motor Mercedes quebrado. Na volta 13 Coulthard cometeu um pequeno erro e mesmo não saindo da pista, permitiu a Schumacher tomar a segunda posição, mas o alemão já estava exatos 12s atrás de Hill. Mais atrás, acontecia um dos acontecimentos mais folclóricos da história da F1. O japonês Taki Inoue estacionou seu Arrows ao lado da pista com o motor quebrado. Inoue tentou extinguir um pequeno incêndio em seu carro, mas acaba sendo atingido por um carro de apoio. Ainda zonzo após ser atropelado, Inoue não consegue se levantar e é ajudado pelos médicos, mas nada aconteceu com o japonês. E para sempre Inoue entraria para a história da F1 pelo lado dos fundos.

Logo após a presepada de Inoue, os pilotos da frente foram aos pits fazer suas primeiras paradas, mas Schumacher tem problemas na mangueira de reabastecimento e volta à pista com menos combustível do que o esperado, fazendo o alemão voar na pista e diminuir a desvantagem de Hill, mas o piloto da Benetton tem que fazer sua segunda parada poucas voltas depois. Ao menos ele sairia logo à frente de Coulthard, que estava com problemas de estabilidade em seu Williams. Hill faz sua segunda parada e retorna logo à frente de Schumacher, que o pressiona, mas Damon resiste bem aos ataques. Mais atrás Alesi abandonava a prova com o motor quebrado. Schumacher faz sua terceira parada sem conseguir ultrapassar Hill e praticamente teria que se conformar com a segunda posição. Blundell, Barrichello e Berger vão aos boxes para reabastecer e voltam à pista na mesma ordem. Blundell e Barrichello estavam numa estratégia diferente e ganhavam muitas posições na corrida. Hill faz sua terceira parada calmamente e retorna à pista em primeiro, com Schumacher mais de 11s atrás e tendo que poupar os pneus para eles resistirem até o final sem uma quarta parada.

Na medida em que a corrida se aproximava do final, as posições ficam assentadas e parecia que nada mudaria. Porém, carreras son carreras, como diria o mítico Juan Manuel Fangio. Irvine vinha num bom quarto lugar quando sua embreagem quebrou e quem herdou a posição foi Barrichello, numa ótima corrida de recuperação após largar em 14º. Faltando apenas três voltas a bandeirada a boa corrida de Rubens ficaria ainda melhor quando o motor Renault da Benetton de Schumacher silenciava-se. Eram fim de prova para o alemão, com Hill quase um minuto na frente do seu companheiro de equipe Coulthard e Barrichello conseguindo um quase heroico pódio. Contudo, o sonho de Barrichello se tornaria um pesadelo no finalzinho da corrida. O motor Peugeot tinha um sensor que desligava o motor quando ele estivesse prestes a explodir. Faltando poucas curvas para a bandeirada, o motor Peugeot travou e para não quebrar, ele desligou automaticamente. Barrichello ainda tentou chegar no embalo, mas acabou ultrapassado pelo grupo que tinha Berger, Herbert, Frentzen e Panis. Foi uma das maiores decepções da carreira de Barrichello, que saiu do carro desolado. Se não fosse o sensor, ele terminaria a corrida com o motor estourado, mas em terceiro! Com um grand-chelem (Pole, melhor volta, vitória e todas as voltas lideradas), Damon Hil dava uma resposta aos seus críticos numa corrida marcada por duas situações inusitadas.

Chegada:

1) Hill

2) Coulthard

3) Berger

4) Herbert

5) Frentzen

6) Panis

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Figura(70): Max Verstappen

 Esse lugar bem que poderia ser também da Red Bull, que bolou uma estratégia magistral, pensando em tudo antes mesmo da largada, ainda na classificação, para derrotar a então imbatível Mercedes, mas o time austríaco não conseguiria desbancar a Mercedes se não tivesse um piloto diferenciado no seu plantel. Max Verstappen novamente só não fez chover em Silverstone, sendo que dessa vez, Max usou o incomum calor que assolou a velha base aérea inglesa para conseguir uma vitória arrebatadora. Conseguindo sua melhor volta no Q2 com pneus duros, Verstappen rapidamente pulou para terceiro, ficando na sua habitual posição atrás dos carros da Mercedes. Contudo, os bólidos negros de Stuttgart não dispararam na frente, como esperado. Com os pneus derretendo em bolhas no forte calor britânico, Bottas e Hamilton foram incapazes de imprimir um ritmo forte, enquanto Verstappen mantinha um ótimo ritmo com os pneus mais duros do final de semana. Se não conseguiu ultrapassar Hamilton na pista, Verstappen deu sua parte de show quando ultrapassou Bottas na saída de sua primeira parada, deixando o finlandês sem pai, nem mãe em uma bela manobra no final da reta Wellington. Mesmo com pneus duros a dupla da Mercedes não conseguiu acompanhar a Red Bull de Verstappen, que acabou com o 100% da Mercedes em 2020 com doses de inteligência tática de sua equipe de engenheiros e talento exuberante do seu piloto.

Figurão(70): Sebastian Vettel

Na F1 é comum haver discrepâncias entre companheiros de equipe por motivos variados, sendo que na maiorias das vezes ocorre por pura e simples diferença de talento. Em 2020 na Ferrari está acontecendo algo que pode ser histórico e inédito, que é um multi-campeão sendo completamente superado pelo companheiro de equipe. O segundo final de semana de Sebastian Vettel em Silverstone foi sofrível, ainda pior que na semana passada, quando o alemão viu Leclerc subir ao pódio. Se já não bastasse ser constantemente superado na classificação por Leclerc, Vettel voltou a errar na corrida, rodando sozinho ainda na primeira volta, o deixando praticamente na última posição. Um erro que já não é novidade para o alemão. Tendo que remar tudo de novo, em outros tempos Vettel faria uma corrida de recuperação com sua Ferrari, mas com os italianos sofrendo com o carro desse ano, tudo o que Sebastian teve que fazer foi brigar com Alpha Tauris, Alfa Romeos e Renaults. Para complicar tudo, Vettel não se fez de rogado em criticar a tática da Ferrari depois da corrida, que segundo o alemão, o fez perder ainda mais tempo. A Ferrari não perdeu tempo também, dizendo que a estratégia já estava estragada quando Vettel rodou. Se já não bastasse a falta de confiança com um carro longe do ideal, a falta de apoio da equipe, pois foi dispensado antes mesmo da temporada começar, Vettel ainda se meteu numa polêmica boba com a Ferrari. Ainda procurando uma equipe para 2021, o destino de Vettel pode ser ainda mais constrangedor que sua atual temporada 2020 da F1: a demissão sumária no meio da temporada. Um fato que pode ocorrer e que não combina com um tetracampeão, porém, qual equipe grande contrataria um piloto que vê seu companheiro de equipe conquistar resultados acima do potencial do carro e o piloto em questão se arrasta fora da zona de pontuação. O futuro de Vettel na F1 ainda é incerto, mas o garoto risonho do começo da década de 2010 ficou bem para trás. 

domingo, 9 de agosto de 2020

Diferenciado


O domínio da Mercedes era tão absoluto neste ano, que muitos apostavam que os alemães quebrariam um tabu na história da F1: vencer todas as corridas numa temporada. Algo extremamente complicado, mas com um carro 1s mais rápido do que qualquer outro, a tarefa da Mercedes não era das mais impossíveis. Somente algo diferenciado poderia deter a Mercedes e em Silverstone, esse algo diferenciado tem nome e sobrenome: Max Verstappen. Enquanto o título não vem, Max Verstappen vem nos brindando com atuações impressionantes e hoje em Silverstone tivemos uma exibição master class do holandês da Red Bull, que superou a Mercedes na tática de pneus e venceu pela primeira vez em 2020, acabando com o sonhado 100% da Mercedes, que completou o pódio.

Com os pneus da Pirelli explodindo no final da prova semana passada, as equipes foram para a corrida em Silverstone preparadas para uma estratégia diferente, onde parar duas vezes era o lógico. Contudo, haviam outras questões para a prova de hoje. A corrida aconteceria com um calor até mais forte do que sete dias atrás e a Pirelli ainda mudou a configuração dos pneus, utilizando uma gama mais macia. Tudo isso fez com que a corrida de hoje fosse sobre como administrar os pneus e nisso, Max Verstappen deu um verdadeiro show, juntamente com sua equipe. Sabendo que derrotar a Mercedes em condições normais beira o impossível, a Red Bull vem fazendo diferente e a tática da corrida começou no sábado, quando Verstappen conseguiu seu melhor tempo no Q2 com pneus duros, largando com eles hoje. Com a Mercedes largando com os médios, Verstappen ficou o primeiro stint próximo dos carros negros, enquanto os pneus de Bottas e Hamilton se desmanchavam em bolhas. Verstappen encostou em Hamilton, mas o inglês logo procurou os pits e o holandês liderava a corrida com sobras, com seus pneus muito bem, obrigado, enquanto a Mercedes seguia sofrendo com sua borracha. Quando Max fez sua primeira parada, sua vantagem era tão boa que ele voltou próximo ao líder Bottas. Foi aí que Verstappen mostrou novamente o quão diferenciado é. Com pneus médios novos, Max não tomou conhecimento da potência da Mercedes e ultrapassou Bottas metros depois. Os pneus médios não durariam muito, mas a Red Bull deu o grande empurrão para a vitória de Max logo depois. Poucas voltas depois a Mercedes chamou Bottas para colocar pneus duros e na mesma volta a Red Bull fez o mesmo, soltando Max irremediavelmente na frente do nórdico. Com pneus cheios de bolhas, Hamilton esticava ao máximo sua segunda parada, causando até certo temor ao inglês, com medo de outro estouro de pneu, mas a segunda parada de Lewis aconteceria com doze voltas para o fim, caindo para quarto. Quando ultrapassou Leclerc e Bottas, a vaca já tinha ido para brejo. Verstappen tinha 9s de vantagem com duas voltas para o fim, sem contar que os pneus de Hamilton já tinham bolhas. Verstappen administrou muito bem seus pneus e conseguiu uma vitória que poucos apostariam quando o grid foi formado ontem.

A cara de Toto Wolff depois da corrida mostrava todo o desânimo da Mercedes, ao perder uma corrida na base da tática e dos pneus. A Mercedes ainda tentou fazer com que o talento de Hamilton, que marcou a volta mais rápida da corrida, ainda desse jeito no último stint, mas o inglês perdeu tempo nas ultrapassagens. Bottas recebeu a bandeirada com os pneus em frangalhos. Já Verstappen pilotou como nunca em Silverstone, mas muitos pontos para a sua equipe, que acertou o carro para não consumir tanto os pneus duros e isso se revelou acertado na corrida. Albon fez outra corrida de recuperação e cheia de ultrapassagens para ser quinto. Se não pode andar no mesmo de Max, algo que beira o impossível com o mesmo carro, Albon vai dando seu showzinho, inclusive com várias ultrapassagens por fora hoje. Outro enorme destaque da corrida foi Charles Leclerc, que levou sua Ferrari ao quarto com apenas uma parada e sem perder rendimento. O monegasco ainda pode se gabar de chegar perto do terceiro colocado Bottas. Num ano difícil, Leclerc vai levando a Ferrari nas costas. Já Vettel... O alemão rodou sozinho na primeira volta e saindo praticamente de último, brigou no pelotão intermediário a corrida inteira, mas acabou fora dos pontos. Por pior que esteja a Ferrari em 2020, Leclerc mostra que é possível fazer corridas decentes, algo que Vettel não faz já há algum tempo. Uma situação embaraçosa ocorreu com a Racing Point. Nico Hulkenberg, praticamente sem treino com o carro, andou à frente de Lance Stroll a corrida inteira, mas estranhamente foi chamado para um terceiro pit-stop no final da corrida. E com isso o filho do chefe da equipe ficou à frente do substituto mais talentoso. Simplesmente ridículo! Como sempre a corrida no meio do pelotão foi animada, com muitas brigas por posição, mas os resultados foram bem normais, com Ocon, Norris e Kvyat fechando a zona de pontuação.

O que mudou foi o resultado lá na frente. Max Verstappen se mostra a cada vez que é um piloto diferenciado, talvez o único a bater de frente com Hamilton e sua poderosa Mercedes. Hoje o holandês foi capaz de quebrar a banca e vencer, mas isso não deverá acontecer muitas vezes, vide o tamanho da diferença que a Mercedes tem para as demais. Com uma equipe tão forte, a Mercedes pode prever muitas coisas durante a corrida, porém não pode controlar o clima, os pneus e um piloto do naipe de Max Verstappen. 

Efeito laranja


Quando a KTM fez seu retorno à MotoGP, a montadora austríaca sofreu bastante, andando a maior parte do tempo no fundo do pelotão. Para uma marca acostumada aos títulos no Dakar e no Motocross, essa realidade era bem dura, mas seus dirigentes sabiam que a luta poderia ser inglória, mas os resultados não tardariam a aparecer. Em Brno, numa corrida totalmente normal e sem outras intempéries, a KTM conseguiu sua primeira vitória na MotoGP. Para quem esperava que o triunfo viesse de Pol Espargaró, se enganou redondamente. Apenas em sua terceira corrida na MotoGP, Brad Binder fez uma corrida de veterano, caçou seus rivais sem destruir seus pneus e se tornou o primeiro sul-africano a vencer na categoria principal do Mundial de Motovelocidade. 

Como se não bastassem todos esses eventos únicos, a corrida hoje na República Checa teve um dos pódios mais aleatórios dos últimos tempo numa categoria top do esporte a motor. O segundo lugar de Franco Morbidelli não chegou a ser uma surpresa absoluta, já que o italiano é companheiro de equipe do piloto líder da MotoGP. Só que Johann Zarco terminar no pódio com uma Ducati 2019 foi incrível, lembrando que o francês sofreu uma punição por causa de um toque com Pol Espargaró. Porém, Zarco deveu ter olhado para o lado com uma ponta de frustração, pois um ano antes o francês deixou a KTM em busca de uma moto mais competitiva, mas tudo o que conseguiu foi uma moto antiquada, mas Zarco mostrou todo o seu talento com a pole de ontem e a corrida sólida de hoje.

Falando em francês, Fabio Quartararo nem de longe lembrou o piloto dominante das corridas em Jerez. Mesmo largando bem e ter ficado em segundo lugar parte da corrida, Quartararo sucumbiu ao desgaste de pneus e caiu para um obscuro nono lugar. Morbidelli liderou mais da metade da corrida, mas sofreu em menor grau com os pneus e quando foi atacado por Binder, nem esboçou uma defesa mais forte, pois sabia que não tinha como deter o ataque do sul-africano. Quando subiu para a MotoGP, Brad Binder teve que lidar com a pressão de subir direto para a equipe oficial da KTM, mesmo o sul-africano tendo mostrado suas qualidades nas categorias de base, porém todos esperavam que o português Miguel Oliveira fosse promovido a equipe principal. A KTM conhece Binder desde sempre, pois apostou no africano desde antes dele estrear no Mundial de Moto3. Binder não teve tanta sorte na Moto2 após ser campeão inconteste da Moto3, porém, Binder surpreendeu ao andar sempre no mesmo ritmo do experiente Pol Espargaró. Na corrida de hoje, Brinder largou em sétimo e logo de cara ultrapassou Pol. Quando as duas Petronas Yamahas começaram a sofrer com os pneus, Binder elegantemente ganhou tempo de Quartararo e Morbidelli e os ultrapassou sem maiores cerimônias. Ao assumir a liderança, Binder não se assustou e levou a KTM ao paraíso com muita facilidade.

Mesmo sendo uma corrida com pódio bem diferente, a prova em Brno não foi aleatória. Binder, Morbidelli e Zarco fizeram corridas sólidas e não se aproveitaram de quedas alheias. Quartararo foi muito mal, mas manteve a liderança do campeonato, mas esses pontos perdidos de hoje podem lhe fazer muita falta quando Marc Márquez retornar. Maverick Viñales novamente decepcionou amargamente e ficou fora do top-10, enquanto Rossi assegurava um bom quinto lugar com a mesma moto. Viñales é rápido, mas ao contrário da TAG, quebra sobre pressão. Quartararo só tem como grande rival ao título Márquez, mas a volta do espanhol da Honda (que foi muito mal sem seu principal piloto) ainda incerta, pode fazer com que Quartararo tenha sua tarefa facilitada. Porém, além de outras Yamahas, Quartararo terá que se preocupar com o efeito laranja da KTM, que irá para a próxima corrida, em sua casa, mais motivada do que nunca. 

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Que pena...

Muitos na F1 lembram de Vittorio Brambilla, o famoso Gorila de Monza. Porém, Vittorio não era o único Brambilla nas corridas. Seu irmão mais velho, Ernesto, se envolveu primeiramente nas corridas do que ele, mas nas duas rodas, conseguindo sucesso nas motos, inclusive participando do Mundial na categoria 350cc. Porém, o sonho de Tino, como sempre foi conhecido, era o automobilismo e em 1963 ele se mudou para as quatro rodas, onde tentou participar sem sucesso do Grande Prêmio da Itália daquele ano. Então Tino se mudou para a F3, onde foi campeão italiano em 1966 e conseguiu um lugar na equipe Ferrari de F2, conquistando um bom terceiro lugar no Europeu de 1968. Brambilla tem outra chance na F1 em 1969, durante o Grande Prêmio da Itália no lugar de Chris Amon, na Ferrari. Brambilla faz um bom papel nos treinos, mas acabou não participando da corrida sem maiores explicações e essa foi a última vez que Tino tentaria correr na F1. Na década de 1970 Tino Brambilla apoiaria seu irmão Vittorio na F1 e correria em provas de F2. Assim como Vittorio, Tino tinha um grande conhecimento de Monza e compartilhava o apelido de Gorila de Monza com o irmão pelo estilo agressivo dentro das pistas, mas bastante afável fora delas. No dia de ontem, Ernesto 'Tino' Brambilla se juntou ao seu irmão Vittorio nas pistas do céu aos 86 anos de idade. 

Figura(ING): Lewis Hamilton

Como nas duas corridas anteriores, Lewis Hamilton se preparava para vencer a corrida deste domingo em ritmo de 'Sunday Drive', onde o inglês da Mercedes não teve adversários em todo o final de semana em Silverstone. Tudo levava a crer que a vitória num autódromo acostumado a estar lotado, mas completamente vazio, seria bem comum e ordinária para Hamilton. Todo esse script se modificou com poucas voltas para o fim. Não apenas Hamilton, como vários pilotos relataram problemas de vibrações dos desgastados pneus de composto duro da Pirelli. Logicamente o britânico diminuiu seu ritmo, mas a explosão do pneu de Bottas era um sinal de que as coisas não estavam confortáveis para os pilotos no último domingo. Verstappen fez um pit-stop que mais tarde se provou emergencial, aumentando a vantagem de Hamilton para 34s. Tudo tranquilo para outra vitória sem maiores esforços, certo? Errado! O mesmo pneu que tinha destruído a corrida de Bottas e Sainz pouco tempo antes também afetou Hamilton. Bem no início da última volta, Hamilton teve que ter sangue frio para controlar um carro com três pneus em bom estado. A suspensão dianteira esquerda poderia quebrar a qualquer momento, o carro estava nitidamente desequilibrado e Verstappen marcava a melhor volta da corrida e vinha voando mais atrás. Hamilton teve que administrar tudo isso, enquanto seu engenheiro lhe contava de forma regressiva o quanto de tempo ele perdia para Verstappen. Quando fez a última curva e recebeu a bandeirada, Hamilton já tinha Verstappen a menos de 6s. Tudo isso com Lewis percorrendo a reta Hangar a 230 km/h... De uma vitória bem banal, Hamilton pode se orgulhar de ter vencido uma corrida com três pneus! Mais uma na conta desse incrível Lewis Hamilton.

Figurão(ING): Pirelli

Tudo bem que o final proporcionado pelas explosões dos pneus da Pirelli acabou com todo o marasmo que nós vimos em uma hora e meia que parecia não passar em Silverstone, contudo, pega muito mal para uma marca o que aconteceu nas últimas voltas do Grande Prêmio da Inglaterra. A Pirelli recomendou às equipes que usassem os pneus de composto duro por até 34 voltas. O acidente de Daniil Kvyat ocorreu na volta 13 e a relargada ocorreu seis voltas depois, com praticamente todo o pelotão aproveitando a neutralização da corrida para colocar pneus duros. Em ritmo de corrida, restavam 33 voltas para a bandeirada, quilômetros mais do que suficiente para que todos completassem a prova sem maiores dramas, porém, não foi isso o que aconteceu no último domingo. Não apenas os pneus de Bottas, Sainz e o líder Hamilton estouraram, como vários pilotos relataram fortes vibrações em seus pneus e Verstappen teve que fazer um pit-stop emergencial. Apesar de toda a dramaticidade ocorrida no final da corrida pelo problema enfrentado com a borracha italiana, um estouro de pneu muitas vezes tem consequências desconhecidas que afetam a segurança dos pilotos e tomara que a Pirelli não tenha que dar explicações novamente nos próximos dias.

sábado, 1 de agosto de 2020

Ele contra ele mesmo

Já são 91 poles na carreira e 87 vitórias, que podem virar 88 amanhã. Normalmente eu sou muito cético quando se criticam os pilotos atuais e endeusam os pilotos do passado, porém, é impossível negar os grandes feitos de Lewis Hamilton na F1. O inglês da Mercedes atingiu o ápice junto à equipe Mercedes, que lhe dá as ferramentas para Lewis mostrar o seu melhor e o que vemos agora é Hamilton disputar com ele mesmo. Os objetivos próximos de Lewis Hamilton são os recordes que ainda não são dele, mas que serão em pouco tempo. 

A Mercedes está claramente num patamar único na F1 2020 e Lewis Hamilton alguns patamares à frente do bom Valtteri Bottas, que se mostra um ótimo segundo piloto para uma equipe entrosada e harmônica. Os pilotos que podem bater de frente com Hamilton não tem os meios para isso. Max Verstappen e Charles Leclerc largarão na segunda fila amanhã, ambos levando seus carros nas costas, especialmente o monegasco, enfrentando um péssimo ano da Ferrari. O tetracampeão Vettel ficou em décimo hoje, mas o quarto lugar de Leclerc tem muito mérito do jovem piloto de Mônaco. Lance Stroll tem meios melhores do que Verstappen e Leclerc, mas lhe falta, e muito, o talento dos seus dois contemporâneos. Pelo menos o canadense não terá a incômoda comparação com Sérgio Pérez, vencido pelo Coronavírus e ficando de fora dessa e muito provavelmente da próxima corrida em Silverstone. Nico Hulkenberg foi trazido às pressas e mesmo sem nenhuma experiência com o carro, já andou no mesmo nível de Stroll. Não deixa de ser uma derrota para a F1 ter um piloto fraco num carro tão bom por causa unicamente do dinheiro que o papai Stroll investe na equipe.

McLaren e Renault duelam pelo quinto posto da F1 atual, mas seus bons pilotos ainda conseguem bons resultados, com o ótimo Lando Norris derrotando Lance Stroll na terceira fila. Destaque negativo para Alexander Albon, novamente de fora do Q3 com seu Red Bull, tomando 1s para Verstappen. Se serve de consolo para o tailandês, 1s é a diferença da Mercedes para o resto. Muitos reclamam que falta competitividade à F1 e mesmo não havendo uma briga mais forte pela liderança, para quem realmente gosta da F1, estamos vendo um momento histórico, com um piloto que se tornará lenda (Lewis Hamilton) destruir todos os recordes com talvez a equipe mais forte e entrosada que a F1 já viu (Mercedes). Nos resta apreciar.