sexta-feira, 13 de março de 2020

Bom senso tardio

Demorou, mas o bom senso prevaleceu. F1 e Indy já estavam com o circo montado em seus locais de abertura nesse final de semana quando o gravíssimo problema do Coronavírus piorou ainda mais. Horas antes do primeiro treino livre em Melbourne a F1 anunciou o cancelamento da corrida australiana, mesmo que vários indícios mostravam que a prova não aconteceria. Após o anúncio de um mecânico da McLaren estar infectado, Vettel e Raikkonen se mandaram da Austrália, enquanto Mercedes e Ferrari nem apareceram na sexta australiana em Albert Park. O anúncio oficial veio com pouco tempo para iniciar a sessão e horas depois adiou-se também as corridas no Bahrein e no Vietnã.

A Indy foi no mesmo contexto. Após indicar que correria com portões fechados, nesse começo de tarde, ou seja, vinte e quatro horas dos primeiros treinos, a Indy anunciou que não apenas a etapa de St Petersburg, como Long Beach, Alabama e Austin estavam canceladas. Praticamente de forma simultânea, a Nascar adiou as duas próximas etapas.

No caso da F1 e da Indy, fica a crítica por ter esperado tanto tempo e levado tantos profissionais a saírem de suas casas (quando se falam que as pessoas devam ficar em casa...) para anunciar o óbvio faltando tão pouco tempo para o início das atividades dentro da pista. Com MotoGP, F-E(quem liga para isso mesmo?), Nascar, WRC e WEC também postergando ou cancelando suas provas, o esporte a motor só deverá voltar às pistas no final de abril. Ou não. Vivemos um momento histórico na humanidade e nada pode ser dado como certo no momento. Claro que fica um vazio, mas a saúde vem em primeiro lugar, ainda mais no meio de uma pandemia.  

quarta-feira, 11 de março de 2020

Sem TV

Muitos fãs de automobilismo se acostumaram em assistir a F1 pela manhã na Globo e a Indy à tarde na Band. Mesmo passando por outras emissoras, a Indy sempre foi sinônimo da antiga TV Bandeirantes, mas como muitas coisas na vida mudam, esse ano a Indy não apenas saiu da Band como também não tem nenhum emissora confirmada para transmitir sua temporada. Com muitos eventos se mudando para o streaming, a Indy só terá a cobertura do DAZN, canal de esporte pago com transmissões pela internet.

Uma verdadeira pena. A Indy vem em constante crescimento e em 2020 ainda contará com o primeiro ano da gestão de Roger Penske, que comprou o campeonato e o circuito de Indianápolis. Esse ano também veremos (ou veríamos?) o Aero Screen, novidade de segurança da Indy esse ano, ganhando pelo menos no quesito visual da F1. No entanto as mudanças meio que param por aí. As favoritas Penske, Andretti e Ganassi deverão lutar pelo título, tendo como novidade a chegada da McLaren, que esse ano se juntou a SPM e tentará chegar no olimpo da Indy.

Não houveram grandes mudanças entre os pilotos. A Penske segue com o bicampeão Josef Newgarden como principal piloto, enquanto os já veteranos Will Power e Simon Pagenaud tentarão se manter próximo do americano, que hoje é a cara da Indy. Já contando com quase 40 anos, Power e Pagenaud terão a sombra do neozelandês Scott McLaughlin. O jovem piloto já corre pela Penske no V8 Supercars e vem surpreendendo em testes com o carro da Indy. A Andretti terá como piloto principal Alexander Rossi, que nos últimos anos brigou pelo título, enquanto agrega o extremamente promissor Colton Herta. Por muitos anos como principal piloto da equipe, o veterano Ryan Hunter-Reay tentará seguir no mesmo ritmo dos jovens e rápidos companheiros de equipe. Marco Andretti, bom, só está na equipe por seu filho e neto de quem é. A Ganassi ainda é uma espécie de 'Scott Dixon FC', mas os dois suecos Felix Rosenqvist e Marcus Ericsson poderão apoiar mais a lenda neozelandesa. A McLaren apostou em jovens pilotos (Pato O'Ward e Oliver Askew) para a temporada, enquanto Alonso correrá na equipe em Indianápolis.

Por sinal, a mítica corrida em Indiana terão a presença dos onipresentes Helio Castroneves e Tony Kanaan. Nessa semana Felipe Nasr foi anunciado como piloto da Carlin, enquanto Sergio Sette Câmara poderá correr em algumas corridas. Pena que muito disso não assistiremos na TV.

À sombra do Coronovírus

A pré-temporada da F1 raramente mostra o real quadro da temporada vindoura, apesar de que alguns indícios apareçam nos treinos. Mesmo vindo de seis títulos consecutivos a Mercedes não dormiu nos louros e criou o engenhoso 'DAS', onde os pilotos empurram o volante e permite que a cambagem do carro mude no meio das retas. Como sempre o aparato criou muito celeuma entre as equipes e se a Mercedes conquistar uma real vantagem, Ferrari e Red Bull reclamarão. No entanto a F1 não vive numa bolha e o incrível avanço do Coronavírus pode afetar decisivamente a F1, muito além da etapa adiada na China. MotoGP, F-E, Mundial de Motocross e Superbike tiveram seus calendários duramente afetados pelo traiçoeiro vírus gripal que está assustando o mundo como a muito não se via.

Na Itália, terra de Ferrari e Alpha Tauri e país europeu mais afetado no momento, ninguém entra e ninguém sai. Com os países europeus sendo cada vez mais afetados, as restrições para a entrada de italianos, ingleses e outros vai aumentando na medida em que o calendário da F1 se dirige para o oriente nesse início de ano, lugar de origem do novo Coronavírus. Até o momento apenas a China teve sua etapa adiada, que pode se transformar em cancelamento em breve. Bahrein e Vietnã tem sérias medidas restritivas e estão sob ameaça, da mesma forma dos países europeus, onde a doença vai se espalhando de forma alarmante, podem ter mais restrições nos próximos dias. Não será impossível que veremos uma temporada diferente, com menos corridas e mais espaçadas.

Enquanto isso ainda é uma conjectura bastante real, a F1 chegou em Melbourne para a sua primeira corrida tentando entender se a Mercedes tem toda a força mostrada nos treinos e se alguém terá condições de bater os alemães. Se nos últimos anos a Ferrari foi a mais rápida nos treinos, dessa vez essa primazia coube a Mercedes, mas quem esteve presente viu os prateados muito fortes em todas as condições (classificação e corrida). Tendo ainda Lewis Hamilton um elemento desequilibrador, a Mercedes já surge como grande favorita para conquistar seu sétimo título consecutivo e Hamilton se igualar a Schumacher como o maior campeão da história. Resta saber se a Mercedes terá algum rival à altura. Ao contrário dos anos anteriores, as apostas recaem mais na Red Bull do que na Ferrari. Os italianos não mostraram uma grande velocidade em nenhum momento e antes mesmo do ano começar, a crise já bate na porta de Maranello. A Red Bull também não foi um assombro de velocidade, mas se fala que em nenhum momento a trupe de Christian Horner usou os limites do carro e tem em Max Verstappen, cada vez mais focado, um elemento que pode desequilibrar.

No já afamado pelotão intermediário, a esperança é que as equipe se aproximem um pouco das grandes. Quem saiu na frente nesse quesito foi a Racing Point, que claramente copiou o carro da Mercedes de 2019 e foi muito rápida nos testes, até mesmo incomodando a Ferrari. Já em seu último ano com esse nome, a Racing Point já entra como favorito a ser a quarta força, mas que deve gerar muitas reclamações das rivais. Cyril Abiteboul já está ficando sem desculpas para a Renault não engrenar e finalmente entregar um bom carro para Daniel Ricciardo, que esse ano terá a companhia de Esteban Ocon. Quarta colocada ano passado, a McLaren passará por um ano de evolução enquanto espera ter o motor Mercedes ano que vem. Alfa Romeo e Hass disputarão entre si quem melhor copiou a Ferrari, enquanto a Alpha Tauri, antiga Toro Rosso, andou no mesmo ritmo da Red Bull, indicando que copiar as equipes mais fortes está sendo muito mais jogo do que o normal. A Williams tentará ficar mais perto do pelotão intermediário liderado por George Russel, enquanto Nicholas Latifi pagará as contas.

Essa temporada será um ano de transição para a grande mudança de regulamento de 2021, onde a Liberty espera uma F1 mais sustentável e equilibrada, sendo que isso jamais aconteceu na história da categoria. Da mesma forma que poderemos ver equipes 'abandonando' 2020 para pensar no carro do ano que vem, muitos pilotos estarão livres no final desse ano e terão que mostrar serviço. Hamilton ficará livre no final de 2020 e muito se fala no inglês encerrando sua gloriosa carreira na Ferrari, que já não nutre muitas esperanças em Vettel, que já se fala em aposentadoria desde meados do ano passado. Ricciardo é outro piloto de ponta livre no mercado e se não fizer um algo mais nesse ano, será bem complicado Bottas se segurar mais um ano na Mercedes. 

Dependendo do que ocorrer em Melbourne nesse final de semana, haverão muitos indicativos de como será a temporada da F1, além das notórias reclamações de equipes, principalmente em cima de Mercedes e Racing Point. No entanto, tudo isso poderá ficar secundário pelo alastramento do Coronavírus, que pode transformar essa temporada de 2020 numa das mais atípicas da história. 

domingo, 8 de março de 2020

Casa nova

Num movimento surpreendente, o Grupo Globo desistiu de transmitir o Mundial de Motovelocidade em 2020, além de dispensar Fausto Macieira e Guto Nejaim. Ainda havia esperanças no comunicado global, na medida em que um contrato com a Dorna ainda estava sendo negociado, mas o tempo foi passando e nada de um acordo ser selado. Na última quinzena a Fox Sports salvou a nossa lavoura e anunciou que transmitiria o mundial em 2020.

Com o anúncio oficial sendo feito apenas nessa quinta-feira a noite e a equipe de transmissão escalada na sexta, a estreia da Fox Sports tinha uma certa expectativa, mesmo que um fato desagradável tivesse atrapalhado bastante. Devido ao Coronavírus a MotoGP não viajaria para o Catar, devido a restrições de viagens para os italianos. Como as equipe de Moto2 e Moto3 já estavam no Oriente Médio as corridas aconteceram normalmente nesse domingo, com vitórias de Tetsuta Nagashima e Albert Arenas, respectivamente, em duas provas muito emocionantes.

A equipe de transmissão com Teo José, Edgard Mello Filho e o convidado Tite Simões deram muito bem conta do recado, apesar de Teo muitas vezes dar um sotaque americanizado nas pronúncias dos nomes de pilotos e até mesmo do circuito de Losail. Muita gente clamou por Fausto e Guto, mas o experiente Teo José raramente se atrapalhou nos nomes dos pilotos, algo até normal para quem estreava no campeonato e numa categoria tão movimentada como a Moto3, Edgard deu o toque certo de humor e informação com a ajuda preciosa de Tite Simões. 

Para quem ficou prestes a não ver as emocionantes corridas do Mundial de Motovelocidade, pouco importava quem estava narrando e comentando, sem contar que o contrato é de apenas um ano, devido a incógnita que está a situação da Fox Sports no Brasil. O importante é que 2020 teremos todas as corridas ao vivo!