domingo, 23 de outubro de 2022

Mão na taça


 Foi tenso, não restam dúvidas, mas a Ducati tem tanta superioridade atualmente na MotoGP, que tudo se encaminhou para Pecco Bagnaia garantir seu primeiro título da MotoGP na última etapa em Valencia, quebrando um longo tabu da Ducati na principal categoria do Mundial de Motovelocidade, mesmo com todos os esforços de Quartararo, que correu com um dedo quebrado, subiu ao pódio e evitou que o título fosse decidido na Malásia.

Na classificação Bagnaia e Quartararo tiveram problemas, fazendo-os largarem apenas em nono e décimo segundo, respectivamente, no entanto a situação do francês era mais complicada, pois teve um dedo quebrado numa queda e correria com dor no domingo. Porém, ambos resolveram seus problemas na largada. Tanto Bagnaia como Quartararo executaram largadas grandiosas para aparecerem no primeiro pelotão ainda na primeira curva, com Bagnaia pulando para segundo e Quartararo para sexto. E como Morbidelli, numa rara boa exibição, era quinto, rapidamente Fabio assumiu a posição. Foi então que começou toda a tensão que marcou a corrida malaia nesse domingo. De um lado, a Ducati quer acabar de vez com toda a ansiedade para conquistar seu esperado título o mais rápido possível. Do outro, alguns pilotos da Ducati não parecem muito dispostos a ajudar a causa da montadora. Um deles era o pole e líder da corrida Jorge Martin. Chateado por ter sido preterido por Enea Bastianini na equipe oficial em 2023, Martin parecia que não colaboraria com a causa da Ducati e abria para Bagnaia. Porém, não demorou muitas voltas para a Ducati mostrar ao mundo porque deixou o espanhol de lado, quando Martin errou sozinho e destruiu sua moto.

Bagnaia na ponta. Tudo certo? Não. Mesmo contratado pela Ducati para a próxima temporada, Bastianini demonstrou algumas vezes nesse ano que seus interesses pessoais poderiam sobrepujar o que a Ducati queria, como a chegada em Aragão. Bastianini tinha totais condições para vencer, chegando a ultrapassar Bagnaia, para desespero da cúpula da Ducati, que se reuniu no pit-wall. Enquanto isso, Marco Bezzecchi se livrava de Marc Márquez e se aproximava perigosamente de Quartararo. A conta era simples: se Bezzecchi ultrapassasse Quartararo, Bagnaia era campeão com uma vitória. Porém, Pecco estava em segundo. Claramente correndo abaixo do que pode, Bastianini cedeu sua posição para Bagnaia, enquanto o ataque de Bezzecchi não se confirmou e no momento em que decidiam o que faziam da vida lá na frente, a dupla italiana da Ducati viu Quartararo chegar a ficar perigosos 1.2s atrás deles. Então a corrida se estabilizou, para profundo alívio de Tardozzi, Ciabatti e Dal'Igna. 

Bagnaia conseguiu sua sétima vitória em 2022 e praticamente se garante como campeão dessa temporada da MotoGP. Somente por um ponto o título não foi decidido em Sepang. Lembram da chegada em Aragão, Ducati? Pois é... Contudo a situação de Pecco é extremamente confortável para a última etapa em Valencia, com o italiano precisando apenas de um 14º lugar para ser campeão. A chance de Quartararo é que Valencia é uma pista travada, bem ao gosto de sua Yamaha, mas para Bagnaia basta praticamente não cair para se sagrar campeão. A agonia da Ducati continua, mas somente um cataclisma poderá tirar o título de Bagnaia.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário