domingo, 16 de outubro de 2022

Nas mãos de Pecco

 


Tendo a melhor moto da categoria e com status de primeiro piloto da Ducati, Pecco Bagnaia demorou para engrenar em 2022 por causa de várias quedas, até mesmo inesperadas, vide o temperamento calmo do italiano. Porém, as estrelas começaram a se alinhar para Pecco com a queda da Yamaha, fazendo Quartararo andar tão no limite, que faz o habilidoso francês cometer erros aos montes, como hoje, enquanto Bagnaia, após conquistar quatro vitórias seguidas, se manteve constante e contando com a ajuda da Ducati e seus pilotos, garantiram uma ótima posição para as duas provas seguintes, enquanto Alex Rins vencia num dia emocionante para Marc Márquez.

Após dois anos de fora do calendário por causa da pandemia, a belíssima pista de Phillip Island entregou o mesmo tipo de prova eletrizante de outros anos. Já nas categorias inferiores tivemos pontos altos e baixos. Na Moto3, o jovem Izan Guevara venceu a corrida e o campeonato, surpreendendo os favoritos e experientes Sergio Garcia e Denis Foggia. Já na Moto2, a MotoGP deu uma de FIA. O piloto Jorge Navarro escorregou e caiu, sendo atingido em cheio por Simone Corsi. Navarro ficou na beira da pista evidentemente sentindo muitas dores, mas apenas dois comissários chegaram sem nenhuma maca para retirar o espanhol. Mesmo num ponto de alta velocidade, a direção de prova só aplicou uma bandeira amarela localizada e Navarro, sem capacete, ficou no local por absurdas duas voltas. FIM e Dorna precisam explicar a situação.

Após ter amanhecido com chuva, Phillip Island entardeceu com um tempo magnífico, deixando o visual ainda mais belo para a corrida da MotoGP. Largando na pole, Jorge Martin segurou os ataques de Marc Márquez e se manteve na ponta, enquanto os contendores ao títulos permaneciam no pelotão da frente. Correndo em casa e tendo o famoso hairpin da curva 4 renomeado em sua homenagem, Jack Miller crescia na corrida e mesmo companheiro de equipe de Bagnaia e provavelmente com ordens para ajudar o italiano, Miller partiu para cima de Pecco na luta pela terceira posição. Bagnaia corria sobre muito pressão, pois não apenas Aleix Espargaró o pressionava, como Quartararo vinha próximo. Porém, o francês da Yamaha parecia sem ter a mínima condição de ataque, como ocorreu em Motegi, quando apenas sobreviveu. Tentando andar mais do que a moto, Quartararo acabou errando na curva Miller e caiu para 22º. E as coisas não melhorariam para Fabio. Andando numa moto com nítidos problemas de velocidade, Quartararo não evoluía como esperado, mesmo estando apenas 5s atrás do líder e algumas vezes andando mais rápido do que Bagnaia. Na metade da prova Quartararo cometeu mais um erro solo e acabou no chão, zerando pela segunda corrida consecutiva.

À essa altura Alex Márquez já tinha cometido a barbeiragem da prova ao acertar a traseira de Jack Miller de forma atabalhoada, tirando o australiano da corrida e do campeonato, bem na curva que leva o nome de Jack. Enquanto Espargaró caía pelotão abaixo, deixando Bagnaia ainda mais confortável no campeonato, o italiano da Ducati estava num dilema na corrida. Para capitalizar os problemas dos seus rivais pelo título, Bagnaia poderia vencer a prova e colocar as mãos no campeonato, mas ao mesmo tempo, não poderia emular outro erro como o de Motegi. Para completar, a natureza competitiva das corridas em Phillip Island não deixava Bagnaia disparar na ponta, sempre tendo alguém lhe acossando. Alex Rins surgia muito forte em sua Suzuki e juntamente com Marc Márquez, eram os maiores rivais de Bagnaia pela vitória. Por um tempo, Pecco teve em Marco Bezecchi um bom escudo, mas quando nas voltas finais o novato italiano foi superado pelos espanhóis, eles partiram para cima de Bagnaia. Pensando no campeonato, Bagnaia não se arriscou muito na última volta e levou uma dupla ultrapassagem de Rins e Márquez. Pela primeira vez realmente competitivo em sua volta depois da quarta cirurgia, Márquez tentou até onde pôde, mas não pode evitar a vitória de Rins, provavelmente a última da Suzuki nessa era da MotoGP.

Bagnaia chegou apenas cinco centésimos atrás de Márquez em terceiro, mas não tem do que reclamar, pois Pecco ainda colocou catorze pontos de frente para Quartararo faltando duas provas para o fim do campeonato. Com um nono lugar, Aleix Espargaró ainda está próximo, mas claramente lhe falta gás nesses momentos decisivos. Com cinquenta pontos ainda em disputa, Quartararo teria boas chances de uma nova reviravolta, mas animicamente, Bagnaia é o grande favorito pela moto que tem e pelo apoio que possui, por causa dos demais pilotos da Ducati que o ajudam bastante, algo que Quartararo não pode contar. A próxima corrida em Sepang tem duas enormes retas. Nem precisa dizer que as Ducatis tem o favoritismo por lá. 

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