sexta-feira, 1 de abril de 2011

História: 10 anos do Grande Prêmio do Brasil de 2001



Após a corrida na Malásia, a F1 já começava a se perguntar se a temporada de 2001 seria apenas uma continuação da dominação do duo Schumacher-Ferrari vista no ano anterior, quando o alemão tirou a Ferrari da fila de títulos após mais de 20 anos. Ainda na Ferrari, Rubens Barrichello tentava se livrar de uma espécie de maldição que se abatia sobre ele quando corria em Interlagos, local, onde, o próprio paulistano falava, cresceu. Porém, desde 1994 Barrichello não completava sua corrida local e isso era uma pressão extra para um piloto que dizia em alto e bom som que queria ser campeão, apesar de Schumacher.

Após três anos de dominação de Ferrari e McLaren, a Williams finalmente resolveu mostrar sua cara e com a potência exuberante dos motores BMW, o time brigou pela pole na classificação. A Williams chegou a liderar com Juan Pablo Montoya no início dos treinos, mas o colombiano acabou rodando e estragando seu treino, porém Ralf Schumacher tomou as rédeas da sessão e era o mais rápido, até que Michael apareceu feito um raio e conseguiu uma volta espetacular, tirando a pole do seu irmão mais novo e protagonizando um fato histórico na F1: a primeira fila seria dividida entre dois irmãos. As seis primeiras posições foram divididas entre Ferrari, McLaren e Williams, com pouco espaço entre eles, mas para desespero de Barrichello, ele foi o último entre os que brigariam pela corrida no domingo.

Grid:
1) M.Schumacher(Ferrari) – 1:13.780
2) R.Schumacher(Williams) – 1:14.090
3) Hakkinen(McLaren) – 1:14.122
4) Montoya(Williams) – 1:14.165
5) Coulthard(McLaren) – 1:14.178
6) Barrichello(Ferrari) – 1:14.191
7) Trulli(Jordan) – 1:14.630
8) Frentzen(Jordan) – 1:14.633
9) Heidfeld(Sauber) – 1:14.810
10) Raikkonen(Sauber) – 1:14.924

O dia primeiro de abril de 2001 estava nublado em Interlagos e a chuva era esperada a qualquer momento, mas a pista estava seca para a largada. No entanto, 
o que parecia ser mentira era o que estava acontecendo com Rubens Barrichello antes mesmo da corrida se iniciar. Quando levava sua Ferrari rumo ao grid, o carro tem problemas de pressão de óleo e, dos males o menor, Rubens ainda estava próximo dos boxes e correu de volta aos pits da Ferrari para pegar o carro reserva, que estava acertado para Schumacher. O Brasil inteiro acompanhou o calvário de Barrichello. A Globo fazia uma apresentação dos pilotos daquela temporada, mas cortou bem na hora da Sauber. Galvão Bueno narrava a ação frenética dos mecânicos como se a Seleção Brasileira planejasse uma jogada nos acréscimos do segundo tempo de um jogo perdido da Copa do Mundo. Faltava pouco tempo para os boxes serem fechados e um relógio improvisado foi colocado na tela para vermos quanto tempo ainda faltava para Barrichello sair dos boxes e ainda se colocar no seu lugar do grid. Quando faltavam exatos 25s, Rubinho engatou a primeira marcha de sua Ferrari e Galvão gritou como se fosse o tão almejado gol do Brasil.

Porém, essa apreensão toda mexeu com a cabeça de Barrichello, como viríamos mais tarde. Na largada, Schumacher sai muito bem, assim como Montoya, mas Mika Hakkinen fica empacado no grid. Os carros conseguem desviar da McLaren parada, mas o finlandês fica tão chateado, que se esquece de recolocar o volante do seu carro e com o carro ainda engatado, foi impossível para os fiscais retirarem a McLaren do meio da pista e o safety-car foi à pista. Houve várias mudanças do pelotão, com Montoya subindo para 2º, enquanto Ralf caía para 5º, atrás de Coulthard e Trulli. Enquanto corria nos Estados Unidos, Montoya se habituou com as relargadas e isso marcaria sua carr
eira para sempre e aquela corrida entraria para a história. Apesar dos títulos de Hakkinen, ainda faltava um personagem que encarnaria o anti-Schumacher, alguém capaz de sobrepujar o alemão e ser mais do que seu rival, como também seu inimigo. Na relargada, Montoya usou a potência do seu motor BMW e com Schumacher desprevenido, o colombiano enfiou sua Williams por dentro na curva 1, espalhou em cima da Ferrari e completou a ultrapassagem de forma espetacular. Pronto. Montoya ganhava fãs em todo o mundo por peitar Michael Schumacher apenas em sua 3º corrida de F1 e a categoria parecia encontrar alguém capaz de enfrentar o alemão. Mais atrás, Barrichello não larga bem e parte para cima dos adversários com uma ferocidade incomum. Ele ultrapassou Villeneuve na entrada do bico do pato e logo depois passou Frentzen. À sua frente, Ralf Schumacher pressionava Trulli e o italiano se defendia bem, colocando sua Jordan por dentro, enquanto Ralf ficava por fora. Por uma pane mental, Barrichello resolve retardar a freada e enche a traseira da Williams do Schumacher mais novo, acabando com a corrida de ambos. Ralf já estava irritado com o toque recebido por Barrichello na primeira curva na Malásia que lhe atrasou na ocasião e com mais esse incidente com o brasileiro, Rubinho ganhava um desafeto, que choramingava pelos cantos mais uma trágica corrida em sua casa. Enquanto o drama de Barrichello se desenrolava nos bastidores, Montoya mostrava que ele havia chegado para ficar na F1. O colombiano controlava bem sua diferença para Schumacher e ponteava a corrida como um veterano. Coulthard era um discreto 3º colocado, próximo a Schumacher, mas longe de pressionar. Para complicar as coisas para o piloto da Ferrari, ele vai aos boxes apenas na 25º volta, indicando uma estratégia de duas paradas, enquanto Montoya e Coulthard esticavam suas permanências na pista, indicando claramente que parariam apenas uma vez.

Porém, havia uma variável. O céu sobre Interlagos ficava cada vez mais escuro e a chuva parecia iminente. Se a água não viesse logo, Schu
macher só pararia mais uma vez, enquanto Montoya e Coulthard teriam que parar duas vezes, podendo o alemão virar sua situação. Porém, chegou a volta 39. Montoya acelerava forte e marcava sua volta mais rápida, enquanto a Williams se preparava nos boxes para a parada do colombiano. Como a chuva não veio, seriam colocados pneus slicks, mesmo com a precipitação se aproximando. Jos Verstappen já tinha várias temporadas nas costas e como corria ultimamente sempre em equipes pequenas, estava acostumado a levar voltas. Em outra pane mental nesta prova, Verstappen abriu passagem para Montoya para logo depois encher a traseira da Williams do colombiano. A belíssima corrida de Juan Pablo Montoya estava terminada, mas o colombiano tinha mostrado seu cartão de visitas ao mundo da F1. Com dois acidentes similares no mesmo local, a Williams usou do bom humor para provocar os rivais. Nos treinos livres para a corrida seguinte em Ímola, o time pintou na parte de trás do aerofólio traseiro “Keep your distance” (Mantenha a distância), numa velha frase colocado atrás dos caminhões.

Quase ao mesmo tempo, Coulthard foi aos boxes e retornou ainda na liderança, à frente de Schumacher. Na volta 46, a chuva finalmente apareceu, mas ainda em forma de garoa, contudo Schumacher não perdeu tempo e foi logo colocando pneus intermediários. Ao sair dos boxes, a chuva aumentou consideravelmente e Coulthard mal podia tocar no acelerador, que sua McLaren saía abanando para todo lado. O escocês foi lentamente rumo aos boxes e o tempo perdido foi crucial para ele retornar em 2º. A Ferrari parecia que venceria novamente devido a estratégia, mas aquela corrida definitivamente não seria tão simples assim. De uma forma nada usual, Schumacher rodou na saída da Curva do Largo e Coulthard se aproximou definitivamente, fazendo a ultrapassagem sobre o alemão enquanto colocavam mais uma volta sobre a Minardi de Tarso Marques na Curva 1. C
oulthard, até então fazendo uma corrida discreta, mostrou eficiência e desapareceu na frente, conquistando uma vitória surpreendente pelos rumos que a corrida tomava no início, enquanto Schumacher teria que se conformar com a 2º posição. Com a confusão nos boxes, o último lugar no pódio teve uma briga acirrada e acabou ficando com Nick Heidfeld, dando um pódio para a Sauber depois de quase três anos. Olivier Panis, com uma estratégia agressiva de duas paradas, fez várias ultrapassagens, mas quando foi colocar os pneus intermediários, deu de cara com o carro do seu companheiro de equipe Villeneuve nos boxes, mas o francês ainda teve fôlego para recuperar o tempo perdido e ultrapassar Trulli no final da corrida e faturar um bom 4º lugar. Com um carro horrível, Fisichella conseguiu levar a Benetton a zona de pontuação após conquistar um pódio um ano antes. Foi uma corrida movimentada e cheia de surpresas, mas era o sinal de que a polaridade Ferrari-McLaren estava no fim e uma nova estrela havia surgido.

Chegada:
1) Coulthard
2) M.Schumacher
3) Heidfeld
4) Panis
5) Trulli
6) Fisichella

Um comentário:

  1. SENSACIONAL foi o que MONTOYA fez com Schumacher nessa corrida!!!Montoya dava outro show em Melbourne 2002 para cima do avião de Schumacher!!!Pena que Juan não aperfeiçou seu talento, era WIN or WALL!!!

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