sexta-feira, 31 de março de 2017

História: 15 anos do Grande Prêmio do Brasil de 2002

Entre as corridas na Malásia e no Brasil, todas as equipes, com exceção de Minardi e Arrows, fizeram testes na Europa. Enquanto tentava melhorar a confiabilidade do novo F2002, Michael Schumacher e Rubens Barrichello superaram Williams e McLaren com larga vantagem, mesmo que o tempo marcado tenha sido pior do que o melhor tempo da pré-temporada, marcado pela McLaren de Wurz. Esse fato passou desapercebido na época. Ainda com receio da confiabilidade do novo carro, mas querendo colocar o F2002 para disputar contra o Williams FW24, a Ferrari decidiu levar apenas um modelo novo para Interlagos e ele seria entregue à Michael Schumacher, causando um enorme burburinho no Brasil, pois Rubens Barrichello, correndo em casa, ficaria com o modelo de 2001, que levou uma surra da Williams na Malásia. O calor malaio tinha ajudado Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya conseguir a dobradinha da Williams e se não chovesse, São Paulo costumava ser bastante quente em março.

Juan Pablo Montoya ficou com a sua primeira pole position de 2002 à frente de Michael Schumacher e seu colega de equipe Ralf Schumacher. David Coulthard conseguiu ser o melhor do resto, superando seu companheiro de equipe Kimi Raikkonen, que lutou com problemas no seu carro, enquanto Jarno Trulli conseguiu colocar a Renault em 6º, apenas 0.016s atrás de Kimi Raikkonen. Jenson Button foi regular e foi o 7º mais rápido. Chateado com a condição que lhe foi imposta pela Ferrari, Rubens Barrichello foi punido por ignorar um sinal vermelho na saída dos boxes e teve que se contentar com a 8º posição. Nick Heidfeld na Sauber ficou um pouco distante de Barrichello em 9º com Mika Salo impressionante mais uma vez ao colocar a Toyota no top-10.

Grid:
1) Montoya (Williams) - 1:13.114
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:13.241
3) R.Schumacher (Williams) - 1:13.328
4) Coulthard (McLaren) - 1:13.565
5) Raikkonen (McLaren) - 1:13.595
6) Trulli (Renault) - 1:13.611
7) Button (Renault) - 1:13.665
8) Barrichello (Ferrari) - 1:13.935
9) Heidfeld (Sauber) - 1:14.233 
10) Salo (Toyota) - 1:14.443

O dia 31 de março de 2002 amanheceu com muito sol e calor em Interlagos, condições que pareciam favoráveis à Michelin e a Williams, mas no warm-up, Schumacher e a Ferrari resolveram blefar, andando com pneus usados, mas ainda marcando o melhor tempo. Porém, o que todos lembram daquele warm-up foi a presepada da organização do Grande Prêmio do Brasil. Enrique Bernoldi bateu forte na Curva do Sol e seu Arrows estava em chamas, mas o brasileiro estava bem. Porém, o carro médico chegou à cena para resgatar Bernoldi, contudo, haviam apenas bandeiras amarelas no local e Nick Heidfeld pensou que não era nada demais. O alemão desviou para dentro, escapando da Arrows, mas deu de cara com a porta aberta da Mercedes do carro médico, destruindo a suspensão dianteira da Sauber e a porta da Mercedes. Enrique Bernoldi colocou as mãos na cabeça e todos pensaram no pior, mas Alex Dias Ribeiro escapou por pouco e tudo passou sendo um enorme susto. Com tudo em ordem, a largada foi dada e Schumacher se vingou do passadão que levou de Montoya no ano anterior e tomou a primeira posição com decisão. Tentando recuperar a posição, o colombiano da Williams acabou tocando a traseira de Michael, quebrando sua asa dianteira. Numa cena dantesca, enquanto voltava aos boxes na primeira volta, Montoya ainda viu uma pipa (com a bandeira da Grã-Bretanha) ficar enganchada na sua asa traseira.

Com toda essa movimentação, Ralf Schumacher subia para segundo, seguido pelos carros da Renault, que pularam à frente das duas McLarens. Quando marcou o melhor tempo no warm-up, Schumacher queria dar a impressão que não tinha carro para enfrentar as Williams e por isso pararia duas vezes. Porém, quem estava com essa estratégia era a outra Ferrari. Numa recuperação impressionante e empolgante, Barrichello pulou de oitavo do grid para segundo em apenas cinco voltas, levantando público presente, mas imediatamente denunciando que pararia duas vezes. Na volta 13, o brasileiro levou o público ao delírio ao assumir a liderança da corrida, com a benção de Schumacher. Quando as duas Ferraris ficaram lado a lado, ficaram nítidas as diferenças entre os dois carros. Assim como as sortes dos seus pilotos. Logo depois de liderar sua corrida caseira, Barrichello abandonou com o velho problema hidráulico, que tanto lhe atrapalhou nos primeiros anos de Ferrari. O brasileiro acenou para a torcida e lentamente voltou aos boxes contando com outro azar em casa. Mais atrás, Fisichella explode o motor espetacularmente, deixando o italiano no zero em 2002.

A diferença entre os dois irmãos Schumacher era de 9s quando chegou o momento dos pilotos que parariam duas vezes visitarem os boxes. Porém... nada de Michael! O alemão da Ferrari estava com a mesma estratégia da Williams, fazendo com que Ralf aumentasse o seu ritmo. Mais atrás, Trulli era terceiro, com Coulthard, que havia ultrapassado Button, logo atrás. O escocês tentou ultrapassar Trulli várias vezes, mas o combativo italiano segurou a McLaren o quanto pôde, mas quando McLaren e Renault fizeram suas paradas, não apenas Coulthard como também Raikkonen emergiram na frente da Renault, enquanto Montoya já aparecia atrás de Button, tentando brigar para marcar pelo menos um ponto. Lá na frente, o blefe da Ferrari estava funcionando a contento. Na volta 39 Michael fez sua única parada, enquanto a Williams postergou ao máximo a parada de Ralf, que fez seu pit-stop seis voltas mais tarde, mas o alemão voltou atrás do seu irmão, mesmo que mais próximo.

Era esperado uma luta entre os dois irmãos pela vitória. Ralf chegou a encostar, mas foi o máximo que o piloto da Williams. Mesmo claramente mais rápido, Ralf estava naqueles dias de 'half' Schumacher, onde era apenas uma parte do que seu irmão podia fazer. Para impaciência de quem assistiu aquela corrida, Michael não teve muito trabalho para derrotar seu irmão, que tentou duas vezes a ultrapassagem de forma tímida, mas preferiu garantir o segundo lugar. Na bandeirada, outro momento pastelão do dia. Pelé iria dar a bandeirada, mas bem no momento em que os irmãos Schumacher apontaram na reta, o Rei se virou e simplesmente não deu a bandeira para o vencedor, sendo piada por muito tempo por aqui.  Demonstrando a falta de ritmo da McLaren em acompanhar os líderes, Coulthard recebeu a bandeirada em terceiro lugar de um minuto atrás. Quando faltavam dez voltas, o motor de Trulli quebrou e logo depois foi a vez de Raikkonen rodar, após uma quebra na suspensão. Quem se aproveitou disso foi Button, que pulou para quarto, mas tendo que se defender de Montoya, que terminou em quinto, após o segundo toque consecutivo no carro de Schumacher. Levando sua Toyota aos pontos mais uma vez, Mika Salo fechava a zona de pontuação. A Ferrari mostrava que seu novo carro funcionava mesmo em condições mais favoráveis às rivais. Porém, o campeonato estava apenas no começo e a F1 se mudava para a Europa, onde as temperaturas era mais amenas. Onde a Ferrari havia colocado muito tempo nas rivais dias antes. Era o começo de um massacre e de uma das temporadas mais enfadonhas e marcantes da história da F1.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) R.Schumacher
3) Coulthard
4) Button
5) Montoya
6) Salo 

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