domingo, 30 de março de 2025

Lá se foi o 100%

 


Grande dominador do circuito de Austin, vindo de pole e vitória na Sprint, tudo levava a crer que a MotoGP veria outro triunfo de Marc Márquez nesse domingo, mas os deuses da velocidade capricharam no Texas e o que parecia uma vitória fácil se transformou numa queda, deixando o até então deprimido Pecco Bagnaia no rumo de sua primeira vitória em 2025.

A chuva veio ainda na Moto2 e na categoria menor já havia tido problemas nas escolhas de pneus, com poucos pilotos optando pelos pneus slicks, já que a chuva não fora tão forte assim. Pelo menos na Moto2, quem arriscou slicks acabou perdendo a aposta, tomando até mesmo volta do vencedor Jake Dixon. A pista ainda estava escorregadia para a largada da MotoGP, mas o asfalto secava a olhos vistos. A situação ficou ainda mais confusa quando Quartararo caiu na volta de alinhamento, deixando os pilotos ainda mais receosos em escolher os slicks. Quando faltavam segundos para a volta de apresentação, Marc Márquez pulou de sua moto e correu para os pits para pegar uma moto acertada para piso seco. Mas o espanhol não foi o único e o caos se estabeleceu, acabando por trazer uma bandeira vermelha e uma situação embaraçosa para a MotoGP, pois a sensação que se passou é que ali mais parecia uma corrida amadora e não uma prova de elite.

Com tudo isso, na segunda largada todos optaram pelos pneus slicks e a corrida parecia nas mãos de Marc Márquez. Com uma largada segura, o espanhol da Ducati rapidamente se estabeleceu na ponta. Saindo apenas da sexta posição do grid, Bagnaia já tinha mostrado na Sprint que poderia aprontar na largada e se não assumiu a liderança, pelo menos estava em terceiro, atrás de Alex Márquez, que se esforçou ao máximo para manter o segundo lugar, indicando claramente que Alex tem uma missão em 2025: proteger seu irmão Marc. Contudo, não demorou para Bagnaia reagrupar forças e pela primeira vez no ano ultrapassar definitivamente Alex Márquez, ficando em segundo, mas Pecco não parecia ter forçar para atacar o líder Marc Márquez. No entanto, meio que um castigo por ter começado toda a confusão antes da largada, Marc passou por uma zebra molhada ainda no primeiro terço de corrida e caiu. O espanhol ainda tentou voltar, mas com várias avarias em sua Ducati, Marc abandonou.

Bagnaia partiu impávido rumo à bandeirada, vencendo pela primeira vez no ano, sem mais ser ameaçado por Alex Márquez, que pela terceira vez consecutiva chegou em segundo e incrivelmente lidera o campeonato. Mesmo ainda estando abaixo de Marc Márquez, essa vitória pode dar um pouco mais de confiança para Bagnaia enfrentar seu companheiro de equipe, que parecia imbatível nesse início de campeonato, mas acabou cometendo um erro que o deixou zerado em Austin. A Ducati ainda tem a melhor moto disparada e se não fossem as quedas de Márquez e Fermin Aldeguer, este já no final da prova, as seis motos Ducati ficariam com as seis primeiras posições, com Di Giannantonio e Morbidelli completando o quarteto da Ducati. Jack Miller conseguiu a façanha de ser a melhor não-Ducati do dia, segurando vários ataques e levando a sua Yamaha ao quinto lugar. Tendo derrotado a Ducati ano passado em Austin, a Aprilia decepcionou, enquanto a KTM viu seus principais pilotos ficarem pelo caminho.

O campeonato ficou bem interessante, mesmo que a liderança de Alex Márquez seja bastante circunstancial, o espanhol vem fazendo um certame bem sólido, mas abaixo da dupla da Ducati oficial. Bagnaia venceu, mas ainda não derrotou Marc Márquez, que irá mordido para a próxima etapa no Catar. Um circuito no qual Marc não gosta.

terça-feira, 25 de março de 2025

Figura(CHN): Oscar Piastri

 Uma semana depois do mal resultado na corrida de estreia da temporada 2025, em sua casa, Oscar Piastri deu uma bela resposta ao dominar o final de semana chinês, conseguindo a pole e liderando a corrida praticamente de ponta a ponta. Piastri viu seu companheiro de equipe Norris vencer em Melbourne, enquanto ele conseguira apenas um nono lugar, após errar quando a chuva voltou a aparecer na prova australiana. Mordido, Piastri não esmoreceu e menos de uma semana depois respondeu à Norris com a primeira pole da carreira e uma corrida dominadora, não dando qualquer chance à Lando Norris, mesmo com os problemas que o inglês teve nos freios nas últimas voltas. Uma boa volta por cima de Piastri, que parece ter começado o campeonato 2025 agora. E da melhor forma possível!

Figurão(CHN): Liam Lawson

 Estar no segundo carro da Red Bull sempre foi uma missão difícil, tendo passado por ali vários pilotos com diferentes experiências. Contudo, ninguém poderia imaginar que Liam Lawson, jovem neozelandês que fez boas corridas na Racing Bulls, fosse performar tão mal como ele vem fazendo. Em sua segunda corrida pela Red Bull, Lawson teve sérios problemas em conduzir o Red Bull RB21. Fazer qualquer tipo de comparação com Max Verstappen chegaria a ser covardia, mas alguns fatos mostram o péssimo trabalho de Lawson na China. Na classificação da Sprint, Liam ficou ainda no SQ1. Se já fosse ruim o suficiente, Lawson foi último (!) colocado na classificação da corrida principal. Não houve problemas com o carro ou algum piloto tendo bloqueado o piloto da Red Bull. No rendimento puro e simples, Lawson foi vigésimo colocado no grid para a corrida chinesa, que mostrou tão ruim quanto, com Liam muito longe de escalar o pelotão e ficando léguas de distância para marcar um mísero ponto qualquer. Um desempenho lastimável e no final do dia, já se fala que Liam Lawson poderia ser sacado após apenas duas corridas, com o neozelandês entrando para a lista nada digna de mais um moído pelo programa de jovens pilotos da Red Bull, liderado por Helmut Marko. Porém, Lawson vem fazendo até aqui o pior trabalho já visto no segundo carro da Red Bull.

domingo, 23 de março de 2025

O Max da Indy


 No outro lado do Pacífico, a McLaren tinha tudo para repetir o sucesso conseguido em Xangai, dessa vez na Indy. Pato O'Ward e Christian Lundgaard largavam na primeira fila em Thermal Club e lideraram boa parte da corrida, podendo completar a segunda dobradinha da McLaren no dia. Na China, o único que poderia travar a dupla da McLaren usando unicamente o talento era Max Verstappen, mas sem ritmo em seu Red Bull, o neerlandês nada pôde fazer. Já na California, Alex Palou fez o que se esperava de Max. Com carros iguais e tendo a diferença o acerto de equipe para equipe, além do talento, o espanhol conseguiu fazer a diferença rumo a uma belíssima vitória.

Antes de tudo, apesar do circuito ser bem seletivo, correr em Thermal Club é um exemplo claro de como a Indy cuida mal de si. O autódromo localizado na California na verdade é um circuito particular dentro de um clube para milionários, que dão voltas pela pista com seus supercarros quando tem vontade. Um clube exclusivo, com casas espetaculares, mas basicamente sem fãs. Apenas um pequena arquibancada de cinco mil expectadores com ingressos vendidos a preços absurdos transformaram o ambiente na corrida ainda mais desértico, com pouca ou quase nenhuma pessoa realmente apaixonada por automobilismo estivesse vendo a corrida in loco. Para a TV, a sensação que passou é que não havia ninguém na pista, apenas alguns parcos convidados, além dos moradores milionários. Uma bola fora da Indy.

A corrida transcorreu sem bandeiras amarelas e havia a preocupação com o desgaste de pneus, mas os pneus macios se comportaram muito bem e foram bem decisivos para a vitória de Palou. Os primeiros dois terços de prova foram dominados pela dupla da McLaren, tendo O'Ward na ponta. Antes da segunda e última parada, Palou diminuiu a diferença para Lundgaard, que economizava combustível após uma parada mais cedo. O espanhol atacou muito, mas o dinamarquês segurou Palou. Então o piloto da Ganassi colocou pneus macios para o último stint, enquanto a dupla da McLaren foi para as últimas voltas com os duros. Foi o pulo do gato. Voltando à pista logo atrás de Lundgaard, Palou rapidamente ultrapassou o danês da McLaren e estava 10s atrás de Pato. O mexicano foi atrapalhado por alguns retardatários, ajudando Palou a desintegrar a desvantagem e numa manobra certeira, ultrapassar o piloto da McLaren.

A esperança de Pato era que os pneus macios Palou se acabassem nas voltas finais, mas além disso não acontecer, o ritmo de Pato foi bem abaixo, causando até desconfianças de um problema de consumo de combustível. Mesmo gripado, Palou recebeu a bandeirada com tranquilidade e venceu pela segunda vez consecutiva, algo que não acontecia na Indy fazia bastante tempo e o espanhol da Ganassi já parte para um incrível tetracampeonato, igualando à Max Verstappen, que assim como Palou, faz toda a diferença em sua categoria. 

Dias de glória

 


Correndo em casa, Oscar Piastri obteve um resultado decepcionante ao sair da pista no momento em que a pista molhou em Melbourne e jogar fora uma dobradinha certa da McLaren, corroborando com a falta de sorte do australianos em seu próprio solo. Uma semana depois, Piastri se recuperou magistralmente nesse enfadonho Grande Prêmio da China, com uma vitória dominante vindo da pole, não dando chances a ninguém, nem mesmo seu companheiro de equipe Lando Norris, que levou um susto no final da prova, quando enfrentou problemas nos freios. Seguindo sua toada, George Russell subiu mais uma vez ao pódio, à frente de Verstappen e das desclassificadas Ferraris.


O alta desgaste de pneus na Sprint Race ligou o sinal amarelo das equipes, fazendo com que todos esperassem uma corrida mais tática do que emocionante, sendo que ao final das cinquenta e seis voltas, outro adjetivo pôde ser usado para a prova chinesa: chata. Claro que Oscar Piatri não tem nada a ver com isso. O australiano usou o exemplo de Hamilton no dia anterior e convergiu seu carro para dentro no apagar das cinco luzes vermelhas, acabando com qualquer chance de Russell efetuar algum ataque na primeira curva. Para melhorar a situação da equipe comandada por Zak Brown, Lando Norris fez algo não muito usual para o inglês, que é ganhar alguma posição na largada, ultrapassando seu conterrâneo ainda no complexo primeiro setor da pista. Um pouco mais atrás, era Max Verstappen que fazia algo não muito comum nos últimos tempos, que foi uma má largada, quando se posicionou mal por fora e acabou superado pela dupla da Ferrari, mas com Lewis e Charles se tocando, resultando num dano na asa dianteira de Leclerc. Fora a rodada de Bortoleto, a primeira volta foi bem tranquila, iniciando uma corrida que foi morna o tempo todo, com os pilotos com receio de forçar os pneus e que no fim, se mostrou infundado quando foram calçados os pneus duros na primeira rodada de paradas, o que se provou ser a única para boa parte do pelotão.


Piastri e Norris não desapareceram no horizonte, claramente controlando o ritmo, enquanto Russell segurava bem um inicialmente motivado Hamilton. Mesmo com a asa dianteira sem o direcionador esquerdo, Leclerc mantinha um bom ritmo, para desespero de Verstappen, que era um conformado sexto colocado. Com os pilotos quase todos utilizando os pneus médios, ninguém atacava, todos presos no famoso 'trem do DRS'. Quando as paradas começaram, ainda antes do primeiro terço de prova, havia uma clara sensação de que as equipes usariam a tática de duas paradas, mas ao calçar os pneus duros, George Russell foi o primeiro a vocalizar que seria bastante possível ir até o final da prova com aquele set de pneus. E assim foi com praticamente todo o grid. Mesmo com alguns undercuts ocorrendo, como Tsunoda ultrapassando um apagado Antonelli e Russell surgindo ligeiramente à frente de Norris, que logo deu o troco, a corrida se manteve estática e sem emoções. Leclerc fazia uma corrida surpreendente e logo encostou em Hamilton, pedindo passagem via rádio. Relutantemente Lewis cedeu passagem ao companheiro de equipe, que inicialmente foi para cima de Russell, mas logo perdeu rendimento, enquanto Hamilton ficou ainda mais para trás, porém, ainda com vantagem sobre um solitário Verstappen. À essa altura Piastri já estava com o braço para o lado de fora e ouvindo FM de forma sossegada lá na frente. Quando percebeu-se que uma segunda parada não seria necessária, Piastri controlou totalmente a corrida rumo a uma tranquila bandeirada, vencendo pela terceira vez na carreira e iniciando de verdade o campeonato. Já Norris não teve uma corrida tão serena. Sem condições de atacar Piastri, teve que ultrapassar Russell após sua única parada e praticamente mandou Oscar aumentar o ritmo para não ficar no 'ar sujo' do australiano e prejudicar seus pneus. Algo que Piastri fez sem maiores problemas. Contudo, o pior para Lando estava reservado para o final.


Nas últimas voltas Norris relatou problemas nos freios, uma complicação que só piorou na medida em que as voltas foram passando, causando um verdadeiro drama para o inglês, que claramente freava bem antes das curvas, deixando o carro rolar para usar menos os freios. Na última volta, Norris cruzou a bandeirada apenas 1,3s à frente de Russell, indicando que mais uma volta significaria uma posição (ou mais) a menos. Aliviado, Lando Norris completou a dobradinha da McLaren, mas viu que Oscar Piastri está de volta e pode ser um fator importante na briga pelo título, no que pode ser um assunto interno da McLaren. Russell fez uma prova sólida, que é sua principal característica, vencendo a dupla da Ferrari e quase capitalizando o problema de Norris. Liderando a Mercedes agora, George vem reagindo bem a responsabilidade, enquanto Antonelli fez uma corrida medíocre nessa sua primeira prova em pista seca. Após impressionar no piso úmido de Melbourne, Andrea foi muito mal e chegou a ser ultrapassado pela Haas de Ocon, algo não esperado por alguém que tem em mãos uma Mercedes, porém, Kimi acabou marcando bons pontos depois da corrida.


Hamilton foi dos poucos a fazer duas paradas, quando se viu pressionado por Verstappen, mas isso não lhe rendeu muitos frutos, pois Lewis acabou por não alcançar o neerlandês. O dano da asa dianteira de Leclerc deve ter feito efeito quando os pneus duros desgastados diminuíram o ritmo da Ferrari e ao invés de atacar Russell, Charles acabou sendo atacado por Verstappen, que efetuou a mais bela manobra do dia para ganhar a quarta posição do monegasco nas últimas voltas. Depois de vencer a Sprint pela primeira vez, quinto e sexto lugares não era algo que a Ferrari esperava na corrida, principalmente com o ritmo do primeiro stint, mas tudo pioraria horas mais tarde, quando pela primeira vez em 75 anos de F1, a dupla da Ferrari seria desclassificada. E por motivos diferentes. Enquanto Leclerc foi eliminado por estar com o carro abaixo do peso, Hamilton acabou desclassificado por causa da prancha debaixo do carro estar com desgaste acima do limite tolerado. Zero ponto para a Ferrari após o GP da China e um início nada promissor para os italianos, mesmo com a primeira vitória na Sprint. Já na Red Bull a saga do segundo carro segue. Se Max Verstappen continua levando o carro nas costas e ainda se mantém na vice-liderança do campeonato, Liam Lawson teve uma corrida abaixo da crítica. Depois de conseguir o último tempo na classificação e largar dos boxes, o neozelandês em nenhum momento sequer esboçou uma corrida de recuperação, ficando sempre entre os últimos colocados. Pelo menos Sérgio Pérez evoluía... Já se fala abertamente em trocar Lawson e que isso poderia ocorrer já na próxima corrida, em Suzuka. Porém, fica a pergunta: Tsunoda conseguirá acabar com a maldição que parece pairar sobre o segundo carro da Red Bull?


Após ter sido o carro mais lento em Melbourne, o Haas deu a volta por cima em Xangai. Depois de uma classificação positiva, o time comandado por Ayao Komatsu viu seus dois pilotos efetuarem boas largadas e rapidamente se colocarem entre os dez primeiros. Com uma estratégia diferente, onde esticaram o primeiro stint, Ocon e Bearman foram destaques nas voltas após suas paradas, efetuando boas ultrapassagens, com destaque pela agressividade de Esteban ao ultrapassar a Mercedes de Antonelli e as tiradas que Bearman fez ao ultrapassar vários carros no Hairpin no final da reta oposta. Ciao, era o que dizia o inglês. Com as desclassificações das Ferraris, Ocon subiu para um impressionante quinto lugar e Bearman ficou em oitavo, garantindo bons pontos à Haas. Continuando a boa forma mostrada na Austrália, Albon novamente colocou Sainz no bolso e liderou a Williams numa prova sem sustos, enquanto Sainz se aproveitou das desclassificações à sua frente para marcar seu primeiro ponto em 2025, mas o espanhol vem sendo uma das decepções da atual temporada. 


Stroll foi outro que esticou seu primeiro stint e chegou a andar no top5 antes de parar, mas quando o canadense fez sua única parada, o piloto da Aston Martin não evoluiu mais e só marcou pontos pelas desclassificações. Alonso foi o único abandono do dia logo nas primeiras voltas, ficando zerado no campeonato e surpreendentemente não levando a Aston Martin nas costas. A Racing Bulls andou praticamente a corrida inteira na zona de pontuação, inclusive com Tsunoda ficando na frente de Antonelli e Ocon, enquanto Hadjar fazia uma prova segura rumo aos pontos, mas o time B da Red Bull escolheu fazer uma segunda parada em seus carros. Foi o fim das chances de pontos para ambos, no que ficou ainda pior quando a asa dianteira de Tsunoda colapsou na reta dos boxes, jogando o nipônico para a última posição. A Racing Bulls é a única equipe sem pontos no momento, mas o ritmo certamente está lá. A Sauber foi o carro mais lento do pelotão, com Hulkenberg largando muito mal e Bortoleto rodando na primeira volta, no primeiro erro do novato, mas Gabriel fez uma boa corrida de recuperação e ainda teve chance de ultrapassar Hulk. Além da Ferrari, Pierre Gasly também foi desclassificado, pelo mesmo motivo de Leclerc, mas o gaulês não estava nos pontos no momento, o que não fez tanta diferença. Jack Doohan parece inquieto com a sombra permanente de Colapinto e por isso faz corridas bem agressivas. Punido na Sprint, o australiano voltou a ser punido na corrida, ao jogar Hadjar para fora da pista numa disputa de posição. Pressionado, Doohan começa a espanar, para alegria de Franco.


Depois de um resultado ruim na estreia do campeonato, Oscar Piastri demorou apenas uma semana para dar a resposta, com uma vitória categórica, só não garantindo o 100% de pontos no final de semana por não ter sido capaz de alcançar Hamilton na Sprint Race. A McLaren segue muito forte, mas a diferença não parece ser tão grande assim, principalmente em volta única. George Russell e Max Verstappen seguem capitalizando qualquer vacilo dos pilotos da McLaren, enquanto a Ferrari se perde com toques entre seus pilotos e problemas técnicos. Lando Norris teve sorte em manter a segunda posição, mas sabe que Piastri pode ter despertado para a temporada 2025. E não terá Papaya Rules que segure o australiano. 

sábado, 22 de março de 2025

Dias de luta

 


O sábado em Xangai foi o primeiro no formato Sprint e por isso, não faltaram histórias para contar. Ainda na sexta-feira o mundo da F1 sorriu com a pole de Lewis Hamilton para a minicorrida e o inglês confirmou a pole com uma vitória convincente no sábado chinês, mas horas mais tarde quem deu as cartas foi Oscar Piastri, conseguindo sua primeira pole na F1, se aproveitando de um final de semana errático do seu companheiro de equipe Lando Norris.

Havia certa expectativa para a largada da Sprint Race por termos na primeira fila os rivais Hamilton e Verstappen. O inglês deu uma verdadeira aula de como se portar frente a um piloto confiante e agressivo como Max, convergindo completamente sua Ferrari para cima de Verstappen, deixando o piloto da Red Bull sem muitas opções a não ser ficar com a segunda posição. Muito criticado por um final de semana decepcionante de estreia pela Ferrari, Hamilton deu uma bela resposta na Sprint Race, controlando o acentuado desgaste de pneus e não cedendo quando Verstappen esboçou um ataque. Foi uma vitória de almanaque e mesmo que os triunfos na Sprint não contem nas estatísticas, essa primeira vitória de Hamilton pela Ferrari pode lhe dar muita confiança para o restante da temporada.

A classificação mais tarde viu que muitos pilotos mal começaram a temporada e já se veem em dias de luta. Jack Doohan cometeu um erro crasso na Sprint Race, batendo em Bortoleto e sendo punido por isso. Ainda no Q1 o jovem australiano rodou e ficou pelo caminho, mas se serve de consolo, Gasly também ficou no Q1, porém, isso não pode ser o suficiente para Flavio Briatore. Colapinto agradece. Pior situação vive Liam Lawson. Após vencer Tsunoda para ficar com a vaga na Red Bull nesse ano, o neozelandês sofre com o mesmo problema dos demais companheiros de equipe de Verstappen, com um carro dificílimo de pilotar e uma janela de funcionamento minúscula, onde apenas Max parece ser capaz de administrar. O resultado disso tudo é Liam ficar com a última posição do grid e a pressão já começar a aumentar pelos lados da Red Bull. Afinal, acertarão algum segundo piloto ao lado de Max?

A McLaren tomou conta da classificação, principalmente com Norris, mas o inglês errou justamente quando não podia: a última volta do Q3. Superado por Piastri na primeira volta do Q3, Lando viu não apenas seu companheiro de equipe melhorar seu tempo, como ainda foi superado pelo conterrâneo George Russell, numa volta sobrenatural do piloto da Mercedes que o colocou em segundo. A dupla da Ferrari ficou com a terceira fila, longe de brigar pela pole, mas novamente com Lewis à frente de Leclerc, enquanto Verstappen ficou em quarto, mas se queixando de um ritmo de corrida inferior, algo que foi visto na Sprint, quando foi ultrapassado por Piastri e viu a aproximação de Russell e Leclerc nas voltas finais. A corrida tenderá a ser bem tática, com as equipes se preocupando bastante com o desgaste de pneus e isso poderá ajudar a McLaren, notadamente quem melhor cuida da borracha da Pirelli.   

quinta-feira, 20 de março de 2025

Que pena...

 


Ele foi um personagem da década de 1990 e sem coincidência, estreou na F1 logo no primeiro ano do decênio. Eddie Jordan militava no automobilismo britânico desde a década de 1970, inicialmente como piloto e percebendo a própria limitação, o irlandês se tornou chefe de equipe, evoluindo categoria a categoria até chegar à F1 em 1991 com a equipe que levava seu nome, logo de cara lançando um dos carros mais icônicos da história, o Jordan verde da 7up, no mesmo ano em que fazia estrear Michael Schumacher. A equipe Jordan passou por algumas turbulências e dois anos depois revelou Rubens Barrichello, piloto com mais corridas pelo time. A partir de 1996 a Jordan seria patrocinada pela B&H, trazendo os belos carros amarelos que marcaria a arrancada da equipe naquela época, onde conquistaria a primeira vitória em 1998 com Damon Hill e brigaria pelo título no ano seguinte com Heinz-Harald Frentzen. Contudo, aquele seria o último grande momento da Jordan Grand Prix. O time de Eddie entraria em decadência até Jordan vender o time. Eddie Jordan se caracterizou pelo carisma, seu amor pelo rock and roll e curtir a F1 de uma forma diferente de outros chefes de equipe. Várias vezes Eddie tirava fotos com Grid Girls, em cenas que seriam canceladas hoje em dia. O irlandês se manteve na F1 como comentarista e muitas vezes Jordan trouxe grandes novidades no mercado de pilotos. E foi num podcast que Eddie comunicou que lutava contra um câncer agressivo, que acabaria lhe matando aos 76 anos nessa quinta-feira, deixando o automobilismo de luto. 

segunda-feira, 17 de março de 2025

Figura(AUS): Max Verstappen

 Os títulos de 2022 e 2023 de Max Verstappen foram caracterizados por um massacre do neerlandês da Red Bull, principalmente no último ano, quando Max bateu recordes de vitórias numa mesma temporada. No entanto, a turbulência dos bastidores da Red Bull afetaram o ano da equipe e mesmo com o título em 2024, tudo indicava para um 2025 duro para a equipe e Max Verstappen. A pré-temporada indicava uma McLaren muito forte e o primeiro final de semana confirmou essa expectativa. Max teve que voltar à 2020, quando via uma Mercedes forte demais, mas sempre pronto capitalizar qualquer vacilo, lembrando o que Michael Schumacher fez nos seus primeiros anos de Ferrari contra a potência de McLaren e Williams, carros construídos por Adrian Newey, projetista dos carros que deram os quatro títulos de Max. Em Melbourne, Verstappen experimentou aquela sensação e claramente andou muito mais do que o carro, andando próximo dos carros da McLaren durante a corrida e até mesmo ameaçando a vitória de Lando Norris nas duas últimas voltas. Max deu o recado: a McLaren pode ter o melhor carro, mas qualquer vacilo, por menor que seja, Verstappen estará pronto para derrotar os pilotos papaias. 

Figurão(AUS): Ferrari

 Se havia unanimidade que a McLaren tinha o conjunto mais forte nesse início de ano na F1, muitos apontavam que a Ferrari era a segunda força. E os primeiros treinos livres confirmaram essa expectativa, com Leclerc principalmente andando bastante próximos dos pilotos da McLaren. Bastou que começasse a parte decisiva do final de semana para o ritmo da Ferrari ir por água abaixo. No Q3, os carros vermelhos estiveram bastante longe da luta pela pole. Na verdade, Leclerc e Hamilton fora até mesmo do top5, conseguindo o sétimo e o oitavo tempos respectivamente. O domingo chuvoso seria um desafio, principalmente para Hamilton, que estreava na Ferrari cheio de expectativas e o inglês admitia que estava com receio de apertar os botões errados no volante nas prováveis mudanças de funções enquanto a pista mudava. A realidade foi uma prova difícil para a turma de Maranello, mesmo com a ótima largada de Leclerc, pulando para quinto, mas Hamilton passou a maior parte do tempo empacado atrás de Alex Albon. Quando a chuva voltou na parte final da corrida, outro pesadelo retornou para os ferraristas: os erros estratégicos. Enquanto boa parte dos pilotos ainda na pista procuraram os pits quando perceberam que a pancada de chuva era muito forte, a Ferrari resolveu ficar na pista, jogando Leclerc e Hamilton ainda mais para trás, com ambos terminando em oitavo e décimo, com Lewis tomando uma ultrapassagem por fora na última volta de Piastri. Não era a estreia esperada para a Ferrari, mas se serve de consolo, Hamilton pôde liderar sua primeira volta com a Ferrari. Muito, muito pouco para tanta expectativa. 

domingo, 16 de março de 2025

Prenúncio de massacre

 


Muitos fãs da MotoGP gostam de criticar a F1 dizendo que a categoria de quatro rodas está muito previsível, onde o vencedor é conhecido antes mesma da largada. Contudo, em 2025 as coisas podem estar se invertendo um pouco. Por mais que a McLaren esteja um degrau acima das demais, ainda podemos ver um Max Verstappen fustigando os pilotos papaias. Já na MotoGP, nada e nem ninguém parece capaz de parar Marc Márquez. De aposta arriscada e até mesmo criticada feita pela equipe oficial Ducati, que viu o campeão Jorge Martin levar o número um para a Aprilia, Marc Márquez vem se tornando um palpite certeiro feito por Tardozzi, Dall'Igna e seus red caps.

A corrida em Termas de Rio Hondo parecia definida pela pole estrondosa de Marc Márquez, repetindo o roteiro visto em Chang, duas semanas atrás. Depois de vencer na Sprint, Marc se manteve na ponta na largada, onde mais uma vez teve seu irmão Alex em segundo e na Argentina o irmão caçula respeitou bastante o mais velho na primeira curva. Saindo de quarto, Pecco Bagnaia logo assumiu o terceiro lugar, tentou ataques em cima de Alex, mas não demorou muito para ser ultrapassado pela Ducati 2024 de Franco Morbidelli. Mais na frente, Alex capitalizou um ligeiro erro de Marc e assim como ocorreu em terras tailandesas, ficou na ponta boa parte da corrida. Porém, até os mosquitos que sujaram as bolhas e macacões sabiam que a corrida estava no controle de Marc, que mesmo com um errinho aqui e ali, atacou seu irmão na hora certa para efetuar a ultrapassagem decisiva e vencer pela segunda vez em 2025, imprimindo um domínio impressionante, onde Marc mantém 100% nas poles, Sprint e corridas no domingo.

Alex Marquez vem fazendo um bom papel de escudeiro, sendo que dessa vez nem precisou de tanto trabalho. Totalmente sem confiança, como mostrado em seu linguagem corporal antes da corrida, Pecco Bagnaia sequer foi ao pódio, derrotado por Morbidelli, que retornou ao pódios depois de vários meses e direito um 'Vai Porra!' ao vivo. Bagnaia parece impotente frente à força de Márquez e dentro da equipe Ducati, que nesse domingo dominou as cinco primeiras posições, fica a sensação de que a equipe já se enamorou por Márquez e todo o seu talento, deixando Pecco e sua apatia num passado de conquistas, mas que vem sendo superado de forma sistemática pelo espanhol. Destaque positivo pelo desempenho da Honda, com Zarco largando na primeira fila e só perdendo o quinto lugar na última volta, ficando bem à frente das KTM's e da Aprilia de Ogura, novamente a melhor Aprilia, já que Oliveira e Savadori nem largaram e Bezzecchi caiu na primeira volta.

Para quem curte as Bets, uma aposta certeira é votar em Marc Márquez, no que pode ser o prenúncio de mais um massacre do espanhol. 

Caos na confirmação da expectativa

 


Pole, melhor volta e vitória da McLaren em Melbourne, na abertura do campeonato 2025 da F1. Expectativas confirmadas depois da pré-temporada, correto? De certa forma, sim, porém, a primeira corrida do ano foi das mais animadas e a chuva não mostrou todo o potencial da equipe comandada por Zak Brown, que ainda perdeu uma dobradinha certa. Criando casca, Lando Norris sobreviveu bem ao caos australiano e controlou muito bem uma corrida em que aconteceu muita coisa que não estava no controle do inglês. Lando largou bem e, aleluia, confirmou a pole, tendo que segurar a pressão de Piastri quando a pista secou e depois Max Verstappen nas duas últimas voltas, em condições bem traiçoeiras. E falando em Max, o piloto da Red Bull claramente andou bem mais do que o carro e somente seu talento o fez andar minimamente próximo das McLarens em alguns momentos.


Os últimos dias previam chuva iminente em Melbourne na hora da corrida da F1. Horas antes, um temporal se abateu no momento da corrida da F2 e a prova foi cancelada, com direito até mesmo a patinhos bebendo água no asfalto alagado. Felizmente a chuva diminuiu no momento da largada da F1 e a largada ocorreu normalmente. Bem, pelo menos os carros saíram na hora da largada, pois Isack Hadjar rodou na volta de apresentação, ainda na curva 2. Um duro golpe para o francês, que se dirigiu aos pits claramente triste e numa cena tocante, foi consolado por Anthony Hamilton, pai de Lewis, ídolo confesso de Isack. A largada teve Max Verstappen mostrando suas credenciais e logo de cara ultrapassando Piastri, que mesmo relutando, acabou cedendo a posição para o neerlandês. Porém, a pista molhada fez mais vítimas juvenis e o ameaçado Jack Doohan bateu com força na curva seis, trazendo o Safety-Car. Começo nada auspicioso para alguém tão pressionado quanto o australiano, enquanto seu pai, o lendário Mick Doohan, balançava a cabeça nos boxes. Outro pai lendário que não deve ter ficado muito feliz foi o bicampeão mundial do WRC Carlos Sainz, pois seu filho rodou durante o período de SC, num verdadeiro anticlímax, após um final de semana promissor de Sainz Jr. Os mecânicos da Williams tiveram um verdadeiro Deja-Vu, tendo que trazer o funileiro mais cedo que o esperado.


Com poucas voltas a corrida já havia se tornado uma prova de sobrevivência. A relargada, ainda com pista molhada, mostrava o trio Norris-Max-Piastri juntos e destacados dos demais, liderado por Russell e Leclerc, que fez uma excelente largada. Hamilton era segurado por Albon e tentava se entender com os novos comandos de sua Ferrari. Como a pista melhorava nitidamente, era chegada a hora das equipes conversarem com os pilotos para o momento exato de colocar pneus slicks. Porém, antes disso, a McLaren mostrou sua força. Já com os pneus intermediários desgastados, Verstappen era fortemente pressionado por Piastri e acabou errando uma freada, permitindo a ultrapassagem do piloto da casa. Com a pista bem melhor, a McLaren começou a imprimir um ritmo 1s mais rápido do que Max, que parecia impotente frente a força dos carros laranjas. A hora de colocar pneus slicks chegou no momento em que Alonso, tentando ir para cima de Gasly, bateu seu Aston Martin no muro, trazendo novamente o Safety-Car. Com todo mundo com pneus slicks, o céu melburniano ficou escuro e as equipes previam chuva forte em poucos minutos. Não havia sossego para os pilotos e para Lando Norris em particular, que foi o primeiro que alcançou a pista novamente molhada e saiu da pista, trazendo consigo Oscar Piastri. Contudo, se o inglês se saiu bem da escapada de pista, Piastri ficou parado no grama e teve que engatar uma ré para sair da situação, perdendo quase uma volta no processo. O caos retornou com força e dois estreantes, Gabriel Bortoleto e Liam Lawson, bateram seus carros e o SC estava de volta. 


As voltas finais, com todos novamente de pneus intermediários, viu Verstappen partir para cima de Norris, mas este segurou o rojão muito bem, mostrando uma evolução do ano passado para cá. Tendo claramente o melhor carro do pelotão no momento, Lando Norris capitalizou a pole, algo que o inglês falhou várias vezes ano passado. Numa corrida com várias intempéries, Norris não se abateu e levou a McLaren a vitória, confirmando toda a expectativa que havia em cima da equipe. Piastri ainda marcou pontos, incluindo uma ultrapassagem antológica na última volta em cima de Hamilton. No entanto, a McLaren terá que cuidar do gerenciamento dos seus pilotos. Quando a pista estava no limite para se colocar pneus slicks, Piastri se aproximou rapidamente de Norris e tomou um rádio que pareceu mexer com o australiano. Situações que devem se repetir ao longo dessa longa temporada e a McLaren terá que ter cuidado para não degringolar para uma situação de perder um campeonato que poderá ser ganho com alguma facilidade. Até porque Max Verstappen está à espreita, só esperando o menor dos erros mclarianos para agarrar a oportunidade. Na Austrália, Max Verstappen lembrou os tempos de Michael Schumacher nos primeiros anos de Ferrari, quando não tinha carro para vencer, mas sempre que podia cravava Hill, Villeneuve e companhia. Max largou muito forte, andou no meio das McLarens até onde deu e somente um incaracterístico erro deixou Verstappen num longínquo terceiro lugar. Porém, os SC fizeram com que Max fosse uma constante ameaça aos pilotos da McLaren e será interessante observar essa fase caçadora de Max Verstappen, farejando qualquer vacilo de Lando ou Oscar. Se de um lado a Red Bull sabe que pode contar com um extraclasse, no outro sofre com o segundo piloto. OK, ainda é muito cedo para apontar dedos à Liam Lawson, mas o final de semana de estreia do neozelandês foi pífio, culminando com uma rodada solo. No entanto, para um piloto que se mostrou inseguro o tempo inteiro, deixa-lo com pneus slicks na pista molhada foi uma atitude sórdida da Red Bull, enquanto que no México, há pessoas com um sorriso no canto da boca...


George Russell fez uma prova solitária, onde mal apareceu e se aproveitando do erro de Piastri, beliscou um pódio. No entanto, os olhos de todos que acompanham a F1 se viraram para Andrea Kimi Antonelli. Vindo de uma má classificação, o italiano foi mais um dos novatos a rodar, mas salvou o carro e fez uma belíssima corrida de recuperação numa prova caótica, chegando em quarto lugar, apenas 1,7s atrás de George, que largou doze posições à sua frente. Bela estreia do italiano, se tornando o segundo piloto mais jovem da história a marcar pontos. Com dois pilotos pontuando bem, a Mercedes termina o primeiro final de semana do ano empatada com a McLaren no Mundial de Construtores. Um bom começo para Toto Wolff, mesmo com um carro que não se mostrou forte o suficiente para tal feito. A Ferrari começou o ano com muitas mensagens de rádio para seus pilotos e se complicando na estratégia. Ou seja, tudo normal para a turma de Fred Vasseur. Hamilton liderou sua primeira volta com uma Ferrari, mas num erro estratégico da equipe, que o manteve na pista tempo demais com pneus slicks, jogando Lewis e Leclerc para o final da zona de pontuação. Charles ainda recuperou duas posições, enquanto Hamilton tomou uma ultrapassagem por fora de Piastri, marcando apenas um pontinho. P8 e 10 não estavam nos planos da equipe de Maranello.


Uma corrida caótica é tudo que as equipes do pelotão intermediários pedem a Deus e vários times se valeram dos problemas dos pilotos das equipes grandes para se destacarem. Mesmo com a saída precoce de Sainz, a Williams viu Albon fazer uma corrida sólida, sempre na zona de pontuação e terminando em quinto, lembrando que só não foi quarto lugar, porque a Mercedes obteve êxito no recurso que punia em 5s Antonelli. Fazendo uma corrida arroz-com-feijão, Lance Stroll levou seu Aston Martin ao sexto lugar, sem incomodar ninguém. Mostrando que panela velha é que faz comida boa, Nico Hulkenberg fez em uma corrida mais do que Zhou e Bottas fizeram ano passado, levando a Sauber a um ótimo sétimo lugar. Bortoleto largou mal, relatou problemas nos freios e levava seu carro rumo a bandeirada até rodar e bater seu Sauber. Porém, o recado de Gabriel foi dado no sábado. Tsunoda passou boa parte da corrida na zona de pontuação, mas a Racing Bulls se atrapalhou na hora de trazer o japonês aos boxes na hora correta e acabou vendo Yuki fora dos pontos, o mesmo acontecendo com Gasly, que foi engolido pelas Ferraris e Piastri nas voltas finais. A Haas tem hoje o pior carro do pelotão, com Ocon e Bearman sempre nas últimas posições.


Foi uma corrida para lá de animada, mas quando teve pista livre a McLaren deu o seu recado às demais equipes: em ritmo de corrida, o time papaia tem uma vantagem grande. Até demais. Norris venceu com certa autoridade, enquanto Piastri sofreu com a falta de sorte dos australianos em casa. Porém, Max Verstappen provou mais uma vez que é hoje o grande piloto do pelotão atual e estará à postos para capitalizar qualquer vacilo da McLaren. Um belo início de um campeonato, mas o ritmo de corrida da McLaren assusta para quem esperava um campeonato apertado. Xangai nos dará mais respostas, por ser um circuito mais convencional. A não ser que o clima chinês esteja tão maluco quanto o australiano. 

sábado, 15 de março de 2025

Papaya rules a vita?

 


A pré-temporada foi unânime em afirmar que a McLaren tem o conjunto mais forte para esse início de temporada 2025 da F1 e a classificação da primeira etapa não deixou de confirmar isso. Norris e Piastri assustaram no início do Q3, mas confirmaram a dobradinha da McLaren, tendo Max Verstappen em terceiro, longínquos três décimos atrás, mostrando que o neerlandês da Red Bull terá muito trabalho pela frente se quiser ser penta.

Após muito diz-que-me-diz, a F1 viu as suas dez equipes mostrarem sua força no sempre desafiador circuito citadino de Melbourne. Nada a esconder, tudo a mostrar! Por mais que Albert Park seja um circuito de rua e bem específico, algumas respostas começam a ser dadas. A Haas vai tendo um final de semana horroroso e o novato Oliver Bearman, tão sólido em suas três primeiras corridas como substituto, vem errando demais, causando as duas bandeiras vermelhas do final de semana até aqui, completando com um problema no câmbio que o fez nem se classificar direito. A Sauber evoluiu e impulsionado por Gabriel Bortoleto, tenta fugir das últimas posições. Por sinal, Bortoleto foi um das boas surpresas desse sábado, ao se colocar no Q2. Já Liam Lawson só não teve um final de semana pior que o de Bearman, aumentando o problema do segundo posto da Red Bull. Ainda falando dos novatos, Andrea Kimi Antonelli danificou o assoalho do seu carro e também ficou pelo Q1. Ou seja, Bortoleto superou não apenas seu renomado companheiro de equipe (Hulkenberg), como também deixou para trás dois badalados novatos. Nada mal para um piloto B, Marko?

A Aston Martin dependerá bastante de Alonso tirar coelho da cartola, enquanto a Alpine claramente evoluiu, indo ao Q3 com Gasly logo na primeira corrida, enquanto Jack Doohan fez uma classificação decente, mesmo que insuficiente para não ser sacado a qualquer momento a favor de Colapinto. A Racing Bulls foi outra boa surpresa, com Hadjar quase indo ao Q3, enquanto Tsunoda arrancou um ótimo quinto lugar. Mordido por perder a vaga para Lawson, Yuki quer provar que a Red Bull errou ao não contrata-lo. A Williams confirmou a boa performance da pré-temporada com seus dois carros no Q3 e Albon surpreendendo ao superar Sainz com alguma folga. Entre os dois, a dupla da Ferrari, a grande decepção do dia. Nos treinos livres a Ferrari dava pinta de ser a segunda força do pelotão, mas particularmente no Q3 os italianos ficaram bem para trás, com Leclerc superando por muito pouco Hamilton, que a todo momento fala que está numa fase de adaptação, parecendo querer lembrar a todos o óbvio.

Russell liderou bem a Mercedes, mas não foi páreo para a dupla da McLaren e Verstappen. Max até surgiu como o mais rápido na primeira rodada do Q3, mas com Norris e Piastri tendo cometido erros, houve pressão para a dupla da McLaren, contudo, os dois responderam bem e ficaram com a primeira fila. Em ritmo de classificação, a McLaren está muito bem, mas conta-se que é em ritmo de corrida que os 'papaias' se sobressaem. Como a McLaren lidará com seus dois pilotos em caso de disputa é algo a ser observado, da mesma maneira amanhã há chances fortes de chuva, o que mudaria muita coisa, lembrando o que fez Verstappen em Interlagos ano passado. Muitas respostas já estão sendo dadas, mas o domingo promete ainda mais.   

domingo, 9 de março de 2025

Salvem o autódromo do Eusébio!

 O tradicional autódromo do Eusébio, localizado na região metropolitana da capital alencarina, está sob sério risco de seguir o caminho dos autódromos de Jacarepaguá e de Curitiba, tombados pela especulação imobiliária. A luta segue para manter o mais antigo circuito nordestino e o ótimo canal 'História de Fortaleza do Ceará' lançou nesse domingo um vídeo sobre a história do automobilismo cearense, passando muito pelo autódromo do Eusébio.

Vale a pena assistir e perceber que tanta história não merece virar um condomínio de luxo!

 

domingo, 2 de março de 2025

Ano novo, vencedor velho

 


A enorme carreira de Alex Palou na Indy vai sendo caracterizado por vários tabus sendo quebrados. Um desses tabus era a falta de vitórias em St Petersburg, já tradicional palco da corrida inaugural da Indy. O espanhol sempre teve dificuldades na pista de rua na Flórida, mas em 2025 o espanhol da Ganassi executou uma estratégia certeira para derrotar Dixon e Newgarden e começar a nova temporada com vitória.

E a tática de Palou começou por um incidente na primeira volta. A saída da curva 3 de St Petersburg sempre foi complicada, com a pista estreita e o muro sempre próximo. Logo no giro inicial Will Power tocou na traseira de Nolan Siegel, com ambos batendo forte e ainda envolvendo Louis Foster. Péssimo início para Power, que fala-se que seu lugar na Penske está por um fio. Os treinos mostravam que o pneu macio não durava muito e por causa disso, quem largou com pneus macios se mandou para os pits na primeira volta, para se livrar dos compostos moles e fazer toda a corrida com pneus duros. O líder desses pilotos fora Colton Herta, mas o americano da Andretti sofreu com vários antigos problemas que sua equipe tem em pit-stops, saindo da contenda pela vitória. Porém, a dupla da Ganassi, liderado por Dixon, e Newgarden faziam parte dessa trupe, enquanto o pole position Scott McLaughlin começou a corrida num ritmo forte, liderando boa parte da corrida usando os pneus duros, seguido pela dupla surpreendente dupla da Meyer&Shank.

Não houve mais bandeiras amarelas em St Pete, mas ainda assim a corrida foi decidida na estratégia. Os líderes não pararam, mas em algum momento teriam que usar pneus duros e por isso, teriam que fazer uma parada a mais. McLaughlin fez de tudo para se manter na ponta, mas parando uma vez mais, o neozelandês da Penske teve que se conformar com uma quarta colocação. Dixon era o líder da turma que parou uma vez menos, mas tendo Palou logo atrás, o espanhol acabou executando um undercut na última parada e saiu na frente de Dixon, que ainda viu Newgarden assumir a segunda posição.

O último quarto de prova viu Palou ficar preso atrás do retardatário Sting-Ray Robb, permitindo a aproximação de Newgarden e Dixon, mas nada pôde impedir a vitória de Palou, grande vencedor da prova. Na última volta, Dixon ainda ultrapassou Newgarden para completar a dobradinha da Ganassi. Com os dois carros da Penske logo atrás, quem veio atrás deles foram dois pilotos da Andretti (Kirkwood e Ericsson), enquanto Lundgaard foi a melhor McLaren, com Pato O'Ward tendo um pneu furado pelo melê da primeira volta. A primeira vitória de Alex Palou em St Pete indica que o espanhol partiu forte rumo ao tetracampeonato.

Brincando de ganhar

 


Na Sprint, Marc Márquez já tinha dado o seu recado, com uma vitória dominadora vindo da pole. Estreando na equipe oficial, Márquez teve a corrida sob controle e ainda viu seu irmão completar a dobradinha. Vinte e quatro horas depois, provavelmente para mostrar ao resto do pelotão que está com a moto na mão, Marc Márquez resolveu brincar um pouco e deixou seu irmão Alex liderar a corrida praticamente inteira, antes realizar a ultrapassagem decisiva e retomar a ponta e venceu em sua estreia oficial na equipe de fábrica da Ducati.

A corrida em Chang não foi das mais emocionantes, mesmo com Marc praticamente estendendo o tapete vermelho para Alex o ultrapassar. Era nítido que Marc Márquez apenas brincava com o restante de pilotos da MotoGP. Vindo de uma manobra arriscada na carreira, ao sair da Honda oficial, onde conquistou todos os seus títulos, para a pequena Gresini, Marc Márquez entrou na equipe oficial da melhor moto disparada da MotoGP e mesmo tendo ao lado dos boxes um bicampeão mundial, o espanhol simplesmente dá a sensação de já ter colocado Bagnaia no bolso. O que o italiano não contava era a força de Alex Márquez. Totalmente eclipsado pelo irmão mais velho, Alex também deu seu recado na Sprint ao não apenas ficar em segundo na minicorrida, como ter ajudado como pôde Marc. Na prova principal, talvez querendo agradecer e agradar o irmão mais novo, Marc praticamente abriu passagem para Alex liderar a corrida praticamente inteira. Bagnaia, que chegou a ultrapassar Alex na largada, mas errou ligeiramente antes de ser reultrapassado, se via às voltas com Franco Morbidelli, que ultrapassara a sensação do final de semana, o novato Ai Ogura, que fez um ótimo final de semana e sendo o melhor piloto da Aprilia.

Quando faltavam três voltas, Marc acabou a brincadeira e ultrapassou o irmão sem maiores problemas e abriu, mostrando a todos que estava tudo sob controle. Bagnaia esboçou um ataque, mas se conformou com o terceiro lugar, além de ter percebido que sua situação dentro da Lenovo Ducati será bastante delicada com Marc já se sentindo em casa e ainda tendo seu irmão como escudeiro, caso precise. A Ducati mostrou sua força ao ficar com quatro primeiras posições, deixando para as demais montadoras a sensação de deja-vù. Honda e Yamaha evoluíram, mas estiveram longe de brigar pelo pódio. Joan Mir fazia uma corrida interessante e, sem maiores surpresas, caiu. Era esperado que Fabio Quartararo fosse a ponta de lança da Yamaha, mas uma má largada do francês o relegou às últimas posições e foi Jack Miller a melhor Yamaha do dia. Pedro Acosta era a melhor KTM quando caiu, mostrando que falte ao talentoso espanhol uma melhor moto.

A primeira corrida da temporada 2025 mostrou um Marc Márquez fortíssimo, demonstrando que sua aposta está dando certo. Também a de Davide Tardozzi, que mesmo perdendo o atual campeão Jorge Martin para a Aprilia, apostou que Marc Márquez ainda tem condições de ser o piloto dominante pré-Jerez/2020. E Marc mostrou que aquele piloto pode estar de volta.