segunda-feira, 10 de agosto de 2015

História: 35 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1980

Quando a F1 chegou em Hockenheim para o Grande Prêmio da Alemanha de 1980, todos ainda estavam chocados com a morte de Patrick Depailler apenas alguns dias antes no mesmo local. Reuniões foram realizadas pelos membros da GPDA, mas nenhuma nova reação foi feita pelo acidente de Depailler na Ostkurve, que recebeu uma atenção especial por parte dos organizadores. A Alfa Romeo resolveu correr na Alemanha com apenas um piloto, com Bruno Giacomelli dedicando sua corrida para o seu amigo Depailler. Após o sucesso da Williams em Paul Ricard e Brands Hatch, todas as equipes montadas com pneus Goodyear resolveram utilizar rodas dianteiras com um raio de 15 polegadas. Porém, a velocidade atingida nas curvas fez com que a FISA obrigasse a todos correrem com pneus de 16 polegadas, mas testes no rápido circuito da Áustria realizados por Alan Jones mostravam que a mudança não influenciava em nada na velocidade de curva. Porém, era esperado um bom desempenho dos carros Renault turbo nas longas retas de Hockenheim.

A sexta-feira de classificação foi prejudicada pela chuva, mas no sábado houve uma acirrada disputa entre Williams e Renault. Jones consegue sua sexta pole com quatro centésimos de segundo à frente de Jabouille, com Arnoux logo atrás. Porém, o chefe da Renault Jean Sage estava preocupado com a quebra de três motores. Pelos problemas nas rodas apresentadas em Brands Hatchs, a Ligier resolveu não participar de um teste de pneus e por isso, os carros azuis não estavam plenamente acertados desta vez em Hockenheim, com Laffite em quinto e Pironi em sétimo. Entre eles, estava Nelson Piquet, mostrando a sua regularidade na sua tentativa de se manter na luta pelo título contra Jones, que não sabia, mas marcava sua última pole na F1.

Grid:
1) Jones (Williams) - 1:45.85
2) Jabouille (Renault) - 1:45.89
3) Arnoux (Renault) - 1:46.00
4) Reutemann (Williams) - 1:46.14
5) Laffite (Ligier) - 1:46.78
6) Piquet (Brabham) - 1:46.90
7) Pironi (Ligier) - 1:47.20
8) Rosberg (Fittipaldi) - 1:47.64
9) Andretti (Lotus) - 1:48.45
10) Patrese (Arrows) - 1:48.58

O dia 10 de agosto de 1980 amanheceu muito nublado em Hockenheim, com séria ameaça de chuva, inclusive com nevoeiro na parte do Estádio pela manhã. Havia um grande temor por se correr na rapidíssima pista de Hockenheim com piso molhado e o consequente spray jogado para os carros de trás. A morte de Depailler ainda assustava toda a F1, mas para sorte dos pilotos, a esperada chuva não veio e mesmo com o tempo muito nublado, a corrida aconteceria com piso seco. Na largada, Jones aproveita o famoso retardo dos motores turbo e se mantém na ponta, seguido pelos dois carros amarelos. Mesmo não tendo nenhum retardo no motor, Reutemann larga muito mal e perde várias posições, enquanto o surpreendente Keke Rosberg, andando pela primeira vez com o novo Fittipaldi F8, subia para um excepcional sexto lugar.

Ainda na primeira volta, Jabouille usa a prodigiosa potência do seu motor Renault turbo e ultrapassa Jones antes da freada da primeira chicane e com isso, o francês liderava a primeira volta. Jones consegue segurar Arnoux e se mantém em segundo, enquanto Jabouille abria 1.5s no final da segunda volta. Reutemann tentava uma corrida de recuperação e entra nos pontos quando ultrapassa Rosberg. Villeneuve, em sua Ferrari mal concebida em 1980, fazia outra corrida de recuperação e após largar em 16º, já aparecia em oitavo lugar na terceira volta, mas que viraria sétimo quando Rosberg tem que ir tristemente para os boxes, com problemas em sua asa dianteira. Após um início de corrida de sonho, o finlandês abandonaria ainda na oitava volta com um problema de rolamento. Nelson Piquet teve problemas de embreagem na largada e por isso fazia também uma corrida de recuperação, vindo do 14º lugar. Após assumir a liderança, Jabouille não consegue abrir vantagem e com isso, os quinto primeiros colocados andavam muito próximos na décima volta, com a dupla da Ligier fechando a raia com Laffite e Pironi. Na briga pelo primeiro lugar, quando Jones esboçava uma ultrapassagem sobre Jabouille, o francês da Renault usava a potência do seu motor turbo e rechaçava qualquer manobra do piloto da Williams, mas Jones estava claramente mais rápido no Estádio e nas freadas das chicanes. Enquanto isso, a recuperação estonteante de Piquet o via já próximo dos pontos, quando o brasileiro ultrapassa Villeneuve pela 7º posição. Como já havia acontecido outras vezes, Villeneuve forçava acima do que sua Ferrari poderia lhe dar e isso destruía os pneus Michelin, que não suportavam o esforço e o canadense ia perdendo rendimento, não raro, tendo que fazer pit-stops. Como aconteceu em Hockenheim.

Enquanto a corrida chegava a sua metade, a briga pela liderança se estabelecia apenas entre Jabouille e Jones. Arnoux perdia contato com os dois líderes e começava a ser acossado pelo compatriota Laffite, que já não tinha que se preocupar com Pironi, que havia abandonado na volta 18 com problema na transmissão de seu Ligier. Provavelmente o francês deu 'adieu' para as suas chances de título. A corrida fica estática, com Jabouille controlando muito bem os poucos ataques de Jones, mas a Renault tinha trazido uma nova especificação do seu motor para Hockenheim, com novas válvulas pneumáticas. Mais potente que o motor anterior, essa especificação do motor Renault já tinha trazido dores de cabeça para o franceses durante o final de semana e quando Jabouille se aproximava da sessão do Estádio na volta 27, o francês levantou o braço. Sete segundos atrás, Arnoux encosta seu Renault na grama. Jabouille e Arnoux estavam fora da corrida. Ambos afetados pela quebra de uma válvula pneumática. Jones agora tinha mais de 10s de vantagem sobre Laffite, seguido de longe por Reutemann e Piquet.

Porém, como diria Juan Manuel Fangio, 'carreras son carreras'. Jones já tinha mais de 13s de vantagem sobre Laffite, quando o francês teve dificuldades em ultrapassar retardatários. Então, na volta 40, com cinco para o fim, Jones tem um pneu dianteiro esquerdo furado. O australiano se arrasta pela pista e chega aos boxes da Williams, que efetua a troca dos quatro pneus em 21s. Sem limite de velocidade dentro dos pits, Jones sai feito louco dos pits e retorna à pista logo à frente de Piquet, seu rival pelo título. Furioso com a falta de sorte, Jones marca a volta mais rápida da prova, também impelido por Piquet, que ao ver seu grande rival de 1980 logo à sua frente, aumenta o ritmo. Reutemann também aumenta o seu ritmo no final, diminuindo de 10s para 3s nas voltas finais sua desvantagem, mas Laffite controla o ritmo e vence uma corrida que lhe caiu no colo, diminuindo um pouco a sua frustração de Brands Hatch. Jones completa a corrida em terceiro, mas o australiano estava tão frustrado, que nem vai ao pódio no fim. Piquet recebe a bandeirada menos de 1s em quarto, enquanto Giacomelli se aproveitou do abandono de Elio de Angelis no finalzinho da prova para garantir o quinto lugar e dedicar à memória de Depailler. Após trocar seus pneus, Villeneuve ainda consegue marcar um pontinho, com o sexto lugar. No pódio, ainda lembrando do seu amigo Patrick Depailler, o simpático e sempre alegre Jacques Laffite chorou quando a 'Maselhesa' ecoou em Hockenheim. "Não posso recusar uma vitória, mas eu não queria ganhar hoje. Para mim, foi uma vitória sem alegria", lamentou Laffite após o seu triunfo. Dias tristes aqueles de 35 anos atrás.

Chegada:
1) Laffite
2) Reutemann
3) Jones
4) Piquet
5) Giacomelli
6) Villeneuve

Nenhum comentário:

Postar um comentário