quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Hora do adeus

Se toda história tem seu fim, Felipe Massa, de forma até surpreendente, anunciou sua aposentadoria da F1 para o final dessa temporada hoje, em Monza. O brasileiro reuniu a Williams e toda a sua família para dizer que 2016 marcará seu último ano na F1, encerrando uma carreira que, se não foi brilhante, não passará desapercebida para quem contar a história de Felipe Massa no futuro.

Massa foi um dos primeiros pilotos de 'laboratório' da F1, onde uma equipe grande capta um talento das categorias de base e o coloca na F1. A proximidade de Massa com a família Todt foi de grande valia para que Felipe passasse tantos anos na Ferrari, mesmo não sendo um piloto tão talentoso como Alonso ou Raikkonen, seus contemporâneos na F1. Gosto de comparar Massa à Nigel Mansell. O inglês não tinha o talento das estrelas da sua época (Piquet, Prost e Senna), mas tinha muita força para enfrentá-los e muitas vezes o derrotou, mesmo sem a finesse técnica. Massa é claramente menos piloto do que Alonso, Raikkonen, Button, Hamilton e outros, mas o brasileiro derrotou-os em várias oportunidades e participou da final mais emocionante da F1, em 2008. 

A saída de Felipe Massa, apesar de esperada em algum momento, é um grande golpe no automobilismo brasileiro. Voltando quinze anos no tempo, na época em que Felipe Massa batia na porta da F1, o Brasil tinha pilotos sobrando para entrar na F1. Hoje, a perspectiva é sombria. Felipe Nasr luta por um lugar na categoria, ainda assim, na pior equipe da F1. Atrás dele, não há ninguém quem empolgue. Nem mesmo Nasr. Sergio Sette Câmara tem o valioso apoio da Red Bull, mas o jovem mineiro vem de uma temporada decepcionante na F3 Europeia, categoria onde Pedro Piquet estreou esse ano sob muita expectativa e fracassou estrondosamente. Pietro Fittipaldi conta apenas com o sobrenome famoso. De resto, não há ninguém no vácuo de Felipe Massa para fazer com que o torcedor comum, aquele que quer ver o Brasil vencendo, se anime a passar uma hora e meia na frente da TV para ver uma corrida de F1. A Globo sabe disso e se nada mudar nos próximos anos, não será surpresa termos que aguentar Lito Cavalcanti e sua trupe no Sportv.

Particularmente, a saída de Felipe Massa da F1 para mim é marcante, pois o paulistano é exatamente um ano mais velho do que eu e posso dizer que acompanhei sua carreira inteira, onde identifiquei virtudes e defeitos, mas o tempo passa e Massa irá fazer outra coisa na vida, dentro ou fora do automobilismo.

Felipe Massa foi superado pelos seus companheiros de equipe praticamente a carreira inteira na F1 e o seu acidente em 2009 foi, mesmo ele negando, um ponto de virada para ele, pois Massa, em ótima fase naquele momento, nunca mais foi o mesmo piloto combativo de antes do acidente. As comparações com Rubens Barrichello serão mais fortes no futuro próximo, quando as carreiras de ambos serão analisadas de forma completa. Quem foi o melhor? Para mim, empate técnico. Porém, Massa superou Barrichello no quesito parar, sabendo a hora de dizer adeus e fazer isso de forma digna, ao contrário de Rubens, que foi aposentado e pareceu nunca ter se acostumado com isso. Massa deu adeus a F1 e a categoria soube exalta-lo. Uma carreira acima das expectativas, sem dúvidas, mas para a exigente torcida brasileira, Felipe Massa poderia ter feito mais.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário