quinta-feira, 17 de março de 2022

E que venha 2022

 


O início de mais uma temporada de F1 sempre gera expectativas nas pessoas que acompanham o esporte e a categoria em particular, mas 2022 tem alguns pormenores que fazem que essa temporada seja ainda mais esperada. Não vou entrar no exagero de Sérgio Maurício em dizer que 2021 foi a melhor temporada da história da F1, mas não há como negar que o ano que passou foi histórico para a Formula 1 e como falei no final do ano passado, dependendo do contexto e do que venha acontecer, 2021 pode não ter terminado. Além do mais, um carro completamente novo estreia com muitas equipes esperando dar o pulo do gato e subir de patamar. Alguém conseguirá? 

Os testes de pré-temporada indicam que o status quo da categoria não mudará dramaticamente, como muitos apostavam. Há um pelotão dianteiro bem forte, com Red Bull, Ferrari e Mercedes, talvez nessa ordem, com as demais sete equipes lutando para ser o melhor do resto, esperando que a diferença para as equipes grandes não seja tão grande quanto ocorreu ano passado quando o duo Red Bull/Mercedes estava claramente milhas à frente das demais. As equipes acumularam quilometragem e mesmo os tempos não podendo indicar muita coisa, a performance pode estar nas declarações ou até mesmo na linguagem corporal dos protagonistas. Quem saiu do Bahrein semana passada com um sorrido no rosto foi a Red Bull. O novo carro foi confiável e Max Verstappen ficou com o melhor tempo dos três dias no deserto, com Sergio Pérez mais próximo do neerlandês. O comportamento do novo Red Bull era estável, ao contrário da Mercedes.

Após o desempenho discreto em Barcelona, a Mercedes apareceu no Bahrein com um carro inovador, praticamente sem sidespots laterais, lembrando bastante o Lambo de 1991 com Nicola Larini. Contudo, o carro se mostrou bastante arisco e foi o que mais 'quicou' nas retas e até mesmo na curvas. O quiques, ou porpoising, é o mais novo problema do novo carro da F1 e a Mercedes é quem mais sofre com isso, fazendo com que Hamilton e George Russell, novo contratado da equipe, já falem em sérias dificuldades da Mercedes nas primeiras provas do ano, algo que muitos duvidam, do que seria mais um blefe da Mercedes. À aguardar. O certo é que algumas equipes já reclamaram das novas laterais do carro e se por acaso a Mercedes conseguir uma vantagem claro com a novidade, as demais equipes dificilmente poderão imitar os tedescos. Após certa especulação, Hamilton falou que voltou para 2022 mais perigoso do que nunca à procura do oitavo título, enquanto Russell procurará mostrar que mereceu toda a confiança da Mercedes após anos convincentes na Williams. 

Uma das equipes que mais reclamaram do novo carro da Mercedes foi a Ferrari. Considerada a grande sensação da pré-temporada, a Ferrari foi a equipe que mais acumulou quilometragem, foi constantemente rápida e o carro se mostrou estável tanto na Espanha como no Oriente Médio. Sainz e Leclerc andaram muito próximos, aumentando a sensação de que a Ferrari tem uma dupla fortíssima, porém, ninguém sabe como os dois jovens se comportarão quando tiverem um carro vencedor nas mãos. O grande receio da Ferrari sob o carro da Mercedes é o conhecimento que os italianos tem um carro forte e que poderá voltar a brigar pelas vitórias em 2022. A McLaren parecia que poderia estar nessa briga, mas testes problemáticos no Bahrein diminuíram o ímpeto dos ingleses. Ricciardo pegou Covid e Norris testou tudo sozinho no Oriente Médio, enquanto o carro teve vários problemas que atrapalharam a McLaren e a sensação de que eles poderiam brigar pela vitória. Norris tentará manter a boa forma de 2021, principalmente na primeira metade do ano, enquanto Ricciardo sabe que um segundo ano abaixo das expectativas, ele que completará 33 anos, poderá ser definitivo em sua continuidade como piloto de ponta na F1.

Muitas equipes apostaram firme em 2022 com histórias idênticas, de que irão brigar pela vitória com os novos regulamentos. Contudo, todas essas equipes precisavam lembrar que em 2022 a F1 ainda terá apenas um vencedor e o pódio terá os mesmos três ocupantes. Muitas equipes não terão muita evolução em relação ao que fizeram nos últimos anos. A Alpine mudou muita coisa nos bastidores, inclusive a dispensa de Alain Prost, mas mesmo sendo uma equipe de fábrica, os franceses estiveram longe de estarem fortes o suficiente para brigar por vitórias, mesmo Alonso conseguido um ótimo quarto lugar no último treino. A Aston Martin parece perdida ao não ter o mesmo apoio estreito que já teve com a Mercedes e o carro não parece tão rápido ou confiável, enquanto Vettel tentará recuperar sua carreira, mas o alemão não participará da primeira corrida (Hulkenberg o substituirá) por contrair Covid. A Alpha Tauri manteve o DNA dos seus carros, com muita robustez e uma velocidade decente, dando armas para que Pierre Gasly consiga uma boa chance num time grande. Red Bull? O francês sabe que lá tem dono e sofreu quando lá esteve. Tsunoda espera um ano mais consistente, após muitos acidentes em sua temporada de estreia.

A Alfa Romeo trocou sua dupla de pilotos e Valtteri Bottas será pela primeira vez na carreira o piloto sênior de uma equipe de F1, tendo como desafio liderar a Alfa e ainda guiar o novato endinheirado  Guanyu Zhou. A Williams sofreu um baita desfalque com a esperada saída de Russell para a Mercedes e espera que Alex Albon seja um substituto à altura do britânico, enquanto Nicholas Latifi se preocupa apenas que seu pai não atrase nenhuma fatura. Falando nisso, a Haas sofreu com a guerra iniciada por Putin na Ucrânia, mas olhando de uma forma diferente, os americanos acabaram se dando muito bem. Eles utilizando o dinheiro da Uralkali para projetar o novo carro, que pareceu melhor nascido que o anterior, mesmo que tendo que melhorar a confiabilidade. Porém, teria que aturar Nikita Mazepin. Teria. Com as sanções contra os negócios russos, a Uralkali não teve como financiar mais a equipe e sem o dinheiro russo, Mazepin foi dispensado. Para alegria íntima de Steiner e Haas. Tendo Mick Schumacher como uma aposta e claramente em evolução, agora o alemão terá como companheiro Kevin Magnussen, que correu muitos anos na Haas e se mostrou um piloto sólido, fazendo com que a Haas tivesse um bom carro e com as já faladas sanções, a Uralkai nem pode processar a equipe pelo dinheiro injetado no time americano... 

A Band permanecerá transmitindo a F1 com uma cobertura maior do que a Globo e bastante elogiada. Com um 2021 tão bom, 2022 terá como desafio pelo menos emular o que houve ano passado e logicamente todos os holofotes estarão na rivalidade entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. Agora com o número 1 no carro, o piloto da Red Bull terá menos pressão para defender o título, com a mesma situação de ter a Red Bull trabalhando praticamente para ele. E o carro novo parece bem nascido. Já Hamilton tentará mostrar que poderá fazer frente ao jovem ataque de Max e se isolar como o maior campeão da história da F1. Max ou Lewis? Um terceiro personagem aparecerá? É o que todos irão ver a partir do próximo domingo.

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