sábado, 4 de junho de 2022

História: 50 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1972

 


Com o circuito de Spa-Francorchamps considerado muito inseguro até mesmo nos anos 1970, o Grande Prêmio da Bélgica teria que achar outro palco e o lugar escolhido para 1972 foi o circuito de Nivelles, a poucos quilômetros ao sul de Bruxelas, com um traçado considerado bem simples, mas com instalações modernas e amplas áreas de escape. Muito diferente de Spa. A grande ausência dessa corrida seria Jackie Stewart, que com uma úlcera acabou sendo operado e ficaria de fora da corrida belga. Rapidamente o problema intestinal do escocês ganharia nome de 'úlcera-Fittipaldi'. Correndo em casa, Jacky Ickx tentaria de todas as formas a vitórias, ainda mais na vice-liderança do campeonato, mas o belga não estava nada satisfeito com sua Ferrari, que novamente não teria Mario Andretti. Outra grande novidade era a estreia da equipe italiana Tecno, de bons resultados nas categorias de base e com a ajuda do vermute Martini, debutaria na F1 com Nani Galli ao volante. 


Os treinos livres foram dominados pelos carros da Ferrari e pela Lotus de Emerson Fittipaldi, que conquistou sua segunda pole consecutiva na classificação, com apenas quinze centésimos à frente de Regazzoni. Denny Hulme conseguiu ficar à frente de Ickx, para decepção da torcida local. O brasileiro José Carlos Pace teve uma atuação soberba ao colocar sua March da equipe de Frank Williams na décima primeira colocação do grid, bem à frente dos Marchs oficiais. 

Grid:

1) E.Fittipaldi (Lotus) - 1:11.43

2) Regazzoni (Ferrari) - 1:11.58

3) Hulme (McLaren) - 1:11.80

4) Ickx (Ferrari) - 1:11.84

5) Cevert (Tyrrell) - 1:11.93

6) Beltoise (BRM) - 1:12.12

7) Revson (McLaren) - 1:12.19

8) Hailwood (Surtees) - 1:12.35

9) Reutemann (Brabham) - 1:12.50

10) De Adamich (Surtees) - 1:12.54


O dia 4 de junho de 1972 estava com um clima agradável ao sul de Bruxelas e o circuito de Nivelles recebeu um bom público para a sua primeira corrida de F1. Por sinal, por ser um circuito curto, o público tinha uma ótima visão de toda a pista, mas por as arquibancadas ficarem longe da ação da pista (para os padrões da época), havia uma certa frieza no pelotão e os pilotos não estavam nada impressionados pelo traçado simples e de formato de um revólver da pista localizada na Valônia. De qualquer forma, a largada foi dada com Emerson Fittipaldi, sempre muito cauteloso ao usar a embreagem nas largadas, saindo muito lentamente e imediatamente sendo ultrapassado por Regazzoni e Hulme. Com a confiança em alta, Emerson ficou na terceira posição, seguido por Ickx e Cevert, enquanto mais atrás Andrea de Adamich e Peter Revson se tocavam, estragando suas corridas.


Hulme sente vibrações em seu McLaren ainda na primeira volta e é ultrapassado por Emerson e Ickx, que no final da reta dos boxes tentou um bote em cima de Fittipaldi, mas o paulista fechou a porta. Os sete primeiros andavam juntos, com Emerson atacando Regazzoni pela liderança, conseguindo a ponta na nona volta. O desequilíbrio da McLaren de Hulme era flagrante e o neozelandês era ultrapassado por Cevert e Amon, saindo da luta pela vitória. Aos poucos Emerson abria vantagem sobre as Ferraris, que eram perseguidas de perto por Cevert e Amon, com a Matra se mostrando muito forte em ritmo de corrida. Na volta 26 Ickx entra nos boxes lentamente com problema no cabo do acelerador. A Ferrari ainda realiza um conserto e faz Ickx voltar à corrida, mas bastante atrasado, o piloto da Ferrari não seria mais um fator na prova e abandonaria mais tarde quando estava nas últimas posições. Para piorar as coisas para a Ferrari, Cevert aumentou o ritmo e ultrapassa Regazzoni para subir para segundo. Até então sem pontos em 1972, Cevert fazia muito bem as honras da Tyrrell. Emerson abria 12s sobre Cevert e começava a administrar sua liderança, enquanto seu companheiro de equipe Dave Walker vai duas vezes aos pits trocar pneus por falta de estabilidade do seu Lotus. Um abismo separava os dois pilotos da Lotus.


Os líderes enfrentavam os retardatários sem maiores problemas na larga pista de Nivelles, mas na volta 58 Regazzoni colocava uma volta na estreante Tecno, quando Galli rodou na última curva e atingiu a Ferrari de Clay, causando o abandono de ambos e pela primeira vez em 1972, a Ferrari voltava para Maranello com as mãos abanando. Em sua tentativa de se aproximar de Cevert, Chris Amon marca a volta mais rápida da corrida, mas o neozelandês abranda seu ritmo nas voltas finais, quando percebe que seu combustível poderia não fazê-lo completar a prova. Na verdade o azarado Amon estava com problemas na bomba de combustível e faltando sete voltas ele tem que ir aos pits da Matra fazer um reabastecimento improvisado, que o faz perder muito tempo e perder uma volta para Emerson, mas ainda na zona de pontos. Emerson Fittipaldi conquistava sua segunda vitória em 1972 numa corrida em que dominou. Cevert terminou em segundo marcando seus primeiros pontos em 1972, limitando os danos para a  desfalcada Tyrrell. Mesmo com um carro longe de estar perfeito, Hulme completou o pódio num distante terceiro lugar. Hailwood foi quarto e também marcou seus primeiros pontos da temporada. Pace teve um final de semana espetacular e marcou dois pontos, numa atuação muito acima do potencial da equipe Williams. Atingido novamente pelo azar, Amon teve que se contentar com o sexto lugar. Com essa vitória, Colin Chapman tinha a certeza de que Emerson Fittipaldi tinha totais condições de lhe dar mais um título de campeão e o brasileiro abria nove pontos de frente para o novo vice-líder, Denny Hulme. Com Stewart de molho, todos esperavam para ver o duelo entre o Rato e o Vesgo.

Chegada:

1) E.Fittipaldi

2) Cevert

3) Hulme

4) Hailwood

5) Pace

6) Amon

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