domingo, 5 de junho de 2022

Redenção

 


Ano passado Will Power liderava tranquilo rumo à vitória em Detroit quando uma bandeira vermelha interrompeu a corrida nas voltas finais. O piloto da Penske puxava a fila, quando seu carro simplesmente não religou e Power perdia uma vitória que estava nas suas mãos e não tinha sido culpa do australiano, dando a primeira vitória à Marcus Ericsson na Indy. Um ano depois, Power largou apenas em 16º na última prova realizada em Belle Isle e aparentemente teria uma corrida difícil pela frente, contudo, o concreto que reveste a maior parte do traçado da pista de rua de Detroit sempre tratou mal os pneus e a tática entrou em cena nesse domingo, com a Penske acertando em cheio a estratégia e Power voltou a vencer, deixando para trás a amarga derrota do ano passado.

Pela primeira vez na história a corrida em Detroit aconteceu sem bandeiras amarelas, ao contrário do que normalmente ocorre na ondulada pista de Belle Isle, que se despede esse ano da Indy, com Detroit retornando ao 'downtown' em 2023, lugar onde ocorriam as corridas de F1 na década de 1980. Mesmo sem bandeiras amarelas, a estratégia foi primordial para definir os rumos da prova. Boa parte do grid largou com os pneus macios, enquanto alguns pilotos que estavam mais atrás no grid largariam com pneus duros, incluídos nessa turma, Power, Scott Dixon e Alex Palou. O pole Newgarden e a dupla da Meyer Shank largaram bem e ponteavam a corrida sem maiores arroubos, quando alguns pilotos do pelotão intermediário já visitavam os pits para colocar pneus duros. Entre eles, Alexander Rossi. O americano da Andretti anunciou sua saída da equipe e a ida para o time McLaren em 2023 nessa semana, após anos de resultados ruins de Rossi. O anúncio pareceu fazer bem à Rossi, que vinha muito bem em Detroit, mas acabou atrapalhado por Grosjean na classificação e Rossi largou apenas em 11º.

Quando colocou os pneus duros, Rossi se tornou imediatamente o piloto mais rápido da pista, virando 3s mais rápido do que os líderes, que teimosamente ficavam na pista com um pneu que se desfazia a olhos vistos. Largando com os pneus corretos, Power, Dixon e Palou escalaram o pelotão até chegar à ponta. Além do perigo de uma bandeira amarela iminente (e que não viria), havia o risco de chuva (que também não deu as caras). Power liderava à frente dos pilotos da Ganassi, enquanto Newgarden, Pagenaud (Castroneves abandonou com problemas elétricos) e O'Ward saíam da luta pela vitória, após liderarem as primeiras voltas. Menos mal que também não saíram do top-10 com a tática errada de suas respectivas equipes. Na primeira parada, Dixon e Palou colocaram pneus macios por obrigação do regulamento, enquanto Power permanecia com os duros. No segundo stint de corrida, mesmo parando uma vez mais, Rossi usou seus pneus duros para deixar a dupla da Ganassi para trás e esperar Power colocar pneus macios para atacar o piloto da Penske.

Quando Power fez sua última parada e colocou os pneus macios, começou uma contagem regressiva de quando Rossi o alcançaria. Enquanto os pneus macios funcionaram, Power manteve uma vantagem superior a 10s, mas Rossi foi tirando a vantagem e encostou em Power no meio da última volta, porém, não havia muito mais a ser feito e Power conseguiu sua redenção pela derrota sofrida ano passado em Detroit, além de reassumir a ponta do campeonato. O vencedor das 500 Milhas de Indianápolis Marcus Ericsson fez uma corrida opaca e ficou no seu habitual lugar de terceiro piloto da Ganassi, com Dixon indo pela primeira vez ao pódio nessa temporada. Power falou muito em 'redenção' pelo ocorrido em 2021 e o australiano da Penske soube usar a estratégia perfeita de sua equipe para vencer novamente na Indy.

Nenhum comentário:

Postar um comentário