quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Fim de uma era


 Alguns anos atrás, estar na equipe Repsol Honda era certeza de estar na melhor equipe da MotoGP, além de estar na briga por vitórias. Foi apostando nisso que a Honda contratou o jovem fenômeno Marc Márquez em 2013 e com todo o seu talento, o espanhol enfileirou seis títulos nos seus primeiros sete anos na MotoGP. Nada poderia deter Márquez e a Honda, mas já haviam alguns pormenores perceptíveis. A montadora nipônica focou tanto em Márquez, que a moto só serviria ao espanhol e mesmo que a moto não fosse tão boa, Márquez tiraria a diferença no braço.

Contudo, esse mesmo braço que Márquez tanto tirou a diferença acabou quebrado num sórdido acidente em Jerez na abertura da temporada 2020. No desespero para ter Márquez o mais rápido possível, a Honda copatrocinou (junto com Marc, verdade seja dita) um retorno irresponsável que acabou por quase terminar a carreira de Márquez de forma prematura. Enquanto isso, as montadoras europeias foram trabalhando em formas de chegar ao nível de Honda e Yamaha, as eternas campeãs do Mundial desde a década de 1970. A Ducati trouxe a aerodinâmica para a MotoGP, ao mesmo tempo em que pensava fora da caixinha e trazia novos equipamentos eletrônicos que faziam a diferença, enquanto as demais montadoras corriam atrás. Reconhecida pela ótimo motor, a Ducati foi também se caracterizando por dominar o que havia de mais moderno em termos de motos de corrida, enquanto a Honda esperava o retorno de Márquez o mais em forma possível. 

Isso só aconteceu nesse ano, após quatro cirurgias no braço direito de Márquez. A Honda pensava que ter o melhor piloto em sua moto resolveria todos os seus problemas, mas a Ducati, atual campeã da MotoGP, mostrou que as coisas mudaram. Sem Márquez para testar e desenvolver as motos, a Honda parecia não confiar plenamente nos demais pilotos, deixando a moto muito instável e o resultado foi que vários pilotos da marca da asa dourada sofreram acidentes graves. Márquez ainda mantém sua mentalidade vencedora, mas com uma moto nitidamente inferior, se forçasse mais um pouco, poderia resultar numa queda a ponto de Marc passar quase um ano sem terminar uma corrida completa (sem contar Sprint). Já tendo trinta anos de idade, Marc Márquez percebeu que a Repsol Honda está tão atrasada frente à Ducati, que simplesmente ele não poderia ser mais campeão pela montadora que apostou nele dez anos atrás lhe oferecendo competitividade infinita, mas que foi perdida. Com o mercado de pilotos pouco promissor, com boa parte dos pilotos de fábrica tendo seus contratos encerrados no final de 2024, Márquez começou a olhar para os times satélites.

A equipe Gresini revelou Bastianini em 2022, contava com Alex Márquez e, principalmente, tinha a Ducati. Marc Márquez ainda tinha contrato com a Honda até o final de 2024, mas preferiu jogar tudo para o alto após o primeiro teste com a Honda versão 2024 e mesmo indo para a menor das equipes satélites da Ducati, Marc preferiu isso a ficar mais um ano morgando na Honda. 

Uma decisão que parecia impensável alguns anos atrás, mas estamos vendo o melhor piloto do pelotão sair da equipe de fábrica da maior montadora de motos do mundo para ir para uma pequena equipe satélite. Márquez quer uma Ducati e correu para ela, com o plus de ainda estar correndo ao lado do irmão mais novo. A outrora poderosa Honda lamberá suas feridas e tentará revolucionar sua moto? Do jeito que está, simplesmente a Honda não tem maiores benefícios a oferecer aos principais pilotos disponíveis, fazendo com que a Honda sofra ainda mais em 2024 e nos anos seguintes.

Já Márquez esperar retornar aos bons tempos andando numa moto comprovadamente boa, mesmo numa estrutura menor. Com um ano de contrato, Marc ainda tem fome de querer ir para uma equipe de fábrica, até mesmo para a própria Ducati num futuro próximo. Vamos aguardar se Marc se adaptará a nova moto e mostrará novamente toda a sua magia. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário