domingo, 22 de outubro de 2023

Uma festa cinquentenária


 Não foi com a facilidade esperada, vide o que aconteceu na corrida da Sprint nesse sábado, mas o resultado aguardado veio: mais uma vitória de Max Verstappen. Simplesmente o triunfo de número 50 do neerlandês na F1, que de quebra igualou o recorde que é dele mesmo de quinze vitórias numa mesma temporada. Lembrando que ainda faltam quatro corridas para o fim. Numa prova cheia de alternativas, Verstappen deu um golpe de misericórdia nos rivais com um ritmo que, se não foi tão avassalador como o de sábado, foi o suficiente para fazer Max subir de sexto para primeiro, tendo Hamilton e Norris, ambos em belas corridas, completando o pódio.


Debaixo de muito calor no Texas, a corrida em Austin não foi das mais empolgantes, mas as potenciais variantes táticas animou a prova norte-americana, que viu um enorme público no COTA. A vitória de Max na véspera deixava a sensação do quanto os pilotos segurariam o piloto da Red Bull com ele largando em sexto e se isso seria o suficiente para alguém derrotar Verstappen. Na largada, mesmo saindo do lado sujo, Lando Norris ultrapassou facilmente Charles Leclerc na briga pela primeira curva, assumindo a liderança, trazendo consigo o piloto da Ferrari, Sainz, Hamilton e Verstappen em quinto, se aproveitando de uma largada ruim de Russell. Era esperado uma corrida fulminante de Verstappen rumo à liderança, contudo Max segurava seu ritmo, dando a sensação de que estava se segurando. Logo surgiu a expectativa de que Verstappen poderia estar armando uma estratégia de parar apenas uma vez, algo que praticamente todos os pilotos do pelotão da frente especularam. Norris liderava de forma consistente na frente, enquanto Verstappen evoluía na medida em que os pneus dos carros da Ferrari iam pedindo arrego. Quando Hamilton pulou para segundo, ficava claro que a Mercedes tinha um ótimo ritmo e Lewis poderia se tornar, como de fato foi, um postulante à vitória. Quando a primeira rodada de paradas se aproximou para quem fosse aos pits duas vezes, foi com bastante surpresa que Verstappen entrou nos pits e entregando sua estratégia, saiu dos boxes com pneus médios, dizendo a todos que faria uma segunda parada.


Foi a senha para que McLaren, Mercedes e Ferrari considerassem parar apenas uma vez. Leclerc, Hamilton e Russell esticaram ao máximo suas paradas, tentando dar o pulo do gato. Até mesmo Norris, que parou ainda no primeiro terço de prova, tentou uma tática de uma parada. A Red Bull mandou Verstappen acelerar e saindo próximo de Norris, atacou o inglês, que se parasse uma vez, poderia estar com a corrida na mão, principalmente se ele segurasse Max o máxima possível. Um pequeno erro na entrada da reta oposta de Lando fez com que Max encostasse de vez e a ultrapassagem, com o DRS tão forte numa pista com alto downforce, fosse inevitável. Tendo esticado sua primeira parada, Hamilton perdeu 5s para Norris, mas com pneus mais novos, Lewis tirou a diferença para o compatriota, quando as equipes perceberam que o calor texano faria com que a estratégia de uma parada fosse uma barca bastante furada. Norris foi o primeiro a parar, seguido por Sainz, Pérez, Russell e por último, Hamilton. Já tendo a tática de duas paradas em mente, Max Verstappen não se abalou com toda essa movimentação. Na verdade, a falta de ritmo de Max (para os altíssimos padrões dele, deixando bem claro) foi por um problema nos freios, tirando um pouco a confiança do neerlandês. O piloto da Red Bull ainda teve algumas discussões com seu engenheiro que lhe falava no rádio na hora errada, mas assumiu a ponta da corrida. No entanto, Hamilton ainda tinha um ás na manga. O inglês da Mercedes fez sua segunda parada e colocou pneus médios, tornando-o um dos pilotos mais rápidos das voltas finais. Hamilton ultrapassou Norris e partiu para uma perseguição em cima de Verstappen. Lewis chegou a tirar 1s por volta, mas infelizmente os cálculos provavam que ainda faltaria uma volta para Lewis encostar de forma definitiva em Max, que mostrou toda a sua maturidade em ficar todo o primeiro setor atrás do retardatário Zhou para ter a sua disposição o DRS na reta oposta na última volta. Além de extremamente rápido e talentoso, Verstappen vai mostrando o quão completo se tornou e com cinquenta vitórias, já se aproxima merecidamente do olimpo dos grandes pilotos da F1.


Hamilton chegou apenas 2s atrás de Verstappen e com um assoalho novo em seu Mercedes, mostra que pode estar num caminho correto rumo ao retorno às vitórias. Basta a Mercedes não errar novamente! Mesmo assumindo a mesma estratégia de Hamilton, Russell tomou 20s no quengo do companheiro de equipe, terminando apenas em sétimo numa ótima corrida da Mercedes. Após liderar o primeiro stint da prova com a calma de um veterano, a primeira vitória de Lando Norris ficou para depois, porém, a McLaren já se consolidou como uma das postulantes a segunda força de 2023. A Ferrari novamente sofreu com os pneus, potencializado com o calor em Austin. Leclerc teimosamente permaneceu na tática de uma parada, deixando-o apenas com uma melancólica sexta posição, tendo Russell em seu cangote. E novamente a Ferrari veio com seu alfabeto de táticas, onde nenhuma funciona, mas ao menos Sainz fez uma estratégia convencional e terminou em quarto. Os tifosi choram de saudade de Ross Brawn. Pérez fez outra corrida sorumbática, onde mal apareceu e só foi quinto, vendo sua vantagem em cima de Hamilton na luta pelo vice-campeonato derreter como manteiga numa frigideira, local esse, onde Checo se encontra, pois já não é segredo que se o mexicano perder o vice-campeonato no final do ano, ele também perderá seu emprego.


Usando um belo capacete em homenagem à François Cevert, Pierre Gasly foi o melhor do resto, terminando em oitavo com a Alpine, que no sábado chegou a andar no ritmo da Mercedes de Russell, mas no domingo a realidade foi bem diferente. No final da corrida, Gasly teve que se defender de Stroll, que largou dos boxes e marcou pontos pela primeira vez desde o retorno das férias da F1. No entanto, Stroll não deixou de fazer uma presepada daquelas. O canadense simplesmente esqueceu que iria largar dos boxes e ao completar a volta de instalação, levou seu carro ao grid, onde não havia ninguém lhe esperando. Os mecânicos da Aston Martin saíram correndo para buscar o carro do filho do patrão, que ou está no mundo da lua ou está pensando na bela e longa aposentadoria que terá pela frente se sair da F1. Até quando pontua, Stroll apronta. Tsunoda fechou a zona de pontos e ainda marcou a volta mais rápida da corrida, dando um recado à Red Bull que trouxe Daniel Ricciardo de volta de uma aposentadoria compulsória para tomar o lugar de Pérez, mas na comparação direta dentro da Alpha Tauri, o japonês está levando vantagem no momento. Por sinal, Ricciardo teimou na errática tática de uma parada e terminou na última posição dos que receberam a bandeirada. As duas Williams vieram logo atrás da zona de pontuação, com Sargeant fazendo um bom papel em casa ficando próximo de Albon, enquanto Alfa Romeo e Haas ficaram para trás, mesmo os americanos também largando dos boxes, assim como a Aston Martin, para revisar os updates. Alonso estava na frente de Stroll quando abandonou, enquanto Piastri e Ocon se eliminaram, com efeito retardado, após um toque na primeira volta.


Mostrando como Hamilton se casa bem com a bela pista de Austin, o inglês da Mercedes fez uma grande prova e deu um calor em Verstappen, mas atualmente o neerlandês só permite pequenos vislumbres aos rivais. Mesmo com problemas nos freios e andando num ritmo abaixo do seu potencial, Max ainda conseguiu vencer e entrando na casa das cinquenta vitórias, ficou apenas a uma de Prost e a três de Vettel. Depois disso, Max só terá Schumacher e Hamilton à sua frente. Não é bom duvidar de Max Verstappen e a Red Bull. Se o recorde de Schumacher parecia impossível e bater e o foi, o de Hamilton também poderá ser batido e atualmente, quem mais do que Verstappen para quebra-lo?

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