segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Figura(MEX): Carlos Sainz

 Nas últimas semanas Carlos Sainz declarou que ainda queria uma vitória pela Ferrari nessas últimas provas com o time italiano. Além de querer sair por cima, Sainz sabe muito bem que dificilmente terá chances de vitória em condições normais nos próximos dois anos, com a Williams. E o espanhol cumpriu o prometido com categoria! Sainz esteve sempre entre os mais rápidos nos treinos e conseguiu uma pole enfática no sábado. Uma má largada, somada a agressividade desmedida de Max Verstappen deixou Sainz em segundo, mas numa manobra audaciosa, o espanhol ultrapassou Max e rumou para uma vitória enfática. Pela primeira vez na carreira Carlos Sainz venceu mais de uma corrida de F1 numa mesma temporada, indicando que merecia algo melhor do que um lugar na Williams em 2025.

Figurão(MEX): Sergio Pérez

 Está difícil tirar Checo dessa parte da coluna... Correndo em casa, Sérgio Pérez teria sua enésima chance de convencer a cúpula da Red Bull e cumprir o contrato com ele para o próximo ano, no mínimo, mas Checo teve outro final de semana calamitoso e nem mesmo o apoio da torcida e do seu principal mecenas, Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, adiantou. Logo de cara Pérez caiu no Q1 na classificação, fazendo-o largar das últimas filas, aumentando de antemão seu trabalho no domingo, só que Pérez piorou sua situação ainda mais ao estacionar seu carro fora do colchete no grid de largada, lhe rendendo de cara uma punição de 5s. Para completar, Pérez se envolveu num incidente polêmico com Liam Lawson, seu pretenso sucessor no cockpit da Red Bull, demonstrando até mesmo um certo desespero quando se viu em disputa com o neozelandês. Pérez forçou uma ultrapassagem para lá de otimista e tudo que conseguiu foi toques com Lawson e danificar seu carro, fazendo com que Pérez terminasse sua prova caseira em último. Depois da corrida, Christian Horner admitiu o óbvio, de que a 'F1 é baseado em desempenho e que medidas duras teriam que ser tomadas'. Recado mais claro que esse, impossível.

domingo, 27 de outubro de 2024

Cumprindo promessas

 


Com o final do ano se aproximando e da mesma forma alguns contratos na F1, os pilotos começam a se preparar para despedidas. Nas últimas semanas, Carlos Sainz falou algumas vezes que queria uma vitória nessas últimas provas que está fazendo com a Ferrari. O espanhol sabe que sua ida à Williams em 2025 significará o fim do seu período como piloto de uma equipe de ponta e Sainz quer sair por cima da Ferrari. No Circuito Hermanos Rodríguez, Carlos Sainz cumpriu sua promessa. O espanhol venceu com autoridade o Grande Prêmio da Cidade do México, ajudando a Ferrari no Mundial de Construtores, numa corrida marcada por outra briga polêmica entre Verstappen e Norris.


Havia alguma perspectiva de chuva para a hora da corrida e em alguns momentos o céu ficou bem escuro, mas não caiu nenhum pingo no bairro de Granjas México. Mesmo com a pouca aderência por causa do baixo downforce devido a altitude, todos falavam em parar apenas uma vez e afora um ou outro piloto, praticamente todo o grid partiu para a tática de uma única parada. Com a primeira curva bem distante do lugar da largada, combinado com uma reta bem larga, a largada no México sempre foi dos momentos mais tensos da corrida chicana. O pole Carlos Sainz não saiu muito bem e mesmo Verstappen saindo do lado sujo da pista, o neerlandês se colocou ao lado do espanhol no aproche da primeira curva. Norris também largou bem, mas se posicionou mal para a freada, ficando logo atrás de Verstappen, bem por dentro da primeira curva. Sainz já havia demonstrado sua força em todo o final de semana mexicano e queria manter seu bom posicionamento e mesmo por fora, freou forte, mas Verstappen alargou a primeira curva e jogou Sainz para fora da pista, que foi pela grama para evitar o toque. O espanhol da Ferrari passou reto na primeira chicane e teve que devolver a posição para Verstappen. Era mais um episódio do que foi bastante falado na semana entre Austin e Cidade do México: a pilotagem de Max Verstappen.


O piloto da Red Bull nunca foi 'dócil' nas disputas de posição, mas inferiorizado tecnicamente no momento, Verstappen passou a jogar duro, principalmente nas disputas com Lando Norris, seu mais próximo perseguidor pelo título de 2024. O incidente entre Tsunoda e Albon na primeira curva trouxe o único safety-car do dia, mas na relargada ficou claro que Sainz tinha bem mais ritmo do que Max. E querendo dar o troco na disputa na primeira curva, Sainz efetuou uma manobra audaciosa na mesma curva em que foi trancado por Verstappen. Com o DRS liberado e ainda longe de Max, Sainz jogou seu carro por dentro, não dando maiores chances de defesa à Max, que pareceu surpreso. Ou ardiloso. O terceiro colocado era Lando Norris e Max teria outra oportunidade em se impor sobre seu rival. Rapidamente Lando encostou em Verstappen e na curva 3, espremeu de forma descarada Norris a ponto do piloto da McLaren sair da pista e voltar na frente de Sainz. Devolvida à posição ao ferrarista, Norris pretendia fazer o mesmo com Max, mas o piloto da Red Bull jogou seu carro num local de dificílima ultrapassagem, resultando nos dois saindo da pista e Leclerc completando a dobradinha da Ferrari. Norris ficou uma arara com a defesa de posição tresloucada de Verstappen, mas a FIA precisava de respostas depois das críticas pela não-punição de Verstappen na primeira curva de Austin. E não se pode acusar a FIA de ter aliviado para Max no México. Pelas duas situações onde Lando foi parar fora da pista pelas manobras de Verstappen, o piloto da Red Bull tomou 20s de punição, terminando qualquer chance para Max de almejar algo a mais na corrida, em condições normais. Verstappen terminou num longínquo sexto lugar, um minuto atrás do vencedor Sainz e, mais preocupante ainda, apenas 4s na frente da Haas de Magnussen. As manobras fortes de Verstappen serão mais uma motivo de discussão na F1, mas será que Max já está indo longe demais em suas disputas com Lando?


Com toda esse melê entre Max e Lando, Carlos Sainz e Charles Leclerc se isolaram ainda mais na ponta. Norris ficou todo o primeiro stint atrás de Verstappen, provavelmente não querendo arriscar outra situação perigosa contra Max, mas isso finalizou qualquer chance de Norris vencer. Quando os pilotos pararam e Max ficou parado quase eternamente para cumprir sua penalização, Norris se tornou o piloto mais rápido do grid e paulatinamente foi recortando sua desvantagem para Leclerc. Sainz estava tão tranquilo na frente que chegou a estranhar o ritmo forte imposto por Charles, em sua tentativa de escapar de Norris. Nas últimas voltas, Lando encostou de vez em Charles, mas nem precisou brigar pela posição, pois Leclerc fez o serviço sozinho ao quase bater na última curva e ceder de graça a segunda posição, fazendo com que Norris ganhasse mais alguns pontos para Verstappen no campeonato, diminuindo a desvantagem para menos de cinquenta pontos. Leclerc ainda salvou a lavoura com a melhor volta da corrida ao fazer um pit-stop para colocar pneus macios, mas nada poderia eclipsar a vitória de Sainz. O espanhol dominou a corrida com autoridade, mesmo que levantando a hipótese do motivo de Sainz não ter mais corridas como a de domingo. Apesar de perder a dobradinha no final da corrida, a Ferrari não tem do que reclamar desse final de semana, pois os italianos não apenas tiraram a Red Bull do segundo lugar do Mundial de Construtores, como encostaram na McLaren. E como o ritmo que a Ferrari está impondo nas últimas corridas, não seria surpresa os tifosi comemorando pelo menos um título no final do ano.


Lando tirou alguns pontos no campeonato, mas ver a Ferrari tão forte nesse momento pode lhe atrapalhar em sua caçada em cima de um cada vez mais agressivo Max Verstappen. Com a queda de Piastri no Q1 na classificação, Lando não pôde contar com os préstimos do australiano, que finalizou a corrida apenas em oitavo, depois de uma discreta corrida de recuperação, também não ajudando muito a McLaren em sua luta, agora, com a Ferrari. Pelo menos Andrea Stella pode olhar para Christian Horner e dizer nesse final de semana que eles estavam junto, pois Sergio Pérez teve uma corrida pífia, onde largou fora do colchete, lhe garantindo logo de cara 5s de punição, se envolveu num incidente de corrida com Lawson que se fosse em outros países lhe garantiria mais uma punição, além de outro toque com Stroll em situação parecidíssima com Liam. Mesmo com todas essas passadas de mão na cabeça, Checo não teve ritmo para sequer pontuar e sendo o único a fazer três paradas, terminou na última posição em sua corrida caseira. Um claro revés em sua tentativa de se manter na Red Bull, algo que mesmo com contrato renovado, não deve se materializar para Pérez. A Mercedes teve uma corrida solitária entre seus dois pilotos, onde Hamilton largou melhor do que Russell, mas foi ultrapassado pelo compatriota. Depois da parada dos dois, a asa dianteira de George sofreu um dano, permitindo a aproximação de Lewis, que demorou várias voltas para efetuar a ultrapassagem que lhe garantiu o quarto lugar, bem longe do pódio.


Desde a chegada da Toyota a Haas vai se consolidando como a melhor do resto, com seus dois pilotos não perdendo tanto rendimento em ritmo de corrida. No primeiro stint, Magnussen e Hulkenberg acompanharam de perto a dupla da Mercedes e o danês chegou relativamente próximo de Verstappen na bandeirada e não permitindo qualquer ataque de Piastri nas voltas finais. Um ótimo avanço para a Haas para ser sexta colocada no Mundial de Construtores, ainda mais com a Racing Bulls não marcando pontos. Tsunoda tocou duas vezes com Albon antes de dar uma pancada com mais força na Williams e bater forte na primeira curva. Lawson tentou emular a tática de Austin, mas não contou com o toque recebido pela Williams de Colapinto nas voltas finais, que lhe rendeu uma troca de asa dianteira. O argentino foi um dos últimos a fazer o pit-stop, mas não teve fôlego para buscar pontos. Dessa vez Gasly se manteve entre os dez primeiros depois de largar no top-10, marcando o último ponto do dia e terminando um longo jejum da Alpine, que não marcava ponto a mais de três meses. Fernando Alonso comemorou seu 400º GP de forma nada gloriosa, abandonando ainda no começo da corrida com problemas em seu Aston Martin.


Sainz venceu pela segunda vez em 2024 e pela primeira vez consegue mais de uma vitória num ano. Carlos sabe que dificilmente, em condições normais, vencerá nos próximos dois anos e por isso o espanhol queria tanto a vitória. A Ferrari tem a faca e o queijo na mão para conquistar o Mundial de Construtores, mesmo com seus dois pilotos oscilando tanto. Novamente Verstappen mostrou-se um piloto acuado e para se manter por cima no campeonato, se vale de manobras agressivas em cima dos rivais, principalmente Norris, que chega num momento crucial da carreira, onde precisa de impor em algum momento sobre Max, sem arriscar um abandono que pode ser crucial em sua luta pelo título. Esse final de campeonato será bem interessante. 

Algumas verdades

 


O Grande Prêmio da Tailândia da MotoGP mostrou algumas verdades para a categoria já para 2025. Afinal, para perder o título de 2024, Jorge Martin terá que vacilar de forma inacreditável. E olhando o histórico de vacilos do espanhol, isso não é algo a ser descartado...

Na molhada pista de Buriram, Francesco Bagnaia mostrou toda a força da Ducati, talvez uma das melhores motos da história da categoria rainha do Mundial de Motovelocidade. Bagnaia venceu pela nona vez em 2024, mais do que em seus dois títulos na MotoGP, mas ainda mantém uma desvantagem de dezessete pontos no campeonato. A verdade foi que Pecco se escorou na potência da Ducati e a força da equipe oficial para se manter na briga pelo título. O italiano cometeu erros demais para um bicampeão da MotoGP e piloto oficial da montadora dona da melhor moto do pelotão. Bagnaia poderá entrar para a história como um dos multi-campeões menos respeitados do Mundial de Motovelocidade.

Jorge Martin se aproveitou dessa situação otimizando sua pilotagem bem mais exuberante que Bagnaia. O espanhol foi bem mais cerebral do que ano passado, quando perdeu o foco quando era claramente o piloto mais rápido do pelotão. Martin chegou em segundo lugar após perder a ponta por causa de um erro e teve paciência em ficar pressionando Márquez até o compatriota cair. Martin poderá ser campeão com uma equipe satélite pela primeira vez desde 2001 com Valentino Rossi. No entanto o não-passo para a Ducati oficial ocasionou uma série de fatos que poderá atrapalhar todo esse feito. Ao ser preterido por Márquez, Martin assinou com a Aprilia, que não vem em boa fase e a Pramac saiu da Ducati para a Yamaha, que ainda tenta lembrar dos bons tempos. O ano seguinte dos campeões, caso Martin não pise no tomate nas provas finais, tende a ser muito complicado.

E por último, Marc Márquez, mesmo caindo pela enésima vez na temporada, mostra que é o favorito ao título de 2025. Quando estiver de vermelho da equipe oficial, Márquez terá todo o apoio da Ducati e pelo que vem mostrando com a Gresini e a moto do ano anterior, Marc terá todas as condições de bater Bagnaia na outra Ducati oficial, além de sobrepujar um fragilizado Jorge Martin. Marc é diferenciado, o mesmo valendo para Pedro Acosta, terceiro colocado hoje e melhor piloto da KTM, derrotando os dois pilotos oficial da montadora nas voltas finais. Essas verdades já podem ser confirmadas na próxima etapa, quando Martin poderá se sagrar campeão antecipado em Sepang.   

sábado, 26 de outubro de 2024

Ferrari cresce com o piloto errado

 


O ano de 2024 mal havia começado e Carlos Sainz sabia que estava fora da Ferrari para 2025, precisando procurar um lugar e para isso, mostrou muito serviço, principalmente no primeiro terço da temporada, contudo, rendendo apenas um lugar na Williams para a próxima temporada. Nas últimas semanas o espanhol externou sua vontade de sair da Ferrari com mais uma vitória antes da despedida e na Cidade do México, Sainz mostrou todo o crescimento da Ferrari com uma bela classificação e uma demonstração de força frente à Leclerc, piloto que ficará com os italianos no próximo ano.

A classificação no Circuito Hermanos Rodríguez teve início com muita festa para Sergio Pérez, mas dezoito minutos depois o mexicano já estava fora do carro, lamentando outro resultado horroroso. Mesmo com seus mecenas anunciando que Checo estará com a Red Bull em 2025, a situação do mexicano se complica mais e mais. Esse revés na frente de sua torcida é apenas mais um capítulo da carreira de Sergio Pérez se desmilinguindo na frente de todos. Menos mal para Checo é que ele teve companhia ilustre, com a desclassificação de Oscar Piastri, depois do australiano ter liderado o TL3, mas um erro de Oscar o fez amargar outra eliminação no Q1. Max Verstappen teve uma sexta-feira para esquecer, com problemas no motor e no freio do seu Red Bull, mas o neerlandês ia se mantendo na luta pela volta mais rápida, que tinha a Ferrari muito bem, mas com Sainz mais rápido do que Leclerc. 

O Q3 viu uma briga equilibrada entre Ferrari, Verstappen e Norris, com Max tendo o dissabor de ter sua primeira volta no Q3 deletada pelos track limits. Leclerc não conseguia acompanhar Sainz, que melhorou ainda mais seu tempo para uma pole forte, enquanto Max tirava tempo não se sabe de onde para ficar com a primeira fila, superando mais uma vez Lando, apenas terceiro. A longa reta antes da freada da primeira curva pode deixar a luta pelo melhor posicionamento no primeiro stint bem imprevisível, mesmo com a Ferrari crescendo nesse último terço de campeonato.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Figura(EUA): Liam Lawson

 O neozelandês já havia mandado seu recado quando substituiu Daniel Ricciardo por algumas corridas no ano passado, mas de forma inacreditável, a cúpula da Red Bull decidiu manter Liam Lawson na reserva de Ricciardo na nova Racing Bulls. A esperança de Horner era que o australiano performasse a ponto de convencer o resto da cúpula da Red Bull a trazer Ricciardo para o lugar de Pérez na equipe principal da Red Bull, mas a realidade é que se Checo não está fazendo por onde estar na Red Bull, Ricciardo foi ainda pior e apenas perambulava no meio do pelotão, dando a pinta de ser um 'ex-piloto em atividade'. A demissão de Ricciardo até demorou, principalmente com o que Lawson fez em Austin. O jovem oceânico marcou o terceiro melhor tempo do Q1 e tendo que largar em último por troca de motor, Lawson fez uma corrida de recuperação de manual, escalando o pelotão com pneus duros e fazendo um enorme undercut que surpreendeu até mesmo seu companheiro de equipe Tsunoda, fazendo com que Liam retornasse à F1 na zona de pontuação e mostrando que a Racing Bulls perdeu bastante tempo fazendo aposta no café requentado que foi Ricciardo. 

Figurão(EUA): FIA

 Novamente a dona FIA aparece nessa parte da coluna por aqui. E novamente pela falta de critério em distribuir penalizações aos pilotos, além de modificar o resultado da pista e como consequência, mudar o panorama do campeonato. O pior dessas situações é que na maioria das vezes as situações são semelhantes, mas os resultados são tão díspares, que fazem todos os envolvidos na F1 clamar por algum critério nas punições (ou não-punições) aos pilotos ao longo das corridas, mas se há um critério entre os comissários de pista da FIA é... não ter critério!

domingo, 20 de outubro de 2024

Dois pesos, duas medidas

 


Lando Norris largou da pole muito bem e se colocou por dentro na primeira curva, mas Max Verstappen foi mais por dentro ainda numa manobra bastante agressiva do neerlandês da Red Bull. A manobra de Max o fez espalhar e levar Norris consigo, ambos indo para fora da pista, mas com Verstappen tendo a vantagem, mesmo que significasse que Leclerc assumisse a ponta da corrida rumo à uma vitória enfática, com Sainz completando a dobradinha da Ferrari. Cinquenta e três voltas depois, Norris vinha com mais ritmo com pneus duros e tendo parado depois de Verstappen. Após tentativas infrutíferas quando teve o DRS à disposição, Lando se colocou por fora e chegou ao grampo da curva 11 na frente, mas Verstappen freou tarde, fazendo com que os dois saíssem da pista. A diferença entre as duas manobras foi que Max saiu ileso da manobra da primeira curva e Norris tomou 5s por ter completado a ultrapassagem por fora, fazendo Lando sair do pódio. Mais uma polêmica entre os dois com a sensação de julgamentos distintos em situação parecidas, num dia dominado pela Ferrari.


O sol apareceu forte em Austin e mesmo a pista texana tendo parte do seu traçado recapeado, se falava abertamente em duas paradas para todo mundo, ainda mais com o aumento de temperatura. A Ferrari tinha mostrado na Sprint de sábado um ritmo fortíssimo de corrida, mas como normalmente acontece na F1 atual, o posicionamento faz toda a diferença e se Max manteve a ponta na largada da Sprint rumo à vitória, Norris tentaria algo semelhante, mesmo a McLaren não sendo tão forte em Austin como fora em outras pistas. Lando largou bem, afastando um poucos alguns fantasmas que lhe atormentavam, mas o dilema do inglês é ter que enfrentar um peso-pesado da história da F1 como Max Verstappen. O piloto da Red Bull efetuou uma manobra agressiva, indo ainda mais por dentro do que Lando, que se aproximava do apex da primeira curva já com seu McLaren bem à esquerda. Pela física, a manobra de Max Verstappen o faria 'embarrigar' a curva e com Lando ao seu lado, o neerlandês levaria o seu rival consigo para fora da pista. Não houve toque, mas com ambos fora da pista, o quarto colocado do grid Charles Leclerc viu uma avenida se abrir à sua frente para assumir a ponta da corrida. Sainz só não seguiu a mesma avenida, pois se viu preso atrás da dupla que lidera o campeonato, mas o espanhol ainda teve como ultrapassar Lando, deixando o inglês que largara na pole em quarto, sendo seguido por Piastri, que a muito custo segurou a quinta posição dos ataques de Pierre Gasly.

O primeiro safety-car na F1 em dez corridas trazido por um irreconhecível Lewis Hamilton não mudou o panorama da prova, mesmo que Leclerc tenha relargado com Verstappen mais próximo do que o desejável pela cúpula ferrarista. Rapidamente Charles abriu uma boa vantagem sobre Max, corroborando com as expectativas de que a Ferrari tinha um ritmo muito forte em Austin. Sainz chegou a relatar problemas e até um cheiro de combustível no cockpit, mas se manteve sempre próximo de Max, enquanto a dupla da McLaren fazia uma corrida para lá de discreta. Enquanto haviam algumas brigas no pelotão intermediário, os primeiros colocados se mantinham estáticos, esperando para a primeira rodada de paradas, onde o undercut em Austin faria muita diferença. Como sempre acontece nesses casos, parar cedo demais poderia ser cobrado um preço mais à frente, mas Sainz parou já nas proximidades da metade da corrida e como o espanhol saiu dos pits com pneus duros, a estratégia para todos era clara: uma única parada.


Traumatizado pelas costumeiras bobagens que a Ferrari fez, Leclerc se preocupou com a sua parada, mas nada pôde impedir a vitória do monegasco, que se igualou à Norris com três vitórias no campeonato e ainda sonha com o vice-campeonato. A parada mais cedo de Sainz valeu a pena, pois com Verstappen mais preocupado em marcar Norris parando mais tarde, o espanhol emergiu confortavelmente na frente de Max e completou uma bela dobradinha da Ferrari na tarde texana. Porém, o último lugar do pódio ainda teria disputa. A dupla da McLaren retardou ao máximo sua parada e quando Norris saiu dos pits 6s atrás de Max, essa vantagem evaporou-se rapidamente. Verstappen não tinha o mesmo desempenho com os pneus duros e a aproximação de Norris indicava para uma ultrapassagem tranquila do inglês. Matematicamente, chegar uma posição atrás de Norris não faria tanta diferença para Verstappen, mas assim como acontecera na Áustria, Max queria marcar território na luta contra Norris e transformou as últimas voltas do Grande Prêmio dos Estados Unidos nas mais tensas das últimas semanas. Inicialmente Norris tentou usar o DRS ao seu favor, mas Verstappen se defendia perfeitamente, colocando seu carro no lugar certo e cortando a frente de Lando em defesas fortes, mas longe de serem desleais. Norris tinha mais carro, mas lhe faltava o 'instinto assassino' de outros grandes campeões, mas a chance veio finalmente na volta 53, quando Lando apontou na reta oposta mais próximo. Se na primeira volta Max não teve pudor em ficar no limite da curva por dentro, Norris preferiu usar a força do motor e do DRS para tomar a posição por fora. Um erro até mesmo juvenil. Verstappen freou tarde e como na primeira curva, 'embarrigou' a curva e ambos saíram da pista. Com mais ação, Norris completou a ultrapassagem, mas ficou a dúvida: Lando deveria ou não devolver a posição? A McLaren resolveu deixar como estava, enquanto a Red Bull contou com uma carta dentro da manga: Norris já tinha excedido os limites mais de três vezes. Antes da bandeirada, sem muito tempo para Norris abrir os 5s suficientes, foi anunciado a punição ao representante da McLaren, que desceu uma posição e perdeu mais alguns pontinhos preciosos no campeonato. Além de criar mais uma polêmica entre Max e Lando. Porém, fica mais um ponto: será que Max não poderia ter recebido o mesmo castigo de Lando pela manobra da primeira volta?


No campeonato, Max Verstappen sorri com a sua vantagem aumentando no momento mais agudo do campeonato e o neerlandês não demorará a fazer contas de quando poderá conquistar o Mundial de Pilotos. A Red Bull melhorou, sim, no final de semana em Austin, mas isso não fez com que Sérgio Pérez evoluísse suas atuações apáticas dos últimos meses, com o mexicano perdendo a sexta posição para Russell na última volta. Com a dobradinha da Ferrari e Oscar Piastri chegando logo atrás de Norris, a Red Bull viu sua desvantagem para a McLaren ficar estável, mas tem a Ferrari meros dez pontos atrás. Com os italianos embalados e uma dupla muito mais homogênea que a Red Bull, literalmente carregada nas costas por Max Verstappen. Russell largou dos boxes pelo acidente na classificação e mesmo recebendo uma punição para lá de questionável, o inglês subiu para sexto, num final de semana muito melhor que o de Hamilton, que esteve simplesmente irreconhecível.


Na famosa luta pelo melhor do resto, Nico Hulkenberg garantiu o oitavo lugar e bons pontos para Haas em casa, na semana em que a Toyota anunciou uma parceria técnica com os americanos. Ainda longe do envolvimento da gigante japonesa no começo desse século, mas não deixa de ser uma volta da Toyota à F1. Depois do veterano alemão, a turma jovem fez a festa. Liam Lawson fez em uma corrida o que Daniel Ricciardo não fez dezoito. Largando em último pela troca de motor, Lawson saiu com pneus duros, escalou o pelotão com galhardia e ultrapassando seu novo desafeto Alonso com maestria e quando colocou pneus médios, voltou à frente de Tsunoda, que ficou incrédulo com o undercut do neozelandês, que em sua primeira corrida em 2024, colocou a Racing Bulls nos pontos, à frente da sensação portenha Franco Colapinto, que ontem já tinha atropelado Alexander Albon na classificação e na corrida mostrou um ritmo bem melhor e com uma estratégia parecida com a de Lawson, garantiu o pontinho derradeiro do dia. O veterano Alonso se viu ultrapassado por dois pilotos com praticamente a metade da sua idade e com a Aston Martin esperando o mago Adrian Newey, se viu completamente perdido em Austin. Com um carro camuflado de McLaren, a Alpine teve esperanças com a boa classificação de Gasly, mas um péssimo pit-stop e a falta de ritmo significou mais uma corrida fora dos pontos. A Sauber... bom, a Sauber fez mais do mesmo, mas a verdade é que Colapinto está fazendo muito para estar nessa vaga, restando à Bortoleto vencer a F2.


 Em mais uma corrida com polêmicas fora das pistas, a Ferrari surpreendeu a todos com um ritmo dominador e venceu mais uma em 2024, completando a primeira dobradinha nos Estados Unidos em dezoito anos. Leclerc está mais perto de Norris, do que Lando estar na briga pelo título, ainda mais se a McLaren não se recuperar de um final de semana onde esteve longe da vitória. No campeonato, mesmo não vencendo desde junho, Max Verstappen deu mais um passo decisivo rumo ao tetracampeonato. 

sábado, 19 de outubro de 2024

Salvo por George

 


O final da classificação em Austin prometia ser bem interessante e redentor para Max Verstappen. O neerlandês tinha marcado o tempo mais rápido para a Sprint e dominado a mini-corrida, indicando que a Red Bull, após longo inverno, parecia voltar aos tempos em que brigava por vitórias. Já a McLaren tinha seu pior final de semana em muito tempo e Lando Norris ainda perdera o segundo lugar na Sprint por um inspirado Carlos Sainz na última volta, minando ainda mais o psicológico do inglês. Porém, Lando liderava o Q3 no momento em que os pilotos partiam para as suas voltas finais e Verstappen era claramente o mais rápido, mas uma saída de pista de Russell salvou a pole de Lando.

A classificação em Austin, com as equipes pudendo experimentar muito pouco pelo final de semana mais curto por causa da Sprint, teve a surpreendente eliminação de Hamilton ainda no Q1, que com sua má volta ainda deletada pelos famigerados 'track limits', deixou o inglês na última fila. Mais um final de semana decepcionante para Lewis, que viu Russell ir facilmente ao Q3, mesmo que o desempenho da Mercedes esteja aquém no final de semana texano. Destaque para a ótima volta de Liam Lawson, que retornou à F1 no lugar de Daniel Ricciardo na Racing Bulls. Depois de um entrevero com Alonso na Sprint, o neozelandês conseguiu um P3 no Q1, superando por muito Tsunoda. Um desempenho que Ricciardo não conseguiu em 2024.

Verstappen fazia um final de semana que lembrava, como ele mesmo falou, 'os velhos tempos', quando dominou com a Red Bull. O neerlandês vinha dominando a classificação da mesma forma como fizera na Sprint mais cedo, mas Norris surpreendia ao ser o mais rápido na primeira rodada do Q3. Max estava mais rápido, mas Russell bateu forte em sua volta e a bandeira amarela resultante praticamente terminou o treino ali. Norris ficou com a pole, mas Verstappen nem parecia muito triste. O ritmo de corrida da McLaren não parece promissor e muito provavelmente o maior rival de Max seria a Ferrari, que completou a segunda fila, com Sainz superando Leclerc. Com Verstappen largando na primeira fila e com um ritmo melhor do que Lando, demonstra a pole de Norris foi garantida mais por Russell.   

O que estou fazendo aqui?


 Nesse sábado, o turco Toprak Razgatlıoğlu conquistou seu segundo título do Mundial de Supebike com um segundo lugar na primeira corrida de Jerez, em corrida vencida pelo vice-campeão Nicolo Bulega, da Ducati. Dono de uma tocada impressionante, Toprak chegou a fazer um teste com a Yamaha na MotoGP quando foi campeão na montadora japonesa e pelo o que se falou, não chegou a impressionar. O turco se mudou para a BMW de forma surpreendente e logo no primeiro ano, conquistou o primeiro título da montadora bávara no WSBK pilotando o fino. Aparecem notícias aqui e ali de uma mudança para a MotoGP de Toprak Razgatlıoğlu, algo que pelo o que anda e o fato de estar um nível acima dos pilotos da Superbike, deve ser algo breve.

domingo, 6 de outubro de 2024

Big One histórico

 Big One sempre acontece nas corridas com placa restritora nos super-ovais da Nascar, mas o de hoje em Talladega entrou para a história, onde basicamente 90% do pelotão se envolveu. 


Que vença o menos pior

 


A MotoGP está vivenciando um dos campeonatos com nível mais baixo dos últimos tempos. Sim, os protagonistas são os mesmos do ano passado, mas o atual bicampeão Francesco Bagnaia e o desafiante Jorge Martin disputam um campeonato onde erros e quedas serão fatores preponderantes para definir o título de 2024 e não ritmo de corrida e velocidade. Bagnaia chegou à oitava vitória na temporada em Motegi, tendo mais vitórias do que no ano do seu título e ainda assim o italiano ainda tem dez pontos de desvantagem para Martin. O motivo é bem simples, com Pecco sofrendo várias quedas ao longo do ano, minando sua defesa do campeonato. E Martin só não está mais à frente por ter caído um pouco menos. Em Motegi, o espanhol caiu na classificação, mas numa corrida de recuperação, Martin chegou logo atrás de Bagnaia, que dominou desde a primeira curva rumo à vitória. O pole Pedro Acosta caiu na Sprint e na corrida principal. Que vença o menos pior...

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Vinte anos do campeonato de Tony


 Num dia 3 de outubro, Tony Kanaan coroava uma temporada próxima da perfeição na Indy, vinte anos atrás. Quando abandonou a CART e se mudou para a IRL em 2003, contratado pela Andretti Green, Kanaan imediatamente se tornou um piloto de ponta na categoria, num momento em que a IRL só corria em ovais e ganhava mais e mais vantagem sobre a antiga categoria rival, que nem se chamava mais CART. Tony havia sido o melhor piloto da AGR em 2003, com um quarto lugar no campeonato. Se houve uma certa paridade entre os motores Honda e Toyota em 2003, para 2004 a Honda obteve uma vantagem decisiva, elevando suas principais equipes, Andretti Green e Rahal Letterman, a dominarem o campeonato. Tony teve como principal adversário seu companheiro de equipe Dan Wheldon, além de Buddy Rice da Rahal, vencedor da Indy500 daquele ano. Kanaan usou da regularidade como principal aliada, conquistando algo extremamente raro num certame de alto nível: Tony completou todas as voltas do campeonato. O pior resultado de TK foi um oitavo lugar na primeira etapa em Homestead e logo em seguida, venceu sua primeira corrida no ano em Phoenix, seguido de triunfos em Texas e Nashville. Na penúltima etapa do ano, em Fontana, Tony precisou de um segundo lugar para conquistar o seu único título da Indy e o último do Brasil na categoria.