terça-feira, 17 de junho de 2025

Figura(CAN): Mercedes

 Ainda longe dos áureos tempos onde dominou a F1 por quase uma década, a Mercedes voltou a triunfar quando parecia contra si. Ao contrário do normalmente clima ameno em Montreal, fez bastante calor no final de semana canadense, algo que a Mercedes já provou algumas vezes que isso é um problema. Por causa dos pneus e da característica do carro, o carro da Mercedes funciona melhor no asfalto frio. Para piorar a Mercedes não foi nada bem na rodada tripla na Europa, mas a dupla do time liderado por Toto Wolff fez uma ótima classificação em Montreal, com Antonelli ficando em quarto e George Russell arrancando a pole das mãos de Max Verstappen já com o cronômetro zerado. O calor ficou ainda mais forte no domingo, trazendo velhos fantasmas para a Mercedes e seu ritmo de corrida, mas Russell fez uma prova bem característica sua: sólida. O inglês largou bem, administrou a vantagem sobre Verstappen e liderou rumo a uma vitória tranquila, a primeira de Russell em 2025. Para melhorar ainda mais para os lados mercedianos, Antonelli largou bem, tomou o terceiro lugar do líder do campeonato Piastri. O jovem italiano chegou a atacar Verstappen e no final da prova segurou muito bem os ataques de Piastri, se mantando no pódio para conquistar o seu primeiro pódio na F1, além de Antonelli se tornar o terceiro piloto mais jovem a subir no pódio na F1. Com os seus dois pilotos no pódio, a Mercedes subiu para segundo no Mundial de Construtores e se anima para o resto do campeonato.

Figurão(CAN): Lando Norris

 E lá vamos nós de novo... Lando Norris vem se caracterizando em 2025 por cometer erros em momentos chaves do final de semana e a grande diferença em Montreal foi que por muito pouco o inglês da McLaren não provoca um abandono duplo de sua equipe num acidente infantil causado pelo próprio Lando. Tudo começou a dar errado quando Norris, sempre mais rápido do que Piastri nos treinos livres, errou novamente durante o Q3, fazendo-o largar apenas em sétimo, longe da luta pela vitória. O ritmo de Lando era tão bom que durante a corrida, usando uma estratégia diferente, o inglês conseguiu alcançar e atacar seu companheiro de equipe no final da corrida, iniciando uma bela briga entre os dois pilotos da McLaren, que lideram o campeonato. Norris tentou uma manobra no hairpin, mas Piastri lhe deu o troco de imediato, com ambos andando lado a lado na reta oposta, com vantagem para Oscar. Na entrada da reta dos boxes, Lando tentou um novo ataque, mas Piastri já estava claramente por dentro e simplesmente não havia espaço ali. Por um motivo que somente Lando Norris pode dizer, ele achou que poderia ultrapassar aonde não tinha lugar e o toque foi inevitável. Se Piastri ainda se manteve na pista, Norris bateu seu McLaren no muro e abandonou pela primeira vez em 2025. Se mantendo vivo no campeonato muito pela consistência, o zero ponto de Norris lhe custou bem caro, perdendo bastante terreno para Piastri, mas o pior dano pode ser dentro da McLaren.

domingo, 15 de junho de 2025

Primeiro encontro imediato

 


Desde quando a McLaren se tornou a equipe com o melhor carro do grid da F1 e seus dois pilotos se tornaram favoritos à vitória em praticamente toda corrida do calendário, o mundo da F1 se perguntava quando Oscar Piastri e Lando Norris teriam um contato mais forte entre eles. Não foi uma batalha pela vitória, mas esse primeiro contato imediato entre os papaias aconteceu em Montreal, por culpa única e exclusiva de Lando, que imediatamente se penalizou via rádio pelo incidente, que pode ser mais um ponto em que o inglês se coloca em situações de inferioridade frente ao companheiro de equipe, ainda mais por causa de um incidente estúpido (palavras de Lando) e culpa de Norris. Enquanto isso, George Russell confirmou sua pole com uma vitória tranquila, onde administrou muito bem o segundo colocado Max Verstappen, vencendo pela primeira vez no ano, enquanto a Mercedes também celebrou o primeiro pódio de Andrea Kimi Antonelli.


Ao contrário de outros anos, Montreal nos presenteou um belo dia de sol para o Grande Prêmio do Canadá, o que podia ser um motivo de preocupação para a Mercedes, mais afeita a corrida mais frias. Outro ponto de preocupação foram as recentes rusgas entre Russell e Verstappen, ocupantes da primeira fila. Era esperado uma briga ácida entre os dois, mas George mostrou a solidez que lhe é característica desde a largada, saindo melhor do que Verstappen e contornando a primeira curva confortavelmente na ponta. Para sorte de Max, o terceiro colocado Piastri também não largou tão bem a ponto de Antonelli colocar por dentro da segunda curva e na pequena reta rumo a curva 3, o jovem italiano se sobressaiu frente à Piastri para assumir a terceira posição. Afora o enrosco entre Colapinto e Albon, que fez o piloto da Williams dá um ligeiro passeio pela grama, a primeira volta foi normal e sem incidentes. Logo o foco das equipes passou a ser os pneus e sua degradação. A maioria do grid largou com os pneus médios, pois os pneus C6 da Pirelli, usados como macios no final de semana canadense, ter a mesma serventia dos pneus de chuva extrema, pois ninguém quer usar. Dos pilotos top-10, apenas Norris e Leclerc saíram com os pneus duros, numa clara indicação que esticariam ao máximo o primeiro stint, talvez esperando a chegada do Safety-Car, tão comum no Circuito Gilles Villeneuve.

Porém, como se veria mais tarde, o Mercedes pilotado por Bernd Maylander só apareceria no final da prova. Max Verstappen tentou ataques em cima de Russell e até passou a sensação de que o neerlandês tinha bem mais carro que o George nas primeiras voltas, mas na medida em que os pneus foram se desgastando, Russell abriu uma diferença segura e na décima volta Verstappen já se via atacado por Antonelli. Quando o italiano colocou de lado, Max inaugurou a rodada de paradas, mostrando a todos que pararia duas vezes. As paradas se sucederam rapidamente, logicamente não para quem largou com pneus duros, fazendo com que Norris e Leclerc assumissem a ponta. A corrida se aproximava da metade, mas com muito desgaste na borracha da Pirelli, Lando e Charles foram aos pits, para revolta do monegasco, que queria ficar mais tempo na pista. As posições voltaram praticamente as mesmas de antes da parada, com Leclerc confortavelmente na frente de Hamilton. Assim como ocorreu no primeiro stint, Verstappen viu seu rendimento despencar e quando já tinha Antonelli cheio em seus retrovisores, Max fez sua segunda parada. Kimi foi aos pits logo em seguida, marcando Verstappen e por muito pouco não saiu na frente da Red Bull, mas Max se sobressaiu. 


Russell esperou mais um pouco, ficou novamente atrás de Norris e Leclerc, mas voltou à liderança quando esses pararam, administrou muito bem a vantagem sobre Verstappen, que se aproximou bem na medida em que os retardatários apareceram na frente dos líderes. A rodada tripla na Europa não foi das melhores para a Mercedes, mas o time comandado por Toto Wolff deu uma bela resposta em Montreal e mesmo com temperaturas mais altas do que o normal, o ar limpo fez toda a diferença para George Russell gerenciar bem os pneus e vencer com tranquilidade seu primeiro Grande Prêmio em 2025. Atrás de George, as coisas foram mais animadas. Literalmente!

Lutando com o desgaste de pneus nos stints anteriores, Max Verstappen tinha Antonelli menos de 2s atrás dele e por isso, Max não podia vacilar nas voltas finais, gerenciando bem os pneus para não ficar sem rendimento no final da corrida, garantindo um bom segundo lugar. Se Antonelli atacou no final dos dois primeiros stints, no final do terceiro, ele foi bem atacado. A McLaren se mostrou discreta a maior parte do tempo na corrida, com Piastri não atacando Kimi, mas nas voltas finais o australiano partiu para cima do italiano da Mercedes. Porém, essa não era a única preocupação de Oscar. Norris fez sua segunda parada depois do companheiro de equipe e colocou pneus médios, sendo um dos carros mais rápidos da pista nas voltas finais. Com Piastri hesitando na luta com Kimi, Lando Norris se aproximou rapidamente e a esperada briga entre os dois pilotos da McLaren começou. Apesar de ter pneus melhores, Lando sabia que Oscar não abriria para ele, jogando as famigeradas 'Papayas Rules' para as cucuias. Norris fustigou, viu Piastri se aproximar de Antonelli e poder usar o DRS, mas faltando quatro voltas, Lando colocou de lado no hairpin. Piastri deu o xis e os dois McLarens percorreram a reta oposta juntos, separados por centímetros. Na freada da chicane, Piastri freou bem mais tarde por dentro. Ponto para Oscar, que nesse momento, com ambos lado a lado, foi o último a frear.


Porém, Piastri entrou na reta dos boxes mais lentamente e permitiu o ataque de Norris. O australiano esperava por isso e se colocou por dentro. Por um motivo que apenas Norris poderá explicar, ele tentou uma manobra por dentro onde não havia mais espaço. O toque foi inevitável e Lando acabou batendo no muro de forma até infantil, ganhando o primeiro zero de 2025, no que pode ser decisivo no campeonato. A diferença entre os dois pilotos da McLaren era pequena no Mundial de Pilotos, mesmo com Piastri tendo cinco vitórias, contra duas de Lando, muito pela consistência de Norris. Com o toque entre eles, imediatamente culpabilizado por Norris ainda no rádio, o inglês perdeu doze pontos para Piastri, que mesmo apenas em quarto e tendo que fazer uma terceira parada por precaução, aumentou bem a diferença para o vice-líder. Com Max Verstappen sempre sendo um perigo e o crescimento da Mercedes, chegará o momento em que a McLaren poderá ter que apostar suas fichas em um único piloto. E Oscar Piastri está mostrando quem será não apenas por sua velocidade, mas pela maturidade em momentos chaves do final de semana.


O esperado Safety-Car apareceu apenas para terminar a corrida, mas durante o seu período, Max e George tiveram um pequeno entrevero, mesmo que no pós-corrida os dois se portaram muito bem entre eles. Antonelli sofreu na ligeira má fase da Mercedes e zerou nas últimas três corridas, mas o jovem italiano passou por mais prova de fogo e não apenas atacou Verstappen, como segurou muito bem os ataques de Piastri, depois de ter ultrapassado o líder do campeonato de forma bastante oportunista na largada. Esse primeiro pódio deve ser o primeiro de muitos para Andrea Kimi Antonelli. A Ferrari fez uma corrida para lá de discreta, com a volta do alfabeto sendo ditado via rádio e seus pilotos dando patadas via rádio em seus engenheiros. Leclerc reclamou bastante de sua estratégia e ninguém entendeu quando ele colocou pneus médios no último stint e mesmo assim, não conseguiu evoluir. Hamilton fez uma corrida opaca, mas o atropelamento de um animal na pista pode ser um desculpa para o inglês. Com o duplo pódio da Mercedes, os alemães ultrapassaram a Ferrari no Mundial de Construtores, mas ao menos os italianos podem contar com pontos dos seus dois pilotos. A Red Bull continua a sofrer com o seu segundo piloto e Tsunoda, largando dos pits após ser penalizado em dez posições por ultrapassar durante uma bandeira vermelha durante os treinos, ficou fora dos pontos mais uma vez.


No melhor do resto, Fernando Alonso foi um grande destaque, retornando aos tempos em que era normalmente o piloto que ficava atrás das grandes. O espanhol largou bem, se manteve por algum tempo na frente de Norris, antes de ser ultrapassado de forma até esperada pela McLaren. Depois Alonso entrou na ciranda de paradas, ultrapassando quem esticava os stints com duros, acabando por terminar em sétimo, marcando bons pontos para a Aston Martin, enquanto Lance Stroll teve a corrida de sempre. Largou lá atrás, se atrapalhou na luta com outro piloto (nesse caso, com Gasly), foi punido e terminou... lá atrás. E Lance não pode culpar sua cirurgia, pois é isso que o canadense normalmente faz. Hulkenberg fez outra bela corrida com a Sauber, marcando mais pontos. Quando Albon e Colapinto se estranharam na primeira volta, Nico ultrapassou os dois e já na primeira volta estava na zona de pontos, levando a Sauber a marcar pela segunda corrida consecutiva. Bortoleto foi para uma estratégia diferente e arriscada, parando apenas uma vez. Gabriel foi elogiado pelo engenheiro, mas no fim, só ganhou uma posição em comparação ao que largou. 

Ocon e Sainz foram dois que esticaram suas paradas o quanto puderam e foram premiados com pontos, terminando a zona de pontos. A Williams viu Albon reclamar de forma pública de procedimentos internos, até este abandonar. Colapinto largou em décimo, mas nem de longe brigou para marcar pontos, enquanto Gasly, largando dos boxes, pouco evoluiu. Já Hadjar caiu muito de rendimento, numa tática ruim da Racing Bulls e ficou longe dos pontos, algo que vinha marcando com alguma frequência recentemente.


A corrida em Montreal foi próxima, com aquela tensão por ver os carros sempre próximos na luta pela liderança, mas também foi morna pela pouca movimentação, tanto que os quatro primeiros que finalizaram a primeira volta receberam a bandeirada na mesma ordem 69 voltas depois. Porém, Zak Brown e Andrea Stella terão trabalho para acalmar seus pilotos nesse primeiro toque entre os pilotos da McLaren. Haja Papaya Rules dessa vez!

Hat-trick

 


Repetindo o feito de sessenta anos atrás, a Ferrari conseguiu a terceira vitória consecutiva em Le Mans. E como na década de 1960, com equipes diferentes. Se nos dois anos anteriores a vitória coube à equipe oficial e seus dois carros, em 2025 foi a equipe satélite da AF Corse a honra de triunfar em Sarthe, tendo como pilotos Phil Hanson, Yifei Ye e a grande estrela da corrida, Robert Kubica.

Vindo de três vitórias consecutivas no WEC, a Ferrari era a grande favorita ao tricampeonato em Le Mans, não tendo BoP que segurasse os italianos. Numa prova longa como Le Mans, a classificação não era de grande preocupação para a Ferrari e por isso não se importaram com a 9º, 11º e 13º posições no grid. A Cadillac fechou a primeira fila, mas logo na primeira hora a Porsche Penske assumiu a liderança da corrida. Felipe Nasr tentava a tríplice coroa após vencer em Daytona e Sebring, mas infelizmente o brasiliense não esteve verdadeiramente na contenda da vitória.

Tentando redenção após uma edição de Indy500 horripilante, a Penske foi a pedra no sapato da Ferrari, que logo estava na luta pela vitória com seus três carros e muitas vezes tiveram as três primeiras posições nas mãos. A Toyota não esteve nada bem na edição 2025 de Le Mans, enquanto a Cadillac não teve o mesmo trem de corrida mostrado na classificação. BMW e Peugeot usarão a edição 2025 como aprendizado após uma corrida bem ruim das famosas montadoras, enquanto a Aston Martin iniciou seu trabalho em Le Mans de forma decente na Hypercar. Um erro da Ferrari #51 na entrada dos boxes complicou a situação desse carro nas últimas horas, mas a equipe da AF Corse fez um trabalho impecável, sempre se mantendo na frente e, muito importante em Le Mans, longe dos problemas.

Liderado por Robert Kubica, o carro #83 ponteou nas últimas horas e a festa da Ferrari só não foi completa por causa do 'intruso' Porsche Penske #6, que não se afobou com os ataques da Ferrari #50 e garantiu o segundo lugar. Após perder a vitória na LMP2 de forma dramática em 2022, Kubica recebeu a bandeirada de forma tranquila, iniciando a festa da Ferrari e de sua equipe. O polaco era um grande prospecto nos já distantes anos 2000 e no começo de 2011, já estava acertado para substituir Felipe Massa na Ferrari em 2012, quando sofreu o acidente que mudou sua vida, numa simples prova de rali na Itália. Kubica teve seu braço direito quase decepado e após uma longa recuperação, foi retornando ao automobilismo, mesmo que longe de ser o mesmo piloto de antes do acidente. Kubica teve uma ligeira passagem na F1 antes de enveredar para o Endurance e desde o ano passado, corre pela AF Corse. Mesmo com seu braço direito deformado, Kubica ainda é capaz de performances de alto nível e será lembrado como a grande estrela de Le Mans em 2025, vencendo com a Ferrari onde quase correu na F1 treze anos antes, além de ser um exemplo de superação.

sábado, 14 de junho de 2025

Primeira fila animada

 


Os treinos livres para o Grande Prêmio do Canadá foram marcados pela indefinição do líder para a prova em Montreal. Mercedes, Red Bull e McLaren ficaram entre os mais rápidos, mas havia a sensação de que a pole seria decidida entre Max Verstappen e os dois pilotos da McLaren. Ninguém apostou em George Russell. O inglês da Mercedes fez uma bela classificação e usando os pneus médios, Russell desbancou Verstappen da pole.

A classificação em Montreal aconteceu sem maiores problemas, com apenas Albon assustando quando a cobertura do motor do seu Williams voou em meio a reta oposta, mas mesmo assim o anglo-tailandês passou ao Q2, enquanto Sainz, atrapalhando por Hadjar, ficou pelo Q1, acompanhado por Bortoleto, eliminado por meros sete milésimos. Já sentindo a pressão em seu cangote, Franco Colapinto finalmente performou bem e não apenas superou Gasly, como lutou seriamente para ir ao Q3. Tsunoda ainda sofre com os efeitos de um problemático segundo cockpit da Red Bull. Além de não ter ido ao Q3, Yuki ainda foi punido em dez posições por ultrapassar em bandeira vermelha durante os treinos. 

No feudo da McLaren, Norris sempre se mostrou mais rápido do que Piastri nos treinos livres, mas no momento decisivo, novamente o australiano se sobressaiu e foi ele quem brigou mais seriamente com Verstappen. Depois do acidente no TL1 e ter perdido o TL2 como consequência, Leclerc vinha forte na classificação, mas acabou errando em sua última tentativa de forma inexplicável, jogou sua ira em cima de Hadjar. Charles sairá em oitavo e largará atrás de um opaco Hamilton. Norris errou em sua primeira tentativa no Q3 e depois não foi mais um fator na briga pela pole, em mais um Q3 para esquecer para Lando. A briga entre Max e Oscar era parelha pela pole e quando Verstappen superou Piastri no estouro do cronômetro, parecia que Max seria o pole.

Quietinho, quietinho, Russell colocou os pneus médios, que em muitos circuitos é o macio e a diferença para o composto macio em Montreal era muito pequena, e de forma quase sorrateira, arrancou a pole de Verstappen. Será uma primeira fila animada. George e Max tiveram seus arranca-rabos nos últimos tempos, incluindo na quinzena anterior em Barcelona e com os dois largando lado a lado no domingo, podemos ter chances de emoção, mesmo Verstappen tendo a sombra de uma punição pelos pontos acumulados por erros. 

domingo, 8 de junho de 2025

Dominância do dominador

 


Marc Márquez é um piloto histórico dentro do Mundial de Motovelocidade, mas algumas pistas se destacam para ele. O circuito de Aragón é um deles. A pista espanhola localizada em Alcañiz contava com seis vitórias de Marc Márquez até hoje e desde os treinos livres o piloto da Ducati, que não vencia desde a prova no Catar, se mostrava faminto em retornar às vitórias. Márquez teve um final de semana próximo da perfeição, arrastando os 37 pontos possíveis num final de semana e se consolida como o grande dominador da MotoGP em 2025.

Minutos antes da largada da MotoGP, Diogo Moreira esteve muito perto de fazer história para o motociclismo brasileiro novamente. Após conquistar sua primeira pole na Moto2 e a primeira do Brasil, Moreira fez uma corrida sólida, se mantendo sempre entre os quatro primeiros e com pneus em melhores condições, começou o ataque nas voltas finais. Diogo ultrapassou Deniz Öncu na última volta, mas um ligeiro erro na chicane antes da reta oposta permitiu a aproximação de Öncu, que contra-atacou na linha de chegada para bater Diogo por meros três milésimos de segundo. A vitória de Diogo Moreira, terceiro colocado no campeonato e próximo dos líderes, não veio hoje, mas seu crescimento na temporada 2025 mostra que não tardará.

Na Sprint Marc Márquez não largou tão bem e pela primeira vez nesse final de semana seu nome não estava no topo da classificação na MotoGP. Marc se recuperou logo depois e venceu a Sprint com facilidade, derrotando seu irmão Alex. No domingo Marc não quis saber de emoções. Largando de forma esplêndida, Marc liderou a corrida de ponta a ponta, administrando a prova a seu bel-prazer a ponto de marcar a volta mais rápida (com direito a recorde) da corrida na penúltima volta. Marc Márquez se recuperou de forma sublime de uma fase menos boa para uma vitória esmagadora, mesmo que esse domínio da temporada 2025 camufle as deficiências da Ducati GP25. Bagnaia teve uma corrida Sprint horrorosa, mas se recuperou no domingo, mas não foi capaz de atacar Alex Márquez, em sua GP24. A moto do ano anterior da Ducati é nitidamente melhor que a atual e o melhor indicador disso é a performance surpreendente de Alex. Apenas o talento extraordinário de Marc esconde um pouco esse fato. O problema de Alex e das equipes satélites da Ducati é que no ano que vem, eles terão usar a moto 2025...

Por isso que Alex tem que aproveitar a situação e se mantém na vice-liderança, muito longe do intocável Marc, mas com uma distância segura para Bagnaia. Numa corrida morna, o melhor momento foi a briga pela quinta posição entre as Ducatis de Morbidelli e Aldeguer, vencida pelo italiano após alguns toques entre eles. Pedro Acosta colocou a KTM em quarto, mas seu descontentamento com os austríacos é público e notório, tornando Acosta um bem valioso para 2026. Bezzecchi caiu na classificação, largou da última fila e numa boa prova de recuperação, ainda garantiu um oitavo lugar. Jorge Martín, que já anunciou que não quer ficar na Aprilia em 2026, observa com uma pulga atrás da orelha. Enquanto isso, Marc Márquez vai com tudo rumo a mais um título.  

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Figura(ESP): Nico Hulkenberg

 A Sauber aproveitou a chegada das novas diretivas para trazer updates em seu carro, dito e havido como o pior da F1/2025. Piloto experiente da equipe, Hulkenberg experimentou as novidades em todos os treinos livres e a evolução da Sauber foi nítida, mas Nico acabou errando no Q1, fazendo-o largar em 15º, enquanto Gabriel Bortoleto brigou para ir ao Q3. O fato de ter sido eliminado tão cedo deixou mais pneus novos à disposição de Hulk e isso seria um fator essencial para a sua corrida. Debaixo de forte calor, Hulkenberg executou uma bela largada, pulando para 12º e ainda na primeira volta ultrapassou Gabriel, ficando na beira da zona de pontuação. Com pneus macios novos, Hulkenberg mostrou a força das atualizações e ultrapassou Alonso e Hadjar, não apenas entrando na zona de pontuação, como se tornando o 'melhor do resto' de forma límpida, apenas com o ritmo do seu Sauber atualizado. Em meio a tantas estratégias diferentes, Hulkenberg solidamente correu no top10 a corrida inteira e quando Antonelli quebrou na frente do alemão e trouxe o Safety-Car, Nico tinha ainda um pneu macio novo guardado e na relargada o veterano ultrapassou a Ferrari de Hamilton, subindo para sexto, mas que se tornaria um quinto lugar pela birra de Max Verstappen mais à frente. A melhor posição da Sauber em muitos anos, desde que se chamava Alfa Romeo, é um bom indicativo da evolução do time que se tornará Sauber em 2026 e que parecia improvável no começo do ano, quando muitos apostavam que a Sauber repetiria a péssima exibição de 2024. Além disso, Nico Hulkenberg ainda é capaz de ótimas atuações no alto dos seus 38 anos.

Figurão(ESP): Max Verstappen

 Ninguém duvida que Max Verstappen é o melhor piloto da F1 atual e um dos gigantes da história da categoria. Tetracampeão de forma consecutiva, dono de habilidades exaltadas por todos os fãs, desde meados de 2024 Max se vê numa situação onde não tem o melhor carro e por isso tem que levar nas costas a sua equipe, resultando em boatos de que Verstappen poderia deixar a Red Bull. A temporada 2025 tem uma McLaren claramente um passo acima e nem mesmo as novas diretivas da FIA, que estrearam em Barcelona com uma maior fiscalização na flexibilidade da asa dianteira dos carros, parou a equipe papaia, que lidera ambos os campeonato e no circuito de Montmeló conseguiu mais uma dobradinha na temporada. Max Verstappen luta com o que pode contra esse domínio e na Espanha fez uma grande corrida, arriscando uma estratégia de três paradas que chegou a assustar a turma da McLaren. No entanto, um Safety-Car nas voltas finais fez com que a Red Bull colocasse a única opção de pneus novos que tinha no estoque: um jogo de duros. Max questionou com razão, mas tudo pioraria na relargada, quando quase rodou e foi ultrapassado por Leclerc, que no meio da reta chegou a tocar rodas com Max, o deixando ainda mais fulo. No final da reta, Russell tentou aproveitar a fragilidade de Max e mergulhou por dentro, resultando em mais um toque. Verstappen saiu da pista e voltou na frente de George, num clássico caso de devolver a posição. A Red Bull instruiu Max a fazê-lo, mas com tantas frustrações em poucos minutos, Verstappen tirou o pé e logo depois jogou seu carro em cima de Russell, numa cena inexplicável, que rendeu à Max uma punição de 10s e uma décima posição muito abaixo de sua pilotagem, mas que Max se perdeu completamente por seu desarranjo cerebral por causa das frustrações acumuladas. Mesmo sendo um titã da F1, Max Verstappen precisa aprender que problemas poderão ocorrer e que se portar dignamente faz bem não apenas para a sua imagem, como para a sua situação no campeonato. 

domingo, 1 de junho de 2025

Tranquilidade em meio à fúria

 


Nem o dia quente e abafado em Barcelona impediu o domínio da McLaren. Muito menos as esperadas novas diretivas técnicas da FIA com relação à flexibilidade da asa dianteira, que muitas equipes esperavam que mudassem o status quo da F1, mas esqueceram de combinar com a McLaren, que conseguiu uma dobradinha na Catalunha, mesmo que tendo que ter bastante cuidado com o onipresente Max Verstappen, que fez funcionar uma tática genial da Red Bull, mas que no final tudo foi por água abaixo, inclusive fazendo o neerlandês sair da casinha.


O sol forte em Barcelona fez com que o asfalto chegasse aos 50ºC, tornando os pneus os grandes protagonistas da tarde espanhola, alimentando estratégias diferentes por todo o pelotão. A largada no circuito de Montmeló é um pouco diferente de muitos circuitos do calendário, pois há um grande espaço até a primeira curva e o vácuo sempre faz a diferença. No entanto, Lando Norris continuou sua tradição de largadas vacilantes e foi ultrapassado praticamente na saída dos carros por Max Verstappen, enquanto o pole Oscar Piastri manteve a ponta com certa facilidade, contornando a primeira curva sem maiores problemas. Mais atrás, Leclerc era atrapalhado por Hamilton na largada, mas o inglês acabou ultrapassando seu compatriota Russell na primeira curva, enquanto Charles ultrapassou a Mercedes poucas voltas depois. No final da primeira volta Verstappen ainda esboçou um ataque em cima de Piastri, mas logo o australiano assumiu as rédeas da corrida, enquanto Norris aos poucos se aproximava. O conhecido bom gerenciamento de pneus da McLaren entrou em cena quando Lando encostou em Verstappen e o piloto da Red Bull nem se preocupou em se defender do rival, mas com o vacilo na largada, Norris já tinha 4s de desvantagem para Piastri na ponta, com a McLaren construindo rapidamente a sua esperada dobradinha.


Para Max Verstappen não restava outra alternativa do que fazer algo diferente e Hannah Schmitz engendrou uma tática que se mostrou geniosa. Até a entrada do Safety-Car no final da prova. Lembrando os bons tempos da Ferrari com Ross Brawn e Michael Schumacher, a britânica trouxe Max para os pits um pouco mais cedo e ao colocar pneus macios no carro de Verstappen, mandou o neerlandês sentar a bota e fazer algo bem raro nos últimos tempos da F1: uma estratégia de três paradas. A McLaren demorou um pouco a reagir à estratégia da Red Bull e chegou a acalmar Lando Norris, se dizendo 'felizes' com a situação. O que a turma da McLaren não contava era com o ritmo alucinante de Verstappen e logo após a primeira parada de Oscar e Lando, perceberam que se não aumentassem o ritmo, Max poderia ser uma ameaça no fim da corrida, com pneus em melhores condições. Se antes parecia que Verstappen apenas se defendia de Leclerc para o último lugar do pódio, nas voltas finais o neerlandês estava fustigando novamente a dupla da McLaren. Com um carro melhor, o 'despertar' da McLaren veio na hora correta. Max realizou sua terceira parada no mesmo momento em que a McLaren trouxe seus dois carros pela segunda vez. Tendo parado antes, Verstappen teria uma chance clara quando saiu menos de 1s atrás de Norris, mas o inglês teve sorte de entrar na reta dos boxes menos de 1s do retardatário Carlos Sainz e pode utilizar o DRS e se defender de qualquer ataque de Max. Mas esse não foi único problema que Lando e Max tiveram com retardatários. Lando Norris se meteu no meio de uma briga entre Liam Lawson e Oliver Bearman quando estava para colocar uma volta em ambos, fazendo com que Verstappen se aproximasse deles, mas Bearman acabou 'ajudando' Norris, fazendo com que Verstappen levantasse o braço em fúria. Contudo, esse não seria o único momento de raiva de Max.


Quando a corrida se aproximava do seu fim, o motor de Antonelli explodiu e com o italiano atolado na brita, o Safety Car entrou na pista. Foi então que começou o tormento de Max Verstappen. Tendo parado três vezes, Max não tinha mais pneus novos, a não ser um composto... duro! As McLarens pararam para colocar pneus mais novos macios, mesmo que usados. Por sinal, praticamente o grid inteiro fez isso. Max sabia que estava enrascado na relargada e tudo piorou quando abanou a traseira na entrada da reta dos boxes, permitindo o ataque de Leclerc. Já no terço final da reta, os dois antigos rivais do kart tiveram um ligeiro toque, deixando Max furibundo. Na freada, Russell mergulhou e tocou em Max, deixando-o ainda mais irritado. Verstappen saiu da pista e voltou na frente de George, num clássico caso de devolver a posição para o adversário, mas quando o fez na volta seguinte, de forma inexplicável Max bateu forte em Russell, deixando todos estupefatos. Mesmo tendo deixado Russell passar algumas curvas depois, Max Verstappen acabou punido pela manobra tresloucada em cima de George e caiu para a décima posição.


Mesmo com a tensão de uma relargada nas últimas voltas da corrida, Oscar Piastri se comportou magistralmente bem e venceu pela quinta vez em 2025, alcançando a sétima vitória na carreira e um hat trick (pole, melhor volta e vitória). Norris lamentou bastante sua largada ruim, que basicamente o relegou a comboiar Piastri quando ultrapassou Verstappen até a bandeirada e perder mais alguns pontos no campeonato. Com mais essa dobradinha, a McLaren se consolida ainda mais na liderança do Mundial de Construtores e respondeu à altura a quem esperava que a equipe perdesse desempenho com as novas diretivas. Leclerc não tentou uma segunda volta no Q3 para guardar pneus e a aposta acabou se pagando, numa prova correta do monegasco, que superou facilmente seu companheiro de equipe nas primeiras voltas e fez uma corrida solitária na maior parte do tempo. Quando teve a oportunidade de capitalizar o erro de Verstappen, Leclerc não perdeu tempo e garantiu o segundo pódio de 2025 numa temporada ainda abaixo das expectativas para a Ferrari. Hamilton fez outra corrida ruim, muito atrás de Leclerc e na relargada, sendo ultrapassado pela Sauber de Hulkenberg e tendo que segurar os ataques de Hadjar. Muito pouco para quem chegava dizendo que faria história pela Ferrari. A Mercedes fez uma corrida opaca, onde Russell só apareceu quando atacou Verstappen e levou uma trancada inexplicável do piloto da Red Bull. Toto Wolff não gostou do abandono de Antonelli, mas algo chama a atenção: o motor Mercedes está quebrando demais. Ponto de atenção para a McLaren.


Com a Sauber trazendo novidades para essa prova em Barcelona, Nico Hulkenberg fez a prova mais destacada da turma do pelotão intermediário em 2025, conseguindo um incrível quinto lugar. Após uma bela largada, ultrapassou Bortoleto, Alonso e Hadjar, se colocando como o melhor do resto com sua Sauber. No fim ainda encaçapou Hamilton para um ótimo quinto lugar, enquanto Bortoleto foi para uma tática diferente do companheiro de equipe e que quase se pagou, terminando em 12º, bem próximo dos pontos. A evolução da Sauber pode significar um bom sinal para Gabriel. Hadjar fez outra prova sólida e é hoje o segundo melhor piloto do grupo Red Bull. Porém, isso não significa uma boa notícia, pois ser promovido para a Red Bull hoje em dia não é nada proveitoso, Tsunoda que o diga. Tendo assistido a final da Champions League ao lado de Hadjar e vibrado com a vitória acachapante do PSG, Gasly também fez boa prova e marcou alguns pontos para a Alpine, enquanto Colapinto fez uma prova horrorosa, ficando nenhum momento próximo dos pontos. E Flavio Briatore dizia que o problema era Jack Doohan...


Finalmente Fernando Alonso marcou seus primeiros pontos em 2025, mas o assunto da Aston Martin foi o dia de fúria de Lance Stroll, que teria dado um piti dentro dos boxes após a classificação, onde tomou meio segundo de Alonso e ficou no Q2. Horas depois, foi anunciado que Stroll não correria na Espanha por dores no pulso por causa do seu acidente... no início de 2023! Algo muito estranho pode estar acontecendo dentro do feudo Stroll. Drugovich já está de olho na próxima corrida, em Montreal, mesmo que ele esteja escalado para correr nas 24 Horas de Le Mans, no mesmo final de semana. Haas pouco apareceu, enquanto a Williams teve seu pior final de semana no ano, com seus dois pilotos quebrando a asa dianteira nas primeiras voltas e quando Albon quebrou a terceira asa, a equipe mandou o tailandês encostar, provavelmente por falta de peças, enquanto Sainz andou sempre atrás na frente de sua torcida.


Num final de semana onde Verstappen e Stroll tiveram dias de fúria, Oscar Piastri mostrou sua mansidão para dominar outra prova em 2025 e se consolidar ainda mais como favorito ao título. Ainda mais com Norris ainda cometendo vacilos demais e Max mostrando um destempero psicológico que o fez perder pontos hoje, no que tinha sido uma grande corrida do neerlandês. O comportamento de Max pode ser a frustração de um piloto que sabe ser o melhor do pelotão, mas está impotente frente a uma equipe que tem um carro bem melhor do que o seu. A McLaren também deu uma bela resposta às suas adversárias, com uma dobradinha bem no final de semana das novas diretivas da FIA, mas que de nada serviram para parar a McLaren e Piastri.