Lando Norris, Campeão Mundial de F1. Sim, apesar dos erros dentro e fora das pistas, declarações inacreditáveis e uma postura que muitos campeões não assinariam durante o ano, Lando Norris foi preciso na última etapa do campeonato de 2025, lhe bastando o suficiente terceiro lugar para ser o 35º campeão mundial da história da F1, tirando a McLaren de uma fila de dezessete anos. A corrida de Lando em Abu Dhabi foi uma síntese de sua temporada, onde não lhe falta velocidade, mas o inglês não passa a segurança de que ele irá 'torcer a faca'. Largando em segundo, Norris foi surpreendentemente ultrapassado por Piastri ainda na primeira volta e sempre teve Charles Leclerc por perto, o que no contexto do campeonato daria o título para Max Verstappen, que fez o que tinha em mãos, que era vencer a corrida e esperar que Norris chegasse fora do pódio. Com a McLaren não repetindo o erro grosseiro da semana passada no Catar, Norris administrou a terceira posição até a bandeirada e conquistou seu primeiro título na F1.
A corrida no horroroso Autódromo de Yas Marina esteve longe de emocionar qualquer entusiasta mais fanático de F1. Somente os milhões de 'petrodólares' pagos pelos emiradenses todo ano na conta da F1 justifica um circuito que ninguém goste fechando o campeonato ano após ano. A pole de Max Verstappen na véspera deve ter tornado a noite da cúpula da McLaren e de Lando Norris bem difícil, pois ainda está fresco na memória a McLaren errando de forma crassa na estratégia e Lando espalhando a farofa em momentos decisivos. A largada falaria muito como a corrida pelo título transcorreria, ainda mais com os três postulantes nas três primeiras posições. Antes da largada Zak Brown anunciara que os dois pilotos da McLaren não se atacariam, mas faltava combinar com o resto do grid. Max Verstappen deu uma bela lição à Lando Norris como defender uma pole, ao apontar seu carro para dentro, fechar o próprio Lando na aproximação da primeira curva, só que ao contrário do que Norris fez em Las Vegas, Max contornou a primeira curva normalmente e assumiu a liderança da corrida, concretizando seu plano. Realmente a dupla da McLaren se respeitou ao extremo na largada e para melhorar, o piloto que poderia atrapalhar os planos de Zak Brown e seus papaias caps falhou miseravelmente na largada, com Russell destracionando e perdendo de cara duas posições, fazendo com que Leclerc pulasse para quarto, trazendo consigo Alonso.
Era esperado que os primeiros colocados mantivessem suas posições, mas Oscar Piastri resolveu que ele tinha seus próprios planos e partiu para cima do seu companheiro de equipe, efetuando uma bela ultrapassagem por fora, assumindo a segunda posição e deixando Norris numa posição frágil. Bastava um vacilo, um erro e Lando sairia da posição de pódio, entregando o campeonato para Verstappen, que disparava na frente. Para piorar as coisas para Norris, Charles Leclerc tirou desempenho não se sabe de onde da capenga Ferrari e o monegasco pressionou Norris nas primeiras voltas, inclusive usando o moribundo DRS para atacar Lando em determinados pontos. Com o passar das voltas, o ímpeto de Leclerc diminuiu e as posições se assentaram, com Verstappen 2,5s na frente de Piastri, que tinha 2s em cima de Norris. Contudo, Piastri estava calçado com pneus duros, enquanto seus adversários estavam com os médios, indicando que Oscar ficaria mais tempo na pista. A corrida passava nesse momento para o fator estratégico e de quando cada um dos rivais pelo título parariam. Toto Wolff se mostrou amistoso com sua cliente McLaren, mas a Ferrari não parecia ser tão condescendente e parou Leclerc na volta 17, fazendo com que a McLaren trouxesse Norris para os pits na volta seguinte, reagindo a manobra ferrarista. Nesse ponto a McLaren acertou, pois Lando voltou à pista na frente de Leclerc e o piloto da Ferrari ainda tinha Russell, que parara no mesmo instante, lhe pressionando, tirando um pouco da pressão. Por outro lado, Norris estava no meio do tráfego e isso poderia causar alguns problemas. O piloto da McLaren usou muito bem seus pneus duros novos e ultrapassou vários pilotos, até mesmo o perigoso Liam Lawson, da equipe satélite da Red Bull.
Com um ritmo forte e deixando Leclerc numa distância segura, Norris se aproximava de Yuki Tsunoda, que mesmo de fora do grid da F1 em 2026, prometera que faria de tudo para ajudar Max Verstappen. E Yuki reforçou isso via rádio. A apreensão aumentava na mesma medida em que Norris se aproximava do nipônico. Numa das retas de Yas Marina, Tsunoda mostrou sua carta de intenção ao ziguezaguear no meio da reta e no momento em que Norris escolheu uma linha, Yuki forçou a barra em cima de Norris, que para não bater, completou a ultrapassagem além da linha branca. Não demorou para surgir que a manobra estava em investigação, cada qual com seu prisma. Tsunoda por ter ziguezagueado na reta e forçado Norris para fora da pista. Já Norris era investigado por ter ultrapassado por fora da linha branca. Logo surgiram lembranças de 2021, quando a direção de corrida decidiu o campeonato de forma cristalina, mas como não tínhamos Michael Masi na torre de controle, apenas Tsunoda fora punido e Norris continuaria a sua corrida normalmente, para alívio da McLaren e dos fãs da F1, receosos de outra corrida e campeonato sendo decidido pelos comissários. A corrida era tranquila e... chata. O Safety-car esteve longe de aparecer em cena, algo que fez toda a diferença em Losail. Max Verstappen fez sua parada tranquilamente e voltou à pista em segundo, com Piastri assumindo a ponta da corrida e sem surpresas, esticando ao máximo seu stint com a borracha mais dura. Com pneus novos, Max Verstappen 'devorou' toda a vantagem de Piastri, mas o próximo McLaren a parar não foi Oscar. Com os pneus desgastando bastante, houve uma variação tática entre as equipes e a Ferrari trouxe Leclerc aos pits pela segunda vez, algo que a McLaren não hesitou em fazer com Norris. A McLaren jogava na bola de segurança e a estratégia funcionou perfeitamente, com Lando se mantendo em terceiro, mesmo tendo colocado pneus duros, enquanto Charles estava com os médios. Em certo momento Leclerc tirou 1s por volta de Lando, mas não demorou para os pneus duros começarem a funcionar melhor e Lando administrar a vantagem sobre Leclerc.
Piastri já tinha Verstappen em seus retrovisores quando fez sua única parada, retornando logo à frente de Norris. Verstappen também optou por parar apenas uma vez e perguntava por Leclerc, como se o monegasco fosse seu companheiro de equipe, mas Leclerc era apenas a única esperança de título do neerlandês. Com Leclerc sem chances de atacar Norris, a corrida caiu em sua monotonia habitual em Abu Dhabi, com as voltas passando e a bandeirada dada pela linda Ana de Armas se aproximando. A dupla da McLaren se aproximou de Verstappen, mas nem Max e muito menos os pilotos 'mclarianos' estavam interessados em briga. Max Verstappen fez o que dele era possível. Ele conquistou a pole de forma impressionante, largou muito bem e dominou a prova, esperando por um milagre acontecer atrás de si. O milagre não veio, mas a temporada de Max Verstappen poderia ser assinada por Ayrton Senna em 1993 ou Fernando Alonso em 2012. Com um carro inferior e uma janela de desempenho estreita, Max Verstappen tirou uma desvantagem superior aos cem pontos para terminar o campeonato com meros dois pontos de déficit. E com uma vitória a mais que os pilotos da McLaren. Max lembrará com lamento do destempero em Barcelona, mas sairá fortalecido rumo ao desconhecido que será 2026 e suas complexas novas regras. A Red Bull também aprendeu a lição de que ter apenas um 'cavalo' contra dois faz toda a diferença. Em todo momento nessa briga Max Verstappen não pôde contar com Tsunoda, que punido, mais uma vez ficou fora dos pontos em sua despedida da F1.
Piastri cruzou a bandeirada sabendo que terá um 2026 decisivo na carreira se quiser continuar sendo um talento geracional. Prejudicado pelas famigeradas 'Papaya Rules', Piastri via sua enorme vantagem após a vitória em Zandvoort se esfarelar tanto pelos erros da McLaren, como seu derretimento, muito pela parte psicológica, onde a McLaren deu a entender, apesar das inúmeras negativas, trabalhar a favor de Lando Norris. E 16s depois de Max Verstappen, Lando Norris recebeu a bandeirada, confirmando seu primeiro título no limite. Observando toda a emoção de Lando Norris ao lados dos pais, da bela namorada e da cúpula da McLaren, me vejo em 1996, quando Damon Hill se sagrou campeão mundial. Damon não era o piloto mais talentoso daquela geração e mesmo vencendo oito corridas naquele ano, havia a sensação de que o melhor piloto do ano não venceu (Schumacher). Talvez nem o melhor piloto da equipe dominante (Jacques Villeneuve surgiu na F1 como um furacão, mas logo se mostrou um leve sopro). Damon Hill teve seus méritos, mas somente com o tempo eles foram sendo considerados. Talvez isso aconteça com Lando Norris no futuro. Muitos estavam felizes pela glória do inglês da McLaren, mas há a sensação de que mesmo vencendo sete vezes no ano, ter virado um campeonato que parecia perdido para o companheiro de equipe e segurado a pressão de um gigante como Max Verstappen nas corridas finais, muitas pessoas não consideram Lando Norris um campeão mundial digno. Alguém que sente na mesma mesa de Emerson Fittipaldi, James Hunt, Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna, Mika Hakkinen e Lewis Hamilton, os ilustres outros campeões mundial pela McLaren na F1. Talvez o futuro, assim como fez com Damon Hill vinte e nove anos atrás, faça com que olhemos com mais simpatia pelo título de Lando Norris em 2025.
Charles Leclerc conseguiu uma ótima corrida com a claudicante Ferrari, fechando o ano andando mais do que seu carro, até se tornando o 'melhor amigo' de Max Verstappen durante a corrida. Saindo da 16º posição, Lewis Hamilton optou por uma estratégia arriscada, largando com pneus macios e parando cedo para ter ar limpo por bastante tempo. Podemos dizer que a Ferrari acertou! Lewis parou duas vezes, mas tinha um ritmo forte o tempo todo para chegar em oitavo, contudo, isso não apaga uma temporada frustrante do heptacampeão mundial. A Mercedes confirmou o vice-campeonato no Mundial de Construtores mesmo com George Russell tendo feito uma corrida para lá de discreta e Antonelli, eliminado no Q2 no sábado, não repetindo as boas atuações das três últimas provas. A Mercedes ficou com essa posição mais pelo fato de que a Red Bull só tem um piloto e a Ferrari ter tido um ano para esquecer, mas ao menos a Mercedes poderá comemorar o fim do atual regulamento, onde os comandados de Toto Wolff não se entenderam em nenhum momento. Muito se fala que a Mercedes terá o melhor motor no novo regulamento, mas isso só será respondido em março do ano que vem.
Após sua boa largada, Fernando Alonso passou a liderar o pelotão no melhor do resto e seu sexto lugar foi importante por manter a Aston Martin em sétimo lugar no Mundial de Construtores e o espanhol beliscou um top10 no Mundial de Pilotos. Stroll ainda salvou um pontinho, mas o canadense é um claro peso morto dentro da equipe do pai. A Racing Bulls teve Hadjar no top10 nas primeiras volta e Lawson por perto, mas a equipe satélite não brilhou em ritmo de corrida, seus pilotos já sabendo o que fazer em 2026, com Lawson permanecendo na equipe para receber Arvid Linblad, novo prospecto da Red Bull, enquanto Hadjar irá terá a honra duvidosa de ser promovido para a equipe principal, tentando evitar ser mais uma vítima da máquina de moer pilotos comandada por Helmut Marko. Ocon finalmente superou Bearman, que teve uma bela temporada de estreia na F1. Falando em estreia, Gabriel Bortoleto passou boa parte da corrida na zona de pontos, mas ao optar por uma única parada, acabou atropelado por Stroll e Hulkenberg, saindo da zona de pontuação. Afora toda a afetação em Interlagos, Bortoleto fez uma temporada digna como novato e junto ao competente Hulkenberg, vai com boas expectativas para a Audi, que em 2026 substitui a já saudosa Sauber. Sainz acabou punido e ficou fora dos pontos, mas o espanhol claramente se recuperou de um início de campeonato difícil com a Williams e não apenas se colocou entre os dez primeiros do Mundial de Pilotos, como ajudou a Williams a ser quinta colocada no Mundial de Construtores. Albon fez uma primeira metade de campeonato muito forte, mas caiu de desempenho, numa curiosa situação onde os pilotos da Williams não estiverem bem ao mesmo tempo. Quem não esteve bem em momento algum foi a Alpine. Vivendo um caos administrativo liderado por Flavio Briatore, a Alpine viveu de lampejos de Pierre Gasly e arrumar carros destruídos por Franco Colapinto, que com a ajuda de patrocinadores portenhos, ainda seguirá mais um ano na Alpine, para alegria dos funileiros franceses. A confusão dentro da equipe é tamanha, que mesmo sendo a equipe oficial da Renault, Briatore convenceu os franceses a abandonar... o motor Renault! Tradicional fabricante de motores na F1, a Renault deixa a categoria mais uma vez e dessa vez de forma melancólica, com os dois pilotos da Alpine fechando o pelotão num dia sem abandonos em Abu Dhabi.
A briga tripla entre Norris, Verstappen e Piastri terminou de forma previsível numa corrida sem graça num circuito dos mais chatos que a F1 já viu, mas só estando no calendário por ser extremamente bem financiado. Max Verstappen não tem mais nada a provar, enquanto Piastri terá muito a provar em 2026. Já Lando Norris curtirá seu primeiro título com bastante emoção, como demonstrou ainda dentro do carro, mas precisará fazer mais no futuro para que esse título em 2025 não entre na classe dos 'one hit wonder', onde Norris soube usar as circunstâncias a seu favor para conquistar o título, afinal, todo ano alguém precisa ser coroado.
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