quarta-feira, 7 de abril de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1985


O domínio da McLaren em 1984 tinha sido inédito na F1 até aquele momento. Foram doze vitórias em dezesseis corridas daquela temporada, mas quem acabou campeão da dupla de pilotos mclariana acabou sendo o de menos vitórias. Niki Lauda usou sua enorme experiência para tirar o doce da boca de Alain Prost, que perdia seu segundo título consecutivo e já era chamado à boca pequena de "Stirling Prost", pelos vice-campeonatos seguidos. Com 30 anos de idade e no auge da forma técnica, Prost sabia que seu primeiro título não poderia escapar em 1985 e por isso trabalhou como nunca para se tornar o primeiro francês campeão mundial de F1 naquela temporada.

As principais equipes, incluindo aí a super-campeão McLaren, mantiveram seus pilotos para 1985 e as substituições foram pontuais, na maioria das vezes sendo trocas entre as próprias equipes. Após ter provocado um terremoto em sua estréia na F1, Ayrton Senna ficou grande demais para a Toleman e teve seu passe disputado a tapa por várias equipes. Porém, apenas a Lotus ofereceu um lugar para 1985 e assim o brasileiro garantiu um lugar ao lado de Elio de Angelis. Substituído na Lotus por Senna, Nigel Mansell se transferiu para a Williams no lugar de Jacques Laffite, cuja volta para a Ligier não representou nenhuma surpresa. François Hesnault, que não tinha feito uma temporada de estréia brilhante, foi ser companheiro de equipe de Nelson Piquet na Brabham. O brasileiro teria mais um desafio após um 1984 difícil. Bernie Ecclestone tinha acertado um contrato com a Pirelli e Piquet passou dias treinando os pneus italianos em Kyalami. O próprio Nelson Piquet chegou a dizer anos mais tarde que chegou a pegar pneus da Michelin, que tinha abandonado a F1 no final de 1984, para comparar com os da Pirelli, e quando o resultado não era bom, todo um lote chegando a conter centenas de pneus era mandado para a África do Sul no dia seguinte. Foi um enorme esforço, mas Piquet ainda sofreria bastante com os novos pneus.

Michele Alboreto tinha sido um dos poucos a quebrar o domínio da McLaren em 1984 e sua Ferrari tinha evoluído bastante nos testes de pré-temporada e por isso não foi surpresa ver o italiano ficando com a primeira pole de 1985, seguido por um igualmente crescente Williams-Honda de Keke Rosberg. Senna mostrava sua enorme velocidade nas Classificações logo na sua estréia pela Lotus, mas o brasileiro acabaria superado pelo companheiro de equipe Elio de Angelis, enquanto Prost e Lauda não largariam entre os primeiros.

Grid:
1) Alboreto (Ferrari) - 1:27.768
2) Rosberg (Williams) - 1:27.864
3) De Angelis (Lotus) - 1:28.081
4) Senna (Lotus) - 1:28.389
5) Mansell (Williams) - 1:28.848
6) Prost (McLaren) - 1:29.117
7) Arnoux (Ferrari) - 1:29.612
8) Piquet (Brabham) - 1:29.855
9) Lauda (McLaren) - 1:29.984
10) Warwick (Renault) - 1:30.100

O dia 7 de abril de 1985 estava quente e ensolarado no Rio de Janeiro. Clima em que os pilotos já estavam acostumados desde que o Grande Prêmio do Brasil foi ao Rio e também pelos testes de pneus realizados em Jacarepaguá em fevereiro. O clima bucólico da corrida no Rio parecia acalmar um pouco os nervos, mas haviam certos pilotos que não sabiam correr sem nervos e acidentes acabavam acontecendo. Nigel Mansell sempre havia andado bem em Jacarepaguá e com um bom carro em mãos, tinha a chance de uma boa posição, mas sua velha impaciência o fez desperdiçar uma ótima largada ainda na primeira curva. Mesmo saindo apenas na 5º posição, Mansell consegue chegar na primeira curva brigando com seu companheiro de equipe Rosberg e Alboreto. Enquanto Rosberg vinha por dentro, Mansell vinha à esquerda de Alboreto e como não cabiam três carros naquela curva, o resultado foi um toque entre Alboreto e Mansell com o inglês levando a pior e destruindo sua promissora estréia na Williams ainda na primeira curva.

Rosberg sai ileso da disputa e liderava com tranquilidade o Grande Prêmio do Brasil, enquanto Alboreto parecia sofrer com o toque em Mansell, mas se mantinha em segundo. Prost também consegue uma largada espetacular e supera as duas Lotus, aparecendo em terceiro, enquanto os carros negros da Lotus também haviam trocado de posição, com Senna à frente de De Angelis. Os três primeiros se destacam dos demais, com Rosberg imprimindo um ritmo forte na ponta da corrida, mas infelizmente os velhos fantasmas da Williams retornaram e o motor Honda começou a soltar fumaça ainda na nona volta. O turbo do carro do finlandês havia lhe traído, como havia ocorrido tantas vezes em 1984. Alboreto liderava a corrida seguido de perto por Prost, mas atrás do francês uma velha e experiente raposa começava a crescer na prova.

Niki Lauda havia ficado conhecido ao conquistar seu terceiro título pelas suas incríveis corridas de recuperação. O austríaco fazia corridas cirúrgicas, onde se não era capaz de derrotar Prost com base na velocidade nas Classificações, conseguia imprimir um ritmo de corrida incrível e não raro venceu assim. Largando em 9º, Lauda se esquivou bem dos incidentes da largada e cruzou a primeira volta em 8º, colado em Piquet, mas não teve trabalho quando o brasileiro teve problemas de câmbio ainda na segunda volta. Cinco voltas depois ele ultrapassou a Ferrari do apagado René Arnoux e logo se aproximou, e passou, as duas Lotus, chegando à terceira posição ainda na volta 14. E agora se aproximava da briga pela liderança. Prost sabia muito bem do que Lauda era capaz e quando percebeu o capacete vermelho do tricampeão mundial em seu retrovisor, passou a atacar de forma mais efetiva Alboreto. O italiano se segurava como podia e seus freios já não eram mais os mesmos. Enquanto ultrapassava um retardatário na reta dos boxes, na abertura da volta 18, Alboreto erra uma marcha (isso existe hoje?) e Prost aproveita para deixar o italiano para trás e sumir na frente.

Sem tempo a perder, Lauda se aproximou gradativamente de Alboreto e mostra ao mundo da F1 que a McLaren ainda tinha o melhor carro, mas o austríaco começou a perder rendimento e na volta 24 entrou lentamente nos boxes com problemas eletrônicos. Com Piquet prematuramente fora da corrida, Senna passava a ser a grande estrela brasileira na corrida e o paulista não decepcionava, ocupando um sólido, mas solitário, 3º lugar. A corrida fica estática, com Prost disparado lá na frente, com Alboreto a uma distância segura. Quando parecia que Senna estrearia na Lotus com um pódio, um problema eletrônico acabou com o sonho do brasileiro nas últimas voltas e quem se aproveitou disso foi Elio de Angelis, que assumiu o terceiro posto, mas uma voltas atrás dos líderes. Prost venceu pela terceira vez o Grande Prêmio do Brasil e mostrava que era um dos grandes favoritos ao título daquele ano, mas teria que tomar cuidado com a Ferrari, com Alboreto conseguindo um sólido 2º lugar, ainda reclamando do toque em Mansell na primeira curva. René Arnoux, após ter problemas no meio da corrida, terminou a prova em 4º lugar, mesmo duas voltas atrás dos líderes. Um bom resultado para o veterano francês devido as circunstâncias, mas de forma estranha, a Ferrari anuncia que Arnoux tinha sido demitido da equipe por problemas físicos com o francês. Dizem que o objetivo real da Ferrari era demitir Arnoux por qualquer motivo que fosse, já que René tinha contrato para mais duas temporadas e a Ferrari queria Stefan Bellof em 1986. Por mais que a Ferrari tivesse construído um bom carro, o caos administrativo que também caracterizava a equipe estava mais forte do que nunca.

Chegada:
1) Prost
2) Alboreto
3) De Angelis
4) Arnoux
5) Tambay
6) Laffite

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