quinta-feira, 9 de abril de 2020

História: 20 anos do Grande Prêmio de San Marino de 2000

A temporada europeia em 2000 iniciava com a Ferrari vindo de duas vitórias com Michael Schumacher, enquanto a McLaren ainda estava zerada. Contudo isso não era o reflexo do que estava acontecendo na pista, com Ferrari e McLaren muito próximos, numa categoria à parte dentro da F1. Mika Hakkinen estava bastante pressionado por ainda não ter pontuado e sua missão de defender o seu campeonato se complicava ainda no começo do campeonato. Com um carro no mesmo nível dos rivais, Schumacher sobressaía em busca do sonhado título pela Ferrari. Assim como aconteceu no ano passado, havia uma F1-B em 2000, com as demais equipes apenas brigando pelo quinto lugar para trás se Ferrari e McLaren não quebrassem. Quem surpreendia nesse pelotão era a Williams com o novíssimo motor BMW, enquanto Benetton e Jordan vinham logo atrás, com o time de Eddie Jordan não conseguindo emular o grande campeonato de 1999, o mesmo acontecendo com Frentzen.

A classificação em Ímola promoveu um dos momentos clássicos no começo desse milênio. Sem surpresas os quatro primeiros colocados do grid tinham domínio dos pilotos de Ferrari e McLaren, mas havia muita briga pela pole. Hakkinen liderou boa parte da classificação, mas Schumacher foi 25 milésimos de segundo mais rápido do que Mika em sua última tentativa, para delírio dos tifosi. Porém Hakkinen tinha aberto sua última volta rápida com segundos para o fim. As duas primeiras parciais mostravam Mika ligeiramente mais lento, mas era claro que o nórdico estava no limite. Numa terceira parcial impressionante, Hakkinen chegou a sair ligeiramente da pista para conseguir uma incrível pole, se igualando à Niki Lauda e Nelson Piquet, além de calar todo o autódromo em Ímola.  

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:24.714
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:24.805
3) Coulthard (McLaren) - 1:25.014
4) Barrichello (Ferrari) - 1:25.252
5) R.Schumacher (Williams) - 1:25.871
6) Frentzen (Jordan) - 1:25.892
7) Irvine (Jaguar) - 1:25.929
8) Trulli (Jordan) - 1:26.002
9) Villeneuve (BAR) - 1:26.124
10) Diniz (Sauber) - 1:26.238

O dia 9 de abril de 2000 amanheceu nublado, mas sem previsão de chuva no clima primaveril que faz nessa época do ano na Itália central. Com a Ferrari em ótima fase, os tifosi lotaram as arquibancadas do Autodromo Enzo e Dino Ferrari para torcer por Schumacher contra Hakkinen. O alemão sabia que o posicionamento seria muito importante num circuito onde ultrapassar era muito difícil. A corrida da F3000 no sábado foi bastante enfadonha, com os pilotos praticamente mantendo suas posições até a bandeirada. Quando as luzes apagaram Hakkinen largou muito bem, enquanto Schumacher patinava muito e imediatamente o alemão cortou à frente de Coulthard para defender sua posição. Mika chegou tranquilo para a freada da chicane Tamburello, enquanto Schumacher, Coulthard e Barrichello chegaram praticamente lado a lado. Barrichello tirou o pé um pouco mais cedo e permitiu Schumacher contornar na frente, mas quando Michael completou a segunda parte da chicane, Coulthard teve que aliviar e Barrichello assumia a terceira posição do escocês.

O panorama da corrida foi decidido na largada. Hakkinen liderava logo à frente de Schumacher, que não demorou muito para se recuperar da má largada e encostar na McLaren. Mais atrás Rubens Barrichello, sem encontrar um bom acerto do carro no final de semana inteiro, segurava claramente Coulthard. Villeneuve tinha conseguido uma ótima largada e aproveitando o mau arranque de Ralf Schumacher, Frentzen e Irvine, pulou de nono para quinto, seguido por Trulli, Frentzen, Irvine e Ralf. Mika e Michael trocavam a melhor volta a cada passagem, enquanto Coulthard permanecia placidamente atrás de Barrichello, mesmo claramente mais rápido. Essa palidez de desempenho de Coulthard lhe custou muitas vitórias e também as rédeas da McLaren na época. A primeira rodada de paradas começou com Coulthard, que colocou bastante combustível para alongar a segunda parada e ficar mais tempo na pista do que Barrichello. Mika e Michael pararam juntos e saem nas mesmas posições, porém, Schumacher colocou mais combustível, na tentativa de emular a tática de Coulthard. Hakkinen tentava abrir após a primeira parada e já tinha 5s de frente de Schumacher, enquanto Barrichello vinha mais de 30s atrás do companheiro de equipe. Quando Hakkinen voltou aos pits para a segunda parada, Schumacher ficou na pista para fazer as suas famosas voltas voadoras. Foram voltas alucinantes, no qual o alemão bateu o recorde da pista e quando parou um par de voltas depois, reabasteceu rapidamente e voltou 4s na frente de Hakkinen.

Barrichello e Coulthard pararam na mesma volta, mas tendo menos combustível para colocar em seu carro, a parada do escocês foi 2s mais rápida, permitindo a David assumir a terceira posição. A corrida fica estática, mas nem por isso menos tensa. Schumacher e Hakkinen imprimiam um ritmo impressionante. Depois da corrida ambos falaram que andaram em ritmo de classificação da primeira a última volta, onde Schumacher recebeu a bandeirada em primeiro pela terceira vez em 2000 e disparava no campeonato. Mesmo tendo perdido uma corrida em que liderou a maior parte, Hakkinen estava contente com os primeiros pontos, com Coulthard completando o pódio. No dia do seu aniversário de 29 anos, Jacques Villeneuve comemorava o quinto lugar, o que seria o melhor do resto até 2019. Mika Salo fechava a zona de pontos após o fiasco em Interlagos, quando a Sauber sequer largou por problemas na asa traseira. Era tudo alegria na Ferrari, certo? Não. Após ser ultrapassado nos boxes, Barrichello não teve a mínima condição de tentar recuperar a terceira posição e por muito pouco não tomou uma volta do companheiro de equipe. Após a corrida, bastante irritado, Rubens disse que 'com esse carro, até minha vó seria quarto'.  Ao saber da revolta do seu piloto, Jean Todt não deixou barato. 'Ele está insatisfeito com o quarto lugar? Ótimo. Se tivesse feliz, nem o contrataríamos'. Apenas em sua terceira corrida, Barrichello já batia de frente com a cúpula da Ferrari. Nem em seus piores pesadelos Barrichello queria um papel parecido com o de Irvine dentro da Ferrari, mesmo que não mostrasse a velocidade para incomodar Schumacher de forma constante. A ida para a Ferrari garantia à Rubens Barrichello estar na briga por pódios, poles e até vitórias, mas também traria muitas agruras para o paulistano. Ímola/2000 foi apenas a primeira rusga de muitas que viriam.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Hakkinen
3) Coulthard
4) Barrichello
5) Villeneuve
6) Salo

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