quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Hei Hei


 De uma forma bem peculiar (um pequeno texto no Instagram), Kimi Raikkonen anunciou que 2021 será sua última temporada na F1. Nada mais normal para um piloto peculiar, mas que nos últimos anos vem se caracterizando mais pelo comportamento anti-social mais divertido do esporte do que pelo o que faz nas pistas.

Kimi Raikkonen teve uma carreira logicamente muito longa na F1, com vários altos e baixos. Piloto extremamente talentoso, o finlandês rapidamente se tornou uma estrela mesmo estreando na categoria máxima do automobilismo após apenas 23 corridas de F-Renault. Kimi era mesmo diferente, mas isso ficava claro na pista. Raikkonen foi uma das estrelas da era pós-Schumacher, ganhando seu único título no primeiro ano após a aposentadoria do lendário alemão. Raikkonen tinha uma pilotagem explosiva em sua passagem na McLaren e nos primeiros anos da Ferrari, mas alguns indícios mostravam que Kimi não seria um gigante da F1. Sua vida extra-pista era completamente vida loca e ao conquistar seu título em 2007, Raikkonen se entregou ainda mais às farras, com direito a muita bebedeira. 

Isso fez com que Kimi abandonasse a F1 pela primeira vez quando tinha apenas 30 anos, mostrando uma falta de motivação impressionante para alguém tão novo e com tanto potencial. Os anos sabáticos de Kimi foram completados com aventuras nos ralis e até mesmo na Nascar, mas Raikkonen voltou à F1 dois anos depois na estranha equipe Lotus/Renault. Parecia que não daria muito certo, principalmente pelo o que Michael Schumacher vinha mostrando em sua volta à F1 e pelo equipamento que Kimi tinha nas mãos, mas o nórdico conseguiu resultados surpreendentes, com muitos pódios e uma vitória, ganhando uma vaga de volta à Ferrari. Porém, ao chegar na Ferrari na sombra de Alonso e depois de Vettel, Kimi se tornou um piloto burocrático, daqueles funcionários que batem o ponto na hora certa de entrar e sair, fazendo o arroz-com-feijão. Raikkonen não brigou pelo título, mas arrebatou pontos importantes para a Ferrari. Pelo menos Raikkonen conseguiu sua vitória de número 21, se tornando o piloto finlandês com mais vitórias na F1, juntando ao recorde absoluto de corridas na categoria.

Mesmo sendo um piloto burocrático nos últimos anos, Raikkonen conseguiu arrebatar mais a mais fãs. Como isso foi possível? Quando chegou na F1, Raikkonen era ranzinza e de poucas palavras, fazendo com que muitos o achassem antipático. No entanto, com a chegada das redes sociais e a chegada de pilotos mais e mais 'certinhos', um cara tão descolado como Raikkonen o fez ganhar a simpatia da torcida. Kimi era um sujeito imperfeito como todos nós, fazendo nenhuma força para agradar ninguém. Se para outros pilotos seria sinônimo de arrogância, as patadas de Raikkonen via rádio se tornaram mitológicas, entrando para o folclore da F1 e fazendo a alegria dos torcedores. Talvez nem tanto para quem ouvia os desaforos...

Aos 42 anos de idade Raikkonen deixa a cena da F1 e pode iniciar a queda de dominós do mercado de pilotos. Com um lugar na Alfa Romeo vago, o piloto que estaria indo correr com os italianos fala até mesmo a língua de Kimi: Valtteri Bottas. Fazendo uma temporada horrorosa com a Mercedes, Toto Wolff não teria mais desculpas para manter Bottas na equipe, trocando-o pelo ascendente George Russell. Como Bottas é empresariado por Wolff, o dirigente fez de tudo para manter Valtteri no grid em 2022.

Em Abu Dhabi, Raikkonen verá a bandeirada pela última vez dentro de um carro de F1. Se antes o finlandês era adorado por sua pilotagem explosiva, hoje ele é ainda mais adorado pelas explosões via rádio. Perguntado o que falaria com Kimi Raikkonen com 21 anos, o finlandês soltou essa:

- Nada. Eu não vou falar com ele mesmo...

É o seu Lunga nórdico mesmo! 

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