domingo, 27 de fevereiro de 2022

O outro Scott

 


Enquanto esteve participando da V8 Supercars na Austrália, a Penske rapidamente percebeu que havia ali um grande talento. Mesmo sendo uma categoria dura e cheia de veteranos, um jovem neozelandês despontava como uma promessa para o futuro. Scott McLaughlin foi contratado pela Penske em 2017 com apenas 23 anos e rapidamente se tornou o piloto dominante da difícil categoria, conquistando três títulos e impressionantes 48 vitórias. Mesmo os carros de turismo de tração dianteira e motores V8 serem bem distintos dos monopostos da Indy, Penske resolveu dar alguns testes à McLaughlin e o neozelandês fez um trabalho promissor a ponto de Roger Penske trazer o jovem para a Indy e ter um Scott neozelandês para chamar de seu. O primeiro ano de McLaughlin na Indy não foi dos mais auspiciosos, onde apesar de ter conquistado o título de Rookie do ano, Scott esteve longe de impressionar e conseguiu seus melhores resultados, de forma surpreendente, nos ovais. McLaughlin estava devendo e ele sabia disso. Porém, não demorou muito para o neozelandês mostrar que toda a fé que a Penske depositou nele não era à toa.

Logo na abertura do campeonato de 2022, McLaughlin marcou sua primeira pole na carreira da Indy e fez uma corrida de almanaque, onde soube dosar o ritmo com os dois tipos de pneus, superou uma bandeira amarela um pouco fora de hora e por fim segurou com maestria o atual campeão da Indy em seus retrovisores para vencer a sua primeira corrida na Indy em St Petersburg.

Ao contrário do que normalmente ocorre na travada pista de rua da Flórida, houve somente uma bandeira amarela, que mexeu com a tática das corridas, porém, deixou a corrida bem fluída. McLaughlin não sentiu a pressão de largar na ponta e manteve a liderança no primeiro terço da prova, mesmo largando com os pneus macios, que se desgastavam muito e era evitado pela maioria dos pilotos. Colton Herta ficou essa parte da corrida em segundo, mas quando seus pneus disseram adeus, foi facilmente ultrapassado por Will Power, único dos pilotos do pelotão dianteiro a largar com pneus duros. A bandeira amarela causada por uma batida do novato David Malukas poderia mudar o rumo da prova, mas McLaughlin esteve praticamente perfeito. Ele se manteve na frente dos pilotos que pararam em bandeira amarela e esperou os pilotos com uma tática diferente pararem na sua frente. Ele nem se abalou quando um desses pilotos era justamente seu xará, a raposa felpuda Scott Dixon. O veterano hexacampeão não esteve num dos finais de semana mais brilhantes, mas liderou uma parte da prova e como a bandeira amarela não veio, caiu para o meio do pelotão.

No entanto, McLaughin não foi o único a se destacar na prova de hoje. O atual campeão Alex Palou teve um final de semana difícil, onde bateu nos treinos e largou apenas em décimo. O espanhol foi efetuando ultrapassagens e se colocando em boa posição na corrida. Na parte final da prova, faltou a McLaughin um pouco de malícia em ultrapassar os retardatários e por isso Palou encostou nas voltas finais, porém, Scott soube controlar os ataques de Palou sem maiores arroubos para uma primeira vitória emocionante e encorajadora para o oceânico. Will Power confirmou o bom dia da Penske com um terceiro lugar, porém, o líder da equipe Josef Newgarden não apareceu bem em nenhum momento e terminou num obscuro décimo sexto lugar. Colton Herta era um dos favoritos à vitória, mas um segundo pit-stop lento o colocou num distante quinto lugar, sendo segurado pelo neerlandês Rinus Veekay. O americano da Andretti só ultrapassou Veekay no final da prova, mas teve que se conformar com a quarta posição, seguido por Romain Grosjean, que chegou a ser o mais rápido na sexta para sofrer um acidente bizarro com Takuma Sato no sábado. O francês quase bateu em Power na largada, mas se segurou e fez uma prova segura, mas bem longe de brilhar. Dixon ainda salvou um oitavo lugar, ficando atrás de Graham Rahal após sua última parada e ainda tendo que segurar seu companheiro de equipe Marcus Ericsson, que fez ótima corrida após ser punido, cair para o fundo do pelotão e ainda garantir um top-10.

McLaughlin comemorou muito sua vitória, apesar de claramente extenuado. Após um ano de estreia sem brilho, o neozelandês fez uma corrida muito boa rumo à sua primeira vitória e quem sabe ele não seja o futuro da Penske.

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