domingo, 19 de maio de 2024

No braço!

 


Chegando à sétima etapa da temporada 2024, Max Verstappen chegou à incríveis cinco vitórias no ano na corrida realizada em Ímola. No entanto, a vitória de Max na tradicional pista italiana foi ligeiramente diferente das demais. No início Verstappen parecia que cumpriria o script das demais vitórias em 2024, onde contornava a primeira curva na frente rumo ao triunfo sem maiores arroubos, porém, o neerlandês não contou com a supremacia do seu Red Bull RB20 e teve que usar toda a reserva técnica que tem para se manter na frente de um cada vez mais empolgado Lando Norris, que lamentou a corrida ter terminado na volta 63, pois se houvessem mais voltas, o inglês poderia estar comemorando a segunda vitória consecutiva.


Os três primeiros quartos da corrida em Ímola foi de dar sono. A realidade é que o circuito de Ímola parece ter ficado pequeno demais para os grandalhões carros da atual geração da F1. Numa pista desafiadora, mas estreita, ultrapassar se tornou um artigo de luxo no Grande Prêmio da Emília Romanha. Atacar na largada? Observando o strike na corrida Sprint da F2, arriscar na entrada da variante Tamburello não parecia uma boa ideia e por isso os pilotos foram bem cuidadosos na largada, iniciando o que parecia ser uma longa procissão na bela paisagem emiliana-romanhola. Verstappen rapidamente escapou do 1s que ativaria o DRS a favor de Lando Norris e aos poucos foi disparando, usando muito bem os pneus médios. Norris não tinha maiores problemas em segurar a dupla da Ferrari, enquanto Oscar Piastri, punido por ter atrapalhado Kevin Magnussen na classificação, tentava ataques em cima de Sainz. A dupla da Mercedes já vinha longe e Sergio Pérez iniciava seu calvário em Ímola. O desgaste de pneus seria um fator em Ímola e as primeiras paradas não tardaram a acontecer, inclusive mudando algumas posições para quem resolveu esticar o primeiro stint. Numa pista estreita e cercada de caixas de brita, era esperado entradas do Safety-Car, mas Bernd Maylander assistiu tranquilamente a prova em Ímola no visor do seu carro, não tendo nenhum trabalho na tarde italiana.


A Ferrari talvez esperasse por alguma intervenção que nunca veio e deixou Sainz mais tempo que o necessário na pista, fazendo o espanhol perder a posição para Piastri, que esboçou um ataque em cima de Leclerc. O monegasco aumentou seu ritmo e de atacado, passou a atacar Norris, chegando a ficar 1,5s atrás do piloto da McLaren, mas como normalmente acontece com Charles, um ligeiro erro fez com que Lando escapasse. E passasse a olhar para frente. Mais especificamente para Max. Com 7s de vantagem após a única rodada de paradas dos líderes, tudo parecia azul como o mar para Verstappen, mas os pneus duros não tiveram o desgaste esperado para Max e o neerlandês viu seu desempenho despencar nas voltas finais. Livre de Leclerc, Lando Norris aumentou o ritmo e cuidando melhor dos pneus, o inglês fatiou toda a diferença que tinha para Verstappen, iniciando dos mais tensos finais de corrida da F1 nos últimos meses. Verstappen rogava pela bandeirada, enquanto se segurava com os pneus no bagaço, a bateria no fim e retardatários lhe atrapalhando. No caso, por ironia do destino, quem mais lhe atrapalhou foi o apagado Daniel Ricciardo. Norris claramente tinha mais carro, mas Verstappen usou todo o seu gigantesco talento para resistir à pressão de Lando e garantir mais uma vitória para ele, a terceira em Ímola.


Apenas sete décimos atrás de Max, Lando Norris mostrou que a sua vitória em Miami não foi algo fora da curva. A realidade foi que a McLaren deu outro grande salto de desenvolvimento e não apenas atropelou a Ferrari, como se aproximou definitivamente de Verstappen, mas como dito anteriormente, o neerlandês ainda tem reservas técnicas para se segurar. Correndo em casa, a Ferrari decepcionou com suas esperadas atualizações a deixando praticamente no mesmo lugar. Menos mal para a turma de Maranello é que o ritmo de corrida da Ferrari não é tão inferior assim, com Leclerc chegando a dar um calor em Norris e no final, com todo mundo no limite, Charles estava num ritmo próximo dos líderes, mesmo que longe fisicamente. Contudo, não se pode ignorar que Leclerc vacilou na mesma Variante Alta que fez Charles perder para Verstappen em 2022, agora deixando Lando escapar. Sainz, atrapalhado pela tática da Ferrari, fez uma corrida opaca para ser quinto, superado por muito por Piastri. Relegado ao quinto lugar no grid após a punição, o australiano tinha um ótimo ritmo, mas sua posição em pista não permitiu a Piastri um resultado melhor do que a quarta posição.


Também com atualizações, a Mercedes chegou a andar bem nos primeiros treinos livres, mas na hora para valer, o time de Toto Wolff permaneceu como a clara quarta força do campeonato, longe da Ferrari e longe dos demais. Russell e Hamilton andaram sozinhos praticamente o tempo todo, mesmo que Hamilton cometesse um erro quando estava prestes a liderar uma corrida pela primeira vez em 2024, mas acabou tendo que ir aos boxes depois de sair da pista. Sergio Pérez fez uma corrida que lembrou seus piores momentos em 2023. Após uma classificação ruim, o mexicano se viu preso no tráfego em Ímola e ainda saiu da pista na Rivazza, complicando sua situação que já não era boa. A Red Bull esticou ao máximo o stint de Checo, rezando por um SC que nunca veio, enquanto Pérez era ultrapassado por quem chegava nele, perdendo um tempo que o deixou mais de 20s da dupla da Mercedes. O oitavo lugar de Pérez significou a perca da vice-liderança do campeonato para Leclerc e para piorar, Norris está colado nele e com a confiança em alta. Novamente, nesse estágio da temporada, a cabeça de Pérez começa a desandar e nunca devemos nos esquecer que seu contrato ainda não está renovado para 2025 em diante. Com o seu líder nas profundezas da classificação em um final de semana irreconhecível de Fernando Alonso, a Aston Martin ficou errante no pelotão, com Stroll emulando a estratégia de Pérez, acabando por terminar em nono, superando alguns carros no final por ter pneus em melhores condições.


Mais uma vez Tsunoda liderou o pelotão intermediário, mesmo não largando bem. O nipônico fez uma corrida sólida, se consolidando com um dos melhores pilotos de 2024, além de colocar semanalmente Ricciardo em situações complicadas, pois o australiano simplesmente não consegue acompanhar Yuki, ficando fora da zona de pontuação. Nico Hulkenberg sonhou com os pontos, mas acabou atropelado pelos melhores pneus de Stroll e ficou em 11º, logo à frente de Magnussen, andando com enorme cuidado para não ser punido mais uma vez e por consequência acabar suspenso, algo inédito nessa regra da F1. A Alpine fez outra corrida medíocre, o mesmo acontecendo com Sauber e Williams, que viu o único abandono do dia com Alexander Albon, após o tailandês voltar do seu pit-stop com a roda solta. 


No que parecia ser uma corrida modorrenta acabou se transformando numa prova de alta tensão no final, mesmo que vencedor tenha sido praticamente o mesmo, mas não dá para negar que a Red Bull não tem o mesmo carro dominador do ano passado, com algumas vulnerabilidades que não se via em 2023, mas o braço de Max Verstappen supriu essa deficiência com uma vitória belíssima. Outro fato é que Lando Norris, tendo tirado o peso da primeira vitória, pode estar se tornando um rival real para Max. Muito provavelmente Max vença tranquilamente o título desse ano, mas em determinadas situações, Verstappen terá mais trabalho do que o imaginado para continuar vencendo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário