domingo, 27 de abril de 2025

O outro Márquez

 


Gosto de chama-lo de 'Ralf Schumacher piorado'. Irmão de um gênio da velocidade, muitas vezes Alex Marquez deu mostras que está muito abaixo do seu irmão mais velho, como no caso dos irmãos Schumacher na década 2000, sendo que a diferença entre os irmãos Márquez é ainda maior. No entanto, Alex dava indícios de que poderia mudar um pouco essa imagem nesse final de semana. Nos treinos em Jerez, Alex tinha liderado os dois treinos livres, mesmo que tendo sofrido quedas e como vem ocorrendo em 2025, ficou próximo do irmão na classificação. Contudo, Alex esperou a queda de Marc e superou a surpreendente Yamaha de Quartararo para vencer pela primeira vez na MotoGP e reassumir a liderança do campeonato.

As corridas nas classes menores em Jerez tinha sido desanimadas e marcadas por domínios de jovens pilotos espanhóis, além da prova Sprint de sábado ter sido bastante sacal. No entanto, havia um fator que poderia mexer bastante no status quo da prova da MotoGP. Fabio Quartararo usou seu enorme talento e o conhecimento da pista de Jerez para conseguir uma miraculosa pole e mesmo caindo ainda no início da Sprint, havia a expectativa do quanto o francês aguentaria na ponta da prova. E Fabio aguentou bastante, muito pela briga entre os dois pilotos da Ducati oficial. Marc Márquez não largou de forma perfeita, ao contrário de Bagnaia, que saiu da segunda fila para o segundo posto. Após um ataque em cima de Quartararo, Pecco foi atacado por Marc e chegou a haver um toque entre eles. Problemas à vista dentro dos boxes da Lenovo Ducati? Não saberemos, pois Marc acabou derrotado voltas depois pelo seu maior rival em 2025: o chão.

O mais velho dos irmãos Márquez caiu ainda no começo da prova, indo para último e iniciando uma corrida de recuperação, lembrando 2020, mas dessa vez com final menos ruim. Alex Márquez havia tentado uma ultrapassagem banzai na curva 6 ainda na segunda volta, quase atingindo seu irmão, mas o piloto da Gresini foi se acalmando. Quartararo liderava e calmamente segurou Bagnaia, mas Alex não queria esperar muito e no primeiro ataque, deixou Pecco para trás e partiu para cima de Fabio. O piloto da Yamaha não queria repetir o erro de ontem e cair. Quando Alex forçou na curva um, Quartararo preferiu deixar a Ducati passar sem muita briga. Enquanto Marc ainda alcançou a zona de pontos, diminuindo seu enorme prejuízo, Alex Márquez fez uma prova muito forte, não dando chances a quem vinha atrás dele. Correndo na frente de sua torcida, Alex venceu sua primeira corrida na MotoGP e com a queda do irmão, voltou a liderança do campeonato, mesmo que por apenas dois pontos.

Porém, o nome da corrida foi mesmo Quartararo. O francês segurou sem maiores problemas um pouco confiante Bagnaia e garantiu um excelente segundo lugar, primeiro pódio de Fabio em mais de quinhentos dias. Um segundo lugar que valeu mais que algumas vitórias de Quartararo, demonstrando que ele é um dos maiores talentos do grid, só lhe faltando moto para mostrar isso. Bagnaia ficou num obscuro terceiro lugar, não capitalizando dessa vez a queda de Marc. Na melhor corrida do domingo, Alex Márquez mostrou que pode superar Ralf Schumacher como um verdadeiro piloto de ponta.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Vá com Deus, Francisco!

 


O papa que amava o esporte foi ao encontro do Pai.

Figura(ARS): Charles Leclerc

 Considerado como um dos pilotos mais rápidos do grid, tendo bem mais poles (26) do que vitórias (8), Charles Leclerc começa a mostrar evolução como piloto em outros pontos. Nesse final de semana onde a McLaren mais uma vez dominou e Max Verstappen estava levando seu carro nas costas, a Ferrari estava tendo outro final de semana em que lutava com a Mercedes e por sinal, perdeu essa disputa no sábado. Sem muitas alternativas, a Ferrari escolheu uma estratégia diferente e Leclerc executou com muita qualidade a tática ferrarista. Largando com os mesmos pneus médios de todos os líderes, Charles esticou ao máximo o primeiro stint e quando assumiu a ponta e teve ar livre, Leclerc havia poupado o suficiente para se tornar um dos pilotos mais rápidos do pelotão, mesmo com pneus bem mais desgastados. Quando colocou os pneus duros no seu único pit-stop, manteve o bom ritmo, ultrapassou Russell e se defendeu muito bem de um ainda mais rápido Norris, o mantendo a seguros 1,5s nas voltas finais, evitando que o inglês da McLaren o atacasse. O primeiro pódio de Leclerc em 2025 mostrou que o monegasco está se tornando um piloto ainda mais completo, agora também sabendo cuidar do desgaste dos pneus e mantendo uma boa velocidade. Ainda mais comparado ao seu companheiro de equipe...

Figurão(ARS): Lando Norris

 Lando Norris fez uma boa corrida de recuperação, depois de sair da décima posição do grid. E é justamente por isso que ele está nessa parte da coluna. Para quem tem o melhor carro do pelotão, alguns erros passam a se tornar imperdoáveis e Lando teima em errar em momentos cruciais, como já havia ocorrido em 2024, quando passou boa parte do campeonato com um carro superior ao de Max Verstappen, mas ainda assim foi incapaz de capitalizar isso. Nesse sábado, Norris vinha marginalmente mais rápido do que Piastri e poderia superar Verstappen na classificação, mas ainda em sua primeira volta do Q3 o inglês estampou sua McLaren no muro, fazendo com que largasse apenas na décima posição, enquanto Max e Oscar, seus rivais mais próximos no campeonato, largaram na primeira fila. Tendo em mãos o melhor carro do grid, Lando Norris fez o que dele se espera e escalou o pelotão, mesmo perdendo o pódio, superado por Leclerc. No entanto, se quiser ficar com o título, Norris precisa parar com seus erros em detalhes, que o faz perder pontos decisivos e nesse domingo a liderança já foi embora.

domingo, 20 de abril de 2025

Sinais


 Vinte e seis anos atrás, a McLaren conquistou seu penúltimo título do Mundial de Construtores, tendo como pilotos Mika Hakkinen e David Coulthard. O escocês, que por sinal foi o entrevistador do tenso pódio em Corniche, era um personagem mais expansivo e por ser boa-pinta, Coulthard chamava muita atenção. Sem sombra de dúvidas, David tinha muita velocidade, mas sua inconsistência lhe cobrou a liderança da McLaren naquela segunda metade da década de 1990. Enquanto isso, Mika Hakkinen tinha um comportamento mais sereno, além de passar por um grave acidente que lhe garantiu muito respeito do paddock da F1 na época, Ron Dennis em particular. Outra característica de Mika era que ele não baixava a cabeça para Michael Schumacher, o grande piloto da época e um dos maiores gênios da história da F1. Voltando a 2025, ninguém duvida do talento de Lando Norris e sua velocidade, mas dentro da McLaren, Oscar Piastri parece ter um conjunto mais completo para se tornar um campeão mundial e ao contrário de Norris em várias oportunidades, o australiano mostrou nesse domingo não se intimidar com a grande estrela da atualidade da F1, Max Verstappen. O neerlandês várias vezes usou de manobras agressivas para colocar Lando no seu lugar, principalmente a partir do segundo terço do campeonato de 2024, deixando a sensação que Norris tinha, sim, medo de Verstappen. Na decisiva primeira curva do Grande Prêmio da Arábia Saudita, Piastri deu um claro sinal de que além de não ter medo de Verstappen, pode ocupar o lugar de líder da McLaren em 2025.


O Grande Prêmio da Arábia Saudita foi uma corrida que foi basicamente determinado pela primeira curva da corrida. Depois de conseguir mais uma pole miraculosa, Verstappen sabia que ter ar limpo poderia lhe garantir a vantagem na conservação dos pneus e o controle da prova, algo que fez com maestria em Suzuka. Provavelmente Max esperava de Oscar Piastri o mesmo comportamento que tantas vezes Lando Norris mostrou quando o enfrentou em duelos roda a roda, mas o australiano não ligou de ter pedido a pole e mesmo saindo do lado sujo da pista, emparelhou com a Red Bull de Verstappen antes da primeira curva. Poucos metros separam a linha de largada e a primeira curva, mas muita coisa foi decidida naquele momento. Piastri estava por dentro e como ele próprio falou, não sairia daquela situação em segundo lugar. Verstappen esperava que Piastri 'abrisse' como Norris tantas vezes fez, mas independentemente disso, Max manteve sua característica e foi agressivo na freada da primeira curva. Provavelmente de propósito, a chicane logo após a reta dos boxes é bem estreita, podendo causar confusões. Seguindo seu instinto de não baixar a cabeça para Max, Piastri freou no limite e deixou seu carro escorregar, não dando muito espaço para Verstappen, que estava com seu aproche comprometido. Para Max, restou duas opções: sair da pista ou bater. Verstappen escolheu a primeira, mesmo que isso lhe garantisse uma punição. Max saiu da pista, cortou a chicane de forma escandalosa e se manteve na frente de Piastri, esperando o que poderia acontecer. Alguns metros depois, Tsunoda e Gasly bateram seus carros e trouxeram o Safety-Car, mantendo a tradição de pelo menos uma entrada do SC em cada edição do GP saudita.


Piastri sinalizou que Max deveria lhe devolver a posição, enquanto Verstappen dizia que Oscar não lhe deixara espaço. Os comissários da FIA observaram todos os atenuantes e o histórico dos últimos anos. Como Max não cedeu sua posição, ele seria punido em 5s em sua parada. A luta pela vitória acabou ali. Mesmo Verstappen conseguindo uma boa vantagem na relargada, fazendo com que Piastri tivesse que defender de ataques de Russell, não demorou muito para o ritmo superior da McLaren se fazer presente e logo o australiano estava menos de 1s atrás de Verstappen. Piastri e todos presentes em Jedá sabiam que bastava seguir a Red Bull de perto para garantir a liderança da prova. Quando os pneus Pirelli superaqueceram ficando colado em Max, Oscar foi aos boxes colocar pneus duros e mesmo com um pit-stop imperfeito, Piastri esperou a parada de Max para se colocar à frente de Verstappen e esperar a parada dos pilotos que esticaram o primeiro stint para assumir a liderança da prova e vencer sem maiores problemas. Pela primeira vez na carreira, Oscar Piastri assumiu a ponta do campeonato e vindo de duas vitórias consecutivas, começa a se colocar como o darling da McLaren, ainda mais com sua atitude de não se render à agressividade de Verstappen na primeira disputa head-to-head com o piloto da Red Bull. Claro que Max Verstappen não concordou com a decisão dos comissários que lhe tiraram a vitória nesse domingo. O piloto da Red Bull não foi muito vocal em seu descontentamento, mas essa parte ficou mesmo para Christian Horner, que reuniu a imprensa com várias fotos on-board dos carros de Piastri e Verstappen para provar que seu piloto não merecia punição alguma. Mais preocupante para Max, contudo, não é improvável reversão da decisão dos comissários da FIA e a vitória perdida. Verstappen percebeu que tem em Oscar Piastri um adversário mais renhido e com huevos do que tinha em Lando Norris.


O inglês da McLaren fez uma corrida de recuperação interessante, mas Lando quase pôs tudo a perder na sua única parada, quando por pouco não excedeu o limite de velocidade e na saída do pit-lane, não queimou a linha por muito pouco. Após largar com pneus duros e esticar ao máximo o primeiro stint, era esperado que Norris saísse alucinadamente com pneus médios novos e com tanque vazio, mas tudo o que Lando conseguiu foi ultrapassar Russell e ficar em quarto, ficando empacado num dos destaques do dia. A Ferrari vinha bem descontente com o ritmo do carro, mas Leclerc conseguiu fazer com que o composto médio lhe rendesse um stint bem longo, chegando a andar no ritmo dos líderes. Ao fazer sua parada obrigatória, Leclerc logo ultrapassou Russell, mas sabia que seria difícil defender-se de Norris, mas o monegasco o fez com categoria, mantendo-se 1,5s na frente de Norris até a bandeirada, garantindo o primeiro pódio do ano para ele e para a Ferrari. Leclerc parecia bem cansado depois da corrida, talvez por carregar a Ferrari sozinho nas costas. Em nenhum momento Lewis Hamilton se mostrou competitivo na prova, só aparecendo quando foi ultrapassado por Oscar e Max, sendo que para antigo rival de 2021, foi mais incisivo nas defesas. A disputa com Max no final de 2021 parece ter mexido com Hamilton, que desde então se tornou um piloto instável e seu início na Ferrari não está sendo auspicioso. Após uma classificação bem interessante, onde Russell até flertou com a pole, em ritmo de corrida a Mercedes decepcionou amargamente. Mesmo com Max punido em 5s, George esteve longe de se colocar numa posição em que pudesse incomodar o piloto da Red Bull e após a única parada de todos, Russell foi para trás, ultrapassado facilmente por Leclerc e Russell, com ritmo bem superior ao seu. O quinto lugar manteve a toada de Russell de se manter sempre no top5, mas a corrida desse domingo foi bem abaixo do esperado, enquanto Antonelli fez uma prova regular, chegando em sexto sem maiores sustos.


Numa prova onde o SC apareceu na primeira volta e o desgaste de pneus não foi pronunciado, as equipes esperavam por uma corrida mais conservadora e cuidando da borracha para ter um bom ritmo a maior parte do tempo. A dupla da Williams foi a melhor do resto, com Sainz não ligando em segurar Norris e se manter na frente de Albon, fazendo com o companheiro de equipe uma bela prova como time. Nas voltas finais, Hadjar saiu dos boxes com pneus em melhores condições e foi para cima de Albon, mas a Williams mandou Sainz diminuir o ritmo e dar DRS para Albon se defender dos ataques de Hadjar. Com um carro muito rápido em retas e correndo em dupla, a Williams conseguiu um belo resultado marcando pontos com seus dois carros, enquanto Hadjar vai se consolidando com uma das boas surpresas entre os vários estreantes desse ano. Lawson fez outra corrida conturbada, onde foi punido e mais uma vez ficou fora dos pontos. Sua situação dentro do programa da Red Bull só se complica. 


Fernando Alonso levou um belo susto quando ultrapassava Bortoleto e os dois quase bateram no muro, mas nada que afetasse sua corrida e a mediocridade da Aston Martin atualmente. Um ano depois de sua estreia surpreendente, Bearman andou o final de semana inteiro na frente de Ocon, mas numa corrida sem maiores mexidas, dessa vez o jovem inglês acabou sem pontos. Com Gasly abandonando logo na primeira volta, Doohan não fez nada de bom para garantir uma boa participação da Alpine na corrida saudita, só escapando da última posição com uma ultrapassagem na linha de chegada em cima de Bortoleto. A Sauber se consolida, pelo segundo no seguido, como o pior carro do pelotão e mesmo com estratégias diferentes, Hulkenberg e Bortoleto pouco fizeram. Por sinal, os problemas mecânicos que tiraram Bortoleto do TL2 fizeram muita falta e o brasileiro executou seu pior final de semana em sua curta carreira na F1.


A corrida em Corniche, com seu circuito desafiador e perigoso, não foi das mais emocionantes, mas aqueles metros que decidiram a corrida foi bastante revelador. Piastri sinalizou a todos que não abaixará sua cabeça para o estilo agressivo de Max Verstappen e jogará duro se assim for preciso, além de deixar seu companheiro de equipe Norris numa situação de momentânea inferioridade, que poderá ser decisivo para o campeonato. Já Max percebeu que terá um adversário bem diferente para o título desse ano.

sábado, 19 de abril de 2025

Coelho da cartola

 


Após os treinos livres, poucos apostariam em alguém diferente de Lando Norris e Oscar Piastri para ficar com a pole, com a McLaren novamente bem distante das rivais. No entanto, Max Verstappen parece não ser amigo do pessoal que faz Odds nas Bets da vida. O neerlandês mais uma vez tirou um coelho da cartola e com uma volta impressionante, tirou o pirulito da boca de Piastri por apenas um centésimo de segundo, enquanto Norris largará no mínimo na décima posição com a batida que o inglês deu no Q3, em mais uma pisada de tomate de Lando.

O empolgante e perigoso circuito de Corniche viu uma classificação bem usual, sem maiores surpresas. Gabriel Bortoleto vem tendo um final de semana longe de ser tranquilo, com vários problemas mecânicos no seu carro e o brasileiro da Sauber ficou na última posição, com direito a erro em sua última volta rápida do Q1. Após um início encorajador, Bortoleto não passa pelos melhores momentos. Assim como a Aston Martin. Cotada em trazer Max Verstappen brevemente, o time de Lawrence Stroll nitidamente andou para trás em 2025 e conta com Newey para fazer um carro decente para 2026. Até lá, veremos Lance ficando no Q1 e Alonso parando no Q2. Na luta para ir ao Q3, Hamilton superou Albon por meros sete milésimos para passar de fase, num final de semana onde Lewis simplesmente não se encontrou.

A diferença abismal nos treinos livres não apareceu na classificação, mas a dupla da McLaren ainda era favorita, até Lando Norris estampar seu carro ainda no começo do Q3, significando uma décima posição para o atual líder do campeonato e avizinhando uma corrida complicada para Norris. As fichas da McLaren recaíram em Piastri e o australiano fez uma ótima segunda volta no Q3, mas Max, que já havia superado a primeira volta de Oscar, conseguiu uma belíssima volta e superou Piastri para ficar com uma pole que ninguém apostaria. Russell chegou a beliscar a pole em sua segunda volta no Q3, mostrando que a Mercedes continua sólida na briga. O ritmo de corrida da McLaren é superior e o circuito de Corniche, se não oferece as mesmas oportunidades de ultrapassagem de Sakhir, também não é Suzuka na impossibilidade. Piastri tem chances maiores de superar a Red Bull no domingo, o problema é que do outro lado está um gênio da F1 chamado Max Verstappen. 

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Figura(BAH): George Russell

 Alçado como primeiro piloto da Mercedes com a saída de Lewis Hamilton em direção à Ferrari, George Russell tinha muito o que provar dentro da equipe, pois de piloto júnior, o inglês se tornou o líder de uma equipe que dominou a F1 por oito anos, mas vem sem clara crise técnica. E até o momento, Russell vem dando conta do recado. Após dois pódios nas duas primeiras corridas, Russell ficou preso atrás de Leclerc em Suzuka, mas no Bahrein foi o piloto mais próximo da dominante McLaren nos treinos e andou a corrida inteira em segundo lugar, tendo que se defender em diferentes momentos de Leclerc e Norris. Para completar, George sofreu com problemas eletrônicos em seu carro nas voltas que dificultaram sua condução, além de não saber ao certo quando poderia usar o DRS. Tudo isso 'calçado' com um pneu macio usado que teria que render por 24 voltas, enquanto seus rivais tinham pneus médios novos. Russell segurou seu compatriota Lando Norris como poucos nas voltas finais e assegurou a segunda posição, seu melhor desempenho em 2025. E como vem andando, Russell pode muito bem conseguir subir uma posição até o final do ano.

Figurão(BAH): Red Bull

 A performance mágica de Max Verstappen em Suzuka, num circuito seletivo e feito para pilotos, camuflou o real desempenho da Red Bull em 2025. A realidade foi que Max conseguiu uma volta mágica na classificação num circuito que lhe é favorável e usou as conhecidas dificuldades de ultrapassagem para derrotar de forma surpreendente a McLaren. Num circuito completamente distinto como Sakhir e que oferece ultrapassagens aos montes, nem o virtuosismo de Max Verstappen foi capaz de segurar não apenas a McLaren, como também Mercedes e Ferrari. A Red Bull sofre de uma 'Verstappen-dependência' crônica e no momento em que o neerlandês fica de mãos atadas, a equipe comandada por Christian Horner afunda. No Bahrein Max nada pôde fazer contra as demais equipes grandes e sem ritmo, em nenhum momento Verstappen foi capaz de brigar sequer pelo pódio, só arrancando o sexto lugar da Alpine (!) de Gasly na última volta. Nem os primeiros pontos do segundo carro em 2025 aliviou a situação da Red Bull, que antes era uma referência em pit-stops e errou com seus dois carros, danificando ainda mais a corrida de Verstappen e Tsunoda. Para piorar, o empresário de Verstappen foi visto reclamando em tom de cobrança depois da corrida Helmut Marko, que apenas escutou e adjetivou o final de semana da Red Bull no Bahrein: alarmante.

domingo, 13 de abril de 2025

King of streets


 Kyle Kirkwood foi um piloto batedor de recordes nas categorias de base americanas, a chamada Road to Indy, sendo contratado pela Andretti, que o apoiou nessa caminhada, como uma promessa. Porém, no time hoje comandado Dan Towriss havia Colton Herta como grande estrela, além de terem trazido Marcus Ericsson a peso de ouro para a equipe, deixando Kirkwood como patinho feio. Além do mais, Kyle vinha de quase dois anos de jejum, com suas duas vitórias anteriores em circuito de rua. A Andretti sempre andou bem em Long Beach e o próprio Kirkwood contava com isso para tirar a barriga da miséria na Indy. Tendo feito a pole, Kirkwood dominou a prova marcada pela estratégia de se livrar o mais rapidamente possível dos pneus macios e derrotar pela primeira vez em 2025 Alex Palou, vencendo pela terceira vez na Indy. A terceira em circuitos de rua.

Maior evento da Indy depois das 500 Milhas de Indianápolis, Long Beach festejou sua 50º edição nesse ano, como sempre com arquibancadas lotadas, mas não foi uma prova das mais emocionantes na Califórnia. Num fato bastante raro, completou-se nesse domingo a segunda corrida consecutiva sem bandeiras amarelas e a primeira em Long Beach desde 2017. Com a Firestone tendo projetado um pneu macio que dura muito pouco, as equipes traçaram suas estratégias para se libertar desse composto o mais rapidamente possível. Em St Petersburgo, a estratégia de largar com pneus macios garantiu a vitória de Alex Palou e por isso praticamente o grid inteiro partiu para essa tática, sendo que na Flórida, uma bandeira amarela logo na primeira volta fez com a estratégia dos que largaram com macios funcionasse. Contudo, o pano áureo não deu as caras nesse domingo.

Kirkwood manteve a pole sem maiores arroubos na largada, seguido por Herta e Rosenqvist. Larganda do meio do grid, Newgarden rapidamente procurou os pits para colocar pneus duros, algo que praticamente todo o grid fez. Quem largou com esse composto se deu bem, particularmente Christian Lundgaard, que deu o pulo do gato, juntamente com os menos favorecidos Kyffin Simpson e Sting Ray Robb, que chegou a liderar a corrida durante as paradas. Logo no primeiro stint Palou, que largou mal, subiu para segundo, muito próximo de Kirkwood, já dando a impressão que poderia assumir a ponta a qualquer momento. No entanto, Kirkwood controlou a corrida muito bem, marcando a estratégia da Ganassi nas demais paradas, sempre saindo na frente de Palou, por mais que a última parada fosse bem apertada.

Numa prova sem maiores emoções, Colton Herta perdeu rendimento e esteve longe do pódio, que foi completado por Lundgaard, numa bela ultrapassagem nas voltas finais sobre Rosenqvist. A Penske não foi nada bem num 2025 bem apagado do time do Capitão Roger. McLaughlin e Power foram sexto e sétimo, enquanto Newgarden teve problemas com o cinto de segurança que o fez perder uma volta. Dixon parece sem fôlego para acompanhar seu companheiro de equipe Palou, que mesmo em segundo lugar em Long Beach, se destaca cada vez mais na luta pelo tetracampeonato. Já Kirkwood espera não demorar tanto para vencer e ganhar em outros tipos de pista no calendário da Indy, pois nos circuitos de rua, o americano se mostrou bastante forte.

Script diferente, resultado igual

 


Marc Márquez já falou algumas vezes que o circuito de Catar não lhe favorece muito, tanto que só venceu uma vez por lá. Porém, a fase do espanhol está tão boa, que Marc nem ligou para o seu pobre currículo no Catar para vencer por lá, porém, não foi uma vitória tranquila. Ao contrário do que foi visto nas primeiras vitórias, Marc levou um toque do seu irmão Alex na primeira curva, lhe rendendo algumas aletas. Chegando como líder do campeonato, Alex Márquez teve uma corrida turbulenta, se envolvendo num toque desnecessário em Di Giannantonio que lhe custou uma volta longa, estragando sua corrida. Por causa do toque entre os irmãos Márquez, quem assumiu a liderança foi Franco Morbidelli, mas o italiano só ficou na liderança na primeira parte da prova. Porém, Marc não veio sozinho, trazendo consigo uma surpresa. O irregular Maverick Viñales estava num dia 'on' e andou próximo da dupla da Ducati oficial, com Bagnaia saindo de um decepcionante P11, após cair na classificação, para lutar pela vitória. Pela primeira vez no ano Pecco ultrapassou Marc Márquez, mas logo tomou o troco, além de ser ultrapassado por Viñales. Acostumado a lutar com Márquez, Viñales não se intimidou com Marc e liderou por algumas voltas, mas dois erros significaram que Marc estaria liderando novamente, dessa vez de forma definitiva, vencendo novamente, além de se consolidar mais uma vez na liderança do campeonato. 

Domínio animado

 


Uma semana após a sonífera corrida em Suzuka, o 'Tilkódromo' de Sakhir viu uma prova totalmente distinta, cheia de alternativas táticas e uma profusão de ultrapassagens. O que não mudou foi piloto que dominou desde a largada. Oscar Piastri não tomou conhecimento dos demais dezenove pilotos que largaram no Grande Prêmio do Bahrein e venceu com enorme tranquilidade, entrando de vez na luta pelo título com seu companheiro de equipe Lando Norris, que fez uma pequena prova de recuperação, mas não conseguiu superar George Russell para completar a dobradinha da McLaren, na frente dos seus proprietários.


O Grande Prêmio do Bahrein foi bastante diferente do que foi visto semana passada em Suzuka. Se no tradicional circuito nipônico não houve muitas trocas de posições, em Sakhir o asfalto propício a muito desgaste de pneus e um circuito mais largo fez da prova dessa domingo bem mais animada que a vista semana passada. É triste dizer isso, mas Sakhir combina mais com a F1 atual do que Suzuka. A McLaren demonstrou o final de semana inteiro que tinha o melhor carro do pelotão, mesmo com Lando Norris decepcionando na classificação ao ficar apenas em sexto. E tudo pioraria na largada. Alguns metros na frente, Piastri confirmou sua pole facilmente, mesmo com um ataque de Russell na primeira curva. Largando com pneus médios e rodeado de carros calçado de pneus macios, o segundo colocado Leclerc foi facilmente batido por Russell e Norris na largada, caindo para quarto. A ótima largada de Lando levantou algumas sobrancelhas e o inglês já atacava Russell quando veio o motivo da surpreendente largada do representante da McLaren. Lando nitidamente estacionou seu carro à frente do colchete de largada, rendendo à Norris uma punição de 5s quando fizesse sua parada. Por sinal, o primeiro stint dos pilotos com pneus macios durou menos do que o esperado e em torno da décima volta alguns pilotos já visitavam os boxes.


Mesmo punido em 5s pelo erro na largada, Norris não perdeu tanto tempo assim e rapidamente estava em terceiro, próximo à Russell. A dupla da Ferrari largou com pneus médios e ao esticar o primeiro stint, quando a dupla rossa fez suas paradas, Leclerc e Hamilton se tornaram os pilotos mais rápidos do pelotão, efetuando várias ultrapassagens, incluindo o monegasco ultrapassando Norris e partindo para cima de Russell. Quando a metade da corrida chegou, um toque entre Tsunoda e Sainz trouxe detritos na curva 3, num claro caso de Safety-Car, mas ao invés do virtual, quem apareceu foi o Aston Martin de Bernd Maylander. Piastri fez sua parada e teria a preocupação de relargar com Russell usando macios, numa audaciosa tática da Mercedes em deixar George com os pneus mais macios nas últimas 24 voltas. Piastri não teve trabalho com Russell e nas últimas voltas despachou os adversários com facilidade, colocando 15s em cima do inglês da Mercedes. Uma vitória dominante de Piastri, lembrando o triunfo na China, mostrando que o ritmo de corrida de Oscar é insuperável nesse momento. Agora apenas três pontos de desvantagem para Norris, essa vitória pode ser o boost definitivo para Oscar Piastri se lançar para a luta pelo título.


Nos retrovisores de Piastri, bem de longe, a briga pelo segundo lugar era bastante animada. O SC abalou bastante a estratégia da Ferrari, estancando o avanço de Leclerc e Hamilton. Obrigatoriamente tendo que colocar pneus duros, Leclerc perdeu rendimento e foi atacado por Norris, mas na manobra, Lando acabou ultrapassado por Hamilton. Algumas voltas depois Norris deu o troco no compatriota, mas ao ultrapassar fora da pista na curva 4, teve que devolver a posição para Hamilton, que já se maldizia pelo rádio, reclamando da aderência dos pneus. Norris não demorou a atacar Hamilton e logo depois já estava na caixa de câmbio de Leclerc, tirando o monegasco do pódio. Zak Brown já estava com os olhos brilhando, vendo uma possibilidade de dobradinha na frente dos proprietários da McLaren, ricos investidores barenitas, quando Russell começou a ter problemas eletrônicos em seu carro, afetando até mesmo a transmissão da corrida. Por causa desses problemas George começou a ter problemas no acionamento do DRS, gerando até mesmo um aviso da FIA, pois Russell teria acionado o DRS de forma proibida. Com pneus melhores, Norris foi para cima do compatriota nas voltas derradeiras da corrida. Russell lutou bastante, alargou curvas e num esforço final, conseguiu segurar a segunda posição, garantindo a melhor posição de Russell em 2025, o deixando como um rival próximo na luta pelo título. Norris terminou em terceiro, mas lambendo as feridas numa corrida onde seu companheiro de equipe dominou a prova e ganhou uma baita confiança para a luta pelo campeonato. Nesse momento, na luta interna da McLaren, Piastri está por cima frente à Norris.


Leclerc saiu do pódio e mesmo largando da primeira fila, acabou em quarto, com a Ferrari claramente como a terceira força do pelotão, enquanto Hamilton terminou logo atrás, tendo feito uma corrida bem movimentada quando teve pneus médios, mas caiu de rendimento com pneus duros e ficou seguro na quinta posição. Andrea Kimi Antonelli foi provavelmente o mais prejudicado pela entrada do SC, saindo da zona de pontuação após frequentar tranquilamente o top10, inclusive uma bela ultrapassagem sobre Verstappen. O neerlandês da Red Bull fez uma corrida opaca, diferente do visto semana passada. Verstappen largou mal e a partir daí não evoluiu mais, só conseguindo ultrapassar a Alpine de Gasly na última volta, terminando num sexto lugar bem chinfrim. Tsunoda pode bater no peito e dizer que andou perto de Verstappen, conseguindo os primeiros pontos pela Red Bull, mas o japonês conseguiu apenas a nona posição, 11s atrás de Max. Cada vez mais a Red Bull dependerá mais e mais da inspiração de Verstappen, o que pode ser insuficiente para dar o quinto campeonato para Max e, pior, tirar a paciência do neerlandês em ficar na equipe nos anos seguintes.


Na briga pelo melhor do resto, destaque para a Alpine. Gasly largou em quarto, conseguiu se manter à frente de Hamilton e Verstappen sem maiores arroubos e com uma estratégia ortodoxa, a Alpine não deixou Gasly na mão, que por sua vez fez uma bela corrida onde no último stint segurou Verstappen, só sucumbindo na última volta. Foram os primeiros pontos da Alpine em 2025 e só não foram mais, porque Doohan perdeu rendimento demais nas voltas finais, mas o australiano passou boa parte da prova nos pontos, na sua melhor corrida em sua breve carreira na F1. Outro destaque foi Ocon, que após a pancada que deu na classificação, acertou em cheio na estratégia e conseguiu um sólido sétimo colocado, que somado ao ponto de Bearman com o décimo lugar, segurando Antonelli nas voltas finais, significa que a Haas ocupa uma ótima quinta posição no Mundial de Construtores. Sainz largou bem e chegou a ocupar a sexta posição, mas o espanhol foi perdendo rendimento até ter uma batida com Tsunoda, que danificou bastante seu carro. Logo depois Sainz se envolveria numa disputa com Antonelli que lhe garantiu uma punição, mas com o carro avariado, Carlos se tornou no único abandono do dia. Albon fez uma prova discreta saindo das posições intermediárias e estava na luta pelos pontos, mas acabou apenas na P12.


Se Hadjar ficou constantemente na zona de pontos em Suzuka, em Sakhir a Racing Bulls em nenhum momento ficou nos pontos e o francês ficou nas últimas posições. Lawson dessa vez chegou fisicamente na frente de Hadjar, mas acabou punido em 15s por um toque com Stroll e Hulkenberg, terminando nas últimas posições. A Aston Martin viveu, muito provavelmente, seu pior final de semana nos últimos dois anos, onde nem Alonso foi capaz de fazer sua magia e colocar a equipe verde próxima dos pontos. A Sauber ficou com o pior ritmo do dia e mesmo Hulkenberg estando na briga junto de Racing Bulls e Aston Martin, esteve longe de fazer algo mais, enquanto Bortoleto, mesmo com as punições de Lawson e Doohan, terminou em último. Para completar, Nico seria desclassificado por desgaste irregular na prancha no fundo do carro.


A corrida foi bastante animada do segundo lugar para trás, pois na frente Oscar Piastri não deu chances a ninguém. Foi uma corrida dominadora do australiano, parecido com o que havia feito na China, o que pode indicar que Oscar pode ser o piloto que a McLaren espera para brigar pelo título, enquanto Norris terá que remar para dar a volta por cima e recuperar o protagonismo dentro da McLaren. O título pode ser decidido dentro da McLaren, mas Piastri hoje está em viés de alta. 

sábado, 12 de abril de 2025

Come quieto

 


Dentro da McLaren, a personalidade dos seus dois pilotos são bem distintas. Enquanto Lando Norris é expansivo e simpático, Oscar Piastri é mais reservado e introspectivo. Por isso que Norris aparece mais do que seu companheiro de equipe, por falar melhor com a imprensa e os fãs. Ninguém duvida do talento de Norris, mas a cada dia que passa fica nítido que Piastri tem um potencial maior, mesmo que sendo mais quieto. O australiano era constantemente superado por Norris em ritmo de classificação, enquanto que na corrida Piastri demonstra uma ligeira vantagem. Pois no Bahrein, Piastri começa a virar o jogo e com a McLaren num ritmo bem superior aos demais, o australiano conseguiu sua segunda pole na carreira, enquanto Norris amargou um sexto lugar.

Nos treinos livres a McLaren demonstrou um ritmo avassalador frente aos rivais e no TL3 os laranjas chegaram a enfiar quase 1s goela baixo do carro mais próximo. Porém, na classificação, as coisas foram mais próximas, mesmo que em nenhum momento a superioridade da McLaren foi contestada. Depois de um início de temporada encorajador, Lance Stroll voltou a ser facilmente superado por Alonso e ficou no Q1, o mesmo valendo para Lawson, que tomou seis décimos de Hadjar no Q1, mas o neozelandês sofreu com um problema no DRS. No pelotão intermediário, destaque para a Alpine, que até agora não marcou pontos e viu Gasly na segunda fila, enquanto Doohan, que superou o companheiro de equipe no Q1, tomou seis décimos no Q2 e não passou a fase seguinte.

Lando Norris já havia reclamado de um certo desconforto com o carro da McLaren no Bahrein, mas ninguém poderia imaginar uma brochada que o inglês protagonizou no Q3. Piastri dominou a classificação e marcou a pole, tendo a incômoda presença da Mercedes de Russell bem próximo. Leclerc levou a Ferrari ao top3, superando por muito um decepcionante Lewis Hamilton. Posteriormente a dupla da Mercedes perderia uma posição por terem ido para o final do pit-lane antes da hora, após o forte acidente de Ocon no Q2. E Norris? O inglês ficou atrás de Piastri e até mesmo de Russell na primeira tentativa do Q3 e na última cometeu, um ligeiro erro na primeira curva, que fez Lando ficar apenas em sexto. Para seu consolo, Verstappen teve uma classificação bem ruim e largará uma posição depois. No entanto, Lando Norris vê Oscar Piastri ficar cada vez maior, bem ao seu estilo. Quietamente. 

terça-feira, 8 de abril de 2025

Figura(JAP): Max Verstappen

 Não poderia ser outro! O que Max Verstappen fez no final de semana japonês foi daquelas atuações que poucas vezes vimos e somente pilotos geracionais são capazes de fazer. Não é segredo que a Red Bull tem hoje um carro nitidamente inferior ao da McLaren, vindo de 100% de invencibilidade em 2025 na F1. Suzuka é um circuito 'old school' e onde o piloto ainda faz muita diferença. Max Verstappen usou esses requisitos para conseguir uma pole assombrosa no sábado, derrotando por muito pouco a dupla da McLaren e conquistando uma vantagem importante num circuito de dificílimas ultrapassagens como é Suzuka. Com pequenas vitórias no domingo, com a largada sem erros e abrir rapidamente 1s, não possibilitando o uso do DRS por Norris, fez com que Verstappen controlasse a corrida, mesmo que com muita dificuldade. Max não teve o direito de errar e nas 53 voltas do Grande Prêmio do Japão, o neerlandês da Red Bull não colocou o pneu no lugar errado, numa pilotagem de altíssimo nível que garantiu a primeira vitória de Verstappen em 2025 e mostrando à McLaren que qualquer vacilo, será capitalizado por Max Verstappen.  

Figurão(JAP): Jack Doohan

 O filho do lendário Mick Doohan não teve a estreia na F1 mais tranquila da história, muito pelas pressões externas que o jovem Jack Doohan vem sofrendo, particularmente de Flavio Briatore, encantado com Franco Colapinto e trazendo o argentino como piloto reserva da Alpine. Esse tipo de pressão pode estar afetando Jack Doohan de tal forma que o australiano comete erros tão básicos que sua causa vai ficando cada vez mais irremediável. Sacado do primeiro treino livre de Suzuka, Doohan bateu muito forte no TL2 na curva um, assustando a todos, mas felizmente o piloto da Alpine nada sofreu. O motivo da batida aparentemente era o DRS aberto, no que poderia ser uma falha do seu carro. Porém, ao anunciar que seu piloto estava bem, Oliver Oakes, rei da Inglaterra da Alpine, anunciou que na verdade Doohan não desativou o DRS para o aproche da rápida primeira curva, fazendo com que a traseira da Alpine de Jack estivesse 'solta' e causando o acidente. Os bastidores não melhoraram muito a situação de Jack Doohan. Treinando no simulador, o australiano conseguia fazer a primeira curva de Suzuka com o DRS aberto, ou seja, para Doohan não precisava desativar o DRS na rápida curva um. Porém, na vida real a situação foi bem diferente e a situação de Doohan dentro da Alpine só piora.  

domingo, 6 de abril de 2025

Max gigantesco

 


O que dizer a mais sobre Max Verstappen? Após conquistar uma pole histórica em Suzuka nesse sábado, o neerlandês dominou a corrida em Suzuka, tendo a dupla da McLaren em seu encalço nas 53 voltas de uma corrida que prometia muito, mas a chuva veio cedo demais, a grama não pegou fogo e o resultado foi uma prova praticamente sem emoção nenhuma, onde os seis primeiros que largaram mantiveram suas posições na bandeirada. Suzuka é uma pista de pilotos, mas faz tempo que não produz corridas boas em condições normais.


Como ocorre em Mônaco, a corrida em Suzuka desse domingo foi decidida basicamente na classificação. A volta sensacional de Max Verstappen o deixou na situação de se largasse bem, a corrida certamente seria sua, mesmo com o notório ritmo superior da McLaren. Com ar limpo, Max poderia administrar melhor os pneus e se defender dos ataques certeiros que viriam da dupla da McLaren. A esperada chuva veio cedo demais e os pilotos não titubearam em largar com pneus slicks, mesmo com alguns pontos úmidos. Na largada, foi interessante ver como Max e Lando posicionaram seus carros apontando um para o outro, o que prometia uma largada agressiva, mas assim como a chuva, isso não apareceu e Max não teve muito trabalho para se manter na ponta, seguido por Norris e Piastri. Russell tentou ataques em cima de Leclerc, mas o representante da Ferrari se defendeu muito bem e não deu chances para o britânico, enquanto Antonelli e Hadjar não se intimidaram com Hamilton, com idade para ser pai deles (principalmente do italiano), atrás e mantiveram suas posições na frente do inglês da Ferrari. Largando com pneus duros ao lado de pilotos com compostos mais macios, Bortoleto foi quem mais perdeu posições, caindo para último. E foi assim que se iniciou a procissão nipônica.

Conseguindo seu objetivo inicial de ter o ar limpo como aliado, Max Verstappen tratou de conseguir mais uma pequena vitória contra as McLarens, que era abrir mais de 1s, não dando chance à Norris usar o DRS, pouco efetivo em Suzuka, mas de grande valia. Ainda na segunda volta o piloto da Red Bull amealhou mais essa vitória e não deu mais chances a Norris. Foi uma corrida estática, mas houveram momentos de tensão entre os líderes. Se a diferença não baixou de 1s, também não foi superior a 2s, tornando essa vitória de Max ainda mais especial, pois nunca é fácil ter um piloto com um carro superior lhe fustigando a corrida inteira. Verstappen não poderia errar. E ele não errou! Na única rodada de pit-stops, Norris se aproximou perigosamente e um parada não perfeita da Red Bull expos mais uma vez a inocência de Lando Norris. Os dois líderes saíram lado a lado da saída dos boxes e Max simplesmente deixou seu carro na linha normal. Em nenhum lugar da face da Terra Max daria espaço, que por sinal não existia, para um rival direto, mas Lando Norris se manteve lado a lado e quando a pista acabou, o inglês passeou na grama, perdendo um tempo precioso. Lando esperneou pelo rádio, mas Max não fez nada demais, tanto que a FIA concordou e o baile seguiu. Bastava Norris tirar ligeiramente o pé, ficar colado em Verstappen na saída dos pits e usar o ritmo superior da McLaren para fazer completar uma possível ultrapassagem, pois com pneus duros, a McLaren tinha um ritmo melhor do que a Red Bull. Mas Lando Norris declarou novamente que quer ser campeão sem ser um babaca. Essa atitude pode não o fazer um babaca, mas poderá não o tornar campeão. 

O aniversariante Piastri via tudo isso placidamente, mas no segundo stint parecia ser o mais rápido dos três, chegando a esboçar ataques em cima do seu companheiro de equipe. O australiano chegou a vocalizar isso via rádio, esperando um presente de aniversário da equipe com uma troca de posições, mas as contas da McLaren eram simples. Com Norris em segundo, ele mantinha a liderança do campeonato por apenas um ponto à frente de Verstappen. Como não havia garantias de uma ultrapassagem de Piastri sobre um inspirado Verstappen, Andrea Stella e seus papaias caps preferiram manter a coisa como estava até a bandeirada. Mesmo que na última volta Lando quase entregava o presente a Oscar ao sair da pista na chicane. Vitória categórica de Max Verstappen, daquelas conquistadas no braço numa pista que nitidamente evidencia quem pode fazer a diferença. Como falou Alonso após a volta da pole de Max, somente o neerlandês parece ser capaz de fazer voltas como a de sábado hoje em dia. Tsunoda teve uma estreia discreta na Red Bull, limitado pela má volta no Q2 e ficando de fora dos pontos, mas a torcida japonesa não quis nem saber e votou Yuki como o piloto do dia. Essa votação está mais avacalhada que algumas eleições por aí.


A McLaren saiu com um sabor amargo de uma derrota para um piloto que, mesmo excepcional, tinha claramente um carro pior. Norris e Piastri saíram dos seus carros com caras de poucos amigos, pois sabem que não poderá vacilar no resto da temporada, pois Max estará prontinho para capitalizar o menor dos erros dos papaias. E Piastri sabe que errou na classificação de sábado. Leclerc terminou num distante quarto lugar, onde seu único trabalho foi controlar Russell, que terminou num decepcionante quinto lugar, abaixo da expectativa pelo o que George vinha fazendo nos treinos livres. Antonelli fez uma bela corrida, liderou pela primeira vez uma prova de F1, se tornando o mais jovem na história de 75 anos da categoria, e com pneus duros no segundo stint, era o piloto mais rápido da pista, chegando a encostar em Russell no final. O italiano se mostra um enorme potencial, farejado por Toto Wolff. Hamilton se livrou facilmente do seu fã Hadjar ainda no começo da corrida, mas depois disso o inglês pouco fez, terminando a prova num obscuro sétimo lugar, só ficando à frente de Tsunoda entre as quatro equipes grandes da atualidade. Um início nada auspicioso para Hamilton.


Numa prova sem abandonos e apenas Tsunoda tendo problemas das equipes grandes, restaram apenas três posições de pontos. Sem maiores dramas estratégicos, Hadjar levou seu Racing Bulls facilmente aos pontos, mostrando que o francês tem velocidade e pode ser uma das surpresas do ano. O retorno forçado de Lawson à equipe deixou bastante a desejar. O neozelandês foi rapidamente ultrapassado por Tsunoda e viu não apenas que o nipônico fez um trabalho melhor do que o seu com o carro da Red Bull, como também Liam ficou abaixo de Yuki na comparação com o carro da Racing Bulls. Lawson ficou longe do novato Hadjar e também dos pontos. O rebaixamento pode ter causado um estrago definitivo na confiança de Lawson. Albon continua sua temporada sólida com a Williams, mesmo com várias reclamações via rádio, marcando mais pontos e superando com folga seu badalado companheiro de equipe. Sainz esteve bem mal na corrida, saindo várias vezes da pista na chicane e ficando bem longe dos pontos. Por fim, Bearman garantiu o último ponto para a Haas, fazendo uma boa corrida depois da largada decente que fez, além de superar com alguma folga o experiente Ocon, metido em brigas nas últimas posições.


Alonso ficou a prova inteira na P11, segurando os ataques de Gasly no primeiro stint e de Tsunoda no segundo, mas ficando longe de Bearman, fazendo com que o espanhol continuasse zerado no campeonato. Numa pista onde o piloto faz muita diferença, não foi surpresa Stroll ficar em último e sendo o único a tomar volta, numa prova sem nenhuma intempérie. Gasly tentou um ataque duro em Alonso na primeira volta, mas foi rechaçado e depois de um pit-stop ruim, acabou superado por Tsunoda e teve ajuda de Doohan para manter a frente dos demais do pelotão intermediário. A Sauber tinha o pior ritmo da corrida, mas bastante próxima dos rivais. Hulkenberg e Bortoleto andaram no bolo do pelotão intermediário, contudo, numa corrida sem intervenções externas, nem puderam sonhar com os pontos.


Não foi uma corrida emocionante e se não fosse a tensão das últimas voltas, com os três primeiros colocados andando juntos, o Grande Prêmio do Japão de 2025 seria um belo sonífero nessa madrugada. Para quem aprecia uma bela pilotagem, foi bonito de ver Max Verstappen vencer uma prova no braço, não tendo o melhor carro e se defendendo da superior McLaren usando um ritmo fortíssimo e sem direito a errar. A McLaren pode ter o melhor carro, mas Suzuka provou que é impossível descartar Max Verstappen no rol dos favoritos ao título da temporada 2025.

sábado, 5 de abril de 2025

Volta gigante


 Suzuka é um circuito para pilotos e já faz muito tempo que não temos boas corridas no espetacular circuito nipônico, mas os pilotos adoram correr lá e um dos motivos é que eles ainda fazem muita diferença em Suzuka, pista da Honda. E correndo com as cores originais da Honda, Max Verstappen fez toda a diferença com uma pilotagem impressionante que terminou com todo o favoritismo da McLaren e o neerlandês conseguiu uma surpreendente pole, numa volta que poderia ser assinada facilmente por qualquer lenda da história da F1.

A Classificação em Suzuka foi no seco e com os pilotos sofrendo com o vento e com a grama. Não que os pilotos estavam saindo da pista, mas que em várias ocasiões durante o final de semana a grama pegou fogo, por causa das faíscas do fundo dos carros. Uma cena nada usual. Jack Doohan bateu forte no TL2 e a Alpine não teve pudor em apontar o dedo para o australiano, num erro banal de não desativar o DRS na rápida curva um. Bastante pressionado, isso foi mais um golpe na confiança de Doohan, que fez uma classificação claramente ultra-conservadora e ficou na última fila, ao lado do errático Lance Stroll, esse mantendo sua escrita. Numa pista onde o piloto aparece, vemos o que Stroll (não) pode fazer. Bortoleto esteve na briga para passar ao Q2, mas acabou superado por muito pouco por Hadjar e ainda ficou atrás de Hulkenberg.

Falando em Hadjar e seus problemas no cinto de segurança, Lawson re-estreou de forma bem chinfrim na Racing Bulls, sempre atrás do novato, mas com um sorriso no rosto, o neozelandês largará na frente de Tsunoda, que o substituiu na Red Bull. Contudo, Yuki fez um trabalho melhor do que Lawson durante o final de semana. Correndo em casa e exibindo muita autoconfiança, Tsunoda andou sempre próximo de Verstappen nos treinos livres e até mesmo no Q1, mas ainda se acostumando com o novo carro, Tsunoda errou no aquecimento dos pneus no Q2 e ficou apenas na P15. Na Williams, novamente Albon colocou Sainz no bolso, que ainda foi punido, perdendo três posições no grid.

Tudo levava a crer numa pole da McLaren. Piastri e Norris dominaram os treinos livres e as duas primeiras partes da classificação, mas ninguém contava com um inspirado Max Verstappen. Vindo de três poles consecutivas em Suzuka, Max conseguiu uma volta no Q3 simplesmente antológica, derrotando a lógica e ficando com uma pole assombrosa. Norris e Piastri ficaram logo atrás, muito próximos, mas com cara de derrotados. Russell andou forte em todos os treinos livres, dando a impressão que seria o grande rival da dupla da McLaren, mas na hora que mais importava, ficou bem atrás, largando em quinto, ao lado do companheiro de equipe Antonelli, em sua melhor classificação até agora. Leclerc fez o papel que lhe cabia na Ferrari e se meteu entre McLarens e Mercedes, enquanto Hamilton novamente decepcionou, tomando bastante tempo do companheiro de equipe.

Essa pole conquistada por Max Verstappen é daquelas de dar um gás na confiança de qualquer piloto e a previsão é de chuva no domingo, podendo ser mais um fator de motivação para o neerlandês.