quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Troca de guarda

As notícias das saídas de Alexander Wurz e Ralf Schumacher de suas equipes, Williams e Toyota respectivamente, é um bom indício de que a F1 está se renovando rapidamente e o fenômeno Lewis Hamilton possa ser o início de uma nova era. Enquanto Wurz não apenas anunciou sua saída da equipe de Frank Williams como também sua aposentadoria, Ralf ainda procura equipes que o queira. Wurz e Ralf estrearam na F1 em 1997 e nessas onze temporadas, esses dois pilotos (que correram juntos nas categorias de base) tomaram rumos diferentes.

Wurz começou na F1 como piloto de testes da Benetton dez anos atrás, mas como o piloto titular da equipe Gerhard Berger teve um problema de saúde, Wurz fez sua estréia no Grande Prêmio do Canadá e logo na sua terceira apresentação o austríaco conseguiu seu primeiro pódio, garantindo vaga como piloto titular da Benetton para 1998. Porém, Wurz nunca repetiu seus ótimos resultados e em 2000 foi despedido da equipe por Flavio Briatore, que chegou a chamar Wurz de turista. O esticado austríaco foi para a McLaren como piloto de testes e por lá ficou até 2005, com apenas uma corrida disputada, em San Marino. Nos livros de história Wurz aparece como terceiro colocado dessa corrida, mas na pista o austríaco terminou em quarto, mas o terceiro colocado Button foi desclassificado por irregularidades no seu BAR. Em 2006 Wurz foi para a Williams ainda como piloto de testes, mas com a promessa de que seria piloto titular no ano seguinte e assim o fez. Depois de seis anos como piloto de testes Wurz reestrearia na F1, mas o austríaco é superado claramente pelo seu jovem companheiro de equipe Nico Rosberg e nem mesmo seu único pódio no mesmo circuito de Montreal que o viu estrear, diminuíram as críticas. Todos sabiam que Wurz não disputaria a temporada 2008, mas o austríaco resolveu se antecipar e disse que abandonaria a carreira logo após o último Grande Prêmio da China, nem participando mais da última etapa do ano no Brasil.

Já Ralf se aproveitou da onda do seu irmão mais velho e estreou na F1 logo de cara na equipe mais promissora da época, a Jordan. Nessa época Michael Schumacher era considerado arrogante e antipático. "Inspirado" pelo irmão, Ralf foi logo deixando de falar com seu então companheiro de equipe Giancarlo Fisichella ao colocar o italiano para fora da pista numa disputa entre eles durante o GP da Argentina, onde Ralf conseguiu seu primeiro pódio na categoria logo em sua terceira corrida. Em 1998 Ralf teria a companhia do campeão do mundo Damon Hill e quando a Jordan ficou em posição de garantir uma dobradinha durante o GP da Bélgica, Eddie Jordan preferiu dar a primeira vitória da equipe para Hill e Ralf resolveu abandonar a equipe. Com a Williams em pleno crescimento, Ralf começaria um projeto de renascimento da equipe ao lado da BMW e tudo ia bem até a chegada do colombiano Juan Pablo Montoya em 2001. Campeão por onde passou, Montoya queria primazia dentro da equipe e sua famosa ultrapassagem sobre Michael Schumacher em Interlagos deu cabimento ao pedido do colombiano. Ralf não ficou nada satisfeito e não demorou para surgirem os atritos. Em 2003, mesmo com o melhor carro, a Williams perdeu o título por não ter dado primazia a nenhum dos seus pilotos, que não se falavam. Cansado das brigas internas, Ralf se mandou para a Toyota tentando dar um upgrade na equipe e em 2005 a Toyota conseguiu sua melhor temporada na história, mas desde o ano passado a equipe japonesa vem se afundando e a motivação de Ralf parecia o Titanic após bater no iceberg. Na bica de ser demitido, Ralf preferiu dizer que não ficaria mais na Toyota e agora tenta ingressar numa equipe, mesmo que seja pequena.

O fato interessante dessa dupla aposentadoria é a idade de Wurz e Schumacher. O austríaco tem 33 anos, enquanto Ralf tem 32. Se antigamente era fácil ver pilotos com mais de 35 anos correndo, e bem, na F1, hoje os pilotos chegam cada vez mais jovens na categoria top do automobilismo e por conseguinte saem também mais cedo. Fisichella, 34 anos, deve ser outro que não segue em 2008. Couthard, 36 anos, e Barrichello, 35, tem praticamente certeza de que não correrão em 2009, com o brasileiro inclusive superando o recorde de Patrese de 256 Grandes Prêmios na carreira. Trulli, 33, pelo que vem correndo, também não inspira tanta confiança de que durará mais tanto tempo assim na Toyota e saindo de lá, dificilmente conseguirá alguma equipe que o queira. A F1 vem se aproximando cada vez mais de esportes como o tênis e a natação, onde os jovens tem incrível vantagem sobre os veteranos e até mesmo o bicampeão Alonso, com apenas 26 anos, possa ser visto em breve como um veterano. Agora é a hora de Hamilton, Vettel e Kubica, enquanto Coulthard, Barrichello e Trulli são vistos como, de agora em diante, paquidermes em potencial extinção.

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