domingo, 6 de março de 2016

História: 40 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1976

Mais de um mês após a primeira etapa em Interlagos, a F1 chegou à Kyalami com algumas novidades, mas com Niki Lauda como grande favorito. Após um início de campeonato desapontador, a Lotus se viu sem seus dois pilotos que correram no Brasil, com Mario Andretti assumindo o carro da Parnelli, que estrearia na África do Sul, enquanto Ronnie Peterson rescinde seu contrato, decepcionado com o carro que tinha em mãos, somado às duas temporadas ruins que teve na Lotus, e foi para a March. Colin Chapman teve que se conformar com dois pilotos inexperientes (Bob Evans e Gunnar Nilsson) para correr em Kyalami, enquanto corria contra o tempo para acertar o seu novo carro (e desenvolver o seu novo conceito de carro-asa em segredo). Fora das pistas, Lauda chegava à Kyalami com sua nova namorada, a bela Marlene Knaus, com quem se casaria poucas semanas depois, enquanto James Hunt era perguntado sobre a rumorosa separação com Suzy, que naquele momento estava nos braços de Richard Burton, no outro lado do Atlântico...

Mesmo em posições bem distintas no amor, Lauda e Hunt brigam pela pole-position, com vantagem, assim como aconteceu em São Paulo, para o inglês da McLaren, superando o rival da Ferrari por um décimo de segundo. A grande surpresa foi ver John Watson colocar seu novo Penske, que teve seu carro sob suspeita, por causa de uma aleta lateral, em terceiro lugar no grid, com Mass confirmando a boa fase da McLaren, completando a segunda fila. Regazzoni ficou num obscuro nono lugar, logo à frente de Peterson, se adaptando rapidamente ao seu novo carro. O sueco ainda viu sua antiga equipe ficar em 23º (Evans) e 25º (Nilsson).

Grid:
1) Hunt (McLaren) - 1:16.10
2) Lauda (Ferrari) - 1:16.20
3) Watson (Penske) - 1:16.33
4) Mass (McLaren) - 1:16.45
5) Brambilla (March) - 1:16.64
6) Depailler (Tyrrell) - 1:16.77
7) Pryce (Shadow) - 1:16.84
8) Laffite (Ligier) - 1:16.88
9) Regazzoni (Ferrari) - 1:16.94
10) Peterson (March) - 1:17.03

O dia 6 de março de 1976 amanheceu nublado em Joanesburgo, mas não havia previsão de chuva e todos os pilotos largariam com pneus slicks e sem a preocupação com o tradicional excessivo calor que marcava o Grande Prêmio da África do Sul naqueles tempos. Quando foi dada a bandeirada, Lauda traciona bem, o inverso acontecendo com o pole Hunt, que caiu para a quarta posição. Watson também larga mal e com isso, Mass e Brambilla sobem para segundo e terceiro, respectivamente, enquanto que no meio do pelotão, um acidente envolve o anfitrião Ian Scheckter, atingido na traseira na freada da primeira curva pela Williams de Michel Leclere, fazendo o sul-africano abandonar a sua prova caseira imediatamente.

Sem Hunt para lhe pressionar, logo Lauda começa a abrir vantagem sobre o segundo colocado, que na freada da primeira curva, a Crowthorne, da segunda volta, já era a March de Brambilla. Tentando se recuperar de sua má largada, Hunt logo ultrapassa o seu companheiro de equipe Mass e pressiona Brambilla pelo segundo lugar, assumindo a posição na sexta volta, mas já se encontrava 5s atrás de Lauda, que acabava de marcar a volta mais rápida da corrida, mantendo um ritmo forte no começo de prova. Mass e Brambilla passam a brigar pela terceira posição, se distanciando de Hunt, que corria sozinho em segundo. Motivado com seu novo carro, Peterson corria na quinta posição e liderava um bom grupo de carros, que tinha também Depailler, Pryce, um decepcionante Regazzoni e Jody Scheckter. Porém, na 16º volta, Peterson acaba saindo da prova ao desviar de Depailler na Crowthorne, enquanto o francês da Tyrrell cai para 12º. Quem se aproveita da confusão é Tom Pryce, que assume a quinta posição e se aproxima de Brambilla, que perdia rendimento. Lauda liderava com tranquilidade, mas um problema nos freios de sua Ferrari fazem com que o austríaco tivesse dificuldades de dirigibilidade, mas Lauda mantém o ritmo forte e tinha 12s de vantagem em cima de Hunt. A Brabham iniciava sua parceria com a Alfa Romeo de forma problemática, com Reutemann e Pace abandonando a corrida com problemas de lubrificação do motor, por erro de projeto no reservatório de óleo do novo carro.

Outro que abandonava era Jarier. Após uma ótima corrida em Interlagos, o francês da Shadow abandona discretamente na 29º volta, quando corria apenas em 14º. Brambilla é ultrapassado por Pryce, Regazzoni e Scheckter, saindo da zona de pontuação e sendo perseguido por um grupo formado por Watson, Laffite e Andretti. O italiano da March tinha sérios problemas de equilíbrio em seu carro e saía muito de frente. Na metade da prova, a corrida fica estática e até mesmo chata. Para quem pensa que corridas chatas só acontecem nos dias de hoje... Com seu problema de equilíbrio na Ferrari, Lauda diminui o seu ritmo forte, mas Hunt tira poucos centésimos por volta, deixando Niki com uma boa vantagem sobre o inglês, enquanto Mass também corria sozinho em terceiro. Pryce vinha num sólido e solitário quarto lugar, até ter um furo no pneu na volta 44, fazendo com que o galês fosse aos boxes trocar o pneu defeituoso. Em tempos de pit-stops quase improvisados, Pryce perde muito tempo. Nesse momento, a única briga na corrida era pela quarta posição, herdada por Regazzoni, mas o suíço era pressionado por Scheckter, que consegue a ultrapassagem na volta 50, enquanto o sexto colocado Laffite abandona com o motor quebrado. Três voltas depois é a vez do motor Ferrari de Regazzoni se entregar, deixando o suíço zerado após duas corridas, enquanto Lauda liderava sua segunda corrida.

Porém, Hunt tirava aos poucos a diferença para Lauda, mas apesar da luta do inglês da McLaren, a corrida já estava perto do fim. Brambilla, ainda com os mesmos problemas do início da corrida, segurava os ataques de Watson pela quinta posição. Porém, o que faria Brambilla perder a posição, não apenas para Watson, mas também para Andretti e sair da zona de pontuação foi que o March ficou sem combustível nas voltas finais, fazendo com que a March realizasse um improvisado reabastecimento e relegando Brambilla ao oitavo posto, lembrando sempre que em 1976 apenas os seis primeiros colocados marcavam pontos. Emerson Fittipaldi vinha fazendo uma corrida satisfatória, andando no mesmo ritmo do recuperado Tom Pryce em seu Shadow, mas o brasileiro acabou tendo o motor do seu Copersucar quebrado nas voltas finais. Lauda ainda teria um pequeno drama adicionado ao problema de equilíbrio do seu carro, quando faltando seis voltas para o fim, um furo lento apareceu em um dos seus pneus e Niki teria que se equilibrar para ver a bandeirada final. Hunt baixa de 5s para 1.3s sua desvantagem no final, mas seu esforço final não foi o suficiente e Lauda vence pela segunda vez em 1976, com as duas McLarens completando o pódio, mostrando mesmo que a temporada seria uma disputa entre Ferrari e McLaren. Schecker faz uma corrida anônima na quarta posição, enquanto aguardava o seu novo P34, e Watson marcava os primeiros pontos da Penske, o mesmo fazendo Andretti com a Parnelli. Mesmo a McLaren estando bem competitiva, o ritmo de corrida da Ferrari era melhor, ainda mais contando com a excelente fase de Lauda. Porém, muita coisa ainda iria acontecer na temporada de 1976...

Chegada:
1) Lauda
2) Hunt
3) Mass
4) Scheckter
5) Watson
6) Andretti   

Nenhum comentário:

Postar um comentário