segunda-feira, 29 de abril de 2019

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1979

A temporada européia de 1979 começava com o Grande Prêmio da Espanha em Jarama, perto de Madri. Jacques Laffite havia vencido as duas primeiras corridas da temporada com a Ligier antes de Gilles Villeneuve também triunfar duas vezes no novo Ferrari 312 T4. Porém, a Ferrari ainda tratava Jody Scheckter como primeiro piloto, mesmo Gilles liderando o campeonato, enquanto na Ligier, Laffite estranhava ter um companheiro de equipe após três anos reinando sozinho na equipe. Mesmo com esses pequenos problemas, as duas duplas se davam muito bem. Naquele momento, apenas a Lotus poderia se meter naquela briga ítalo-francesa pelo campeonato e Colin Chapman estrearia seu novo carro, o modelo 80, elevando ainda mais o conceito de carro-asa, mas nos testes ocorridos em Jarama, semanas antes da prova, o novo carro da Lotus não brilhou, assim como os novos carros da Renault e da Williams. Com ligeiras alterações, a Ligier dominou os testes e seus dois pilotos pulverizaram o recorde extra-oficial do circuito espanhol.

Os treinos oficiais ocorreram com tempo atipicamente frio e com muito vento. Na sexta, a Ferrari ficou com os dois melhores tempos, mas por ordem de Paul Lauritzen, a Goodyear deu a Ligier todos os melhores pneus disponíveis. No sábado Laffite alcançou a pole position, quase dois segundos melhor que a pole de 1978, com Depailler completando a primeira fila toda da Ligier. Villeneuve ficou em terceiro na frente do Lotus 80 da Andretti. Scheckter teve vários problemas nos treinos e conseguiu apenas a quinta posição, à frente dos dois Brabham de Lauda e Piquet, com o brasileiro ainda se recuperando do seu acidente na Argentina. Reutemann teve problemas mecânicos com seu novo carro e por isso teve que partir para o Lotus 79, se conformando com a oitava posição no grid, enquanto Jabouille estava bem contente com o comportamento do seu novo Renault em nono.

Grid:
1) Laffite (Ligier) - 1:14.50
2) Depailler (Ligier) - 1:14.79
3) Villeneuve (Ferrari) - 1:14.82
4) Andretti (Lotus) - 1:15.07
5) Scheckter (Ferrari) - 1:15.10
6) Lauda (Brabham) - 1:15.45
7) Piquet (Brabham) - 1:15.61
8) Reutemann (Lotus) - 1:15.67
9) Jabouille (Renault) - 1:15.78
10) Pironi (Tyrrell) - 1:16.04

O dia 29 de abril de 1979 estava ensolarado em Jarama, mas sem muito calor, porém, estava um dia diferente dos anteriores, podendo atrapalhar o acerto prévio dos carros. A largada do Grande Prêmio da Espanha foi um pouco confusa, mas sem incidentes. Depailler consegue uma ótima largada e quase que imediatamente se coloca na ponta da corrida, enquanto Mario Andretti chegou a se meter entre as Ligiers, mas perde desempenho do seu motor e cai várias posições, ajudando seu companheiro de equipe Reutemann, que pulou de oitavo para uma incrível terceira posição, ficando atrás da dupla da Ligier.

Durante a primeira volta, Villeneuve ultrapassa Reutemann para recuperar seu terceiro lugar, enquanto a dupla da Ligier ponteava a corrida, seguido pelas duplas de Ferrari e Lotus. Reutemann conseguiu retomar a sua posição na terceira volta, mas Villeneuve força a barra na freada da primeira curva e acaba rodando, caindo para oitavo. Totalmente possesso, Gilles tenta repetir a manobra em cima de Nelson Piquet na volta seguinte e novamente roda, caindo para 13º. Fazendo uma corrida bem mais cerebral, Scheckter apenas comboiava a Lotus de Reutemann, enquanto a dupla da Ligier já abria 5s para o argentino, com Laffite colado em seu compatriota Depailler. Se na transmissão da TV em 1979 pudéssemos escutar o rádio dos pilotos, provavelmente escutaríamos Laffite dizer que estava mais rápido do que Depailler, mas como isso não existia quarenta anos atrás, apenas se percebia que havia tensão nos boxes da Ligier porque Laffite acenava freneticamente quando passava em frente aos boxes, praticamente implorando que uma ordem fosse dada a Depailler e o deixasse passar. Se fazendo de desentendida ou não, a Ligier não lançou a tal ordem. E nem precisaria. Nervoso com sua situação, Laffite acaba errando uma marcha e abadona com o motor quebrado na volta 15. O pequeno francês deixou seu carro furioso, ainda mais percebendo que o segundo colocado Reutemann estava 14s atrás do seu companheiro de equipe.

A corrida se estabilizava, mas Reutemann começava a sofrer com problemas nos freios. Vendo de camarote os erros do seu companheiro de equipe Villeneuve, Scheckter não arriscava nada, mas via a aproximação de Mario Andretti e Niki Lauda. Com a metade da prova já tendo sido completada, Lauda perde contato com Andretti, que atacava Scheckter, que à essa altura sofria com desgaste de pneus, mas para a sorte do sul-africano, Mario Andretti se atrapalha enquanto colocava uma volta na McLaren de Patrick Tambay e perde parte de sua asa dianteira. O americano perde contato com Schecketer e na volta 45 era ultrapassado por Lauda. Com os pneus cada vez mais desgastados, Scheckter ia diminuindo seu ritmo e não demorou para Lauda encostar na Ferrari, concretizando a ultrapassagem na volta 60. Contudo, a corrida de Lauda duraria apenas mais quatro voltas, quando o motor Alfa Romeo superaqueceu. Mesmo com a asa dianteira de sua Lotus danificada, Andretti encontrou forças para atacar a Ferrari de Scheckter e assumiu a terceira posição. Praticamente de ponta a ponta, Patrick Depailler venceu sua segunda corrida na F1, seguido pela dupla da Lotus. Com os pneus em frangalhos, Scheckter ainda teve que suportar a pressão de Jarier nas voltas finais, mas o piloto da Ferrari ainda segurou a quarta posição, com Didier Pironi completando os seis que marcavam pontos. Depailler assumia a ponta do campeonato empatado com Villeneuve e era paparicado pelo rei Juan Carlos no pódio. "Essa vitória era capital. Algumas pessoas na equipe duvidavam de mim, mas meus rapazes deram tudo de si e eu finalmente consegui vencer", as palavras de alívio de Patrick Depailler mostravam bem como o clima dentro da Ligier ficava cada vez mais tenso.

Chegada:
1) Depailler
2) Reutemann
3) Andretti
4) Scheckter
5) Jarier
6) Pironi  

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