domingo, 2 de junho de 2019

Que gara ragazzi!

Mugello tem um quê de Monza e a Ducati, até mesmo pelas cores, também lembra bastante a Ferrari. A grande diferença na MotoGP é que a torcida italiana torce por seu piloto (Rossi), enquanto na F1 os tifosi enlouquecem pela macchina (Ferrari). Pista de alta velocidade, mas com vários esses e mudanças de altitude, Mugello proporciona belos espetáculos e a corrida da MotoGP de 2019 foi daquelas que tão cedo será esquecida. Numa apertada briga à quatro, Petrucci diminuiu a frustração dos torcedores que pintaram as arquibancadas de amarelo por causa de Rossi e venceu pela primeira vez no Mundial de Motovelocidade, derrotando por muito pouco Marc Márquez e Andrea Doviziozo, com Alex Rins também fazendo uma grande corrida ao chegar colado nos três com uma Suzuki com claras deficiências de potência.

Pista preferida de boa parte dos pilotos, Mugello tinha mais de 80.000 expectadores em sua maioria esperando que Valentino Rossi fizesse um milagre. Com uma Yamaha problemática e com pouca potência, o lendário piloto italiano largaria apenas em 18º na pista onde sempre lhe consagrou ao longo da carreira. Contudo, a edição de 2019 do GP da Itália entrará para a carreira de Rossi como uma prova totalmente esquecível. Rossi sempre foi um piloto de boas corridas de recuperação nos últimos anos, mas o piloto da Yamaha saiu da pista após um toque com a Suzuki de Joan Mir e acabou caindo algumas voltas depois. A fase da Yamaha é tão ruim que o seu melhor representante foi Maverick Viñales num distante sexto lugar, bem longe de brigar até mesmo pelo pódio.

Lá na frente Márquez mantinha a ponta da corrida saindo da pole, mas assim como aconteceu nas provas anteriores, o espanhol não forçou o ritmo logo de cara para despachar os adversários e vencer tranquilamente. Márquez tinha um pelotão compacto atrás de si e via as Ducatis partir para cima dele, principalmente na enorme reta dos boxes. Danilo Petrucci vive um ano de 2019 de decisão em sua carreira. Com apenas um ano de contrato com a Ducati oficial, o italiano se vê ameaçado por Jack Miller, que não esconde de ninguém que seu objetivo esse ano é tomar o lugar de Petrucci em 2020. Danilo vinha fazendo uma temporada 2019 mediana, marcando pontos, mas sem se destacar. Após o primeiro pódio em Le Mans, Petrucci superou Doviziozo em todo o final de semana em Mugello, largou na primeira fila hoje e esteve numa briga ferrenha pela vitória, sendo o primeiro a ultrapassar Márquez na luta pela sobrevivência de sua carreira. Atrás de sua primeira vitória na MotoGP, Petrucci teria que derrotar as duas grandes estrelas da MotoGP nos últimos dois anos. Mesmo largando apenas em nono, Doviziozo largou muito bem e imediatamente estava no pelotão da frente, formando dobradinha com Petrucci a maior parte do tempo. Miller também tentou andar no pelotão dianteiro, mas um giro depois de marcar a volta mais rápida da corrida, o australiano caiu, talvez motivando ainda mais Petrucci.

O quarteto que brigou pela prova era completado por Alex Rins. O jovem piloto da Suzuki saiu de uma posição ruim no grid para brigar pela vitória com uma moto claramente mais lenta em reta, mas com uma grande agilidade nas curvas. Rins chegou a pontear a corrida no miolo do circuito, principalmente nas sessões de esses de Mugello, mas na reta dos boxes era engolido sem dó por Ducati e Honda. Mesmo sendo muito amigo de Petrucci, Doviziozo tem um campeonato a conquistar pela Ducati e liderou boa parte da fase final da corrida. Márquez, que chegou à Itália gripado, não queria deixar a oportunidade passar de aumentar sua diferença no campeonato com mais uma vitória, enquanto Petrucci necessitava de sua primeira vitória. Três objetivos distintos, mas com cada um querendo muito. Essa salada fez com que as voltas finais em Mugello fossem emocionantes. Na freada da primeira curva da última volta, os três chegaram a se encostar, mas Petrucci emergiu na frente, seguido por Doviziozo, com Rins esperando qualquer chance (leia-se queda) para subir ao pódio.

Apesar da tensão, não houve ataques nas últimas curvas e Petrucci apenas teve que ter o cuidado de não dar vácuo para Márquez na reta dos boxes e vencer pela primeira vez na carreira e se emocionar muito na bandeirada. Uma belíssima corrida onde quatro pilotos em ótima forma se digladiaram num cenário sensacional. Petrucci subiu para quarto no campeonato, superando Rossi e mostrando que a Ducati fez bem em economizar descartando Lorenzo, que mais uma vez ficou fora do top-10. Márquez ainda lidera o campeonato e conseguiu ficar à frente de Doviziozo e Rins, que são segundo e terceiro no campeonato respectivamente, o que era o objetivo do espanhol da Honda. Vimos hoje a melhor corrida do ano! Obrigado MotoGP!  

2 comentários:

  1. Sem quedas e Rossi fazendo asneiras na corrida(coisa raríssima de se ver em The Doctor), Lorenzo muito provavelmente teria terminado a corrida(onde sempre diziam ser "Lorenzo's Land") na posição em que largou(17) ou até pior...

    E ele ainda conseguiu a proeza de não só ser superado pela raquítica Aprilia de Aleix Espargaró como também conseguiu perder a 12a posição na última volta pro novato Joan Mir da Suzuki(que como você mesmo disse João, tem sérios problemas de potência...)

    A seguir dessa maneira, a Honda não vai terminar o contrato de Lorenzo um ano antes do previsto mas sim já na pausa da categoria em Julho após a etapa de Sachsenring(uma das pistas onde Jorge nunca venceu...)

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