segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Figura(AZE): Oscar Piastri

 Rebaixado à segundo piloto da McLaren nessa semana, Oscar Piastri deu uma bela resposta à sua equipe com uma vitória categórica em Baku. Com Lando Norris tendo mais chances de enfrentar a bater Max Verstappen no Mundial de Pilotos, a McLaren resolveu deixar de lado o 'Papaya Rules' e investir em Lando Norris, deixando Piastri na difícil situação de ser uma espécie de apoio à Norris em sua luta pelo título. No entanto, Norris acabou tendo problemas com uma bandeira amarela na classificação e Oscar Piastri ficou sozinho lá na frente, enfrentando o especialista de Baku, Charles Leclerc, dono de quatro poles consecutivas. Piastri perseguiu de perto o ferrarista e quando Leclerc demorou a reagir à parada de Piastri, o australiano da McLaren se colocou próximo de Charles e efetuou uma ultrapassagem cirúrgica, demérito também de Leclerc, que deixou a porta aberta. No entanto, ainda faltavam mais de trinta voltas onde Leclerc nunca saiu de perto de Piastri e o perseguiu até o fim, mas Oscar se mostrou tão tranquilo na sua defesa de posição como se mostra fora das pistas. E foi com essa serenidade que Oscar Piastri venceu a corrida e deixou a McLaren numa situação estranha, onde seu piloto mais forte no momento é o segundo piloto da equipe.

Figurão(AZE): Max Verstappen

 Quando não tinha o melhor carro, Max Verstappen costumava se sobressair andando mais do que o carro, sempre beliscando vitórias nos tempos áureos da Mercedes no final da década passada. A maré virou para o seu lado nos últimos tempos e os esperados títulos vieram, mas em 2024 os bons tempos da Red Bull parecem ter terminado e de uma liderança tranquila no primeiro terço de campeonato, Max enxerga a aproximação inexorável da McLaren e o neerlandês aparentemente parece sem ação frente aos ataques papaias. No entanto, ao invés de mostrar a gana de quando batia de frente com os pilotos da Mercedes em outros tempos, Verstappen não está tendo a mesma atitude e em Baku teve uma corrida miserável. Max até liderou treino livre e o Q2, mas no momento da verdade o piloto da Red Bull ficou apenas em sexto no grid, sofrendo sua primeira derrota no ano para Pérez. Porém, a corrida seria ainda pior. Verstappen em nenhum momento esteve perto sequer da briga pelo pódio, onde estava Checo. Numa corrida totalmente opaca, Verstappen ainda viu seu concorrente direto ao título Lando Norris largar nove posições atrás dele e terminar imediatamente à frente. Mesmo ainda mantendo uma vantagem confortável no campeonato, Verstappen precisa se reinventar para confirmar um título que parecia seu no começo da temporada e aos poucos, vai saindo de suas mãos.

domingo, 15 de setembro de 2024

O que eu vou dizer lá em casa, Penske?

 


Conta-se nos bastidores da Indy que Roger Penske leva mais à sério uma vitória nas 500 Milhas de Indianápolis do que vencer o campeonato da Indy. Os motivos são muitos, como a maior visibilidade do vencedor da Indy 500, porém, mesmo tendo visto Josef Newgarden faturar a edição 2024 das míticas 500 Milhas, Roger Penske não lembrará com muita saudade dessa temporada. Foi um ano em que a Penske enfrentou o maior escândalo em sua longa história, viu seus pilotos brigarem entre si e no final, Will Power se viu alijado da luta pelo título ainda no começo da corrida decisiva em Nashville por um prosaico problema no cinto de segurança, fazendo o australiano perder cinco voltas e o título de 2024 já estava nas mãos habilidosas de Alex Palou, num enorme anticlímax para a final do campeonato.

Claro que Alex Palou não tinha nada com os problemas que a Penske enfrentou nesse domingo e ao longo de todo o ano. O espanhol da Ganassi teve um ano que caracteriza muito bem o estilo de pilotagem de Palou. Alex pode não ser espetacular, mas sua consistência e solidez construindo uma corrida e um campeonato faz de Palou um piloto sempre pronto a vencer uma corrida ou se manter no top-10, algo que o espanhol cansou de fazer em 2024. Se ano passado Palou venceu cinco vezes, nesse ano foram apenas dois triunfos, mas o suficiente para chegar em Nashville com uma ampla vantagem, mesmo Alex não conseguindo o melhor dos acertos na pista de concreto de Nashville. Porém, o infortúnio de Power tornou a tarefa de Palou apenas protocolar, levando seu Ganassi #10 rumo a bandeirada, uma volta atrás do vencedor Colton Herta. O americano da Andretti teve seu melhor ano até agora e com a vitória em Nashville, a primeira em ovais, Herta chegou ao vice-campeonato. Considerado o piloto mais talentoso do pelotão, Colton teve seus altos e baixos ao longo do ano, onde não faltaram corridas perdidas de forma tolo pelo jovem californiano, seja por vacilos da equipe Andretti, que ainda tenta a F1. No entanto, Colton foi mais consistente e venceu sua primeira corrida em dois anos e num final de ano muito bom, garantiu o vice.

Ganassi e Andretti tiveram seus líderes claros e ficaram com as duas primeiras posições do campeonato. Scott Dixon dá sinais que mesmo para um fenômeno como ele, o tempo também chega. O neozelandês conseguiu uma vitória em 2024, mas foi claro que Dixon teve muitos problemas em ritmo de classificação, sendo completamente ofuscado por Palou. Os demais pilotos da Ganassi fizeram figuração e com a equipe decaindo de cinco para três carros em 2025, Armstrong, Lundqvist e Simpson terão que ter melhores argumentos para ficar com a terceira vaga na Ganassi. Chegando à Andretti como piloto de equipe de ponta, Marcus Ericsson decepcionou deveras em seu primeiro ano na equipe, enquanto Kyle Kirkwood, pole na prova desse domingo, era capaz de corridas bestas e bestiais, deixando-o longe da briga por algo maior no campeonato, mas Kirkwood ainda tem bastante crédito com Michael Andretti.

Dá para afirmar sem erros que a vitória de Newgarden em Indianápolis foi o único grande momento da Penske em 2024. Mesmo com McLaughlin e Power vencendo corridas, até mesmo com uma tripleta em Road America e Power lutando pelo título até a última corrida, o 2024 da Penske foi bem ruim. O escândalo do push-to-pass, que resultou nas desclassificações de Newgarden e McLaughlin, além de uma série de punições administrativas, marcará para sempre a equipe, mas 2024 ainda reservou brigas internas entre os pilotos, como o toque entre Power e McLaughlin em Toronto e a polêmica relargada em Gateway, que fez Power partir para cima de Newgarden. O clima dentro da equipe estava tão ruim, que muito duvidavam que Newgarden e McLaughlin ajudassem Power no final, mas o problema banal e bizarro de Will pôs tudo a perder. McLaghlin venceu pela primeira vez num oval e se não fosse a desclassificação em St Pete, estaria forte na briga pelo título desse ano. Um ano duro para a equipe de Roger Penske, que ainda teve que receber as críticas de outros chefes de equipe quanto à condução da categoria pela Penske Entertainement. 

Pato O'Ward liderou a McLaren e com três vitórias, o mexicano chegou a vislumbrar a luta pelo título, mas os vários incidentes que atrapalharam Pato o tiraram da contenção de algo maior, além do mexicano ter perdido das 500 Milhas por muito pouco. A McLaren teve um ano complicado com os demais carros, com Alexander Rossi não tendo seu contrato renovado e a contratação de Malukas se tornando uma dor de cabeça quando o americano quebrou o pulso num treino de bicicleta antes de começar a temporada e escondendo a gravidade da situação. Dispensado, Malukas cedeu seu lugar para Theo Porchaire, atual campeão da F2. Quando o francês estava evoluindo, foi surpreendentemente dispensado, numa escolha pessoal de Tony Kanaan em favor de Nolan Siegel. Algo que ninguém entendeu e que até o momento, vem se tornando um tiro n'água.  Para 2025, a McLaren trará Christian Ludgaard, melhor piloto da Rahal, principalmente em circuitos mistos. Por que em ovais... o time de Bobby Rahal continua sofrendo nos circuitos ovais e para 2025 ainda sofrerá com a perda de sua principal piloto. A estreia de Pietro Fittipaldi numa temporada completa na Indy ficou muito, muito abaixo do esperado, tanto que mesmo trazendo patrocínio para a Rahal, Pietro ainda tem sua vaga ameaçada para o ano que vem.

Nas equipes pequenas, destaque negativo para a Dale Coyne, que leiloou seu segundo carro para quem pagasse mais, levando seis pilotos a correr com o #51 em 2024. A Juncos teve um ano atribulado, com o chefe de equipe argentino tendo que vender sua parte, além de toda a polêmica com Agustín Canapino, que fez o piloto portenho sair da Indy antes do final da temporada. A Foyt conseguiu uma parceria com a Penske, elevando a equipe de patamar, fazendo o maluquinho Santino Ferrucci conseguir um lugar entre os dez primeiros na classificação, com corridas agressivas e muitas inimizades pelo paddock. A Meyer Shank fez um campeonato melhor com a saída dos seus pilotos veteranos, mesmo Rosenqvist ainda se metendo em acidentes demais. Após uma parceria com a Andretti, a equipe ficará com a Ganassi em 2025 e Helio tentará o penta, mesmo que isso pareça cada vez mais irreal.

Alex Palou teve um ano que o consolida entre os grandes da Indy e com potencial para mais. Com 27 anos de idade, o espanhol conseguiu seu terceiro título em quatro anos com a Ganassi. Só não foi mais, porque em 2022 ele se envolveu na polêmica com a transferência frustrada para a McLaren e depois para a F1 com a equipe papaia. Solidificado na Ganassi, Palou ainda tem muita lenha para queimar e quando ele olha que disputou o título com Power (43 anos) e vê Dixon (44 anos) ainda competitivo, não seria exagero dizer que Palou ainda tem bons quinze anos competitivos pela frente. E com totais chances de quebrar mais recordes. 

Vitória no detalhe

 


Os treinos mostravam uma F1 equilibrada como gostamos de ver e tudo se confirmou na corrida, com uma disputa final entre quatro pilotos de três equipes diferentes e o prodígio Oscar Piastri conseguiu segurar um pelotão feroz atrás de si para vencer pela segunda vez na carreira e se tornar o piloto que mais pontuou nas últimas sete provas do campeonato, deixando a McLaren em situação difícil em priorizar Lando Norris com um piloto mais forte, no momento, do que o inglês. Leclerc foi um dos perdedores do domingo, com uma ultrapassagem decisiva tomada quando o monegasco deveria estar pensando na morte da bezerra. Com 26 poles, Leclerc soma apenas sete vitórias. Muito pouco para alguém tão rápido, mas Charles só garantiu o segundo lugar por causa do forte acidente entre Sainz e Pérez na penúltima volta, elevando um discreto Russell ao pódio, seguido de perto por Norris, que superou Verstappen nas voltas finais e tirando pontos de Max, mesmo largando quase dez posições atrás.


Com sol forte e o Mar Cáspio trazendo uma paisagem deslumbrante para o circuito citadino azeri, as equipes temiam pelo desgaste de pneus, algo que vem assombrando a todos nas últimas corridas e que vem se provando exagerado. Praticamente todos largaram com pneus médios e havia a expectativa de muitos pilotos indo para duas paradas, mas vide o que se passou em Monza, também se pensava  numa única parada, com os pilotos cuidando de suas respectivas borrachas. Mesmo com a pista bem suja no lado par, Pérez e Verstappen saíram muito bem e ganharam posições de Sainz e Russell, respectivamente, enquanto Leclerc mantinha a ponta com facilidade, seguido por Piastri. Largando em 15º, se aproveitando da troca de componente de motor de Hamilton que fizeram o inglês largar dos boxes, Lando Norris executou uma largada cautelosa, mas se serve de consolo, pelo menos ele ganhou posições dessa vez. Um toque entre Tsunoda e Stroll na primeira volta atrasou um pouco o avanço de Norris, mas quando teve pista livre, Lando ia ultrapassando os pilotos do pelotão intermediário, enquanto resguardava seus pneus duros. A corrida ficou estática, mesmo que com os primeiros colocados muito próximos um dos outros. 


Antes da primeira parada dos líderes, Leclerc chegou a quebrar a barreira do DRS e abria de Piastri, quanto o australiano seguiu boa parte dos pilotos e entrou nos pits para colocar pneus duros. Parecia uma parada precoce para todos, mas com o desgaste se mostrando mais baixo, boa parte do pelotão não pararia mais. Leclerc demorou um pouco para reagir à parada de Piastri, mas retornou ainda na frente do australiano, mas com Oscar claramente mais próximo. Checo Pérez fazia sua melhor corrida em meses e se aproximava dos líderes, enquanto Max Verstappen fazia uma corrida miserável. Na volta 19, Piastri estava no vácuo de Leclerc e com o DRS aberto. Algo que já tinha acontecido antes. Porém, Piastri colocou por dentro, freou no limite e efetuou a ultrapassagem sobre um surpreso Leclerc, que pareceu sem reação com a manobra do piloto da McLaren. Parecia até que Charles estava no mundo da lua ou deixou passar na esperança que logo daria o troco. Ainda haviam 32 voltas pela frente e não havia certeza de que todos ali iriam até o fim da corrida. Logo se formou um trio com Piastri, Leclerc e Pérez andando muito próximos. Albon e Norris postergaram suas paradas ao máximo, mas mantinham um ritmo decente e seguravam pilotos que já haviam parado. Norris lutava com Albon, enquanto segurava Verstappen num dia absurdamente ruim do neerlandês. Quando fez sua parada, Max estava colado em Sainz, que ultrapassou Albon e Norris, mesmo com dificuldades. Porém, Verstappen não teve força para atacar Norris e Sainz foi embora, terminando qualquer chance de ordem de equipe, algo que Christian Horner já havia anunciado que faria no sábado. 


Piastri fazia em várias oportunidades o que Leclerc não fez. Não faltaram momentos em que Leclerc entrava na longa reta dos boxes embaixo de Piastri, mas o australiano fechava o lado de dentro, enquanto Pérez assistia a tudo, conservando os seus pneus. Nas voltas finais, quando ficou claro que ninguém mais pararia, os pneus traseiros de Leclerc sentiram o baque de tanto tempo andando no ar sujo de Piastti e o ferrarista perdeu rendimento. Pérez partiu para cima, mas Sainz já havia tirado os 11s que o separavam dos líderes e estava na briga pelo pódio. Alerta, depois da bobeira no primeiro terço de prova, Leclerc se defendeu de Pérez numa manobra no limite, quase se tocando com o mexicano, que ao recuar, permitiu a ultrapassagem de Sainz, quando tentou o troco, Pérez bateu em Sainz num acidente forte na penúltima volta que definiu toda a corrida. Uma disputa de corrida polêmica, pois se quem bate por trás tem culpa (Pérez), também ficou claro que Sainz se moveu quando ainda não tinha o carro inteiro à frente do mexicano e o toque foi inevitável. Uma pena para Pérez, que fazia sua melhor corrida em meses e estava salvando a honra da Red Bull. Com tudo isso, Piastri garantiu sua segunda vitória no ano e que por mais que Lando Norris esteja na frente do campeonato no momento, Piastri é hoje o piloto do futuro da McLaren.


Por mais que o seu segundo lugar tenha sido salvo pelo melê entre Sainz e Pérez, Leclerc saiu do carro da Ferrari com cara de velório e não era para menos. Mais uma vez Leclerc não confirma uma pole e dessa vez o monegasco não poderá culpar sua equipe por algum erro estratégico. A ultrapassagem que Leclerc tomou foi daquelas que um verdadeiro campeão mundial não toma e por mais que seja rápido e talentoso, Charles deixa passar várias oportunidades em sua carreira, lembrando que em 2025 ele receberá na Ferrari um multi-campeão. Com a confusão entre Pérez e Sainz, George Russell levou à Mercedes ao pódio, mas como o próprio inglês falou na entrevista pré-pódio, em condições normais ele chegaria em sexto. Russell conseguiu ultrapassar Verstappen quando o piloto da Red Bull ficou empacado atrás de Norris e depois fez uma corrida discreta, mas que foi recompensada por um pódio inesperado. Ainda assim, George foi bem melhor do que Hamilton. O inglês fez uma corrida medíocre largando dos boxes, onde só reclamou do carros e dos pneus, só marcando pontos pelo acidente na penúltima volta. Norris levou seus pneus duros até onde deu, mas quando Albon parou à sua frente, o inglês pôde aumentar o ritmo e não apenas sair dos boxes na frente do piloto da Williams, como também na frente de Alonso. Com pista livre e pneus médios novos, Norris voou na pista e ultrapassou Verstappen com imensa facilidade. Sem ter o que fazer, Max ainda foi aos pits colocar pneus macios para tirar o ponto da melhor volta de Norris, mas o VSC estragou os planos do neerlandês. Mesmo tirando poucos pontos de Verstappen, ter largado nove posições atrás de Max e ainda chegar na frente pode ter sido um golpe duro em cima do atual tricampeão, além de elevar a moral de Norris, que terminou em quarto, contudo, ele terá que lidar com um companheiro de equipe numa fase esplendorosa.


No pelotão intermediário, Alonso foi o melhor do resto numa corrida incógnita, mas o espanhol não foi o melhor piloto da segunda parte da F1. A Williams colocou seus dois pilotos em estratégias diferentes, com Colapinto saindo com médios e Albon com os duros. O argentino parou junto aos demais pilotos e estava na briga pelos pontos, enquanto Albon ocupou por muito tempo o quinto lugar, só parando no final. Se não teve condições de segurar Norris quando este teve pista livre, Albon partiu para cima dos pilotos do pelotão intermediário, fazendo várias ultrapassagens e chegando bastante próximo de Alonso, só não o ultrapassando pelo acidente na penúltima volta. Uma bela corrida de Albon, que lhe deu um bom sétimo lugar, com Calapinto logo atrás. O argentino fez nas duas últimas corridas do que Sargeant não fez em um ano e meio de F1. Se Logan Sargeant foi uma escolha errada, Colapinto vem se mostrando numa tacada certeira de James Vowles. Outra escolha correta é Oliver Bearman. Já confirmado como piloto da Haas em 2025, o inglês substituiu muito bem o punido Kevin Magnussen e superou Hulkenberg na classificação e na corrida, marcando o último pontinho da corrida e entrando na história, se tornando o único piloto a marcar pontos nas duas primeiras corridas na carreira da F1 em duas equipes diferentes. O toque na primeira volta estragou as corridas de Tsunoda e Stroll, que abandonaram quando estavam sem ritmo. Ricciardo fez outra corrida para esquecer, o mesmo acontecendo com a Alpine e Sauber. Bottas foi o último da corrida de hoje e com Gabriel Bortoleto na liderança do campeonato da F2, fica cada vez mais difícil não escolher o brasileiro para a vaga na Sauber em 2025, mesmo o carro sendo muito ruim no momento.


E a F1 2024 entregou outra corrida para ficar na memória. Piastri foi cirúrgico tanto na corrida, como na ultrapassagem vencedora sobre Leclerc e já vai conseguindo mostrar sua marca na F1, com uma pilotagem fria, como a própria personalidade do australiano, que parecia bastante sereno no pódio. Maior pontuador nas últimas sete provas do campeonato, Piastri mostra que poderá ser o piloto do futuro da McLaren, que com os resultados de hoje superou a Red Bull no Mundial de Construtores e até o final do certame lutará para garantir também que seu futuro do presente, Lando Norris, vença o Mundial de Pilotos, mesmo com poucos pontos debitados hoje. Um campeonato que vai se mostrando imprevisível e cada vez melhor de se acompanhar. 

sábado, 14 de setembro de 2024

Não se ajudam


 Com a McLaren em ótima fase, enquanto a Red Bull está claramente com problemas, Lando Norris teve a notícia nessa semana que a equipe jogará os famigerados 'Papaya Rules' pela janela e correrá pelo inglês, na sua luta pelo título com Verstappen. Porém, Norris errou durante o Q1 e ficou pelo caminho em Baku, tendo que largar apenas em 17º. No melhor final de semana da Red Bull nos últimos tempos, Max Verstappen parecia que capitalizaria o infortúnio de Lando ao ser o mais rápido do Q2, mas um Q3 ruim deixou o neerlandês em sexto, sendo superado pela primeira vez no ano pelo seu companheiro de equipe Pérez. Quem não tem anda com isso é Leclerc, pole pela quarta vez consecutiva em Baku.

Os treinos livres em Baku mostraram a real possibilidade de uma briga à quatro no circuito citadino azeri, com ninguém podendo apontar um real favorito. A McLaren não mostrou a força de Zandvoort e Monza, não liderando nenhum treino livre. A Red Bull voltava a mostrar um ritmo decente, mesmo que ainda longe dos tempos dominantes do começo do ano, enquanto a Mercedes liderou o sempre decisivo terceiro treino livre e a Ferrari mantinha o embalo da bela vitória em Monza. Porém, logo de cara, Lando Norris ficou pelo Q1. Esteban Ocon tinha batido no muro no final do treino e se arrastava pela pista, causando bandeiras amarelas pontuais. Norris vinha em sua volta rápida e vinha atrás de Ocon, que esteve longe de atrapalha-lo e não se viu nenhuma bandeira amarela. O que se viu foi um erro de Lando na complicada curva anterior a enorme reta dos boxes e o inglês tirou o pé, indo para os boxes amargando uma péssima 17º posição no grid. 

Para piorar, Max Verstappen chegou a colocar meio segundo na concorrência no Q2, indo ao Q3 como sério candidato à pole, mas o neerlandês errou em sua primeira volta do Q3 e fez uma volta burocrática na segunda, consolando-se com a sexta posição e vendo a primeira derrota para Pérez em 2024. O mexicano sempre andou bem nas ruas azeris e finalmente mostrou um ritmo decente numa classificação. Por sinal, Hamilton ficou muito atrás de Russell e Ricciardo tomou tempo novamente de Tsunoda. Os novatos Oliver Bearman e Franco Colapinto mostraram ótimos trabalhos, superando seus companheiros de equipe. Por sinal, a cena da Williams de Albon ainda com resfriador de radiador em seu carro mostra bem o quanto a outrora gigante Williams se apequena. Lá na frente, enfrentando apenas uma McLaren, Leclerc bateu Piastri para ficar com a pole em Baku, sua quarta consecutiva. Tendo batido no primeiro treino livre, Leclerc foi muito sólido o resto do final de semana e largará mais uma vez na frente nesse domingo. A Ferrari cresce, mas em ritmo de corrida a McLaren se mostrou mais forte. Porém, Lando está longe demais para Piastri ajuda-lo, enquanto Verstappen apenas sorri, mesmo não se ajudando muito. 

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Newey esmeraldino

 


O segredo mais mal guardado da F1 atual foi desnudado nessa terça-feira. O renomado e multi-campeão Adrian Newey revelou que se mudará para a Aston Martin a partir de 2025, após quase vinte anos na Red Bull e inúmeros sucessos na equipe austríaca, repetindo o que já havia feito na Williams e McLaren. Ao anunciar sua saída da Red Bull no primeiro semestre desse ano, Newey teve seu nome ligado à Ferrari, que já tinha trazido Lewis Hamilton em 2025, mas o negócio não saiu, muito por Newey não querer morar na Itália, além de outros pormenores.

A chegada de Newey na Aston Martin mostra o tamanho da ambição de Lawrence Stroll, que comprou uma montadora renomada, uma equipe de F1 falida, construiu uma estrutura gigante em torno da Aston Martin. Tudo isso na tentativa, muito provavelmente infrutífera, de tornar seu filho Lance campeão do mundo. Mesmo tendo investido centenas de milhões de dólares, além da presença de Honda e Aramco, o fato de ter na equipe Lance Stroll dá um quê de equipe familiar à Aston Martin, pois o jovem canadense já deu inúmeros indícios de que nunca será de fato respeitado na F1. A genialidade de Newey poderá dar um bom carro à Lance, mas será que ele terá condições de usufruir do brinquedo novo? 

domingo, 8 de setembro de 2024

Toque de chuva


 Quando os pilotos se preparavam para iniciar a volta de apresentação em Misano, uma leve garoa molhava as câmeras, trazendo apreensão aos pilotos da MotoGP. Talvez isso tenha trazido uma tensão ainda maior ao líder do campeonato Jorge Martin, que bastou ver seu companheiro de equipe cair e a chuva aumentar um pouquinho para tomar a discutível decisão de trocar de moto, quando a pista estava muito longe de estar molhada. Esse erro crasso de Martin permitiu à Marc Márquez vencer pela segunda vez consecutiva e deixar o espanhol sonhar ainda mais com o título.

A prova em Misano foi decidida pela chuva fina que aumentou repentinamente no primeiro terço de prova, mas rapidamente foi embora. À essa altura, o pole Bagnaia era perseguido de perto pelas duas motos da Pramac, com Martin à frente de Morbidelli, após esse se livrar de Pedro Acosta numa disputa forte e o jovem espanhol da Gas Gas cair quando tentava dar o troco em Franco. Na Sprint, Bagnaia tinha sofrido uma derrota amarga para Martin, que aumentou ainda mais sua vantagem no campeonato, já abrindo mais de uma corrida de diferença. A pista estava claramente seca, mesmo que pingos caíssem nas câmeras e o tempo estivesse carrancudo. Então Morbidelli caiu na curva um e a pista piorou claramente. Martin encostou de vez em Bagnaia e o pelotão que brigava pela quarta colocação encostou nos líderes. Desde a largada os pilotos podiam trocar de motos na regra do 'flag to flag'. É uma decisão unicamente do piloto. Líder do campeonato e sem precisar arriscar muito, era esperado que Martin esperasse o máximo possível para trocar de moto, mas foi justamente o espanhol que embicou para os pits para trocar de moto. Quando entrava nos pits, Martin ainda olhou para trás, vendo quem o seguia. E ninguém no pelotão da frente o fez.

Mesmo com a pista bem pior, o asfalto nem úmido estava e para complicar a situação de Jorge, a chuva cessou quase que de imediato. Foi um tiro n'água de Martin e o pior que alguns pilotos foram na onda do espanhol, igualmente tendo suas corridas destruídas. Lá na frente, com todos os pilotos bem compactados, quem anda bem em condições traiçoeiras se destacou e um deles foi Marc Márquez. Largando apenas em nono após uma queda na classificação, Marc aproveitou o pior momento da pista para assumir a ponta da corrida, sendo seguido pela dupla da Ducati oficial. Ainda sentido dores pela queda semana passada, Bagnaia parecia sem ação para tentar um ataque em cima de Márquez, que com ar livre, imprimiu o ritmo que quis rumo à vitória. Provando que pilotos excepcionais se destacam nessa condição, Fabio Quartararo levou sua anêmica Yamaha ao sétimo lugar, quase superando Alex Márquez na reta final.

O segundo lugar de Bagnaia foi mais do que o suficiente para fazer o atual bicampeão encostar novamente em Martin, que ainda marcou um pontinho, mesmo que uma volta atrás. Mais importante foi que Márquez, vindo de duas vitórias consecutivas, já vislumbrar entrar na disputa pelo título desse ano.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Figura(ITA): Ferrari

 Como é bom ver a Ferrari ganhar em Monza... Ainda mais na base da inteligência. Depois de anos sofrendo com táticas erradas, onde bons resultados dos pilotos ferraristas eram tiradas de suas mãos através de decisões vindas do pit-wall, correndo em casa a Ferrari executou uma estratégia arriscada, mas precisa para garantir uma vitória que ninguém esperava. Com o recapeamento do asfalto de Monza, toda a F1 se preocupou com o desgaste de pneus e ao invés da manjada estratégia de uma única parada, todos pensavam numa tática de duas paradas. Porém, no domingo não fazia sol forte em Monza e com o andar da corrida, a Ferrari pensou que arriscar uma única parada poderia ser viável, mesmo Leclerc tendo parado junto dos demais pilotos que pararam duas vezes. Se até o ano passado os carros da Ferrari eram conhecidos por devorar os pneus, esse ano os carros são mais caridosos com a borracha, permitindo que Leclerc não apenas completasse a prova visitando os boxes apenas uma vez, como segurando a dupla da McLaren, ampla favorita do final de semana. Uma vitória como nos bons tempos.

Figurão(ITA): McLaren

 Papaya rules... A McLaren sempre se caracterizou por não ser adepta às ordens de equipe, ainda mais em meio de temporada. Porém, a forma como Zak Brown e Andrea Stella vem administrando seus pilotos pode ser bem prejudicial à equipe McLaren no Mundial de Pilotos em 2024. Lando Norris é o atual vice-líder e com a Red Bull com problemas, era claro que o inglês tinha chances cristalinas de tirar bons pontos do líder Max Verstappen, ainda mais largando da pole e finalmente com Lando saindo bem no apagar das luzes vermelhas. Porém, de forma inusitada, Norris foi atacado pelo seu companheiro de equipe Oscar Piastri ainda na primeira volta numa manobra agressiva, mas também precisa do australiano. Piastri liderou boa parte da corrida e quando Lando se colocou atrás de Oscar, ninguém na McLaren pensou em trocar as posições dos pilotos. Para piorar, a McLaren foi surpreendida pela Ferrari, que arriscou numa estratégia de uma parada e mesmo com o melhor ritmo do final de semana, a McLaren foi incapaz de superar Charles Leclerc, sofrendo uma derrota inesperada e amarga, além de ver Lando (3º na corrida) não tirar tantos pontos de Verstappen (6º colocado), além de criar uma tensão dentro da equipe. Será que o Papaya rules está escrito de como perder uma corrida ganha e ainda contaminar o clima da equipe?   

domingo, 1 de setembro de 2024

Penske errado


 A corrida em Milwaukee começou de um jeito que Will Power, nem em seus melhores sonhos, imaginava. Seu principal rival ao título Alex Palou ficou parado ainda antes da largada, com problemas elétricos e só foi para a corrida com mais de vinte voltas de atraso. Era a chance do australiano chegar na última etapa do campeonato da Indy com ótimas chances de conseguir o tricampeonato. Porém, Power pôs tudo a perder quando rodou sozinho numa relargada em Milwaukee e perder uma volta. O piloto da Penske ainda conseguiu se recuperar, mas o décimo lugar ficou muito abaixo do esperado e no final, Power ficou com o gosto amargo de ter perdido sua melhor chance de derrotar Palou, que levou seu carro até o final e com os vários abandonos, ainda beliscou um lugar entre os vinte primeiros. O dia da Penske, que já tinha perdido o pole Newgarden na largada, foi salvo por Scott McLaughlin, que venceu em Milwaukee e reúne tênues chances de conquistar seu primeiro título, mas contando com trinta pontos de vantagem sobre Power, Palou está com uma mão e meia na taça. 

Nó tático

 


Nos últimos anos, a Ferrari se caracterizou por seus diversos erros táticos, que tiraram algumas vitórias das mãos dos seus pilotos. Os Planos A, B, C e etc entraram para o folclore da F1. No entanto, a Ferrari sempre ganha força em Monza, seu lar espiritual e mesmo com a McLaren dominando o final de semana, a Ferrari executou uma estratégia arriscada, mas ao mesmo tempo certeira para derrotar os ingleses, conseguindo uma vitória surpreendente para Charles Leclerc, derrotando a dupla da McLaren para delírio dos tifosi.


A corrida em Monza foi das melhores nessa surpreendente e animada temporada 2024. O recapeamento do asfalto em Monza criou muitas expectativas para o desgaste de pneus, com a tendência para que as equipes deixassem de lado a tradicional estratégia de uma parada e fazerem os pilotos visitarem os boxes duas vezes durante a rápida corrida na região da Lombardia. Mesmo com forte calor, não havia sol à pino nesse começo de outono italiano e surgiu até mesmo a possibilidade de chuva, que não se confirmou. A largada foi bem convencional, com Lando Norris defendendo muito bem a sua pole, enquanto Piastri defendia a honra da McLaren ao fazer uma defesa de posição bastante forte em cima de George Russell, que para não bater no australiano saiu da pista e ao voltar no meio do pelotão, acabou estragando sua asa dianteira num toque com Max Verstappen. A corrida de George acabou praticamente ali. Com Lando setenta pontos atrás de Verstappen no campeonato, a McLaren vindo forte e a Red Bull tendo problemas na Itália, o lógico era pensar que a turma de Zak Brown e seus papaia caps privilegiassem o inglês, mas devem ter esquecido de avisar Oscar Piastri. O australiano partiu para o ataque na Variante Della Roggia e numa manobra arriscada por fora, mas muito bem executada, Piastri tomou a primeira posição do seu companheiro de equipe. Surpreendido pelo fogo amigo, Norris saiu mais lento da chicane, permitindo o ataque de Leclerc, que começava a festa italiana ao assumir a segunda posição. Lando Norris continuava a sua sina de não ter liderado nenhuma volta de abertura na F1, mesmo que dessa vez, o inglês da McLaren tenha largada de forma razoável.

A surpreendente manobra de Piastri deixava a McLaren com um abacaxi nas mãos. O australiano não apenas liderava, como ainda tinha Leclerc entre ele e Norris, impossibilitando qualquer ordem de equipe naquele momento. Leclerc andava na mesma balada de Piastri, enquanto Sainz segurava sem maiores sustos Hamilton e Verstappen. Seis meses depois de um início de campeonato auspicioso, não é nenhum segredo que hoje a Red Bull é quarta força da F1 e Max apenas tentava ficar nas primeiras posições, com Russell e Pérez logo atrás. Precisando trocar a asa dianteira danificada e tendo sido ultrapassado por Pérez, Russell inaugurou a primeira rodada de paradas ainda na volta 11, deixando claro que a Mercedes iria para tática de duas paradas, mas o fato de estar nublado fazia com que as equipes deixassem no ar a opção de parar apenas uma vez. Norris se aproximava de Leclerc e por isso, antecipou sua parada na volta 14, tentando um undercut em Leclerc. A Ferrari trouxe o monegasco para os pits na volta seguinte, mas a manobra da McLaren tinha dado certo, para desespero de Leclerc, enquanto Sainz ficou mais algumas voltas na pista e questionava a tática das equipes de pararem tão cedo. Tentando fazer diferente, a Red Bull largou com pneus duros, enquanto os demais times top saíram com pneus médios. Será que a Red Bull, que dera alguns pulos do gato na estratégia, surpreenderia a todos novamente? Foi com uma enorme decepção que a Red Bull trouxe seus dois pilotos apenas algumas depois dos demais líderes e colocou... pneus duros! Para completar, o pit-stop de Verstappen foi lento, por causa de uma roda traseira direita presa. O soco que Max deu no volante mostrava a sua frustração, assim como o de todos que assistiam a prova. A Red Bull definitivamente decai a olhos vistos em vários setores, passando pela engenharia e as táticas.


O segundo stint tinha as duas McLarens na ponta. Hora de trocar as posições dos pilotos capitalizar a corrida ruim da Red Bull, certo? Andrea Stella não pensou assim e deixou os dois correrem soltos, sendo que claramente Piastri estava mais veloz do que Norris, que tinha Leclerc em seu encalço. E foi o inglês que iniciou a segunda rodada de paradas, sendo seguido por Piastri e as duplas de Red Bull e Mercedes. Faltavam pouco mais de quinze voltas e a McLaren pareceu ter acordado de supetão para o que via na pista. A Ferrari arriscaria para uma tática de uma parada para os seus dois pilotos. Se ano passado a Ferrari devorava pneus, com um carro mais equilibrado e a torcida de todo um país empurrando, os italianos tinham condições para se manter na pista e tentar uma vitória inesperada. Ao perceber isso, a McLaren mandou seus dois pilotos acelerarem, se esquecendo de qualquer ordem de equipe, até porque Piastri estava mais rápido. Norris suou para ultrapassar Verstappen, em tática diferente. Sainz fez o que pode, mas com Oscar 1,5s mais rápido, o espanhol viu primeiro Piastri, depois Norris, o ultrapassar como se o espanhol estivesse parado. Porém, faltavam menos de dez voltas e Piastri não tirava o suficiente para chegar em Leclerc. O monegasco, que duvidou da estratégia da Ferrari, se assegurava como vencedor do Grande Prêmio da Itália pela esperteza de sua equipe, além de uma pilotagem vencedora, onde Charles não errou, mesmo Piastri se aproximando e recebendo a bandeirada menos de 3s atrás. A festa que os italianos fizeram, principalmente no hino italiano, foi daquelas para se lembrar para sempre, ainda mais com a Ferrari vencendo em 2024 em Mônaco, Le Mans e Monza. E duas com Leclerc!


Assim como os tifosi não esquecerão esse dia, a turma da McLaren não esquecerá essa derrota, uma das mais amargas dos últimos tempos. Piastri usou a palavra 'doloroso' para demonstrar seus sentimentos, enquanto Norris parecia cabreiro por tudo que tinha acontecido. Após renunciar a uma vitória na Hungria, Norris provavelmente esperava uma maior atenção de sua equipe, algo que não aconteceu. O ataque de Piastri e a não troca de posições pode custar muito caro num campeonato que vai para o seu terço final indefinido. Superado por Sainz e uma das Mercedes, Verstappen foi apenas sexto, longínquos 37s atrás do líder e ainda perdeu o ponto da volta mais rápida para Norris no giro final. Pérez foi oitavo, dessa vez andou próximo de Max, mas ele ficou mais próximo do nono colocado Albon do que o sétimo colocado Russell, que o ultrapassou no terço final de prova. No Mundial de Construtores, a Red Bull ainda lidera por apenas oito pontos e já não se pode descartar a Ferrari, menos de quarenta pontos atrás. No Mundial de Pilotos, Max ainda sustenta uma diferença de 62 pontos, superior a duas corridas, mas o próprio neerlandês já falou que, nesse momento, a Red Bull não tem ritmo para vencer qualquer corrida. E ainda faltam oito provas, mais duas Sprints.


No pelotão intermediário, destaque para o nono lugar de Alexander Albon, confirmando a boa forma da Williams em circuitos de baixo downforce, com Franco Colapinto terminando num decente 12º lugar, na frente de pilotos bem mais experientes do que ele, além de superar a dupla da Alpine, que andou junta o tempo todo, mas sem maiores incidentes entre Albon e Ocon. Os funcionários da Renault se manifestando nas arquibancadas com o possível fim do projeto do motor gaulês chamou mais atenção do que a Alpine fazia na pista. Hulkenberg teve problemas com os dois pilotos da Racing Bulls, sendo vítima no caso de Ricciardo e culpado no caso de Tsunoda, único abandono do dia. O outro carro da Haas fez uma corrida agressiva, mas no fim Kevin Magnussen ainda amealhou um pontinho, mas o dinamarquês tanto aprontou que somou mais pontos na carteira e pela primeira vez na história desse regulamento, um piloto foi banido de uma corrida por ter tantas punição. Em sua última temporada na F1, Kevin Magnussen deixou sua marca. Aston Martin fez outra corrida medíocre e ficou zerada, o mesmo com a Sauber, mas no caso dos suíços, isso nem é mais novidade.


A temporada 2024 entregou mais uma corrida surpreendente e de uma campeonato parecia decidido ao final da primeira corrida, temos um certame completamente aberto, com quatro equipes podendo vencer corridas. Em Monza, tudo levava a crer que a vitória seria da McLaren, mas a Ferrari surpreendeu a todos e conseguiu o triunfo num verdadeiro nó tático perpetrado pelos italianos.  Max Verstappen sofre com a falta de ritmo do seu carro e suas esperanças recaem nas pisadas de tomate que a McLaren vai fazendo, mesmo que o carro laranja hoje claramente o melhor do pelotão. Ainda teremos muitas corridas pela frente e estão cada vez melhores. Gostamos!

Cobrindo mais uma lacuna

 


Até nas carreiras de gigantes como Marc Márquez, ainda faltam algumas conquistas. Multi-campeão, extremamente talentoso e dono de um estilo agressivo só seu, Márquez só venceu corridas na MotoGP pela Honda. O seu acidente em Jerez/20 e o declínio técnico da Honda forçou a saída de Márquez da montadora das três asas, procurando um lugar na dominante Ducati, mesmo que menor equipe satélite. Em Aragão Márquez acabou com um tabu de mais de mil dias, além de ter vencido na MotoGP com uma segundo moto. E não foi uma vitória qualquer. Márquez amassou a concorrência, com direito a barba, cabelo, bigode e unhas!

Desde a sexta-feira Márquez dominou em Motoland como nos seus áureos tempos de Honda. Na classificação, Marc meteu quase 1s na concorrência, após liderar os treinos livres. Na Sprint, vitória de ponta a ponta, algo que o espanhol repetiu com extrema naturalidade no domingo. Foi uma vitória daquelas bastante enfáticas, mostrando que o velho Marc Márquez ainda está na ativa e com as circunstâncias corretas, ainda pode voltar aos bons tempos. Atrás, bem atrás de Márquez, Jorge Martin se aproveitou de uma largada horrorosa de Pecco Bagnaia para subir para terceiro, não demorando a atacar o novato Pedro Acosta para se estabelecer numa solitária segunda colocação. Muito impetuoso, Martin percebeu que pode ser campeão sem vencer todas as corridas, ainda mais com seu rival se metendo em confusão.

Bagnaia já havia largado pessimamente na Sprint, que lhe rendeu apenas a nona posição e a perda da liderança do campeonato ainda no sábado. De forma surpreendente para um piloto experiente como ele, Bagnaia repetiu o erro no domingo, mas ao contrário da Sprint, Pecco não perdeu rendimento. Ao contrário de sábado, Bagnaia foi ganhando posições e brigava pelo terceiro lugar com Alex Márquez nas voltas finais, quando o irmão de Marc errou. Bagnaia estava claramente na frente na curva seguinte, mesmo que por fora, quando Alex tentou dar o troco, no que acabou se tornando um sórdido acidente que jogou Pecco no chão e elevou a desvantagem para Martin a 23 pontos, quase uma corrida inteira. 

Pecco saiu da moto uma fera e foi visto entrando no centro médico, lembrando que a próxima corrida será semana que vem e que as críticas merecidas em cima de Alex tem que ser medidas, para não afetar o relacionamento com o irmão, seu futuro companheiro de equipe. A Ducati não comemorou a dobradinha em Aragão, ainda mais sabendo que a chegada de Márquez à equipe oficial significou a saída Pramac para a Yamaha e do próprio Martin, de malas prontas para a Aprilia e podendo levar o template de número um. Uma situação para lá de estranha, no qual a Ducati precisa administrar. E Marc Márquez, embalado pela vitória enfática de hoje, ainda bem aportou na equipe oficial.