quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Na conta da torcida

 


Em 2009 a revista Placar, em seu tradicional Guia do Campeonato Brasileiro, cravou que o Ceará iria brigar para não cair para a série C na Segundona. Resultado? Subimos para a série A! Oito anos depois, o Ceará retornava à série A com uma outra roupagem. Se antes o clube sofria com administrações sofríveis, o Ceará era um clube organizado e se demorou esse tempo todo para subir, pelo menos sempre era respeitado, sempre ficando próximo de subir, com exceção de 2015. Fora um acesso esperado!

Foram cinco anos na série A, onde se pode dizer que apenas dois anos foram considerados bons. A administração exemplar sofria arranhões com Robinson de Castro administrando o clube pensando mais em planilhas do que acontecia no campo. Jogadores de qualidade e índole duvidosa eram contratados e em 2022 fomos rebaixados, enquanto o rival brilhava. Cair fazia parte de um plano de contingência de um clube organizado, mas Robinson não pensou nisso. Deixou o Ceará endividado e algumas situações que pareciam ter ficado num passado distante voltaram com força em 2024, após um 2023 onde o título da Copa do Nordeste foi a única coisa a se comemorar. Jogadores entrando na justiça, dívidas aparecendo a todo momento, Transfer Ban...

Porém, o Ceará tinha a sua torcida ao seu lado. O lema é 'Nunca abandonar'. Mesmo com confusões nos bastidores, uma base forte foi montada para 2024. O criticado presidente João Paulo Silva deixou o futebol com verdadeiros profissionais e competentes. Primeiro veio o inesquecível título cearense desse ano. O Ceará era um dos favoritos a subir nesse ano, mas em 2023 também o era e decepcionou amargamente. O campeonato do Vozão não parecia promissor. Derrotas fora de casa e tropeços eventuais dentro do Castelão deixava o acesso distante. Vagner Mancini saiu, entrando em seu lugar Leo Condé, que levara o Vitória ao título da Série B em 2023. O elenco tinha bons jogadores na frente, com Aylon, Saulo Mineiro e principalmente Erick Pulga transformando o Ceará no melhor ataque do campeonato. Em compensação éramos uma das piores defesas. Condé foi consertando a retaguarda, enquanto a diretoria de futebol blindava o time das notícias ruins nos bastidores. 

Se em 2009 e 2017 o Ceará ficou boa parte do campeonato no G4, nesse ano o Vozão ficou sempre por perto, mas teimava em vacilar quando estava para entrar entre os quatro primeiros. Os vacilos transformavam o acesso em algo difícil, mas não impossível. Era preciso de sete vitórias em dez jogos. Lembram que a torcida prometeu nunca abandonar? Ela não abandonou. Foi ao Castelão mesmo depois de derrotas fora de casa. Recordes eram quebrados. O Ceará foi subindo no momento decisivo, iniciando uma arrancada inesquecível. O último jogo em casa, contra o América, significou o recorde de público da Arena Castelão numa mobilização que parou a cidade. E quem lá esteve diz que tinha muito mais do que os divulgados 63.908 torcedores.

Foi uma última rodada cardíaca, onde o Ceará não fez sua parte, mas Mancini fez. Sim, o antigo técnico do Ceará treinava o Goiás que derrotou o Novorizontino e transformou o empate do Ceará com o lanterna Guarani o suficiente para um inesquecível acesso. O terceiro em quinze anos. Tomara que não precisemos de outro tão cedo. O Ceará é gigante. E sua torcida levou o time para o sonhado acesso!

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